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Localização do ser, na rede, em busca de capital social denso –

confortável, apropriado, não caro (no Canadá, o refugiado ou imigrante deve possuir os recursos financeiros suficientes para comprá-la) e situado em uma vizinhança onde o refugiado se sinta seguro, ou seja, onde haja sentimento de pertencimento ao lugar, devido ao número razoável de pessoas de mesma etnia, especialmente durante o período inicial de assentamento. Entretanto,

os imigrantes e os refugiados podem se encontrar em posições de desvantagem quando procuram e avaliam uma casa para comprar, por causa da falta de familiaridade com o intrincado mercado de habitação local, com as barreiras cultural e da língua, além da discriminação existente dos responsáveis pelos aluguéis.

Para Preston, Lo & Wang (2003, 253), os imigrantes contribuem para a economia de Toronto [e para a economia do país acolhedor em geral] pela participação no mercado de trabalho, gerando renda e criando empregos. Entretanto, apesar da política do multiculturalismo, os refugiados precisam de cerca de 10 a 15 anos no Canadá para serem assentados e se adaptarem ao mercado de trabalho, o que os deixa, durante este tempo, em situações de pobreza e discriminação, especialmente se eles não conseguirem aprender a nova língua e/ou não possuirem educação superior. Destarte, há grande probabilidade de geração da síndrome da dependência, já analisada.

A educação é outro problema que não pode deixar de ser analisado, não apenas por causa das dificuldades para conseguir uma vaga em escola ou universidade, mas também devido à falta de programas pedagógicos específicos para lidar com os refugiados, que são, em geral, conforme Yau (1995, apud James & Burnaby, 2006, 263- 313), alvos de preconceitos, de xenofobia e de discriminação, necessitando lidar diariamente com processos de adaptação, com processos burocráticos, com estresse pós- traumático, com aprendizado de nova língua e cultura para conseguir um emprego, tentando reunificar a família, financeiramente com problemas etc. Ademais, os professores freqüentemente não estão aptos e preparados para distinguirem entre refugiados e imigrantes. A falta de atividades, de políticas públicas e de programas para lidar especificamente com refugiados na escola os levam a não se sentirem membros do multiculturalismo canadense.

Relativamente aos cuidados com a saúde, a primeira discriminação vem da política governamental, quando seleciona os refugiados fora das fronteiras do Canadá. Os pretensos refugiados devem apresentar certificado de saúde antes de serem

101 selecionados. Ademais, Noh & Kasper (2003, 350-1) apontam que enquanto pesquisas mostram que os imigrantes e os refugiados são mais saudáveis do que os nascidos no Canadá,

embora, em princípio, os sistemas de saúde pública universal forneçam acesso justo e igual e serviços a todos os residentes, [...] os cuidados básicos de saúde, assim como os atendimentos por especialistas caros não são acessíveis a todos os canadenses (conforme informações do Instituto Canadense de Saúde de 2000).

Portanto, os refugiados não são parte deste sistema, principalmente se levarmos em consideração que muitos deles não são nacionais ou nem mesmo possuem visto de residente permanente. Ainda, mesmo estando fisicamente saudável, é comum sofrerem de estresse, depressão ou outros distúrbos mentais, resultantes da situação vivida no passado. Dessa forma, deixá-los fora dos sistemas de saúde significa levá-los à morte.

Com relação à participação política e engajamento dos refugiados, Siemiatycki

et al (2003, 455) afirmaram que

nem o poder econômico nem o político é eqüitativamente distribuído. Divisões gritantes existem nos padrões de vida das diversas comunidades em Toronto [e no país como um todo], cujas raízes estão na condição jurídica do imigrante, na identidade etnoracial e no gênero, e não nas diferenças em nível educacional ou treinamento. (grifo no original).

Educação e treinamento são ferramentas poderosas para que os refugiados se sintam forte o bastante para lutar pela vida, o único bem que lhe restou.

Tendo apresentado tais dados, resultantes de pesquisas bem fundamentadas dos acadêmicos supra, esclarece-se que a realidade e alguns mitos sobre os resultados positivos do multiculturalismo não se aplicam propriamente à vida dos refugiados na sociedade canadense. Sendo nacional canadense, o multiculturalismo traz enormes benefícios, mas, pelo contrário, sendo imigrante, especialmente refugiado, a realidade canadense é bem diferente. Os mitos que são construídos pelo governo canadense fora das fronteiras deste país, a fim de atrair força de trabalho, são descobertos assim que os refugiados aterrissam no Canadá.

