• Nenhum resultado encontrado

ListasdeMAT 0334 -AnáliseFuncional- 2015 / 1

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2022

Share "ListasdeMAT 0334 -AnáliseFuncional- 2015 / 1"

Copied!
78
0
0

Texto

(1)

Listas de MAT0334 - Análise Funcional - 2015 / 1

Ivo Terek Couto

Neste texto faremos as resoluções das listas de exercícios do curso de Análise Funcional ministrado pelo prof. Antonio de Pádua, no primeiro semestre de 2015.

Os enunciados foram transcritos o mais fielmente possível das listas originais. Os exercícios das provas eram retirados das listas, então também deixaremos indicado se algum item do exercício foi para alguma avaliação, e qual.

Notação: Se V é um espaço vetorial, V irá denotar o seu espaço dual topológico (não o algébrico).

As resoluções são despretensiosas e sujeitas a erros. Avisos de erros, e sugestões podem ser enviadas para terek@ime.usp.br.

Sumário

1 Lista 1 2

1.1 Topologia de Espaços Normados . . . 2 1.2 Séries de Fourier . . . 7 1.3 Espaços de Banach . . . 15

2 Lista 2 23

3 Lista 3 35

4 Lista 4 53

4.1 Aplicações do teorema de extensão de Hahn-Banach . . . 62 4.2 Teorema da Aplicação Aberta e do Gráfico Fechado . . . 67 4.3 Princípio da Limitação Uniforme e o Teorema de Banach-Steinhaus . 71 4.4 Convergência de Séries de Fourier . . . 73

(2)

1 Lista 1

1.1 Topologia de Espaços Normados

Exercício 1. Seja X um espaço normado.

(a) Mostre que toda sequência convergente em X é limitada, de Cauchy e possui um único limite.

(b) Mostre que se uma sequência (xn)n≥0 ⊆ X é convergente, então qualquer sub- sequência de (xn)n≥0 converge para o mesmo limite.

(c) Mostre que se uma sequência de Cauchy possui uma subsequência convergente, então ela é convergente.

Solução:

(a) Seja(xn)n≥0 ⊆Xtal quexn→x. Existen0∈Ntal quen > n0 implicakxn−xk<1, donde kxnk < 1+kxk para todo n > n0. Então temos que kxnk ≤ M, onde M=max{kx1k,· · · ,kxn0k,1+kxk}. Portanto (xn)n≥0 é limitada.

Seja >0. Existe n0 ∈ N tal que n > n0 implica kxn−xk< /2. Se m, n > n0, então:

kxn−xmk ≤ kxn−xk+kx−xmk<

2 + 2 =, portanto (xn)n≥0 é de Cauchy.

Agora suponha que xn → x e xn → y. Dado > 0, existem n1, n2 ∈ N tais que n > n1implicakxn−xk< /2 en > n2 implicakxn−yk< /2. Sen0 =max{n1, n2} e n > n0, podemos escrever:

kx−yk ≤ kx−xnk+kxn−yk<

2 + 2 =.

Como >0 é arbitrário, kx−yk=0 e daí x=y, portanto o limite é único.

(b) Seja (xnk)k≥0 uma subsequência de (xn)n≥0, e suponha que xn → x. Vamos mostrar que xnk k+ x também. Seja > 0. Existe n0 ∈ N tal que n ≥ n0 implica kxn−xk< . Mas existe k0 ∈ N tal que nk0 > n0. Então k > k0 implica nk > nk0 > n0, e daí em particular vale que kxnk −xk< .1

(c) Suponha que (xn)n≥0 seja uma sequência de Cauchy e que (xnk)k≥0 seja uma subsequência convergente, xnk k→+∞

−→ x. Vamos ver que xn→x. Seja >0. Como xnk k+x, existe k0∈N tal que k > k0 implica kxnk−xk< /2. E como (xn)n≥0

é de Cauchy, existe n1 ∈ N tal que m, n > n1 implica kxn −xmk < /2. Seja n0 =max{n1, nk0}. Se n > n0 e k é tal que nk > n0, temos:

kxn−xk ≤ kxn−xnkk+kxnk−xk<

2 + 2 =, portanto xn →x.

1Não confundir o 0 em n0 com os índices emk.

(3)

Exercício 2. Se Xé um espaço normado sobre R, prove:

(a) A função k · k:X→[0,+∞[ é contínua.

(b) A operação adição definida sobre X×Xé contínua.

(c) A operação multiplicação por escalar definida sobreX×R é contínua.

Solução:

(a) Dadosx, y∈X, temoskxk=kx−y+yk ≤ kx−yk+kyk, dondekxk−kyk ≤ kx−yk. Trocandox eye repetindo, temos que|kxk−kyk|≤ kx−yk. Seja > 0,δ= >0, x0∈X fixado, e x∈X tal que kx−x0k< δ. Então|kxk−kx0k|≤ kx−x0k< δ=, logo k · k é contínua em x0 ∈X. Como x0 era arbitrário, k · k é contínua em X. (b) Considere em X×Xa norma k · k1 da soma. Seja > 0,δ= >0, (x0, y0)∈X×X

fixado e (x, y)∈X×X tal que k(x, y) − (x0, y0)k1 < δ. Então:

kx+y−(x0+y0)k=kx−x0+y−y0k ≤ kx−x0k+ky−y0k=k(x, y)−(x0, y0)k1< δ=. Então a adição é contínua em (x0, y0) ∈ X×X. Como (x0, y0) era arbitrário, a adição é contínua em X×X.

