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Localização do campo Tabuleiro dos Martins

Fonte: Elaborado por Arthur Henrique Barreto, no aplicativo Qgis a partir dos dados vetoriais da ANP, EPE e IMA.

5.4 A Petrobras em Alagoas

A bacia Sergipe-Alagoas foi uma das regiões alvo da política do Depex (Petrobras) sob o comando de Link na Petrobras. Em 1956, foi iniciado o mapeamento geológico, e em 1957, foram iniciadas as perfurações de poços pioneiros, na capital Maceió, no bairro do Tabuleiro dos Martins (poços TM-1-AL e TM-2-AL) e em Jequiá da Praia222, poços JA-1-AL e JA-2-AL (DIAS; QUAGLINO, 1993, p. 116). Mas, somente a produção do Tabuleiro do Martins (TM) se revelou comercial, seguido depois por Coqueiro Seco (Ibid., p. 119).

No final da década de 1950 não haviam infraestruturas de transporte (estradas e rodovias) suficientes entre os municípios alagoanos de Piaçabuçu, São Miguel dos Campos, e Maceió, tanto é que a Petrobras teve que construí estradas para facilitar o transporte dos equipamentos223. As obras e o capital investidos vão estimular a economia local, gerando mais de 1000 empregos distribuídos em todas as atividades. Conforme a Petrobras (2009, p. 38-39) em 1958, haviam cinco sondas em operação no Estado de Alagoas, foram perfurados os poços: SM-1-AL, em São Miguel dos Campos; JA-1-AL e JA-2-AL, em Jequiá224, e; RSF-1-AL, RSF- 2-AL e RSF-3-AL, na foz do Rio São Francisco. Apenas o poço JA-2-AL apresentou produção diária de petróleo.

No começo dos anos 1960, a empresa supracitada, realizou mais descobertas em Alagoas em Piaçabuçu (foz do Rio São Francisco), e chegou a produzir sete mil barris de petróleo. Ainda segunda a Petrobras (2009, p. 40-41), em 6 de abril de 1962, a produção de cerca de 8,8 mil barris dos poços dos poços daquele primeiro município e de Jequiá foram carregados no petroleiro Rio de Janeiro, da Fronape, da Marinha do Brasil225. Para tanto, foi instalado naquele munícipio uma estação coletora composta por cinco tanques importados dos EUA (fábrica Parkersbourg) (Ibid., p. 41).

Naquele mesmo ano, a Petrobras descobriu outros poços petrolíferos no Tabuleiro dos Martins (TM-8, TM-9, TM-10, TM-12 e TM-15). E em 1963, encontrou gás (100 mil m³ diários) em Coqueiro Seco.

222 Que naquele pertencia ao Município de São Miguel dos Campos (AL).

223 Segundo conta Jandival, Lyra (apud História de Alagoas (15/10/2018), um dos principais líderes dos petroleiros em Alagoas, que realizava a abertura de estradas em São Miguel dos Campos para a passagem de caminhões que carregavam as sondas de exploração, que necessitavam de quatro equipes, com oito trabalhadores divididos em 3 turnos (8h) para sua operação.

224 Em 1962, o presidente da Petrobras, Junary Nunes, acompanhado pelo governador de Alagoas, Muniz Falcão, e pelo diretor do Depex, Lindonor Mota, visitaram o acampamento da estatal do petróleo em Jequiá (Anexo G). As fotografias do acampamento, do poço pioneiro e da sonda petrolífera estão registrados nas fotografias, respectivamente: no Anexo H, Anexo I, e Anexo J.

225 A fotografia do momento do embarque e do acampamento da Petrobras em Piaçabuçu podem ser visualizadas, respectivamente, no Anexo K e Anexo L.

