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LOCALIZAÇÃO, CARACTERIZAÇÃO GERAL DA UGRHI E PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS

Antonio Lucio Mello Martins

LOCALIZAÇÃO, CARACTERIZAÇÃO GERAL DA UGRHI E PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS

INTRODUÇÃO

No atual contexto do gerenciamento ambiental de bacias hidrográficas está se configurando uma relevância crescente na busca de metodologias participativas com ênfase nas etapas de diagnóstico e de ações de educação ambiental, ao passo que a aplicação de tais métodos ainda depende de uma maior conscientização e envolvimento por parte da sociedade e da incorporação dessas metodologias como instrumentos de gestão por parte do poder público.

Na bacia do Turvo e Grande, o levantamento de Barbosa, Otero, e Pinheiro (2005) já apontava como principal demanda, identificada pelas pessoas cadastradas na REPEA – Rede Paulista de Educação Ambiental, o fortalecimento da Educação Ambiental, mediante a capacitação de educadores, em que o público-alvo majoritário das atividades seria o ensino médio. Entre os temas relacionados às atividades de Educação Ambiental destacam-se o manejo e a condestacam-servação de recursos hídricos, consumo e desperdício e Agenda 21/diagnóstico local.

Tais dados justificam a ideia de desenvolver atividades e pesquisas como a apresentada aqui, na qual o Mapeamento Ambiental Participativo (CARPI JR, 2012), ao ser realizado na bacia do Turvo e Grande, permitiu não somente um levantamento dos riscos, potencialidades e ações positivas no ambiente, mas também constituiu um importante instrumento de Educação Ambiental.

Assim, o objetivo deste trabalho é mostrar como ocorreu a aplicação do mapeamento ambiental participativo na UGRHI Turvo e Grande, com destaque para a realização da oficina de capacitação para o levantamento de riscos e ações ambientais positivas e produção de mapas e relatos dos participantes, trazendo igualmente diversos resultados e potencialidades de aplicação, como por exemplo, a melhoria na percepção sobre o ambiente local e regional por parte da população e maior conhecimento dos riscos e potencialidades da área.

LOCALIZAÇÃO, CARACTERIZAÇÃO GERAL DA UGRHI E PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS

Segundo o IPT (1999), a Bacia Hidrográfica do Turvo/Grande foi definida como a Unidade Hidrográfica de Gerenciamento de Recursos Hídricos 15 (UGRHI-15) pela Lei no 9.034/94, de 27/12/1994, que dispôs sobre o Plano Estadual de Recursos Hídricos para o biênio 1994/95.

A bacia possui 15.975 km2 de extensão territorial, sendo a 4a UGRHI em área de drenagem no Estado, abrangendo área inferior apenas às das UGRHI 14 (Alto Paranapanema, com 22.700 km2), 11 (Ribeira, com 16.771 km2) e 17 (Médio Paranapanema, com 16.763 km2).

A UGRHI é definida pela bacia do Rio Turvo e seus tributários, além de porções de áreas drenadas diretamente para o Rio Grande, situadas entre a Usina de Marimbondo, a montante, e o divisor de águas de sua margem esquerda, situado logo abaixo do local onde as suas águas se encontram com as águas do Rio Paranaíba (que vem de norte, pela margem direita do Rio Grande, e faz limite entre os Estados de Minas Gerais, a este, e Mato Grosso do Sul, a oeste), a jusante.

Entre todas as UGRHI do Estado, é a que possui o maior número de municípios (64), sendo seguida pelas UGRHI 5 (Piracicaba/Capivari/Jundiaí, com 57 municípios), 17 e 19 (Médio Paranapanema e Baixo Tietê, respectivamente, com 42 municípios cada). Dos 64 municípios pertencentes à Bacia do Turvo/Grande, 21 possuem parte de suas áreas em Bacias adjacentes, enquanto que 11 municípios, pertencentes a outras bacias, possuem parte de suas áreas na UGRHI-15 (IPT, 1999).