No mínimo, vê-se uma espécie de política segregacionista, dividindo pessoas por classe ou origem etnoracial. Antes de buscar a união pela diversidade, os refugiados deveriam ter acesso aos mesmos direitos dos nacionais, como ocorre no ordenamento

102 jurídico brasileiro relativo aos refugiados (supra analisado) e estarem aptos a manter suas culturas, seus valores e suas crenças, enquanto dura o processo de integração (político, econômico, social e cultural) no Canadá.

O que mostra a sociedade canadense é muito mais um tipo de inter-gração de nacionais, não importando o lugar de origem ou de nascimento do nacional, do que

multi-gração, já que se aplica apenas aos nacionais canadenses e, alguns direitos, aos

imigrantes com visto de residência permanente no país, como a permissão de trabalho. Pouquíssimos direitos se aplicam aos refugiados, que permanecem no limbo até que consigam o visto de residente permanente. Seu nome talvez devesse mudar para Política Intercultural, ao invés de política multicultural, até por que o próprio ordenamento jurídico canadense que trata dos refugiados não se coaduna com as promessas da política humanitária do país.

Apesar da política multicultural, na teoria, e segregacionista, na prática, o número de refugiados no Canadá aumenta a cada ano, principalmente os reassentados, ou seja, os refugiados buscados pelo governo canadense além das fronteiras do Canadá, provenientes de um processo seletivo rígido.

Ao final de 200690, havia no Canadá 151.827 refugiados, além de 23.593 casos pendentes91 (solicitantes à espera de decisão). No Brasil (em 31 de dezembro de 2007), este número era de 3.815, sendo que os solicitantes eram 398. Nenhum destes refugiados no Canadá receberam apoio do ACNUR, ao contrário dos refugiados no Brasil, onde 2.257 receberam tal apoio, especialmente financeiro92.

Ainda comparando dados, no início de 2006, havia no Brasil 314 solicitações pendentes a serem decididas, resultantes do ano de 2005. A estas, juntaram-se 864 recebidas durante o ano. Destas, 200 solicitações foram deferidas, 470 rejeitadas e 102

90 In http://www.unhcr.org/cgi-bin/texis/vtx/home/opendoc.pdf?id=478ce34a2&tbl=STATISTICS, acessado em 11 de março de 2008. Além das informações obtidas no órgão oficial canadense, qual seja, Citizenship and Imigration Canada, in www.cic.gc.ca/english/resources/statistics/facts2006.index.asp acesso em 24 de junho de 2008.

91 Conforme o ACNUR (junho de 2008), em 31 de dezembro de 2007 este número era de 37.500, in www.unhcr.org/refworld.country acesso em 24 de junho de 2008.

92 Ademais, as divergências entre os números, apresentadas por diferentes fontes serão explicadas abaixo, quando da análise do procedimento para solicitação e aquisição da condição jurídica de refugiado.

103 arquivadas. Ao final de 2006, ainda restavam 398 solicitações pendentes para serem analisadas no ano de 2007, no Brasil.

Tratando-se de Canadá, os dados foram o que segue: ao final de 2007, havia 37.515 solicitações pendentes a serem decididas, resultantes do ano de 2006 e anteriores93. A estas, juntaram-se 27.865 recebidas durante o ano. Destas, 5.885 foram deferidas, 5.423 foram rejeitadas, 735 foram declaradas abandonadas e 1.779 foram arquivadas ou solucionadas por outros meios. Ao final de 2007, 43% das solicitações feitas foram deferidas.

Dos 147.171 mil refugiados no Canadá, ao final de 2005 (além dos 20.552 solicitantes de asilo/refúgio), 32.492 deles já possuíam o visto de residente permanente e permissão de trabalho em julho de 2007. Ademais, dentre os solicitantes de refúgio com idade igual ou acima dos 18 anos de idade, 53.948, cerca de 1/3 de todos os refugiados canadenses, nesta data, eram residentes na Província de Ontário, sendo que 37.013 deles residentes na cidade de Toronto, mostrando que, assim como acontece em São Paulo, a grande maioria dos solicitantes de refúgio/asilo no Canadá reside na maior cidade do país.

Houve, no Canadá, em 2006, conforme dados recebidos pelo Conselho Canadense de Refugiados, a partir do envio pelo Departamento de Cidadania e Imigração Canadense (Citizenship Immigration Canada – CIC), 28.179 solicitações de asilo/refúgio, dos quais 52% foram realizados quando da chegada no país por via terrestre, 29% na fronteira com os EUA e 19% em algum aeroporto94. De todas as solicitações, 59% delas foram realizadas apenas na Província de Ontário95, que possui

93

Conforme se pode visualizar na webpage oficial do órgão canadense Citizenshio and Imigration Canada (CIC), www.cic.gc.ca, finalmente o governo canadense decidiu abrir concurso público para selecionar novos juízes para o tribunal administrativo (IRB) responsável pelas decisões das solicitações de refúgio no país, com o intuito de diminuir e até eliminar os casos pendentes que se avolumam ano a ano no tribunal, o que se constituiu em mais uma vitória da sociedade civil organizada que atua com refugiados e solicitantes de asilo no Canadá.

94 A ONG “No One is Illegal”, em seu site http://toronto.nooneisillegal.org/node/570/print , acesso em 11 de março de 2008, publicou dados diferentes. Conforme esta ONG, em 2006, houve 22.887 solicitações no Canadá, dos quais 62% realizadas quando da chegada no país por via terrestre, 20% na fronteira com os EUA e 18% nos aeroportos.

104 Toronto como sua capital, objeto de análise desta pesquisa. Ademais, 2.093 (7%, de todas as solicitações) foram realizadas no aeroporto internacional de Toronto96.

Das 28.179 solicitações acima mencionadas, 684 foram indeferidas, ou seja, apenas 2% delas. Destas, 504 (74%) foram indeferidas com base no Acordo de Terceiro País Seguro, ou seja, os solicitantes eram provenientes dos EUA (primeiro país de acolhimento e reconhecido como um país seguro para refugiados), e 103 (15% ) foram indeferidas porque o solicitante já havia previamente solicitado refúgio no Canadá e seu pedido já havia sido indeferido97.

A grande maioria dos solicitantes de asilo/refúgio (pela quantidade de solicitações finalizadas) era proveniente do México (representando quase 26% de todas as solicitações finalizadas em 2007)98, da China (cerca de 8%), da Colombia (cerca de 7%), do Sri Lanka (cerca de 6%) e do Paquistão. Os EUA estão em 12° lugar na lista.99

Nos dados do CIC, ao final de 2006, havia ainda 317 crianças100 como solicitantes principais101. Ademais, dentre os solicitantes na fronteira terrestre, 54% eram do sexo masculino, mantendo a mesma proporção do ano de 2006.

96 Ainda conforme esta ONG, 8%, ou 1.799 solicitações, foram realizadas no aeroporto de Toronto. 97 As estatísticas desta ONG declaram que 570 solicitações foram indeferidas (pouco mais do que 2%), sendo que 403 (71%) delas foram baseadas no Acordo de Terceiro País Seguro com os EUA, 149 (26%) por haver o solicitante previamente tido seu pedido indeferido no Canadá; 10 foram indeferidos por já serem reconhecidos como refugiados em outro país; 4 foram indeferidos como medida de segurança; 1 por violação aos direitos humano; e 3 por crimes graves. Ademais, 23 casos foram suspensos ou arquivados. Vide relatório do Conselho Canadense de Refugiados no Anexo K.

98 Segundo a ONG acima, 4.914 dos solicitantes eram mexicanos, representando 21% de todas as solicitações, em 2006.

99 Note-se que as solicitações de cidadãos estadunidenses são, na grande maioria, crianças e adolescentes filhos de solicitantes que estiveram residindo nos EUA antes de solicitarem a condição de refúgio no Canadá.

100 Vale salientar que o termo criança, para o direito internacional, segue o previsto na Convenção Unviersal dos Direitos da Criança, considerando como tal todos os menores de 18 anos, diferenciando-se do ordenamento jurídico brasileiro, que separa criança (até 12 anos incompletos) de adolescente (dos 12 aos 18 anos incompletos).

105 5.2. A Proteção e os Direitos

O procedimento para se tornar refugiado no Canadá não é simples como no sistema brasileiro. Pelo contrário, é complexo, geralmente, demorado e divide-se em vários programas. Há, primeiramente, os casos dos refugiados que chegam na fronteira com o Canadá às suas custas, sem nenhum auxílio do governo canadense, do ACNUR ou de outro órgão internacional.

Há, em segundo, os refugiados que são reassentados no Canadá, depois de serem selecionados cuidadosamente pelos escritórios do governo canadense no exterior. E, ainda, há aqueles que são trazidos pela própria família (por intermédio do programa de reunificação familiar incentivado pelo ACNUR), por amigos, por grupos de pessoas ou de ONGs ou por ONGs, individualmente, de natureza religiosa. Para cada programa há um procedimento específico.

Além dos programas específicos, há soluções diferentes para as mesmas solicitações. Por exemplo, um solicitante de refúgio, cujo pedido se baseia na Convenção de 1951, pode ter seu pedido indeferido conforme rege a Convenção de 1951, mas pode ter a proteção do governo canadense como “pessoa protegida, baseando-se na Convenção contra a Tortura de 1984”, que define o crime de tortura como sendo

qualquer ato, onde dor ou sofrimento severos, físico ou mental, seja intencionalmente causado em alguém para os propósitos de obter de tal pessoa ou de terceiros informações ou confissões, punindo-a por qualquer ato que a mesma ou terceiro tenha cometido ou seja suspeito de ter cometido, ou intimidar ou coagir tal pessoa ou terceiro, ou por qualquer razão baseada em discriminação qualquer, quando tal dor ou sofrimento seja feito por ou instigado ou com o consentimento ou aquiescência de oficial público ou outra pessoa agindo oficialmente. Os efeitos legais, conforme a ordem jurídica canadense, produzidos em ambos os casos são basicamente iguais, mas, juridicamente, são condições diferentes de permanência no país. Cada programa e cada procedimento serão analisados individualmente.

106

Procedimento de Solicitação de Refúgio quando da chegada ao Canadá102

Chegada do Solicitante → Entrevista para Elegibilidade ↓

(Detenção, como medida preventiva, caso necessário)103

↓ ↓

Se elegível pelo CIC ou CBSA não elegível104 / indeferimento

↓ ↓

Caso enviado a um oficial da DPR do IRB Solicitação de revisão na Corte Suprema (CS)

↓ ↓

Preenche o Formulário Individual (FI) Avaliação de Risco Pré-Remoção (ARPR) (CIC)

↓ ↓

Audiência Apelação para Revisão Judicial (na CS) ↓ ↓

IRB recebe o FI (se autorizada, retorna ao CIC)

Audiência ante um membro do RPD105

O Solicitante: Recusa/Negação Comparece Não comparece ↓

↓ ↓ ↓ ↓ Remoção (CIC/CBSA) Refugiado Negação abandonado/ nova audiência,

(IRB) largado se razoável

Solicitação para Residência Permanente (CIC)106 → Residência Permanente→Nacionalidade

Fonte: Lei de Proteção aos Imigrantes e Refugiados de 1 de novembro de 2001, emendada em julho de 2006.

Quando o indivíduo chega ao Canadá, ele se depara com um oficial da imigração na fronteira (aérea, terrestre ou marítima), que pode ser no CIC (Centro de Imigração Canadense) ou na CBSA (Agência de Serviços de Fronteira Canadense) e declara sua intenção de ser reconhecido como refugiado (artigo 99 (3)). Neste momento, ele é entrevistado pelo oficial que o recebeu, que decidirá se sua solicitação é elegível ou não.

102 Informações obtidas em entrevistas com um juiz do IRB (tribunal canadense para solicitação de refúgio), na webpage do CIC (www.cic.gc.ca), em entrevista a Dra. Sasha Baglay, autora do livro Direito dos Refugiados no Canadá e, principalmente, na Lei de Proteção aos Imigrantes e Refugiados, de 1 de novembro de 2001, emendada em julho de 2006.

103 O solicitante será detido se houver dúvidas quanto sua identidade ou se houve deserção do servíco militar. A cada duas semanas há revisão dos casos dos solicitantes detidos. A Divisão de Imigração, algumas ONGs e algumas agências especializadas e autorizadas pelo Governo Canadense trata de auxiliar os solicitantes enquanto detidos.

104 Razões para inelegibilidade: já ser refugiado, recusa anterior pelo Canadá, se chegou de um Terceiro País Seguro ou se a pessoa é um risco à segurança do país.

105 Ver Gráfico seguinte sobre audiências. .

106 Após deferimento da solicitação de refúgio pelo IRB, muitos refugiados não conseguem permissão do CIC para visto de residente permanente, por falta de documentos identificatórios. Coates & Hayward (2005, 76-7) estimam em 20 mil refugiados no limbo no Canadá.

107 Sendo considerado elegível, o solicitante será enviado ao oficial da Divisão de Proteção de Refugiados (DPR), conforme a artigo 170 da Lei canadense, órgão do Tribunal de Proteção aos Imigrantes e Refugiados (IRB), que deverá decidir em três dias; caso contrário, a solicitação será enviada automaticamente ao IRB, para que este tome a decisão (artigo 100).

Caso o solicitante seja elegível, a ele serão dadas todas as informações sobre o procedimento de solicitação de refúgio e um formulário de informações pessoais (FI)107, que deverá ser preenchido em 28 dias e enviado ao IRB. Quando do recebimento do FI, o IRB revisa e decide sobre o tipo de audiência (privada e confidencial) a que o solicitante deverá comparecer, ante um oficial da DPR. Após tal decisão, o solicitante recebe uma carta com data, hora e local da audiência, explicada em figura infra.

Na audiência, não há arguição sobre a solicitação, mas apenas o oficial da DPR faz perguntas sobre os fatos. Se o solicitante comparece, ele poderá receber a condição de refugiado ou tê-la negada. Sendo deferida a solicitação, ele será encaminhado ao CIC, para solicitar imediatamente o visto de residente permanente. Caso seja indeferida, ele poderá apelar para revisão judicial ante a Suprema Corte (artigos 72 a 75). Nesse momento, a ordem de remoção do país fica suspensa até a decisão da Corte.

Se a apelação for deferida, o caso retorna à DPR, sendo analisado por um outro oficial. Mas, se for novamente indeferida, ele somente poderá solicitar uma avaliação de risco pré-remoção (decidida pelo CIC) (artigos 112 a 116), que suspende a ordem de remoção por 15 dias, a partir da data de recebimento dos formulários de solicitação desta avaliação108. Se esta solicitação for indeferida, ele será removido do Canadá (artigos 48 a 52). Mas, sendo deferida, ele poderá ser considerado como pessoa protegida por questões humanitárias e de compaixão, embora essas decisões apenas sejam dadas em circunstâncias excepcionais e o processo pode levar anos.

Vale salientar que são inelegíveis para a avaliação do risco pré-remoção os solicitantes sujeitos à extradição, os inelegíveis a audiências, os solicitantes que tenham sido removidos do Canadá há menos de 6 meses e os já reconhecidos como pessoas

107 O preenchimento do FI é individual e os pais devem preencher um para cada filho menor de 18 anos. Caso a solicitante seja criança desacompanhada, o IRB designa um representante para tal tarefa.

108 Se os formulários foram enviados pelo correio, e não entregues pessoalmente, acrescentam-se 7 dias mais.

108 protegidas ou como refugiados de acordo com a Convenção de 1951 em outro país para onde o solicitante possa retornar.

Retornando para o momento da audiência, se ele não comparece, o caso será declarado como abandonado ou largado. Entretanto, mediante justificativa por escrito e bem fundamentada, poderá ser solicitada nova data para audiência.

Se a solicitação for deferida, o solicitante poderá ser considerado refugiado de acordo com a Convenção de 1951 ou ser considerado pessoa com necessidade de proteção. No primeiro caso, são as perseguições definidas pela própria Convenção. No segundo caso, são os que apresentam risco de tortura, de vida ou de tratamento cruel, desumano ou degradante, conforme reza a Convenção contra a Tortura.

Quanto às audiências, são três os tipos, dependendo da solicitação:

Procedimento Rápido Audiência Curta (AC) Audiência Regular Audiência Completa entrevista pela DPR até 1h casos simples < 2h (entrevista pela DPR) dura > 2h < 4h no Tribunal (IRB) casos complexos > 4h no Tribunal (IRB) ↓ ↓ ↓ ↓ envia para um envia para AC -pelo Conselho do Ministro em nome do CIC juiz do IRB -a DPR pode assistir para obter evidências ↓ ↓ solicitantes de países -mais de duas questões para an álise favorável negado que produzem refugiados - ACNUR pode assistir

↓ ↓

decisão tomada uma/duas questões analisadas

↓ ↓ - aplicação das cláusulas de

para AC sem audiência exclusão e cessação conforme

↓ os artigos 1E e 1F da determina o refúgio Convenção de 1951 Fonte: Lei de Proteção aos Imigrantes e Refugiados de 1 de novembro de 2001, emendada em

julho de 2006.

Importa apontar que as audiências variam de país para país e de tempos em tempos, dependendo, por exemplo, das mudanças nas condições dos países.

Para evitar dúvidas quanto às funções dos três órgãos deste complexo sistema jurídico canadense no tocante aos refugiados, vale mencioná-los separadamente:

• quanto ao CIC (Órgão de Cidadania e Imigração do Canadá), com exceção das políticas de segurança, crimes de guerra e crime organizado, fica a seu cargo todas as políticas de admissão no país, além das decições sobre

109 cidadania, extradição, solicitação de permanência no país por questões humanitárias e de compaixão, serviços, visto de residência permanente (dentro e fora do Canadá), patrocínio de refúgio, assentamento e reunificação familiar;

• quanto ao CBSA (Agência de Serviços de Fronteira do Canadá), ele trata da

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