(c) Considere em R ×X a norma da soma. Seja > 0, (λ0, x0) ∈ R×X fixado, δ=min

1,1+|λ

0|+kx0k

, e (λ, x)∈R×X tal que k(λ, x) − (λ0, x0)k1 < δ. Então:

k(λ, x) − (λ0, x0)k1< δ =⇒ |λ−λ0|+kx−x0k< δ =⇒

|λ−λ0|< δ kx−x0k< δ Como δ <1 e |λ−λ0|< δ, segue que |λ|<1+|λ0|. Nestas condições:

kλx−λ0x0k=kλx−λx0+λx0−λ0x0k=kλ(x−x0) + (λ−λ0)x0k

≤ kλ(x−x0)k+k(λ−λ0)x0k=|λ|kx−x0k+|λ−λ0|kx0k

<|λ|δ+δkx0k<(1+|λ0|)δ+δkx0k= (1+|λ|+kx0k)δ

<(1+|λ|+kx0k)

1+|λ|+kx0k =.

Assim a multiplicação por escalar é contínua em (λ0, x0)∈R×X. Como (λ0, x0) era arbitrário, a multiplicação por escalar é contínua em R×X.

Exercício 3. Dizemos que duas normas k · k1 e k · k2 num espaço X são equivalentes se existem constantesc1, c2 >0 tais que:

akxk1≤ kxk2 ≤bkxk1, ∀x ∈X.

Prove que:

(a) A relação acima é de equivalência.

(b) Normas equivalentes definem as mesmas sequências de Cauchy.

(4)

Solução:

(a) Reflexiva: k · k∼k · k pois 1· kxk ≤ kxk ≤1· kxk, para qualquer x∈X. Simétrica: Se k · k1 ∼k · k2, existem c1, c2 >0 com:

c1kxk1≤ kxk2 ≤c2kxk1, ∀x ∈X.

Mas isto implica que:

1

c2kxk2≤ kxk1≤ 1

c1kxk2, ∀x∈X.

Como 1/c1,1/c2 >0, tem-se que k · k2 ∼k · k1.

Transitiva: Suponha que k·k1 ∼k·k2 e k·k2∼k·k3. Então existemc1, c2, c3, c4>0

com:

c1kxk1 ≤ kxk2 ≤c2kxk2

e c3kxk2 ≤ kxk3 ≤c4kxk2 , ∀x∈X.

Disto segue que:

c1c3kxk1 ≤ kxk3≤c2c4kxk1, ∀x∈X.

Como c1c3, c2c4>0, obtemos k · k1∼k · k3.

(b) Suponha que k · k1 ∼ k · k2. Seja (xn)n≥0 uma sequência de k · k1-Cauchy. Vamos mostrar que (xn)n≥0 é uma sequência de k · k2-Cauchy. Existem c1, c2 >0 tais que c1kxk1 ≤ kxk2 ≤ c2kxk1 qualquer que seja x ∈ X. Seja > 0. Como a sequência é de k · k1-Cauchy, existe n0 ∈ N tal que m, n > n0 implica kxn−xmk1 < /c2. Assim, se m, n > n0, temos que:

kxn−xmk2 ≤c2kxn−xmk1< c2 c2 =,

e portanto (xn)n≥0é uma sequência de k·k2-Cauchy. Isto prova que toda sequência de k·k1-Cauchy é dek·k2-Cauchy. A recíprova prova-se de forma análoga, usando a constante c1.

Exercício 4 (Corolário). Sek · kek · k0são duas normas equivalentes sobre um espaço vetorialXentão (X,k · k) é um espaço de Banach se, e só se,(X,k · k0)o for.

Solução: Suponha que (X,k·k)é um espaço de Banach. Seja (xn)n≥0 uma sequência dek·k0-Cauchy. Pelo exercício anterior, a sequência é dek·k-Cauchy também. Como (X,k · k) é de Banach, existe x∈ X tal que xnk·k→ x. Devemos mostrar que xnk·k0 x. Existe c >0 tal que kξk0 ≤ckξk para todo ξ∈X. Seja >0. Existe n0 ∈N tal que n > n0 =⇒ kxn−xk< /c. Desta forma, se n > n0:

kxn−xk0≤ckxn−xk< c c =,

e xnk·k0 x. Assim, (X,k · k0) é um espaço de Banach. Analogamente se mostra que (X,k · k0) Banach =⇒ (X,k · k) Banach.

(5)

Exercício 5. Seja X um espaço normado.

(a) Prove que para cada a ∈ X, a aplicação x ∈ X 7→ x +a ∈ X é um homeomor- fismo. Prove que, para cada λ ∈ K, λ 6= 0, a aplicação x ∈ X 7→ λx ∈ X é um homeomorfismo.

(b) Conclua que um subconjunto Ade Xé aberto se, e só se, x0+A=· {x0+a|a∈A} é aberto.

(c) Mostre que seKé compacto eFé fechado (emX), entãoF+K=· {f+k|f∈F, k∈K} é fechado. Sugestão: use a caracterização de compacidade por sequências, válida para espaços métricos.

Solução:

(a) Seja fa : X → X dada por fa(x) = x +a. Fixe x0 ∈ X. Seja > 0 e escolha δ= >0. Se x∈X é tal que kx−x0k< δ, então temos que:

k(x−a) − (x0−a)k=kx−x0k< δ=,

e daí fa é contínua em x0. Como x0 era qualquer, fa é contínua. Afirmo que fa é inversível e (fa)−1 =f−a. De fato:

fa(f−a(x)) = fa(x−a) = (x−a) +a=x=idX(x) f−a(fa(x)) = f−a(x+a) = (x+a) −a=x=idX(x)

Temos que fa é contínua qualquer que seja a∈X, então o nosso trabalho anterior na realidade mostra que f−a também é contínua. Portanto fa é um homeomor- fismo.

Agora seja λ 6= 0 e gλ : X → X dada por gλ(x) = λx. Fixe x0 ∈ X. Seja > 0 e escolha δ=/|λ|>0. Se x∈X é tal que kx−x0k< δ, então temos que:

kλx−λx0k=kλ(x−x0)k=|λ|kx−x0k< λ

|λ| =,

portanto gλ é contínua em x0. Como x0 era qualquer, gλ é contínua. Afirmo que gλ é inversível e (gλ)1 =g1/λ. Com efeito:

gλ(g1/λ(x)) = gλ λ1x

λ1x =x =idX(x) g1/λ(gλ(x)) = g1/λ(λx) = λ1λx=x =idX(x)

Porém provamos que gλ é contínua qualquer que seja λ ∈ K\ {0}, então o feito acima de fato mostra que g1/λ também é contínua, pois 1/λ6=0. Assim gλ é um homeomorfismo.