Quanto a formação dos sindicatos dos trabalhadores da indústria petrolífera, foram criados, o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Extração de Petróleo da Bahia (1957) – Stiep, e, dois anos depois, em 1959, o Sindicato dos Trabalhadores em Exploração, Perfuração e Produção de Petróleo de Alagoas e Sergipe – Sindipetro. As principais reinvindicações destas organizações almejavam alcançar a equidade dos salários entre brasileiros e estrangeiros e, principalmente, ganhar força política para negociar contratos de trabalho mais favoráveis aos trabalhadores. Após anos de luta política em 1964, após deflagrado o Golpe Militar, os sindicalistas são perseguidos e presos226.

Em relação a transferência do Depex para Sergipe, ocorrida em 1969, Pereira (2004, p. 232) afirma que a Petrobras e os trabalhadores da empresa eram alvos de críticas por parte das elites dominantes (cana-de-açúcar), que, por sua vez, foram contrários as conquistas salariais destes trabalhadores e, sobretudo contra o sindicato dos petroleiros. Em Sergipe a Petrobras havia descoberto o campo de Guaricema, um ano antes (setembro de 1968), e tinha apoio do governador, no período, Lourival Batista (Ibid.). A decisão da transferência foi do próprio presidente da Petrobras, o marechal Walmar Levi, que enviou um telegrama ao governador de Alagoas (Lamenha Filho) comunicando a decisão, alegando estar seguindo os interesses da empresa (PETROBRAS, 2009, p. 154). Na época, o Senador Arnon de Mello argumentou que o impacto direto da transferência seria a retirada de NCr$ 1,5 milhões anual, entre pagamentos de salários e custos operacionais (Ibid.). Segundo a Petrobras, as razões da mudança foram o corte de despesas com a redução do quadro operacional e, principalmente, o baixo rendimento da produção de petróleo em Alagoas, visto que os poços de Sergipe demandavam maior número de funcionários, equipamentos e serviços (Ibid., p. 155).

Após 1969, a Petrobras seguiu a estratégia de reduzir gradualmente os investimentos em terra para concentrá-los nas explorações em mar, cuja decisão se baseou nos relatórios técnicos da empresa que diante das poucas descobertas em terra, recomendavam a maiores investimentos nas bacias com maior potencial e maior internacionalização da empresas (DIAS; QUAGLINO, 1993, p. 124).

No entanto, desde o final da década de 1960227, foram descobertos importantes campos de petróleo leve228 e de gás em Alagoas. Em 1969, Conforme Petrobras (2009, p. 172) o campo

226 Em 1969, os sindicalistas alagoanos foram presos pela Ditadura Militar, e somente foram libertados em 1969, embora foram proibidos voltarem ao sindicato, todavia ficaram trabalhando na clandestinidade até 1985, quando através da Lei n. 6.683/79, eles foram reincorporados ao sindicato e a Petrobras. (PETROBRAS, 2009, p. 58). 227 Quando foi concluído o levantamento geológico de Alagoas e então localizado o anticlinal de São Miguel dos Campos (AL), onde foi descoberto o campo de Furado, entre outros (Ibid., p. 173). As perfurações deste campo iniciaram em 1968, e em 1971, estava produzindo óleo leve (API 42 (Ibid., p. 175).

‘Cidade de São Miguel dos Campos’ (CSM) foi a primeira grande descoberta de gás no estado229 (Ibid.). Entre 1981 e 1986, segundo apontou o autor citado (Ibid.), foram descobertos os campos de ‘Pilar’ (Mapa 8), ‘Cidade de Sebastião Ferreira’ (CSF), Lagoa Pacas (LPC) e Fazenda Guindaste (FGT), e, em 1999, Sebastião Ferreira (SF), ambos podem ser observados com maiores detalhes na Tabela 7 (p. 186).

