Exercício 1. Seja (fn)n≥0 uma sequência de funções contínuas do espaço compacto Kno espaço dos números complexosC. Dê um exemplo onde fn(x)converge pontual-mente para uma funçãof que não é contínua.
Solução: Considere, para todo n ≥0, fn : [0,1] → C dada por fn(x) = xn, Então é claro que (fn)n≥0 ⊆ C([0,1]), e [0,1] é compacto. Mas (fn)n≥0 converge pontualmente para f: [0,1]→C dada por:
f(x) =
0, se x∈[0,1) 1, se x=1, e f6∈C([0,1]).
Exercício 2(P2, Sub). Mostre queC(K), o espaço das funções contínuas de um espaço compactoK em C, com a norma:
kfk∞=sup{|f(x)| |x∈K}
é um espaço linear completo, isto é, C(K) é um espaço de Banach quando equipado com a topologia da convergência uniforme.
Solução: Feito anteriormente.
Exercício 3. Mostre que: se uma sequência (fn)n≥0 de funções contínuas, de um espaço compactoX em R converge uniformemente para uma função f: X→ R, então f∈C(X).
Solução: Fixe x0 ∈ X. Vamos provar que f é contínua em x0. Seja > 0. Como fn
k·k∞
−→ f, existe n0 ∈ N tal que n ≥ n0 =⇒ kfn −fk∞ < /3, donde temos que
|fn(x) −f(x)|< /3 para todo x∈X (em particular para x0). Como fn0 é contínua em x0, existe uma vizinhança V de x0 tal que x ∈V =⇒ |fn0(x) −fn0(x0)|< /3. Então se x ∈V, temos que:
|f(x) −f(x0)|≤|f(x) −fn0(x)|+|fn0(x) −fn0(x0)|+|fn0(x0) −f(x0)|<
3 + 3 +
3 =. Logo f é contínua em x0. Como x0∈X era qualquer, f é contínua em X.
Exercício 4. Calcule limn→+∞fn na norma:
kfk1= Z2
0
kf(t)|dt para a sequência:
fn(x) =
xn se 0≤x≤1 1 se 1≤x ≤2.
Solução: Seja f: [0,2]→R dada por:
f(x) =
0 se 0≤x <1 1 se 1≤x≤2 Afirmo que fn
k·k1
−→f. De fato, temos que kfn−fk1=1/(n+1)n→+∞−→ f.
Exercício 5 (P2). Mostre queCL2([0,2]), o espaço das funções contínuas de um espaço compacto[0,2]em C, com a norma:
kfk2 = Z2
0|f(x)|2dx 1/2
não é um espaço completo.
Solução: Considere a sequência e o limite do exercício anterior. Vejamos que (fn)n≥0 é de k · k2-Cauchy. Seja p∈N qualquer. Então kfn+p−fnk2 n−→→+∞0 indepen-dentemente de p. Com efeito:
kfn+p−fnk2 = sZ2
0|fn+p(x) −fn(x)|2dx
= sZ1
0
(xn+p−xn)2dx
= sZ1
0
x2(n+p)−2x2n+p+x2ndx
=
s 1
2(n+p) +1− 2
2n+p+1 + 1 2n+1
n−→→+∞0
Porém f6∈CL2([0,2]), pois se f fosse contínua, pelo Teorema do Valor Intermediário, f deveria assumir todos os valores entre 0 e 1, o que não ocorre. Vejamos que fn −k·k→2 f. Temos que:
kfn−fk2 = sZ2
0|fn(x) −f(x)|2dx = sZ1
0
x2ndx=
r 1
2n+1 →0.
Exercício 6 (P2, Sub). (a) Mostre que:
`1(N) =
(xn)n∈N|X
n∈N
|xn|<+∞
é um espaço vetorial normado e completo para a norma k(xn)n∈Nk1=P
n∈N|xn|.
(b) Mostre que:
`2(N) =
(xn)n∈N| X
n∈N
|xn|2 <+∞
é um espaço vetorial normado e completo para a normak(xn)n∈Nk2 =pP
n∈N|xn|2. (c) Vale a inclusão`1(N)⊆`2(N)? Vale a inclusão `2(N)⊆`1(N)?
Solução:
(a) Recorde que as operações em `1(N) são definidas termo a termo, então as pro-priedades das operações são herdadas das operações de C. Provemos que x = (xn)n≥0, y= (yn)n≥0∈`1(N) =⇒ x+y∈`1(N). Diretamente:
|xn+yn|≤|xn|+|yn|, ∀n≥0 =⇒ X
n≥0
|xn+yn|≤X
n≥0
|xn|+X
n≥0
|yn|<+∞. E se λ∈C, temos:
X
n≥0
|xn|<+∞ =⇒ |λ|X
n≥0
|xn|<+∞ =⇒ X
n≥0
|λxn|<+∞, logo λx∈`1(N) também.
Façamos uma rápida verificação de que k · k1 é norma. Temos que kxk1 ≥ 0 por consistir de uma soma de termos positivos. Se kxk1 = 0, então |xn| = 0 e logo xn=0 para todo n, então x=0.
Se λ∈C, temos:
kλxk1=X
n≥0
|λxn|=X
n≥0
|λ||xn|=|λ|X
n≥0
|xn|=|λ|kxk1.
E a desigualdade triangular segue do cálculo feito para verificar que x, y ∈
`1(N) =⇒ x+y∈`1(N).
Vejamos agora que (`1(N),k · k1) é um espaço de Banach. Seja (ξn)n≥0= ((x(n)k )k≥0)n≥0 ⊆`1(N)
uma sequência de k · k1-Cauchy. Dado > 0, existe n0 ∈N tal que:
kξn−ξmk1 < ∀m, n > n0 =⇒ X
k≥0
|x(n)k −x(m)k |< ∀m, n > n0.
Mas: |x(n)k −x(m)k |≤X
k≥0
|x(n)k −x(m)k |< ∀m, n > n0, ∀k≥0.
Portanto temos que fixado k, (x(n)k )n≥0 é uma sequência de |·|-Cauchy em C.
Como C é completo, existe o limite xk=limn→∞x(n)k . Defina ξ = (xk)k≥0. Afirmo então que ξ∈`1(N) e que ξn−k·k→1 ξ.
Seja > 0. Existe n0 ∈N tal que:
kξn−ξmk1< , ∀m, n > n0 X
k≥0
|x(n)k −x(m)k |< , ∀m, n > n0 Xr
k≥0
|x(n)k −x(m)k |< , ∀m, n > n0, ∀r≥0
mlim→+∞
Xr k≥0
|x(n)k −x(m)k |≤, ∀n > n0, ∀r≥0 Xr
k≥0
|x(n)k −xk|≤, ∀n > n0, ∀r≥0 X
k≥0
|x(n)k −xk|≤, ∀n > n0 kξn−ξk1≤, ∀n > n0,
portanto ξn −k·k→1 ξ. Isto também nos dá que ξ=ξn0 − (ξn0−ξ) ∈`1(N), fixado o n0 correspondente a, digamos, =1.
(b) Recorde que as operações em `2(N) são definidas termo a termo, então as pro-priedades das operações são herdadas das operações de C. Provemos que x = (xn)n≥0, y= (yn)n≥0 ∈`2(N) =⇒ x+y∈`2(N). Temos que para todo n≥0 vale que (xn+yn)2≤(|xn|+|yn|)2. Com efeito:
(xn+yn)2 ≤(|xn|+|yn|)2 ⇐⇒ x2n+2xnyn+y2n≤|xn|2+2|xnyn|+|yn|2 ⇐⇒ xnyn ≤|xnyn|, o que é verdade. Ainda mais, vale que (|xn|+|yn|)2 ≤ 4|xn|2 +4|yn|2 (a análise pode ser feita sem perder generalidade se |xn|≥|yn|, diretamente). Isto vale para todo n, portanto:
X
n≥0
|xn+yn|2 ≤X
n≥0
(|xn|+|yn|)2 ≤X
n≥0
4|xn|2+4|yn|2 =4 X
n≥0
|xn|2+X
n≥0
|yn|2
!
<+∞, daí x+y∈`2(N). E se λ∈C, temos:
X
n≥0
|xn|2 <+∞ =⇒ |λ|2X
n≥0
|xn|2 <+∞ =⇒ X
n≥0
|λxn|2<+∞, logo λx∈`2(N) também.
Façamos uma rápida verificação de que k · k2 é norma. Com efeito, ela é induzida pela aplicação h·,·i:`2(N)×`2(N)→C dada por hx, yi=P
n≥0xnyn, que veremos ser um produto interno.
Temos que hx, xi ≥ 0 qualquer que seja x ∈ `2(N) por ser uma soma de termos positivos. E:
hx, xi=X
n≥0
|xn|2 =0 =⇒ |xn|2 =0 ∀n≥0 =⇒ xn =0, ∀n≥0,
daí x =0. E também:
hx, yi=X
n≥0
xnyn =X
n≥0
xnyn =X
n≥0
xnyn =hy, xi.
E dado z ∈`2(N), e λ∈C, temos:
hx+λy, zi=X
n≥0
(xn+λyn)zn =X
n≥0
xnzn+λX
n≥0
ynzn =hx, zi+λhy, zi.
Isto, juntamente com o fato de h·,·i ser hermiteana, nos dá a sesquilinearidade de h·,·i. Portanto h·,·i é um produto interno, que induz k · k2. Então k · k2 é automaticamente uma norma.
Vejamos agora que (`2(N),k · k2) é um espaço de Banach. Seja (ξn)n≥0 = ((x(n)k )k≥0)n≥0 ⊆`2(N)
uma sequência de k · k2-Cauchy. Dado >0, existe n0∈N tal que:
kξn−ξmk2 < ∀m, n > n0 =⇒ X
k≥0
|x(n)k −x(m)k |2 < 2 ∀m, n > n0.
Mas: |x(n)k −x(m)k |2 ≤X
k≥0
|x(n)k −x(m)k |2 < 2 ∀m, n > n0, ∀k≥0.
Portanto temos que fixado k, (x(n)k )n≥0 é uma sequência de |·|-Cauchy em C.
Como C é completo, existe o limite xk=limn→∞x(n)k . Defina ξ = (xk)k≥0. Afirmo então que ξ∈`2(N) e que ξn −k·k→2 ξ.
Seja > 0. Existe n0 ∈N tal que:
kξn−ξmk2< , ∀m, n > n0 X
k≥0
|x(n)k −x(m)k |2< 2, ∀m, n > n0 Xr
k≥0
|x(n)k −x(m)k |2< 2, ∀m, n > n0, ∀r≥0
mlim→+∞
Xr k≥0
|x(n)k −x(m)k |2≤2, ∀n > n0, ∀r≥0 Xr
k≥0
|x(n)k −xk|2≤2, ∀n > n0, ∀r≥0 X
k≥0
|x(n)k −xk|2≤2, ∀n > n0 kξn−ξk2≤, ∀n > n0,
portanto ξn −k·k→2 ξ. Isto também nos dá que ξ=ξn0 − (ξn0 −ξ)∈ `2(N), fixado o n0 correspondente a, digamos, =1.
(c) Vale a inclusão `1(N)⊆`2(N). Seja x= (xn)n≥0 ∈ `1(N). Então P
n≥0|xn| <+∞, e portanto |xn| → 0. Assim existe n0 ∈ N tal que n > n0 implica que |xn| < 1.