(b) Vamos manter a notação do item acima. Homeomorfismos são aplicações abertas, isto é, levam abertos em abertos, então x0+A=fx0(A) é a imagem de um aberto (por hipótese) por um homeomorfismo, logo é aberto. E se supormos que x0+A é aberto, temos que A=f−x0(x0+A) é aberto pelo mesmo argumento.

(6)

(c) Seja x ∈F+K. Basta provar que x ∈F+K. Existe (xn)n≥0 ⊆ F+K com xn →x. Para cada n≥0, ponha xn =fn+kn, com fn ∈F e kn ∈K. Como K é compacto, é sequencialmente compacto e existe uma subsequência convergente (knj)j≥0, com knj j−→+k∈K. Então:

xnj =fnj+knj =⇒ fnj =xnj−knj →x−k∈F, pois F é fechado. Desta forma, x = (x−k) +k∈F+K.

Exercício 6 (Conjuntos Convexos). Um subconjunto C de um espaço vetorial X é convexo se, para todo escalarλ∈[0,1], e x, y∈C temos que λx+ (1−λy)∈C.

(a) Mostre que as bolas de um espaço normado são convexas.

(b) Mostre que seCé um subconjunto convexo de um espaço normado então seu fecho também é convexo.

Solução:

(a) Sejam x0 ∈ X e r > 0 quaisquer. Vejamos que a bola B(x0, r) é convexa (para a bola fechada B[x0, r] é análogo). Sejam x, y ∈ B(x0, r) e t ∈]0,1[. Então temos que:

kx+t(y−x) −x0k=k(1−t)x+ty−x0k=k(1−t)x+ty− (1−t)x0−tx0k

=k(1−t)(x−x0) +t(y−x0)k ≤(1−t)kx−x0k+tky−x0k

<(1−t)r+tr =r,

ou seja, x +t(y−x) ∈ B(x0, r), qualquer que seja t ∈]0,1[. Portanto B(x0, r) é convexa.

(b) SejaCum conjunto convexo ex, y∈C. Então existem sequências(xn)n≥0,(yn)n≥0⊆ C tais que xn → x e yn → y. Seja t ∈]0,1[ qualquer. Como C é convexo, (1−t)xn+tyn ∈C para todo n≥0. Então:

n→+∞lim (1−t)xn+tyn= (1−t)x+ty∈C, e logo C é convexo.

Exercício 7 (Distância de ponto a conjunto). Se A é um subconjunto de um espaço normadoX, definimos a distância de x ∈ X a A pondo d(x, A)=· inf{kx−ak| a∈ A}.

Prove quex ∈A ⇐⇒ d(x, A) =0.

Solução:

=⇒: Se x ∈A, dado >0 tem-se que B(x, )∩A6=∅, donde existe y∈ A tal que d(x, y) < . Então d(x, A) ≤ d(x, y) < . Como d(x, A) < qualquer que seja > 0, devemos ter d(x, A) =0.

⇐=: Se d(x, A) = 0, dado >0, existe y∈ A tal que d(x, y) < , e daí B(x, )∩ A6=∅ (y pertence ao conjunto). Como é qualquer, x∈A.

(7)

1.2 Séries de Fourier

Exercício 1 (P1). Desenvolver as funções:

(1) f(x) =1.

(2) f(x) =

1 sex ≥0

−1se x <0 (3) f(x) =x

(4) f(x) =|x| (5) f(x) =x2

(6) f(x) =|senx| =⇒ 2 π− 4

π

cos(2x)

1·3 + cos(4x)

3·5 +cos(6x) 5·7 +· · ·

em séries de Fourier, senos e cossenos no intervalo [−π, π].

Solução:

(1) f(x) =1. Temos:

an = 1 π

Zπ

−π

cos(nx)dx= 1

nπsen(nx)

π

−π

=0, ∀n≥1 bn = 1

π Zπ

−π

sen(nx)dx= − 1

nπcos(nx)

π

−π

=0, ∀n≥1 a0= 1

π Zπ

−π

dx= 1

π2π=2 =⇒ a0 2 =1. Então a expansão de Fourier de f≡1 é 1.

(2) f(x) =

1 se x ≥0

−1 se x <0 . Seja n ≥ 1. Temos an = 0 para todo n ≥ 0, pois f é uma função ímpar2 e assim x 7→ f(x)cos(nx) é uma função ímpar. Também, x 7→f(x)sen(nx) é uma função par, e portanto:

bn = 1 π

Zπ

−π

f(x)sen(nx)dx= 2 π

Zπ

0 sen(nx)dx

= − 2

nπcos(nx)

π

0 = − 2

nπ(cos(nπ) −1) = 2

nπ(1−cos(nπ))

= 4

se n é ímpar 0 se n é par Portanto:

f(x) = 4

πsenx+ 4

3πsen(3x) + 4

5πsen(5x) +· · ·= 4 π

X

n≥0

sen((2n+1)x) 2n+1

2Na verdade é igual a uma função ímpar q.t.p. e portanto a integral não se altera. Faremos isso mais vezes se necessário sem comentar.

(8)

(3) f(x) = x. Temos que f é uma função ímpar, donde x 7→ f(x)cos(nx) é ímpar e assim an =0 para todo n≥0. Do mesmo modo, x 7→f(x)sen(nx) é uma função par, logo:

bn= 1 π

Zπ

−π

f(x)sen(nx)dx= 2 π

Zπ 0

xsen(nx)dx

= 2 π

−xcos(nx) n

π

0

+ Zπ

0

cos(nx) n dx

!