A Bacia do Turvo/Grande localiza-se no norte-noroeste do Estado e apresenta como principal via de acesso a partir da Capital do Estado a Rodovia Washington Luís (SP-310), que tem início na altura do km 154 da Via Anhanguera (SP-330), e bordeja a área pelo sul, de sudeste para noroeste, até Mirassol. Daí em diante, tem-se, no mesmo sentido, a SP-320, até praticamente o extremo noroeste da UGRHI.

A UGRHI Turvo/Grande (Figura 01) faz limite, ao norte, com o Estado de Minas Gerais, por meio do Rio Grande, represado em sua quase totalidade, de modo que tal limite se dá, portanto, pelas águas dos reservatórios de Ilha Solteira e de Água Vermelha. A leste limita-se com a UGRHI-12 (Baixo Pardo/Grande), a sudeste com a UGRHI-9 (Mogi-Guaçu) e, pelo flanco sul, com as UGRHI 16 (Tietê/Batalha) e 18 (São José dos Dourados).

Leonice Seolin Dias e Sandra Medina Benini (Org.) - 33

Figura 01 – Localização da UGRHI Turvo/Grande.

Fonte: IPT (1999). Organização: Carpi Junior (2014).

Segundo a SMA (2011), a UGRHI Turvo/Grande apresenta vocação agropecuária, com destaque para o cultivo de cana, que abastece 18 usinas de açúcar e álcool; laranja, com produção de suco na região de Catanduva;

e pecuária, e centenas de indústrias no parque industrial de São José do Rio Preto. A UGRHI apresenta grande potencial para turismo de esportes náuticos e atividades recreativas aquáticas, utilizando-se dos grandes reservatórios de água localizados em seus limites.

A SMA (2011) relata, ainda, que a área de vegetação nativa em 2009 correspondia a apenas 7,4 % da área total, mas com variação positiva em relação a 2005, que apresentava 3,9 %. A segurança hídrica é tida como estado de atenção, pois a disponibilidade hídrica total é de 39 m3/s, enquanto a demanda por consumo é da ordem de 17 m3/s, mais de 30 % do total. Quanto à ocorrência de desastres naturais, a área da UGRHI apresenta frequência considerada baixa, com dois atendimentos, dois acidentes (uma enchente e um raio) com quatro mortes, em 2010.

Utilizando-se de dados da CETESB (2010), a SMA (2011) contabiliza um total de 123 áreas contaminadas na UGRHI, sendo os postos de combustível responsáveis pela contaminação de 110 desses pontos.

Segundo Tavares e Ferrante (2009, p. 16), os problemas ambientais e aspectos negativos mais citados pelos dirigentes das ONGs ambientalistas identificadas na UGRHI 15 em seu território de atuação, são: erosão, falta de mata ciliar, baixo índice de mata nativa, o avanço do plantio de cana de açúcar, loteamentos irregulares que avançam na mata nativa, baixa disponibilidade hídrica, lixo (aterro não controlado), alta captação e desperdício de água na irrigação, solo em processo de desertificação, desaparecimento de fauna, alto índice de mortalidade por câncer, intoxicação por agrotóxicos, assoreamento dos rios, falta de conscientização, falta de ações de preservação ambiental, poluição visual, poluição da água, poluição do ar com as queimadas.

Os problemas ambientais citados pela maioria dos dirigentes aproximam-se das conclusões do Relatório ZERO (IPT, 1999), o que se justifica pela participação da Organização Não Governamental ANGICO, da cidade de Cajobi, e da Associação dos Ecologistas de Monte Alto – Pé da Serra, da cidade de Monte Alto, no levantamento e na consolidação dos dados apurados naquele documento.

As frentes de atuação mais citadas pelos representantes das ONGs são: educação ambiental, reflorestamento, revegetação de mata ciliar e nascentes, resíduos sólidos e políticas públicas junto ao CONSEMA e CBH – TG. O aspecto ambiental positivo em seu território de atuação é a parte do meio ambiente ainda preservada, como a reserva florestal no planalto de Monte Alto, e criação das ONGs.

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A APTA - POLO REGIONAL CENTRO NORTE E SUA ATUAÇÃO EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL