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: “o local diferenciado”

BIBLIOGRAFIA

Cenário 2 : “o local diferenciado”

Quais as imagens para a França?

Estes esquemas têm por objetivo ilustrar as idéias de cenário desenvolvidas no texto.

Ao contrário dos mapas anteriores, não são o reflexo de dado factuais ou quantitativos.

Ricas regiões vizinhas mas não necessariamente fronteiriças constroem redes de cooperação à distância que lhes assegurem conectividade sem o imperativo da contigüidade espacial. Essas regiões elaboram e financiam projetos preparados e apoiados pela União Européia envolvendo coletividades em escala de áreas metropolitanas.

Essas cooperações têm muitas vantagens: as cooperações inter-regionais favorecem o tratamento dos problemas transnacionais tais como os ligados aos riscos ou à gestão do meio ambiente, ou ainda ao intercâmbio tecnológico. A cooperação interurbana internacional permite constituir economias de escala e coordenar as respectivas políticas.

Essas relações entre regiões se revelam, no entanto, seletivas e, por favorecerem a emergência de novas zonas de crescimento, provocam um agravamento das disparidades porque todas as zonas geográficas não chegaram a se organizar da mesma forma, dada a ausência de organização regional e por causa do isolamento geográfico ou da insuficiência de recursos humanos.

Após um período relativamente longo de adiamentos, por falta de decisão sobre a questão das articulações e das prioridades entre as diferentes entidades territoriais, que são os municípios, os consórcios intermunicipais, os departamentos, as regiões, os países e os espaços inter-regionais, o Estado se encontra um pouco ausente das dinâmicas territoriais.

Nesse relativo vazio das políticas voluntaristas de ordenamento do território, as iniciativas geradoras de valores econômicos e socioculturais se multiplicaram nos escalões descentralizados da nação. As relações entre as comunidades tornaram-se uma realidade em quase todo o território nacional.

Algumas entidades territoriais se outorgaram novas margens de manobra. Elas desenvolveram uma lógica de parcerias com projetos precisos e pontuais com outras entidades interessadas nos mesmos objetivos.

Sabendo desenvolver estas diferentes aquisições, os territórios se inserem de modo diferenciado na economia mundial. As trocas com o exterior se operam de maneira seletiva e diversificada. O transplante do desdobramento conjunto de iniciativas transnacionais de desenvolvimento desencadeado pela União Européia por meio de grandes projetos europeus foi, pois, realizado.

Poderia, por exemplo, ser o caso de uma nova aliança acordada entre Calais e Douvres para contra-atacar o Eurostar oferecendo serviços integrados sem descontinuidade real entre essas duas cidades. Poderia ser o mesmo com o pólo lionês que, por não ter sido beneficiado com uma política ambiciosa (corredor e canal) com o porto de Marselha, estaria decididamente engajado numa parceria com as plataformas portuárias do norte da Europa.

Entretanto, o objetivo de tais parcerias não é necessariamente de domínio territorial. Doravante, os territórios geograficamente distantes apostam em sinergia para desenvolver em grande escala um modo de cooperação direta com as populações de países do Terceiro Mundo, pelo viés de organizações não governamentais (ONGs), em domínios tão precisos como na luta contra a pobreza nas periferias urbanas. Estes projetos permitem muitas vezes valorizar as competências de voluntários desses países confrontados com problemas similares ao do território francês e de extrair ensinamentos úteis para a sua solução.

Todos os territórios que participam dessas comunidades opcionais têm progressivamente adquirido uma aptidão para tirar o melhor proveito das alianças pragmáticas ao sabor das oportunidades e das preocupações.

As comunidades culturais, às vezes étnicas, seguem os passos das comunidades de interesse entre atores que se multiplicaram a partir do final dos anos 1990 para se tornarem, a partir do primeiro decênio do século 21, um conceito-chave da dinâmica socioeconômica.

Construindo parcerias em torno de projetos–chave com comunidades territoriais francesas, européias ou internacionais, que eles judiciosamente selecionaram, alguns territórios franceses aproveitam este “apelo de área” para alcançar um desenvolvimento que eles mesmos não mais acreditavam ser possível, recusando assim a fatalidade em termos de desenvolvimento. Comunidades de direito e organizações feudais se multiplicam no território.