Nestas condições |xn|2 <|xn| e daí:
X
n>n0
|xn|2< X
n>n0
|xn|≤X
n≥0
|xn|<+∞, e daí P
n≥0|xn|2 <+∞ (desprezamos apenas uma quantidade finita de termos).
Não vale a inclusão contrária. A sequência (1/n)n≥1 está em `2(N) pois:
X
n≥1
1 n2 = π2
6 <+∞, mas não está em `1(N) pois:
X
n≥1
1
n = +∞.
Exercício 7. Seja X um espaço de Banach. Se E ⊆ X é um subespaço de dimensão finita, entãoEé um subespaço fechado de X.
Solução: Vamos primeiro provar que se um espaço vetorial qualquer V tem dimen-são finita, então todas as normas sobreV são equivalentes. Fixe uma base{e1, . . . , en} uma base de V. Então todo x∈V se escreve unicamente como x=Pn
i=1xiei. Defina k · k: V →R por kxk =max{|xi| | 1 ≤i ≤ n}. Claramente k · k é uma norma. Agora seja p:V →R outra norma qualquer. Por um lado, temos:
p(x) =p Xn
i=1
xiei
!
≤ Xn
i=1
|xi|p(ei)≤ Xn
i=1
kxkp(ei) =bkxk, onde b = Pn
i=1p(ei). Por outro lado, como V tem dimensão finita, a esfera S = {x ∈ V | kxk = 1} é compacta. Como p é uma norma, p é contínua. Pelo teorema do extremo de Weierstrass, p atinge um mínimo em S, digamos em x0, e chame a=p(x0). Como x0 ∈ S, temos kx0k =1 6=0, então x0 6=0 e daí a > 0. Seja x ∈ V qualquer, x 6=0 (se x=0 nada há o que fazer). Então:
p x
kxk
≥a =⇒ akxk ≤p(x).
Como obtivemos a desigualdade:
akxk ≤p(x)≤bkxk,
temos que p e k · k são equivalentes. Como p era qualquer, todas as normas em V são equivalentes a k · k, e portanto equivalentes entre si.
De volta ao contexto do exercício, aproveitemos a notação e fixemos {e1, . . . , en} uma base de E. Então defina T : Cn →E, pondo T (xj)nj=1
= Pn
j=1xjej. É claro que T é linear. Temos que T é injetora pois {ej}nj=1 é linearmente independente, e T é sobrejetora pois todo elemento de E se escreve como Pn
j=1xjej, e aí a n-upla (xj)nj=1 é
levada no elemento por T. Assim T é bijetora, e portanto um isomorfismo entre Cn e E. Defina k · kT :Cn →R pondo kxkT =kTxk. Vejamos rapidamente que k · kT é uma norma em Cn. Que kxkT ≥0 para todo x é claro. E:
kxkT =0 =⇒ kTxk=0 =⇒ Tx =0 =⇒ x=0, pois T é injetora. Se λ∈C e x ∈Cn temos:
kλxkT =kT(λx)k=kλTxk=|λ|kTxk=|λ|kxkT. E por fim, dados x, y∈Cn, vale que:
kx+ykT =kT(x+y)k=kTx+Tyk ≤ kTxk+kTyk=kxkT +kykT.
Assim k · kT é uma norma em Cn. E note que pela construção de k · kT, T é um isomorfismo isométrico entre (Cn,k · kT) e (E,k · k). Pelo início da discussão, temos que k · k é equivalente, digamos à norma do máximo ou a norma canônica em Cn, que o torna um espaço de Banach. Portanto (Cn,k · kT) é também um espaço de Banach. Como Cn e E com as tais normas são isometricamente isomorfos, segue que E é um espaço de Banach com a norma induzida de X. Porém, como X é um espaço de Banach, para começar, concluímos que E é fechado em X.
Exercício 8. Mostre que a aderência de qualquer subespaço vetorial F ⊆ X ainda é um subespaço vetorial deste espaço normadoX.
Solução: Basta mostrar que F é fechado para as operações de X. Notamos que 0∈ F ⊆ F. E ainda, dados x, y ∈F e λ ∈C, existem sequências (xn)n≥0,(yn)n≥0 ⊆ F tais que xn → x e yn →y. Como F é um subespaço vetorial de X, F é fechado para as operações de X, portanto para cada n ≥0, temos que xn+λyn ∈F. Desta forma xn+λyn→x+λy∈F.
Exercício 9. Seja E um espaço vetorial de dimensão finita dimE = n e {e1, . . . , en} uma base deE. Para cada x∈E, escreva:
x=α1e1+· · ·+αnen. Mostre que:
x ∈E7→kxk=max{|αk| |1≤k≤n}∈R é uma norma sobreE.
Solução: Primeiro notamos que como {ek}nk=1 é uma base de E, x ∈E se escreve de forma única como explicitado no enunciado, e sendo assim, a aplicaçãok · k está bem definida. Que k · k ≥0 para todo x ∈ E é claro, pois |αk| ≥0 para todo k =1, . . . , n. E:
kxk=0 =⇒ max{|αk| |1≤k≤n}=0
=⇒ |αk|=0, ∀k=1, . . . , n
=⇒ αk =0, ∀k=1, . . . , n.
Assim, x = Pn
k=1αkek = 0. Ainda, se λ ∈ C, temos que x = Pn
k=1αkek =⇒ λx = Pn
k=1λαkek, donde:
kλxk= max
1≤k≤n|λαk|= max
1≤k≤n|λ||αk|=|λ| max
1≤k≤n|αk|=|λ|kxk.
E por fim, se y= Pn
k=1βkek, temos que x+y =Pn
k=1(αk+βk)ek, e assim, fixado k entre 1 e n qualquer, vale:
|αk+βk|≤|αk|+|βk|≤ kxk+kyk.
Tomando o máximo emk segue que kx+yk ≤ kxk+kyk. Portanto k · k é uma norma em E.
Exercício 10 (P2). Seja E um espaço vetorial, B = (ei)i∈I uma base algébrica13 de E.
Portanto, para cadax∈E existe finito F⊆Ie {λi ∈C|i∈F}, tais que:
x=X
i∈F
λiei.
Mostre que existe uma norma paraE.
Solução: Seja x∈E. Suponha que dados F1, F2 ⊆I, finitos, tenhamos x =X
i∈F1
aiei =X
i∈F2
biei.
Então: X
i∈F1\F2
aiei+ X
i∈F1∩F2
(ai−bi)ei+ X
i∈F2\F1
(−bi)ei =0. Por independência linear dos (ei)i∈F1∪F2, segue que:
ai =0, ∀i∈F1\F2 ai =bi, ∀i∈F1∩F2 bi =0, ∀i ∈F2\F1
Em outras palavras, a combinação finita é única módulo coeficientes nulos. Assim, max{|ai| | i ∈ F1} =max{|bi| |i ∈F2}. Portanto, se F ⊆ I é finito e x =P
i∈Fxiei, está bem-definida a aplicação k · k :E → R dada por kxk =maxi∈F|xi|. Isto é, o valor de kxk não depende do conjunto F usado para escrever a combinação. Agora só falta verificar que esta aplicação k · k de fato funciona.
Que kxk ≥0 para todo x ∈E é claro. E:
kxk=0 =⇒ max
i∈F |xi|=0 =⇒ |xi|=0, ∀i ∈F =⇒ xi =0, ∀i∈F, logo x =P
i∈Fxiei =0. Se λ∈C, temos:
kλxk=max
i∈F |λxi|=max
i∈F |λ||xi|=|λ|max
i∈F |xi|=|λ|kxk.
13Base de Hamel. A existência de uma tal base para qualquer espaço segue do Axioma da Escolha, portanto o resultado desse exercício também!
E para a desigualdade triangular, escreva x=P
i∈F1xiei e y=P
i∈F2yiei, com F1, F2 ⊆ I, finitos. Podemos escrever:
x+y=X
i∈F1
xiei+X
i∈F2
yiei = X
i∈F1\F2
xiei+ X
i∈F1∩F2
(xi+yi)ei+ X
i∈F2\F1
yiei,
isto é:
x+y= X
i∈F1∪F2
ciei, com ci =
xi, ∀i ∈F1\F2 xi+yi, ∀i∈F1∩F2 yi, ∀i∈F2\F1
Assim:
se i ∈F1\F2, |ci|=|xi|≤|xi|+kyk ≤ kxk+kyk se i ∈F1∩F2, |ci|=|xi+yi|≤|xi|+|yi|≤ kxk+kyk se i ∈F2\F1, |ci|=|yi|≤ kxk+|yi|≤ kxk+kyk
Então como |ci| ≤ kxk+kyk para todo i ∈ F1∪F2, tomamos o máximo e obtemos kx+yk ≤ kxk+kyk. Portanto k · k é uma norma sobre E.
Exercício 11. Dados espaços vetoriais normadosEe F, seja:
L(E, F) ={f:E→F|fé linear e contínua}. (a) Mostre queL(E, F) é um espaço vetorial.
(b) Defina:
f∈L(E, F)7→kfk= sup
kxk≤1
kf(x)k.
Mostre que (L(E, F),k · k)é um espaço normado.
(c) Mostre quekf(x)k ≤ kfkkxkpara todo x ∈Ee todaf∈L(E, F).
Solução:
(a) Se f, g ∈ L(E, F) e λ ∈ C, definimos f+g e λf por (f+g)(x) = f(x) +g(x) e (λf)(x) = λf(x), para todo x ∈ E. As propriedades das operações em L(E, F) são herdadas das operações deF, que já sabemos ser um espaço vetorial. Verifiquemos que f+λg∈L(E, F).
Linearidade: Sejam x, y∈E, k∈C. Temos:
(f+λg)(x+ky) =f(x+ky) + (λg)(x+ky) =f(x+ky) +λg(x+ky)
=f(x) +kf(y) +λ(g(x) +kg(y)) =f(x) +kf(y) +λg(x) +λkg(y)
=f(x) +λg(x) +k(f(y) +λg(y)) = f(x) + (λg)(x) +k(f(y) + (λg)(y))
= (f+λg)(x) +k(f+λg)(y), portanto f+λg é linear.
Continuidade: Se λ= 0 nada há o que fazer. Suponha λ6=0. Seja >0. Fixe x0 ∈E qualquer. Existem δ1, δ2 >0 tais que:
kx−x0k< δ1 =⇒ kf(x) −f(x0)k< /2 kx−x0k< δ2 =⇒ kg(x) −g(x0)k< /2|λ|
Chame δ =min{δ1, δ2}>0. Se kx−x0k< δ, então valem as duas condições acima e:
k(f+λg)(x) − (f+λg)(x0)k=kf(x) +λg(x) −f(x0) −λg(x0)k
=kf(x) −f(x0) +λ(g(x) −g(x0))k
≤ kf(x) −f(x0)k+|λ|kg(x) −g(x0)k
<
2 +|λ| 2|λ| =,
portantof+λgé contínua emx0∈E. Como x0 é arbitrário, f+λgé contínua.
Concluímos que f+λg∈L(E, F), portanto L(E, F) é um espaço vetorial.
(b) Seja f ∈ L(E, F) qualquer. Como kf(x)k ≥ 0 qualquer que seja x ∈ E, segue que kfk= supkxk≤1kf(x)k ≥0. Se kfk= 0, então kf(x)k= 0 e logo f(x) = 0 qualquer que seja x com kxk. É claro que f(0) = 0. E se x 6=0, x/kxk tem norma 1 e daí f(x/kxk) =f(x)/kxk=0 =⇒ f(x) =0. Portanto f=0.
Seja agora λ∈C. Temos:
kλfk= sup
kxk≤1
kλf(x)k= sup
kxk≤1|λ|kf(x)k=|λ| sup
kxk≤1
kf(x)k=|λ|kfk.
Para a desigualdade triangular, tome x ∈E com kxk ≤1, qualquer. Temos:
k(f+g)(x)k=kf(x) +g(x)k ≤ kf(x)k+kg(x)k ≤ kfk+kgk.
Agora passe ao supremo no lado esquerdo e obtemos kf+gk ≤ kfk+kgk.
(c) Seja x ∈ E qualquer. Se x = 0 a desigualdade vale trivialmente. Caso contrário x/kxk tem norma 1 e daí:
f
x kxk
≤ kfk =⇒
1 kxkf(x)
≤ kfk =⇒ kf(x)k
kxk ≤ kfk =⇒ kf(x)k ≤ kfkkxk.
Exercício 12 (P2, extra). Seja m ≥ 0 um número natural fixado. Mostre que entre todos os polinômios P ∈ C[X] de grau ≤ m tais que P(0) = 1, existe um que torna
mínimo o valor: Z1
0|P(t)|dt.
Solução: Seja Pm(C) o espaço dos polinômios com coeficientes complexos e grau
≤ m. Temos que k · k : Pm(C) → R dada por kPk = R1
0|P(t)|dt é uma norma em Pm(C). Como a dimensão de Pm(C) é finita (m+1, para ser exato), a bola unitária:
B[0,1] =
P ∈Pm(C)| Z1
0|P(t)|dt=1 é compacta, e k · k é contínua por ser uma norma.
Defina T : Pm(C) → C pondo T(P) = P(0). Dados P, Q ∈ Pm(C) e λ ∈ C, temos que:
T(P+λQ) = (P+λQ)(0) =P(0) +λQ(0) =T(P) +λT(Q),
donde T é linear. Como além de Pm(C), C também tem dimensão finita, segue que T também é contínua. Desta forma, o conjunto:
T−1({1}) ={P ∈Pm(C)|P(0) =1}
é a pré-imagem de um conjunto fechado por uma função contínua, portanto é fechado também. Como Pm(C) é um espaço normado, e portanto Hausdorff, temos que B[0,1] ∩T−1({1}) é a interseção de um compacto com um fechado, logo compacto.
Pelo teorema do extremo de Weierstrass, existe P0 ∈ B[0,1]∩T−1({1}) que minimiza k · k em B[0,1] ∩T−1({1}). Mas evidentemente kP0k ≤ kPk se kPk ≥ 1 (isto é, se P6∈B[0,1]). Portanto P0 minimiza k · k em T−1({1}) e é o polinômio procurado.
Exercício 13. SejaEum espaço normado, eEeo espaço das sequências de Cauchy de E, e a aplicação:
(xn)n≥0 ∈Ee7→k(xn)n≥0k=sup
n≥0
kxnk
(a) Mostre que esta aplicação é uma norma.
(b) Mostre que o subespaço Ee0 das sequências de E que convergem para 0 é fechado em E.e
(c) Mostre que o espaço quocientebE=E/ee E0 é completo para a norma quociente.14 (d) A aplicação I : E → Eb tal que I(x) = [x] (a classe das sequências tais que xn =x
para todo n) é uma isometria linear de Eem um subespaço denso de E.b Solução:
(a) Sejam x = (xn)n≥0, y = (yn)n≥0 ∈ eE e λ ∈ C. É claro que kxk ≥ 0, por ser o supremo entre números não-negativos. E se kxk=supn≥0kxnk=0, então temos kxnk, e logo xn iguais a zero para todo n, donde x =0. Também:
kλxk=sup
n≥0kλxnk=sup
n≥0|λ|kxnk=|λ|sup
n≥0kxnk=|λ|kxk.
E por fim, temos:
kxn+ynk ≤ kxnk+kynk ≤ kxk+kyk, ∀n≥0,
então podemos tomar o supremo no lado esquerdo e obtemos kx+yk ≤ kxk+kyk.
14Neste item e no seguinte, utilizamos uma outra norma, mais factível de ser trabalhada. Você pode me enviar ma resolução direta usando a norma quociente, caso ache (será acrescentada com o devido agradecimento).
(b) Seja (ξn)n≥0 = ((x(n)k )k≥0)n≥0 uma sequência em eE0, com ξn →ξ= (xk)k≥0. Vamos provar que (xk)k≥0 converge para zero também. Seja >0. Como ξn → ξ, existe n0 ∈N tal que kξn0 −ξk < /2, isto é, kx(nk 0)−xkk < /2 para todo k≥ 0. Mas como (xnk0)k≥0 converge para zero, existe k0 ∈ N tal que kx(nk0)k < /2 para todo k > k0. Então se k > k0 temos:
kxkk=kxk−xnk0 +x(nk 0)k ≤ kxk−xnk0k+kxnk0k<
2 + 2 =,
donde (xk)k≥0 converge para zero, e daí ξn →ξ∈eE0. Portanto Ee0 é fechado.
(c) Se [ξ]∈eE/eE0, colocamos:
k[ξ]k= lim
k→+∞kxkk,
onde (xk)k≥0∈[ξ]. Vejamos que o valor acima não depende da escolha de repre-sentante (xk)k≥0. Mais exatamente, vejamos que se (yk)k≥0,(zk)k≥0 ∈[(xk)k≥0], en-tão limk→+∞kykk=limk→+∞kzkk. Seja > 0. Existe k0∈N grande o suficiente15 tal que se k > k0, temos kxk−ykk,kxk−zkk< /2, pois (yk)k≥0,(zk)k≥0 ∈[(xk)k≥0]. Nestas condições:
|kykk−kzkk|≤ kyk−zkk ≤ kyk−xkk+kxk−zkk<
2 + 2 =.
Agora façamos a verificação de que realmente temos uma norma. Como sem-pre, é claro que k[(xk)k≥0]k ≥ 0 para qualquer sequência (xk)k≥0 ∈ Ee. E se k[(xk)k≥0]k = 0, temos que limk→+∞kxkk = 0, e disto segue que limk→+∞xk = 0, assim (xk)k≥0 ∈ Ee0 = [0], e temos que [(xk)k≥0] = [0]. As outras propriedades seguem das propriedades da norma em eE, aplicando limk→+∞.
Se I :E→eE/eE0 é dada por I(x) = [(x)], onde (x) é a sequência constante e igual a x, veremos no item a seguir que I(E) é denso em eE/eE0. É claro que I é linear (veja por exemplo o exercício 17 adiante). E ainda I preserva normas pois:
kI(x)k=k[(x)]k= lim
k→+∞kxk=kxk.
Vejamos com isto que E/ee E0 é completo.
Seja ([ξ]n)n≥0 uma sequência de Cauchy em E/ee E0 e > 0. Como I(E) é denso, para cada n ≥ 0 existe yn ∈ E tal que k[ξ]n −Iynk < /3. Vejamos que a sequência (yn)n≥0 é de Cauchy. Temos que existe n0 ∈ N tal que m, n > n0 implica k[ξ]n− [ξ]mk< /3. Aí:
kyn−ymk=kI(yn−ym)k=kIyn−Iymk
≤ kIyn− [ξ]nk+k[ξ]n− [ξ]mk+k[ξ]m−Iymk<
3 + 3 +
3 =. Chame ξ = (yn)n≥0. E agora teremos que ([ξ]n)n≥0 converge para [ξ] em eE/eE0, pela construção dos yn, pois k[ξ]n − [ξ]k = k[ξ]n −Iynk vai pra zero quando n→+∞.
15Um para cada sequência e tomamos o máximo.
(d) Só resta mostrar que I(E) é denso em eE/eE0. Seja [ξ] ∈ E/ee E0 qualquer classe.
Tome um representante (xn)n≥0 ∈[ξ]. Como o representante é uma sequência de Cauchy, dado >0 existe n0 ∈N tal que n > n0 implica kxn−xn0k< . Então considere (xn0, xn0,· · ·) =Ixn0 ∈I(E). Temos:
k[ξ] −Ixn0k=k[(xn)n≥0] − [(xn0)]k=k[(xn−xn0)n≥0]k= lim
n→+∞kxn−xn0k ≤, pois kxn−xn0k < para todo n > n0 implica limn→+∞kxn−xn0k ≤ ). Portanto Ixn0 está na bola centrada em [ξ] de raio , o que conclui o argumento.
Exercício 14. SejaCn≥2 com a norma uniformek · k∞. Parax = (x1, x2, . . . , xn)defina:
T(x) = Xn
j=1
α1jxj, . . . , Xn
j=1
αnjxj
! .
Mostre queT é um operador linear limitado e calcule a sua norma.
Solução: Sejam x = (xj)nj=1,(yj)nj=1 ∈Cn e λ∈C. Vejamos que T é linear.
T(x+λy) = Xn
j=1
α1j(xj+λyj), . . . , Xn
j=1
αnj(xj+λyj)
!
= Xn
j=1
α1jxj+λα1jyj, . . . , Xn
j=1
αnjxj+λαnjyj
!
= Xn
j=1
α1jxj+λ Xn
j=1
α1jyj, . . . , Xn
j=1
αnjxj+λ Xn
j=1
αnjyj
!
= Xn
j=1
α1jxj, . . . , Xn
j=1
αnjxj
! +λ
Xn j=1
α1jyj, . . . , Xn
j=1
αnjyj
!
=T(x) +λT(y).
Agora vejamos que T é limitado. Fixe um índice i entre 1 e n qualquer. Temos:
Xn j=1
αijxj
≤ Xn
j=1
|αij| |xj|≤ Xn
j=1
|αij|kxk∞= Xn
j=1
|αij|
!
kxk∞≤ max
1≤i≤n
Xn j=1
|αij|
! kxk∞.
Tomando o máximo em i do lado esquerdo, temos:
kT(x)k∞≤ max
1≤i≤n
Xn j=1
|αij|
! kxk∞. PortantoT é limitado e kTk ≤max1≤i≤nPn
j=1|αij|. Vejamos que vale a igualdade. Seja i∗ o índice que realiza o máximo. Então seja x∈Cn o vetor cuja j-ésima coordenada seja αi∗j/|αi∗j| se αi∗j 6= 0, e 0 caso contrário. Então temos que kxk∞ = 1 (pois o módulo de todas as suas entradas é 1), e a i∗-ésima coordenada de T(x) verifica:
Xn j=1
αi∗j αi∗j
|αi∗j|
=
Xn j=1
|αi∗j|2
|αi∗j|
=
Xn j=1
|αi∗j|
= Xn
j=1
|αi∗j|= max
1≤i≤n
Xn j=1
|αij|.
Portanto kTk=max1≤i≤n
Pn j=1|αij|.
Exercício 15. Parax= (xn)n≥0∈`2(N), defina:
T(x) = (xn+1)n≥0∈`2(N).
Mostre queT é um operador linear limitado e calcule a sua norma.
Solução: Sejam x = (xn)n≥0, y= (yn)n≥0 ∈`2(N), e λ∈C. Vejamos que T é linear.
Temos:
T(x+λy) = (xn+1+λyn+1)n≥0= (xn+1)n≥0+λ(yn+1)n≥0 =T(x) +λT(y).
E também temos:
kT(x)k2 = X
n≥0
x2n+1
!1/2
≤ X
n≥0
x2n
!1/2
=kxk2,
pois apenas estamos acrescentando o termo x20 na soma. Assim T é limitado e kTk ≤ 1. Para ver que a igualdade ocorre basta considerar x = (0,1,0, . . .) ∈ `2(N). Claramente temoskxk2 =1, T(x) = (1,0,0,· · ·) e por fim kT(x)k2 =1. Assim kTk=1.
Exercício 16. Seja BC(]0,+∞[) o espaço linear das funções limitadas na semi-reta ]0,+∞[, equipado com a norma uniforme. Defina T ∈L(BC(]0,+∞[))por:
(Tx)(t) = 1 t
Zt
0
x(τ)dτ.
Mostre queT é um operador linear limitado e calcule a sua norma.
Solução: Sejam x, y ∈ BC(]0,+∞[) e λ ∈ R. Vejamos que T é linear. Temos, qualquer que seja t >0:
(T(x+λy))(t) = 1 t
Zt
0
(x+λy)(τ)dτ= 1 t
Zt
0
x(τ) +λy(τ)dτ
= 1 t
Zt 0
x(τ)dτ+ 1 t
Zt 0
λy(τ)dτ
= 1 t
Zt
0
x(τ)dτ+λ1 t
Zt
0
y(τ)dτ
= (Tx)(t) +λ(Ty)(t) = (Tx)(t) + (λTy)(t)
= (Tx+λTy)(t).
Logo T(x+λy) =Tx+λTy. Agora vejamos que T é limitado. Temos:
|Tx(t)|= 1 t
Zt 0
x(τ)dτ
≤ 1 t
Zt
0|x(τ)|dτ≤ 1 t
Zt 0
kxk∞dτ=kxk∞.
Tomando o sup em t obtemos kTxk∞ ≤ kxk∞, portanto T é limitado e kTk ≤ 1.
Vejamos agora que vale a igualdade. Considere x :]0,+∞[→ R dado por x(t) = 1 para todo t >0. Claramente kxk∞ =1. E:
|Tx(t)|= 1 t
Zt 0dτ
= 1 tt=1. Portanto kTk=1.
Exercício 17. SejaP([0,1])o conjunto dos polinômios no intervalo[0,1]equipado com a norma uniforme:
kxk∞=max{|x(t)| |t∈[0,1]}. Parax∈P([0,1]), seja:
(Tx)(t) =x0(t) = dx(t) dt . Mostre queT é um operador linearnão limitado.
Solução: Sejam x, y∈P([0,1]) e λ∈C. Então:
(T(x+λy))(t) = (x+λy)0(t) =x0(t) +λy0(t) =Tx(t) +λTy(t) = (Tx+λTy)(t).
Como t ∈ [0,1] é qualquer, T(x+λy) = Tx+λTy, e T é linear. Para verificar que T não é limitado, vejamos que T não é limitado na esfera: para cada n∈N, considere xn : [0,1] → C dado por xn(t) = tn. Então temos kxnk∞ = 1 qualquer que seja n, porém (Txn)(t) =ntn−1 e daí kTxnk∞ =n.
Exercício 18. Seja X um espaço normado e F um subespaço fechado de X. Defina a função quociente:
q:X→X/F q(x) = [x] =x+F.
Mostre queq é um operador limitado cuja norma é kqk=1. Solução: Sejam x, y∈X e λ∈C. Temos:
q(x+λy) = (x+λy) +F= (x+F) + (λy+F) = (x+F) +λ(y+F) =q(x) +λq(y), portanto q é linear. Por um lado, temos que kq(x)k = kx +Fk ≤ kxk, tomando y = 0 ∈ F e recordando a definição de kx +Fk como o ínfimo das normas dos representantes da classe. Disto segue que q é limitado e kqk ≤ 1. Agora seja α∈]0,1[. Aí 1/α >1 e:
1
αkx+Fk>kx+Fk.
Então existe y∈F tal que:
1
αkx+Fk>kx+yk.
Chame z=x+y. Então temos que q(x) =q(z), pois y∈F. Reorganizando a última expressão temos:
1
αkz+Fk>kzk =⇒ kq(z)k> αkzk.
Como α entre 0 e 1 era qualquer, segue que kqk ≥1. Concluímos que kqk=1.
Exercício 19. Mostre que: se Y é um espaço de Banach, então (B(X, Y),k · k∞)é um espaço de Banach.
Solução: QueB(X, Y)com as operações definidas pontualmente é um espaço vetorial e é normado com k · k∞ segue do exercício 11. Resta ver que é completo. Seja (Tn)n≥0 ⊆ B(X, Y) uma sequência de k · k∞-Cauchy. Vamos provar que para todo x∈E, (Tnx)n≥0 é uma sequência de Cauchy em Y. Se x=0 é óbvio. Suponha x 6=0 e seja >0. Existe n0∈N tal que m, n > n0 implica kTn−Tmk∞≤/kxk. Então se m, n > n0, temos:
kTnx−Tmxk=k(Tn−Tm)(x)k ≤ kTn−Tmk∞kxk<
kxkkxk=.
Assim (Tnx)n≥0 é uma sequência de Cauchy em Y, e como Y é Banach, existe y = limn→+∞Tnx. Defina T :X→Y pondo Tx=y. Vejamos queT é linear. Sejamx, y∈X e λ∈C:
T(x+λy) = lim
n→+∞Tn(x+λy) = lim
n→+∞Tnx+λTny= lim
n→+∞Tnx+λ lim
n→+∞Tny=Tx+λTy.