= 2

π −πcos(nπ)

n +sen(nx) n2

π

0

!

= −2

ncos(nπ) =

n2 se n é par

2

n se n é ímpar Portanto

f(x) =2 senx−sen(2x) +2

3sen(3x) −1

2sen(4x) +· · ·+· · ·=2X

n≥1

(−1)n+1

n sen(nx).

(4) f(x) = |x|. A função f é par, donde x 7→ f(x)cos(nx) é par e x 7→ f(x)sen(nx) é ímpar. Portanto bn =0 para todo n≥1, e aí:

a0 = 1 π

Zπ

−π

|x|dx= 1

ππ2 =π =⇒ a0 2 = π

2. E também:

an = 1 π

Zπ

−π

f(x)cos(nx)dx = 2 π

Zπ

0

xcos(nx)dx

= 2 π

xsen(nx) n

π

0

− Zπ

0

sen(nx) n dx

!

= 2

n2πcos(nx)

π

0

= 2

n2π(cos(nπ) −1)

=

0 se n é par

n42π se n é ímpar Desta forma:

f(x) = π 2 − 4

πcosx− 4

9πcos(3x) − 4

25πcos(5x) −· · ·= π 2 −4

π X

n≥0

cos((2n+1)x) (2n+1)2 (5) f(x) = x2. A função f é par, assim x 7→ f(x)cos(nx) é par, e x 7→ f(x)sen(nx) é

ímpar, donde bn=0 para todo n≥1. Temos:

a0= 1 π

Zπ

−π

x2dx= 2 π

Zπ

0

x2dx = 2 π

π3

3 = 2π2

3 =⇒ a0 2 = π2

3.

(9)

E também:

an = 1 π

Zπ

−π

f(x)cos(nx)dx = 2 π

Zπ 0

x2cos(nx)dx

= 2 π

x2sen(nx) n

π

0

− 2 n

Zπ 0

xsen(nx)dx

!

= − 4 nπ

Zπ

0

xsen(nx)dx = −4 nπ

−π

n cos(nπ)

= 4

n2cos(nπ) = 4

n2 se n é par

n42 se n é ímpar, aproveitando os cálculos do item (3). Assim obtemos:

f(x) = π2

3 −4 cosx+cos(2x) − 4

9cos(3x) +· · ·= π2

3 +4X

n≥1

(−1)n

n2 cos(nx) (6) f(x) =|senx|.

• Expansão de Fourier: aqui temos que f é uma função par, donde x 7→ f(x)cos(nx) é par e x 7→ f(x)sen(nx) é ímpar. Assim, bn = 0 para todo n≥1. Temos:

a0= 1 π

Zπ

−π

|senx|dx= 2 π

Zπ

0 senxdx = −2 πcosx

π 0 = 4

π =⇒ a0 2 = 2

π E para n≥1:

an = 1 π

Zπ

−π

f(x)cos(nx)dx= 2 π

Zπ

0 senxcos(nx)dx Em geral:

Z

senxcos(nx)dx = senxsen(nx)

n − 1

n Z

cosxsen(nx)dx

= senxsen(nx)

n −

− 1 n

−cosxcos(nx)

n − 1

n Z

senxcos(nx)dx

= senxsen(nx)

n + cosxcos(nx)

n2 + 1

n2 Z

senxcos(nx)dx Isolando, vem:

Z

senxcos(nx)dx = n2 n2−1

senxsen(nx)

n +cosxcos(nx) n2

. Com isto:

an= 2 π

1+cos(nπ) 1−n2

=

0 se n é ímpar

4 π

1−n12 se n é par Portanto a expansão de Fourier é:

f(x) = 2 π − 4

3πcos(2x) − 4

15πcos(4x) −· · ·= 2 π − 4

π X

n≥1

cos(2nx) 4n2−1 .

(10)

• Expansão em senos: Façamos a expansão considerando a extensão ímpar de

|senx|, que é apenas senx. Evidentemente a expansão será apenas senx. De

fato, os detalhes são: temos an=0 para todo n≥0, e:

bn= 2 π

Zπ

0 senxsen(nx)dx Como anteriormente, calculemos uma primitiva geral:

Z

senxsen(nx)dx= −senxcos(nx)

n + 1

n Z

cosxcos(nx)dx

= −senxcos(nx)

n +

+ 1 n

cosxsen(nx)

n + 1

n Z

senxsen(nx)dx

= −senxcos(nx)

n +cosxsen(nx)

n2 + 1

n2 Z

senxsen(nx)dx Isolando, vem:

Z

senxcos(nx)dx = n2 n2−1

−senxcos(nx)

n +cosxsen(nx) n2

, e disto segue que bn=0 para todo n≥1.

• Expansão em cossenos: coincide com a expansão de Fourier.

Exercício 2. Obter as séries dos senos em [0, π] para f(x) = cosx, f(x) = sen(x/2), f(x) =senhax.

Solução: Como consideramos extensões ímpares, teremos an = 0 para todo n ≥ 0 em todos os casos.

• f(x) =cosx. Temos que:

bn = 2 π

Zπ

0 cosxsen(nx)dx, ∀n≥1. Vamos achar uma primitiva primeiro:

Z

cosxsen(nx)dx= −cosxcos(nx)

n − 1

n Z

senxcos(nx)dx

= −cosxcos(nx)

n − 1

n

senxsen(nx)

n − 1

n Z

cosxsen(nx)dx

= −cosxcos(nx)

n − senxsen(nx)

n2 + 1

n2 Z

cosxsen(nx)dx Isolando e supondo n6=1, temos:

Z

cosxsen(nx)dx= n2 n2−1

−cosxcos(nx)

n −senxsen(nx) n2

.

