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CAPITULO II – METODOLOGIA

2. Local da pesquisa

Os três espaços de AEE/SRM pesquisados funcionam em escolas localizadas cada uma em um núcleo diferente da cidade e cada espaço recebeu um código, que o identificará nas análises: Espaço-1 (E1), Espaço-2 (E2) e Espaço-3 (E3) cada um com dois alunos surdos que frequentavam o espaço de AEE/SRM sendo aluno da própria escola ou de outra34.

Os espaços de AEE/SRM em cada escola são caracterizados conforme a seguir:

Quadro 04: Caracterização dos espaços de AEE/SRM pesquisados

ESPAÇO DE AEE/SRM - (E1) ESPAÇO DE AEE/SRM - (E2) ESPAÇO DE AEE/SRM - (E3) O espaço E1 fica em um bairro da periferia da cidade, onde há somente esta escola de 1.º

segmento do ensino

fundamental (1.º ao 5.º ano) e uma creche.

Este espaço funcionava nos períodos da manhã e da tarde, e nele atuavam duas professoras por período, sendo que uma

O espaço E2 fica em um bairro considerado de classe média.

Este espaço funcionava nos períodos da manhã e da tarde e nele atuava um

professor surdo que

trabalhava os dois

períodos, manhã e tarde, sendo que pela manhã

atuava junto com a

pesquisadora e foi,

O espaço E3 fica no bairro central da cidade, onde há três escolas,

duas de ensino

fundamental (1.º ao 9.º ano) e uma escola de ensino médio, onde fica o

espaço de AEE/SRM local da pesquisa. O espaço no período da pesquisa não funcionava em nenhum 34

As escolas que tem espaços de AEE/SRM recebem alunos que são matriculados no ensino comum de outras escolas que não possuem esse espaço.

das professoras trabalhava os dois períodos, isto é, pela manhã a professora que foi participante na pesquisa atuava junto com a pesquisadora e à tarde com outra professora.

portanto, participante na pesquisa, e à tarde com outro professor.

período. Não havia professores lotados neste

espaço. Apenas a

professora-pesquisadora foi designada para atender a duas alunas surdas desta escola, duas vezes por semana, no período da tarde.

Espaço de AEE/SRM - E1: neste espaço, as alunas surdas eram atendidas

três vezes por semana, mas ao mesmo tempo em que alunos com outras especificidades também eram atendidos porque a demanda do espaço era muito grande. Diante dessa situação o diagnóstico inicial demonstrou que não havia um trabalho específico de ensino de línguas às alunas com surdez. A partir desse diagnóstico, após o ingresso da professora-pesquisadora neste espaço, antes de iniciar este mestrado, as alunas surdas passam a ser sua responsabilidade e esta inicia um trabalho específico de ensino da Libras e de Português como segunda língua partindo de textos/contextos completos, utilizando uma metodologia de ensino com sequências didáticas de modo a explorar um contexto significativo em Libras primeiramente para posteriormente começar o trabalho de ensino da LP; produzindo material pedagógico imagético; e utilizando, por exemplo, o próprio material pedagógico em Libras disponível no espaço, e que antes não era utilizado, pelo menos não com o objetivo de desenvolver a competência linguística nas duas línguas, como os vídeos de histórias em Libras35 enviados pelo MEC para todos os espaços de AEE. Após o ingresso no mestrado a professora-pesquisadora organiza essa metodologia em um projeto de intervenção para analisar os resultados de um recorte desse trabalho desenvolvido no período da pesquisa, sendo o projeto apresentado à outra professora que atuava no espaço e sugerido um trabalho em parceria, objetivando contribuir com a mudança nas práticas de ensino de línguas a alunos surdos atendidos neste espaço.

Espaço de AEE/SRM - E2: este espaço onde eram atendidos seis alunos

surdos, no período da pesquisa tinha sido designado pelo DEE como um espaço

35

Vídeos de histórias em Libras (contos, fábulas, etc.) produzidos pelo INES-Instituto Nacional de Educação de Surdos.

polo para atendimento aos surdos daquele núcleo da cidade. Neste espaço atuava um professor surdo que foi participante na pesquisa. Quando a pesquisadora iniciou o trabalho no espaço de AEE/SRM da E2, o professor trabalhava sozinho no turno da manhã e junto com um professor ouvinte com domínio da Libras no turno da tarde. No entanto, no turno da tarde o espaço era frequentado por um público de deficientes intelectuais, alunos com autismo e apenas uma criança surda com idade entre 5 e 6 anos, que frequentava a creche. A criança era implantada, ou seja, a família já havia mandado realizar o implante coclear e havia a orientação de fonoaudiólogos e da família para que não se trabalhasse Libras com essa criança, segundo informações dos professores. No turno da manhã, entretanto, o espaço era frequentado pelos alunos surdos, além da outra demanda, a maioria alunos com deficiência intelectual.

Os surdos deste espaço de AEE/SRM (E2) frequentavam duas vezes por semana, e nesses dois dias somente estes eram recebidos para o trabalho pedagógico. Havia, portanto, uma situação um pouco melhor que a do espaço E1 onde as alunas surdas eram atendidas junto e ao mesmo tempo em que eram atendidos os demais alunos. Neste espaço a professora-pesquisadora contou com a colaboração/coparticipação do professor surdo, e que como surdo usuário da Libras, era o responsável pelo ensino dessa língua aos alunos surdos. Também neste espaço, o projeto de intervenção para o ensino bilíngue de surdos resultou em uma reflexão sobre a prática de ensino de línguas para estes sujeitos, sobretudo com relação ao ensino da segunda língua, a LP, mas também com relação ao ensino da primeira língua, a Libras, pois apesar de o profissional que atuava no espaço ser surdo e usuário da Libras, era ainda inexperiente com uma curta trajetória como educador, estava apenas no segundo ano de atuação em espaço de AEE.

Como já mencionado, seis alunos surdos eram atendidos neste espaço, mas apenas dois fizeram parte da pesquisa, pois eram os dois alunos que frequentavam regularmente as aulas, não faltavam. Os demais não participaram da pesquisa, pois eram pouco frequentes, sendo que dois desistiram depois do segundo bimestre do período letivo e outro, além de ser pouco frequente não participava das atividades para aprendizado da Libras, pois rejeitava a língua dizendo que preferia falar, embora não oralizasse, fazendo apenas sons incompreensíveis e usando gestualização para se comunicar. Este aluno já tinha 18 anos e seu comportamento revelava que este sujeito não construiu uma identidade surda pela falta de contato

com outros surdos. Mas, a ele e aos demais quando compareciam eram passadas as mesmas atividades do plano de ensino bilíngue que estava sendo aplicado. No entanto, enquanto os dois alunos frequentes conseguiam efetivamente compreender e concluir as atividades sem muitas intervenções, os demais somente conseguiam com a intervenção do professor surdo ou da professora-pesquisadora, por falta de não está acompanhando a sequência das atividades.

Espaço de AEE/SRM - E3: neste espaço, como mencionado no quadro

acima, não havia professor regente. O espaço não funcionava há alguns meses, desde quando a professora que nele atuava foi designada para atuar no setor pedagógico da Secretaria de Educação do Estado-núcleo Marabá36, como responsável pela educação especial do ensino médio. Esta secretaria não chega a ter um departamento específico de educação especial como na secretaria municipal. A pesquisadora foi designada para este espaço para atender as duas alunas surdas que estudavam no período matutino, no primeiro ano do ensino médio, sob a orientação de ensinar-lhes LP para que estas melhorassem sua compreensão dos conteúdos na sala de aula comum.

Portanto neste espaço a pesquisadora descreve a sua atuação com as duas alunas surdas, que frequentavam o espaço duas vezes por semana, uma vez que aproveitou a orientação de somente trabalhar com o ensino da LP para aplicar o seu projeto de intervenção, o plano de ensino bilíngue para possibilitar às alunas compreender e produzir melhor em LP, e assim, compreender melhor os conteúdos de todas as disciplinas da sala comum. Isto será melhor discutido na análise dos resultados, entretanto desde já esclareço que este é um objetivo que para ser alcançado leva anos de trabalho com o ensino de segunda língua para a pessoa surda, por isso os resultados obtidos são parciais.