Agora vejamos que Tn k·k−→∞ T e que T ∈B(X, Y). Seja >0. Existe n0∈N tal que:
kTn−Tmk∞< , ∀m, n > n0 supx6=0
kTnx−Tmxk
kxk < , ∀m, n > n0 kTnx−Tmxk
kxk < , ∀m, n > n0, ∀x 6=0
mlim→+∞
kTnx−Tmxk
kxk ≤, ∀n > n0, ∀x 6=0 kTnx−Txk
kxk ≤, ∀n > n0, ∀x 6=0 supx6=0
kTnx−Txk
kxk ≤, ∀n > n0 kTn−Tk∞≤, ∀n > n0,
portanto Tn −k·k→∞ T. O argumento acima também mostra que fixado, digamos, =1 e on0 correspondente, Tn0−T ∈B(X, Y), donde T =Tn0− (Tn0−T)∈B(X, Y). Portanto B(X, Y) é um espaço de Banach com a norma k · k∞.
Exercício 20 (Teorema de Baire). Seja M um espaço métrico completo. Se (Un)n≥0
é uma sequência de abertos densos emM, então:
G= \
n≥0
Un
é um conjunto Gδ denso emM.
Solução: Seja A um aberto não vazio. Então A∩U0 6= ∅ pois U0 é denso em M. Tome x0 ∈ A∩U0, que é aberto por ser a interseção de dois abertos. Então existe 0< r0<1 tal que:
x0∈B(x0, r0)⊆B(x0, r0)⊆A∩U0.
Então como U1 é denso em M e B(x0, r0) é aberto, a interseção é aberta e não vazia, donde podemos escolher x1 ∈B(x0, r0)∩U1 e 0< r1<1/2 tal que:
x1∈B(x1, r1)⊆B(x1, r1)⊆B(x0, r0)∩U1.
Prosseguindo indutivamente, conseguimosxn ∈B(xn−1, rn−1)∩Un e 0< rn<1/(n+1) tal que:
xn ∈B(xn, rn)⊆B(xn, rn)⊆B(xn−1, rn−1)∩Un.
Então temos que {B(xn, rn)}n≥0 é uma sequência de fechados encaixados, e:
0≤diam(B(xn, rn))≤1/(n+1)n−→→+∞0,
donde os diâmetros vão pra zero. Como M é completo, temos que: T
n≥0B(xn, rn)6=
∅. Fixe x ∈T
n≥0B(xn, rn). Então para todo n≥0, x∈B(xn, rn)⊆Un, donde x ∈G. E também x ∈ B(x0, r0) ⊆ A. Então x ∈ A∩G, e assim concluímos que G é denso em M.
Exercício 21. SejaC([a, b]). Para cada x ∈C([a, b])definaf:X→Rpor:
f(x) = Zb
a
x(t)dt.
Mostre quef é um funcional linear limitado cuja norma é igual a b−a.
Solução: Sejam x, y∈C([a, b]) e λ∈C. Temos:
f(x+λy) = Zb
a
(x+λy)(t)dt= Zb
a
x(t)+λy(t)dt= Zb
a
x(t)dt+λ Zb
a
y(t)dt=f(x)+λf(y).
Portanto f é um funcional linear. E também:
|f(x)|=
Zb a
x(t)dt
≤ Zb
a
|x(t)|dt≤ Zb
a
kxk∞dt= (b−a)kxk∞,
portanto f é limitado e kfk ≤ b−a. Agora considere a função x : [a, b] → R dada por x(t) =1 para todo t. É claro que kxk∞ =1. E:
|f(x)|=
Zb
a
x(t)dt
=
Zb
a
dt
=b−a.
Concluímos que kfk=b−a.
Exercício 22. SejaC([a, b]). Fixe t ∈[a, b] e definaδt :C([a, b])→Rpor:
δt(x) =x(t).
Mostre que o funcional linear chamado de avaliação no pontot, é um funcional linear limitado cuja norma é igual a1.
Solução: Sejam x, y∈C([a, b]) e λ∈R. Temos:
δt(x+λy) = (x+λy)(t) =x(t) +λy(t) =δt(x) +λδt(y), portanto δt é um funcional linear. Temos:
|δt(x)|=|x(t)|≤ kxk∞,
daí δt é um funcional linear limitado e kδtk ≤ 1. Agora considere x : [a, b] → R dado por x(t) = 1 para todo t. É claro que kxk∞ = 1. E |δt(x)| = |x(t)| = 1 = kxk∞. Concluímos que kδtk=1.
Exercício 23. SejaC([a, b]). Fixec1, c2, . . . , cnnúmeros reais. Definaf:C([a, b])→R por:
f(x) = Xn
j=1
cjx(tj) para t1, t2, . . . , tn∈[a, b].
Mostre quef é um funcional linear limitado.
Solução: Sejam x, y∈C([a, b]) e λ∈C. Temos:
f(x+λy) = Xn
j=1
cj(x+λy)(tj) = Xn
j=1
cj(x(tj) +λy(tj))
= Xn
j=1
cjx(tj) +λcjy(tj) = Xn
j=1
cjx(tj) +λ Xn
j=1
cjy(tj)
=f(x) +λf(y),
portanto f é um funcional linear. E também:
|f(x)|=
Xn j=1
cjx(tj)
≤ Xn
j=1
|cj||x(tj)|≤ Xn
j=1
|cj|kxk∞= Xn
j=1
|cj|
! kxk∞,
portanto f é um funcional limitado e kfk ≤Pn j=1|cj|.