(11)

Com isto:

bn = 2 π

n2 n2−1

cos(nπ)

n + 1

n

= 2 π

n

n2−1(1+cos(nπ)) =

0 se n for ímpar

4 π

n

n2−1 se n for par Para n=1:

b1= 2 π

Zπ

0 cosxsenxdx = 1 π

Zπ

0 sen(2x)dx= − 1

2πcos(2x)

π 0 =0. Assim temos a expansão:

f(x) = 4 π

2

3sen(2x) + 4 π

4

15sen(4x) +· · ·= 4 π

X

n≥1

2n

4n2−1sen(2nx).

• f(x) =sen(x/2). Temos:

bn= 2 π

Zπ

0 senx 2

sen(nx)dx, ∀n≥1. Calculemos uma primitiva:

Z

senx 2

sen(nx)dx = −sen(x/2)cos(nx)

n + 1

2n Z

cosx 2

cos(nx)dx

= −sen(x/2)cos(nx)

n +

+ 1 2n

cos(x/2)sen(nx)

n + 1

2n Z

senx 2

sen(nx)dx

= −sen(x/2)cos(nx)

n + cos(x/2)sen(nx) 2n2

+ 1 4n2

Z

senx 2

sen(nx)dx Isolando, obtemos:

Z

senx 2

sen(nx)dx= 4n2 4n2−1

−sen(x/2)cos(nx)

n +cos(x/2)sen(nx) 2n2

Disto segue que:

bn= 2 π

4n2 4n2−1

−cos(nπ) n

= −2 π

4n

4n2−1cos(nπ) = −2

π

4n4n2−1 se n é par

2 π

4n4n2−1 se n é ímpar A expansão procurada é:

f(x) = 2 π

4

3senx−2 π

8

15sen(2x)+2 π

12

35 sen(3x)+· · ·= 2 π

X

n≥1

(−1)n+1 4n

4n2−1sen(nx).

• f(x) =senh(ax). Suponha que a6=0, caso contrário não há o que fazer. Temos que:

bn= 2 π

Zπ

0 senh(ax)sen(nx)dx, ∀n≥1

(12)

Calculemos uma primitiva:

Z

senh(ax)sen(nx)dx = −senh(ax)cos(nx)

n + a

n Z

cosh(ax)cos(nx)dx

= −senh(ax)cos(nx)

n +

+ a n

cosh(ax)sen(nx)

n − a

n Z

senh(ax)sen(nx)dx

= −senh(ax)cos(nx)

n +acosh(ax)sen(nx)

n2

− a2 n2

Z

senh(ax)sen(nx)dx Isolando:

Z

senh(ax)sen(nx)dx= n2 a2+n2

−senh(ax)cos(nx)

n +acosh(ax)sen(nx) n2

Disto segue que:

bn= 2 π

n2 a2+n2

−senh(aπ)cos(nπ) n

= −2 π

n

a2+n2senh(aπ)cos(nπ)

=

2πa2+nn 2senh(aπ) se n é par

2 π

n

a2+n2senh(aπ) se n é ímpar Logo, a expansão procurada é:

f(x) = 2 π

1

1+a2 senh(aπ)senx− 2 π

2

4+a2senh(aπ)sen(2x) +· · ·

= 2

πsenh(aπ)X

n≥1

(−1)n+1 n

n2+a2 sen(nx).

Exercício 3. Desenvolver, no intervalo [0, π] em séries de cossenos:

(a) f(x) =cosax (b) f(x) =coshax (c) f(x) =

1 se0≤x ≤π/2 0 seπ/2 < x≤π

Solução: Como consideramos extensões pares, teremos bn =0 para todo n≥1, em todos os casos.

(a) f(x) = cos(ax). Suponha a 6= 0, caso contrário o problema já está resolvido no item (1) do exercício 1. Temos:

a0 = 1 π

Zπ

−π

cos(ax)dx= 2 π

Zπ

0 cos(ax)dx= 2

aπsen(ax)

π

0 = 2 sen(aπ)

aπ =⇒ a0

2 = sen(aπ) aπ .

(13)

E também:

an= 2 π

Zπ

0 cos(ax)cos(nx)dx.

Achemos uma primitiva primeiro:

Z

cos(ax)cos(nx)dx= cos(ax)sen(nx)

n + a

n Z

sen(ax)sen(nx)dx

= cos(ax)sen(nx)

n +

+ a n

−sen(ax)cos(nx)

n + a

n Z

cos(ax)cos(nx)dx

= cos(ax)sen(nx)

n − a

n2 sen(ax)cos(nx) + a2 n2

Z

cos(ax)cos(nx)dx Isolando:

Z

cos(ax)cos(nx)dx= n2 n2−a2

cos(ax)sen(nx)

n − a

n2 sen(ax)cos(nx)

. Com isto, vem:

an= 2 π

n2 n2−a2

−a

n2 sen(aπ)cos(nπ)

= 2 π

a

a2−n2 sen(aπ)cos(nπ)

= 2

π a

a2−n2sen(aπ) se n é par

2πa2−na 2sen(aπ) se n é ímpar E assim obtemos a expansão procurada:

f(x) = sen(aπ) aπ − 2

π a

a2−1sen(aπ)cosx+ 2 π

a

a2−4sen(aπ)cos(2x) +· · ·

= sen(aπ) aπ +2a

π sen(aπ)X

n≥1

(−1)n

a2−n2cos(nx).

(b) f(x) =cosh(ax). Temos:

a0= 2 π

Zπ

0 cosh(ax)dx= 2 π

senh(ax) a

π

0

= 2 senh(aπ)

aπ =⇒ a0

2 = senh(aπ) aπ . Para n≥1:

an= 2 π

Zπ

0 cosh(ax)cos(nx)dx.