No Mapa 12 estão apresentadas as localizações dos campos de produção e as duas empresas operadoras em Alagoas230, a Petrobras e a Petrosynergy231. A partir das informações da Tabela 7. Após a quebra do monopólio estatal sobre a indústria do petróleo em 1997, a Petrobras se desfez de parte dos poços de petróleo em terra, hoje, além da desta, pequenas e médias empresas adquiriram as concessões de exploração dos poços antigos, que apesar da produção já ter atingido o pico e estar em lenta decadência, oferecem baixo risco

Na década de 1970, era uma tendência mundial a realização de grandes investimentos em offshore (pesquisa e desenvolvimento em alto mar). A Petrobras estava muito atrasada tecnologicamente em relação as petroleiras internacionais, sobretudo, após o aumento da pressão do governo militar para o aumento da produção nacional de petróleo. No começo daquela década os investimentos realizados pela Petrobras foram destinados para a aquisição de tecnologia exploratória e a realização dos levantamentos sísmicos e batimétricos da Plataforma Continental foram realizados por empresas estrangeiras.

Na década de 1980, segundo o Petrobras, se estruturou os dois polos produtores de petróleo e gás de Alagoas: (1) o polo Furado (Mapa 9), que abarca os campos de Furado, São Miguel dos Campos (Mapa 9, p. 177), CSM, Anambé e Japuaçu; (2) o Polo Pilar (Mapa 8) abrange toda a extinção do seu campo homônimo (Pilar) (Mapa 8, p. 176).

229 O campo CSM (Tabela 7) está localizado a cerca de 4,5 km do centro urbano do município homônimo de São Miguel dos Campos (AL)

230 Para maiores informações consultar o Apêndice BB, onde são destacadas todas as empresas que possuem concessão no Estado de Alagoas até 2017.

231 Empresa do Grupo Synergy (também dono da Avianca), desde 2001 a Petrosynergy Ltda atua no Brasil nos seguimentos de construção e montagem, energia, aviação, exploração e produção de petróleo (E&P). Naquele ano, adquiriu da Petrobras (leilões Petrobras) os poços Tabuleiro dos Martins, Fazenda Pau Brasil, Jequiá, Coqueiro Seco, Lagoa Pacas Sul de Coruripe, Fazenda Guindaste, Sebastião Ferreira e Cidade Sebastião Ferreira (ver na Tabela 7, p. 149). Desde aquele ano, a produção aumentou em três vezes após a aplicação de modernas técnica de recuperação de óleo. Petrosynergy Ltda. História. Disponível em: <

Tabela 7 - Campos de produção de petróleo e gás em Alagoas

NOME DO CAMPO SIGLA AREA

(km²) OPERADOR

DATA DE

INÍCIO SITUAÇÃO

FLUIDO PRIMÁRIO

SEBASTIÃO FERREIRA SF 2.47 Petrosynergy Ltda. - Em Devolução GÁS

COQUEIRO SECO CS 6.34 Petrosynergy Ltda. 31/12/1963 Produção ÓLEO

ARAPAÇU ARP 10.852 Petrobras 05/01/2016 Produção GÁS

FURADO FU 45.35 Petrobras 31/05/1969 Produção ÓLEO

SÃO MIGUEL DOS CAMPOS SMC 45.252 Petrobras 31/05/1975 Produção ÓLEO

FAZENDA GUINDASTE FGT 9.89 Petrosynergy Ltda. Desenvolvimento GÁS

FAZENDA PAU BRASIL FPB 1.32 Petrosynergy Ltda. 31/01/1980 Produção ÓLEO

TABULEIRO DOS MARTINS TM 3.79 Petrosynergy Ltda. 31/01/1960 Produção ÓLEO

CIDADE DE SÃO MIGUEL DOS

CAMPOS CSM 16.38 Petrobras 31/12/1969 Produção GÁS

ANAMBÉ ANB 11.276 Petrobras 01/07/2005 Produção ÓLEO

PILAR PIR 89.42 Petrobras 31/01/1982 Produção ÓLEO

SUL DE CORURIPE SCE 1.64 Petrosynergy Ltda. 31/05/1986 Produção ÓLEO

JEQUIÁ JA 3.37 Petrosynergy Ltda. 31/01/1969 Produção ÓLEO

LAGOA PACAS LPC 3.13 Petrosynergy Ltda. 28/12/2010 Em Devolução GÁS

CIDADE DE SEBASTIÃO

FERREIRA CSF 5.18 Petrosynergy Ltda. 05/04/1999 Em Devolução GÁS

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