A evolução da Europa em direção à confederação constitui um terreno fértil para tais iniciativas multi-territoriais.

Neste contexto, o Estado francês se encontra relativamente pouco à vontade. Diante de tal liberação de energia ancorada nos territórios e provocando uma mobilização sem precedentes por parte dos atores envolvidos, o Estado se encontra, com efeito, preso como em um torno entre os diferentes escalões infranacionais e em nível supranacional europeu. Ele se restringe pois a acompanhar o movimento esforçando-se para apreendê-lo na esperança de retomar de forma duradoura a iniciativa. Ele consegue fazê-apreendê-lo progressivamente posicionando-se como garantia dos interesposicionando-ses nacionais: cuidando, por exemplo, que o complexo portuário marposicionando-selhês leve uma vantagem distinta na dupla concorrência com os grandes portos do Norte europeu e do Mediterrâneo, permitindo-lhe estabelecer uma rede comunitária vantajosa com o pólo lionês.

O Estado esforça-se, além disso, por fazer de certa forma que o conjunto de cidadãos tenha acesso aos serviços públicos. Embora este cenário tenda a atenuar as disparidades entre os espaços urbanos e rurais, o Estado deve trabalhar para diminuir os desequilíbrios que nasceram ou que foram acentuados entre os territórios que obtiveram ganhos com a multi-territorialidade e os que ficaram limitados à abordagem mais clássica da intercomunalidade.

O Estado desempenha o papel de mediador e árbitro nos conflitos de interesses entre comunidades e organizações feudais que apareceram em alguns territórios, inclusive estrangeiros. Tenta com dificuldade fazer com que esta abundância de iniciativas, cujos perímetros quase nunca coincidem com as divisões administrativas em vigor, não desestabilizem a coerência do conjunto. Para corresponder a este novo desafio, o Estado se vê obrigado a reinventar o seu papel e a sua função no sentido de uma maior flexibilização e adaptação de suas formas de regulação. Ele se dedica a estabelecer novas regras de um jogo múltiplo, que ele descobre “em movimento” na esperança de se transformar em seu fiador.

3) “O centralismo renovado” ( um cenário neojacobino)

Desde os anos 2000 se buscava a globalização, mas a integração européia perdeu um pouco de fôlego.

O entusiasmo do início do século 21 em favor de abertura de concorrência se atenuou em proveito de atitudes de prudência que surgiram na memorável conferência da Organização Mundial do Comércio em Seattle. A distância praticamente não parou de se aprofundar entre, de um lado, a rapidez da globalização e das evoluções tecnológicas e, de outro lado, pelo relativo afrouxamento da cooperação internacional e européia.

A abundância das ações locais desordenadas sem envergadura internacional concorreu para uma fragmentação acirrada do espaço europeu.

Neste contexto os Estados Nacionais estão preocupados e tentam, cada um do seu modo, obter o domínio da situação. Eles se aferram às suas prerrogativas e retomam suas políticas no cenário nacional. A Europa por seu lado tenta se afirmar como espaço de mediação e de coesão em relação ao exterior. Em face do estouro da globalização, a França conseguiu fazer com que os países membros admitissem a idéia de uma

“exceção européia” que conviria preservar.

No plano europeu, a tendência impulsionada pelas forças do mercado (preponderância da livre concorrência e maior papel das empresas multinacionais) permanece na concentração que mantém a oposição entre o centro – constituído por megalópoles e pelas cidades mundiais de Londres e Paris – e as periferias.

O crescimento das metrópoles continua a despeito das políticas de coesão, provocando uma polarização dos grandes centros urbanos e um restrito número de regiões favorecidas, reproduzindo a divisão de um centro mais desenvolvido e mais rico situado no coração da Europa e uma periferia em atraso. Alguns espaços periféricos conhecem algum crescimento econômico e demográfico, mas de modo desigual, segundo uma divisão especial do trabalho clássico, do tipo fordista. A concentração prossegue nos Estados centralizados menos desenvolvidos e integrados recentemente, isto é, na Europa Oriental e Meridional, com crescimento quantitativo de alguns pólos urbanos

Quais as imagens para a França?

Estes esquemas têm por objetivo ilustrar as idéias de cenário desenvolvidas no texto.

Ao contrário dos mapas precedentes eles não são o reflexo de dados factuais ou quantitativos.