Calculemos uma primitiva:

Z

cosh(ax)cos(nx)dx= cosh(ax)sen(nx)

n − a

n Z

senh(ax)sen(nx)dx

= cosh(ax)sen(nx)

n −

−a n

−senh(ax)cos(nx)

n + a

n Z

cosh(ax)cos(nx)dx

= cosh(ax)sen(nx)

n − asenh(ax)cos(nx)

n2 − a2

n2 Z

cosh(ax)cos(nx)dx

(14)

Isolando:

Z

cosh(ax)cos(nx)dx= n2 n2+a2

cosh(ax)sen(nx)

n −asenh(ax)cos(nx) n2

. Desta forma:

an = 2 π

n2 n2+a2

asenh(aπ)cos(nπ) n2

= 2 π

a

n2+a2senh(ax)cos(nπ)

= 2

π a

n2+a2senh(aπ) se n é par

π2n2+aa 2senh(aπ) se n é ímpar Com isto obtemos a expansão:

f(x) = senh(aπ) aπ − 2

π a

1+a2 senh(aπ)cosx2 π

a

4+a2 senh(aπ)cos(2x) +· · ·

= senh(aπ) aπ +2a

π senh(aπ)X

n≥1

(−1)n

n2+a2cos(nx).

(c) f(x) =

1 se 0≤x≤π/2

0 se π/2< x≤π . Para n=0 temos:

a0 = 2 π

Zπ/2

0 dx= 2 π

π

2 =1 =⇒ a0 2 = 1

2. E para n≥1:

an = 2 π

Zπ/2

0 cos(nx)dx= 2

nπsen(nx)

π/2

0 = 2

nπsennπ 2

= 2

se n é ímpar

2 se n é par Assim a expansão procurada é:

f(x) = 1 2 + 2

πcosx− 1

πcos(2x) + 2

3πcos(3x) +· · ·= 1 2 + 2

π X

n≥1

(−1)n+1

n cos(nx).

Exercício 4. Use (5) do exercício 1e calcule a soma:

X

n≥1

1 n2 = π2

6 Solução: Obtivemos:

x2 = π2

3 +4X

n≥1

(−1)n

n2 cos(nx).

Faça x=π. Notando que cos(nπ) = (−1)n, temos:

π2 = π2

3 +4X

n≥1

1

n2 =⇒ 2π2

3 =4X

n≥1

1

n2 =⇒ X

n≥1

1 n2 = π2

6 .

(15)

1.3 Espaços de Banach

Exercício 1. Mostre quec, o espaço vetorial das sequências convergentes, munido da norma do supremo é um espaço de Banach.

Solução: Seja (ξn)n≥0= ((x(n)k )k≥0)n≥0 uma sequência dek·k-Cauchy. Dado >0, existe n0∈N tal que:

n−ξmk < , ∀m, n > n0 supk≥0|x(n)k −x(m)k |≤, ∀m, n, > n0

|x(n)k −x(m)k |≤, ∀m, n > n0, ∀k≥0,

então fixado k, (x(n)k )n≥0 é uma sequência de Cauchy em C, logo converge. Ponha xk=limn+x(n)k .

Defina ξ = (xk)k≥0. Provemos que ξ ∈ c. Como cada ξn converge (por estar em c), existe o limite x(n) = limk+x(n)k . Afirmo que (x(n))n≥0 é de Cauchy. Existem n1, n2 ∈Ntais que m, n > n1 implica |x(n)k −x(m)k |< /3, pois (x(n)k )n≥0 é de Cauchy, e k > n2 implica |x(n)−x(n)k |< /3, pois x(n)k k−→+x(n). Se n0=max{n1, n2}, m, n > n0, e fixamos um certo k > n0, temos que:

|x(n)−x(m)|≤|x(n)−x(n)k |+|x(n)k −x(m)k |+|x(m)k −x(m)|<

3 + 3+

3 =. Como C é completo, existe o limite x =limn+x(n).

Agora afirmo que ξ converge para x. Seja >0. Existem n1, n2, n3 ∈N tais que:

n > n1 =⇒ |xk−x(n)k |<

3, pois x(n)k n+xk

k > n2 =⇒ |x(n)k −x(n)|<

3, pois x(n)k k−→+x(n) n > n3 =⇒ |x(n)−x|<

3, pois x(n) n+x

Sen0=max{n1, n2, n3}en, k > n0, valem todas as condições acima simultaneamente.

Daí: |xk−x|≤|xk−x(n)k |+|x(n)k −x(n)|+|x(n)−x|<

3 + 3 +

3 =.

Portantoξ∈c. Agora falta verificar que ξnk·k ξ. Seja > 0. Existe n0∈N tal que:

n−ξmk< , ∀m, n > n0 sup

k≥0|x(n)k −x(m)k |< , ∀m, n > n0

|x(n)k −x(m)k |< , ∀m, n > n0, ∀k≥0

mlim+|x(n)k −x(m)k |≤, ∀n > n0, ∀k≥0

|x(n)k −xk|≤, ∀n > n0, ∀k≥0 sup

k≥0|x(n)k −xk|≤, ∀n > n0n−ξk≤, ∀n > n0, logo ξnk·k ξ∈c. Assim c é um espaço de Banach.

(16)

Exercício 2 (Soma direta externa). Sejam (X,k · k) e(Y,k · k0) espaços normados.

(a) Mostre quek|· k|:X×Y →R≥0 dada por k|(x, y)k|=max{kxk,kyk0} é uma norma em X×Y. Mostre também que tal norma gera a topologia produto em X×Y.

(b) SeXeY são espaços de Banach, mostre que (X×Y,k|· k|)é um espaço de Banach.

(X×Y,k|· k|) é chamado de soma direta externa de Xe Y.

Solução:

(a) Vamos mostrar que k|· k| é uma norma. Fixe (x, y),(x0, y0) ∈ X×Y e λ ∈ C.

Temos que k|(x, y)k| ≥ 0 por ser o máximo entre dois termos não-negativos. E k|(x, y)k| =max{kxk,kyk0} =0 implica que kxk = kyk0 = 0, onde x = 0 e y=0.

Logo (x, y) =0. Ainda, temos que:

k|λ(x, y)k|=k|(λx, λy)k|=max{kλxk,kλyk0}=max{|λ|kxk,|λ|kyk0}

=|λ|max{kxk,kyk0}=|λ|k|(x, y)k|. E por fim, temos que:

kx+x0k ≤ kxk+kx0k ≤ k|(x, y)k|+k|(x0, y0)k|, e analogamente partindo de ky+y0k0. Tomando o máximo obtemos:

k|(x, y) + (x0, y0)k|=k|(x+x0, y+y0)k|≤ k|(x, y)k|+k|(x0, y0)k|.

Agora vamos provar que esta norma gera a topologia produto. Uma base desta é B ={U×V |U∈τk·k, V ∈τk·k0}. Primeiro, provemos que fixado r >0, vale que:

Bk|·k|((x, y), r) =Bk·k(x, r)×Bk·k0(y, r).

Rapidamente, se (p1, p2) ∈ Bk·k(x, r)×Bk·k0(y, r), então kx −p1k,ky−p2k0 < r, e daí k|(x, y) − (p1, p2)k| < r, e segue que (p1, p2) ∈ Bk|·k|((x, y), r). E por outro lado, se (p1, p2) ∈ Bk|·k|((x, y), r), então max{kx−p1k,ky−p2k0} < r implica que kx −p1k,ky−p2k0 < r, logo p1 ∈ Bk·k(x, r) e y ∈ Bk·k0(y, r). Concluímos que (p1, p2)∈Bk·k(x, r)×Bk·k0(y, r). Assim, vale a igualdade proposta.

Em vista disto, toda bola aberta segundo k|· k| está em B. Agora vamos provar que todo elemento não-vazio de B contém alguma bola aberta segundo k|· k|. Se U×V ∈ B é não vazio, fixe x ∈ U e v ∈ V. Como U e V são abertos nos seus respectivos espaços, existem r1, r2 > 0 tais que Bk·k(x, r1) ⊆ U e Bk·k0(y, r2) ⊆ V. Seja r=min{r1, r2}. Então temos que:

Bk|·k|((x, y), r) =Bk·k(x, y)×Bk·k0(y, r)⊆Bk·k(x, r1)×Bk·k0(y, r2)⊆U×V.

Portanto as topologias geradas são as mesmas.

(17)

(b) Seja (zn = (xn, yn))n≥0 uma sequência de k|· k|-Cauchy em X×Y. Então dado > 0, existe n0 ∈N tal que se m, n > n0, temos:

kxn−xmk,kyn−ymk0≤ k|zn−zmk|< ,

donde (xn)n≥0 e (yn)n≥0 são sequências de Cauchy em X e Y, respectivamente.

Como estes são espaços de Banach, existem x ∈ X e y ∈ Y tais que xnk·k→ x e ynk·k0 y. Afirmo que znk|·k| (x, y). Com efeito, seja > 0. Existe n0 ∈N grande o suficiente3 tal que n > n0 implica kxn−xk,kyn−yk< . Tomando o máximo vem que k|zn− (x, y)k| < , portanto (zn)n≥0 converge e X×Y é um espaço de Banach também.

Exercício 3.

(a) Mostre que:

kfk1= Z1

0|f(x)|dx

é uma norma em C([0,1]), mas é apenas uma semi-norma no espaço das funções Riemann-Integráveis.

(b) Verifique se (C([0,1]),k · k1) é um espaço de Banach.

(c) Qual é a relação (no sentido da inclusão) entre as topologias geradas por k · k1 e k · k?

Solução:

(a) É claro que kfk1 = R1

0|f(x)|dx ≥ 0 qualquer que seja f ∈ C([0,1]). Agora se kfk=R1

0|f(x)|dx=0, podemos concluir seguramente que f=0 se f for contínua.

Caso contrário, podemos apenas concluir que f=0 q.t.p.. Se λ∈C, temos:

kλfk1 = Z1

0|λf(x)|dx= Z1

0|λ||f(x)|dx =|λ| Z1

0|f(x)|dx=|λ|kfk1. E se f, g∈C([0,1]), vale que:

|(f+g)(x)|=|f(x) +g(x)|≤|f(x)|+|g(x)|, ∀x∈[0,1], e integrando, temos:

kf+gk1= Z1

0|(f+g)(x)|dx ≤ Z1

0|f(x)|+|g(x)|dx = Z1

0|f(x)|dx+

Z1

0|g(x)|dx=kfk1+kgk1. As verificações de kλfk1 = |λ|kfk1 e kf+gk1 ≤ kfk1+kgk1 também valem para f, g∈R([0,1]).

3Um para cada sequência coordenada e já tomamos o máximo.

(18)

(b) O espaço não é completo. Seja (fn)n≥0⊆C([0,1]), dada por:

fn(x) =





0 se x < 2121n n x−21 + 21n

se 2121n ≤x≤ 21 +21n 1 se x > 12 +21n

Vejamos que a sequência é de Cauchy. Temos que se p∈N, vale que:

kfn+p−fnk1= Z21+2n1

212n1

|fn+p(x) −fn(x)|dx ≤ Z21+2n1

212n1

|fn+p(x)|+|fn(x)|dx

≤ Z12+2n1

122n1

2 dx =2 1

2 + 1 2n − 1

2 + 1 2n

= 2 n

n→+∞−→ 0.

Agora suponha por absurdo que a sequência convirja para uma função contínua f∈C([0,1]). Então devemos ter limn→+∞kfn−fk1=0. Isto é:

kfn−fk1= Z212n1

0 |f(x)|dx+ Z21+2n1

212n1

f(x) −n

x− 1 2 + 1

2n

dx+

Z1

21+2n1

|f(x) −1|dx, e passando ao limite temos:

Z1/2

0 |f(x)|dx+ Z1

1/2|f(x) −1|dx =0

Como as integrais são não-negativas, cada uma é zero. Por continuidade, f deve ser 0 em [0,1/2] e 1 em [1/2,0], um absurdo.

(c) Afirmo que a topologia gerada por k · k não está contida na topologia gerada por k · k1. Considere B(0,1). Vamos mostrar que B(0,1) tem interior vazio na topologia gerada por k · k1.4 Vamos mostrar que nenhuma bola B1(ϕ, r) está contida em B(0,1). Suponha agora que r≥1. Defina fn : [0,1]→R pondo:

fn(x) =

ϕ(x) +√

r(−n2x+n) se x≤ n1 ϕ(x) se x > n1

Como r≥1, temos que kfn−ϕk1=√

r/2 para todo n≥1, donde fn−ϕ∈B1(0, r) para todo n ≥ 1. Como estamos em um espaço normado, temos fn ∈ B1(ϕ, r) qualquer que sejan. Porém escolhendon∈Ngrande o suficiente tal quen√

r >1, temos que fn 6∈B(0,1). Se 0< r <1, é feita uma construção análoga com r2 ao invés de √

r e repete-se o argumento. Portanto B(0,1) não é um aberto segundo k · k1.

Por outro lado, todo aberto segundo k · k1 é um aberto segundo k · k. Com efeito, dada uma bola qualquer B1(ϕ, r), vale que B(ϕ, r) ⊆ B1(ϕ, r), pois se f∈B(ϕ, r), temos que:

kf−ϕk1= Z1

0|f(x) −ϕ(x)|dx≤ Z1

0

kf−ϕkdx≤ Z1

0

rdx=r.

Concluímos que τ1. A topologia τ é estritamente mais fina que a topologia τ1.

4Na verdade estamos exagerando, pois basta mostrar queB(0,1)6=intk·k1(B(0,1)).

(19)

Exercício 4. Definimos ` = {x = (xn)n≥0 | kxk =supn≥0|xn|< +∞}, o espaço das sequências limitadas munido da norma do supremok · k.

(a) Mostre que` é um espaço de Banach.

(b) Mostre que cé um subespaço de`. Conclua que secé fechado (mostre), então c é um espaço de Banach, utilizando o resultado abaixo.

(c) Mostre que c0 ={x = (xn)n≥0 |limn+xn =0}, o espaço das sequências conver- gentes a zero, com a norma do supremo, é um subespaço fechado de c, e portanto completo.

Solução:

(a) Seja (ξn)n≥0 = ((x(n)k )k≥0)n≥0 uma sequência de k · k-Cauchy. Dado > 0, existe n0 ∈N tal que:

n−ξmk< , ∀m, n > n0 supk≥0|x(n)k −x(m)k |≤, ∀m, n, > n0

|x(n)k −x(m)k |≤, ∀m, n > n0, ∀k≥0,

então fixado k, (x(n)k )n≥0 é uma sequência de Cauchy em C, logo converge. Ponha xk=limn+x(n)k .

Defina ξ = (xk)k≥0. Verifiquemos que ξnk·k ξ. Seja > 0. Existe n0 ∈ N tal que:

n−ξmk < , ∀m, n > n0 supk≥0|x(n)k −x(m)k |< , ∀m, n > n0

|x(n)k −x(m)k |< , ∀m, n > n0, ∀k≥0

mlim+|x(n)k −x(m)k |≤, ∀n > n0, ∀k≥0

|x(n)k −xk|≤, ∀n > n0, ∀k≥0 supk≥0|x(n)k −xk|≤, ∀n > n0

n−ξk ≤, ∀n > n0, logo ξnk·k ξ.

Só falta verificar que ξ∈`. Pelo feito acima, existen0 ∈Ntal que kξn0−ξk<

1, donde ξn0 −ξ∈`. Com isto, ξ=ξn0 − (ξn0 −ξ)∈`, e assim c é um espaço de Banach.

(b) Primeiro vejamos que c é um subespaço de `. Temos que 0 = (0)n≥0 ∈ c, e se (xn)n≥0,(yn)n≥0∈ceλ∈C, temosxn →x eyn →y, donde xn+λyn→x+λy, logo (xn+λyn)n≥0∈c. Vejamos agora quec é fechado. Seξ∈c, existe uma sequência em c que converge para ξ. Esta sequência, em particular, é uma sequência de Cauchy, e pelo feito no exercício 1 desta seção, converge para um elemento de c. Por unicidade dos limites em espaços normados5, esse elemento deve ser ξ ∈ c.

5Em geral, em espaços topológicos de Hausdorff.

Referências

Outline

Documentos relacionados

Dessa maneira, os resultados desta tese são uma síntese que propõe o uso de índices não convencionais de conforto térmico, utilizando o Índice de Temperatura de Globo Negro e

Atualmente os currículos em ensino de ciências sinalizam que os conteúdos difundidos em sala de aula devem proporcionar ao educando o desenvolvimento de competências e habilidades

O TBC surge como uma das muitas alternativas pensadas para as populações locais, se constituindo como uma atividade econômica solidária que concatena a comunidade com os

Figura A53 - Produção e consumo de resinas termoplásticas 2000 - 2009 Fonte: Perfil da Indústria de Transformação de Material Plástico - Edição de 2009.. A Figura A54 exibe

A Lei nº 2/2007 de 15 de janeiro, na alínea c) do Artigo 10º e Artigo 15º consagram que constitui receita do Município o produto da cobrança das taxas

Local de realização da avaliação: Centro de Aperfeiçoamento dos Profissionais da Educação - EAPE , endereço : SGAS 907 - Brasília/DF. Estamos à disposição

Desta maneira, observando a figura 2A e 2C para os genótipos 6 e 8, nota-se que os valores de captura da energia luminosa (TRo/RC) são maiores que o de absorção (ABS/RC) e

- Se o estagiário, ou alguém com contacto direto, tiver sintomas sugestivos de infeção respiratória (febre, tosse, expetoração e/ou falta de ar) NÃO DEVE frequentar