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B LOCO 2: I NTEROPERABILIDADE : A UTARQUIA – A GRUPAMENTO DE E SCOLAS – M UNICÍPIOS V IZINHOS

CAPÍTULO VI ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS

VI.2 B LOCO 2: I NTEROPERABILIDADE : A UTARQUIA – A GRUPAMENTO DE E SCOLAS – M UNICÍPIOS V IZINHOS

M

UNICÍPIOS

V

IZINHOS

Com a passagem do pessoal não docente para a autarquia, passaram os serviços de gestão dos recursos humanos da CM a gerir os processos destes funcionários. Isso implicou uma série de alterações decorrentes deste processo de transferência de competências, sobretudo na relação entre os membros da comunidade educativa, eficácia do trabalho administrativo e de gestão, formas de comunicação e articulação, eficácia na execução das competências que foram transferidas para o município de Terras de Bouro. De salientar as inevitáveis mudanças na comunicação, articulação e envolvimento entre o agrupamento de escolas e a autarquia. Desta forma, passou a ser junto da autarquia que os funcionários procuram respostas às suas necessidades.

Assim, apuramos que, em consequência do reordenamento da rede escolar e respetiva constituição de um “mega” agrupamento de escolas em todo o concelho, com duas EB 2,3/S separadas por 23 km, uma situada no Vale do Cávado (Rio Caldo) e outra no Vale do Homem (Terra de Bouro), a deslocação dos funcionários à autarquia, com sede em Terras de Bouro, se torna para uns muito fácil, dada a proximidade, mas para outros, muito difícil.

“O facto, da Escola estar próxima do edifício do município torna fácil a deslocação.

Já não se pode dizer o mesmo da Escola de Rio Caldo que dista em cerca de 19

km.”

(Coordenadora dos Serviços de Administração Escolar, Isabel Fernandes)

A relação entre a câmara e o agrupamento de escolas parece ser próxima e colaborativa, o que pode permitir uma melhor coesão entre estas Instituições, dirimindo equívocos entre as práticas correntes da autarquia e as do agrupamento de escolas, resultantes do impacto do processo de descentralização de competências.

“As relações entre AE e câmara municipal já estavam estabelecidas de forma

positiva e colaborante antes da assinatura do contrato de execução.”

(Presidente do município de Terras de Bouro, Joaquim Cracel)

Foram também referidos os importantes papéis que têm os funcionários dos serviços administrativos do agrupamento na articulação com a autarquia, sendo com bastante frequência solicitada diversa informação, de acordo com dados retirados da entrevista efetuada à coordenadora dos serviços administrativos do AE de Terras de Bouro.

“Não existindo no município uma secção destinada à Educação, estando o trabalho

a ser feito e distribuído por vários funcionários, por vezes é-nos solicitado a mesma

coisa por diversas pessoas, originando, mais uma vez, sobrecarga de trabalho e

desperdício de tempo e recursos.”

A não existência de uma divisão ou secção para a Educação Local no município aponta para lacunas na forma de comunicação e articulação entre o AE e a CM, isto é, meios de comunicação débeis e pouco ou nada organizados que podem contribuir para a deficiente eficácia e eficiência da execução das tarefas administrativas do quotidiano, isto é, constrangimentos na articulação interna e externa entre serviços bem como no estabelecimento de redes parceiras. Este facto poderá ter efeitos negativos na gestão da Educação no seu todo, nomeadamente na definição e implementação de estratégias internas e externas em prol de uma modernização administrativa. Na sua entrevista, o Dr. Filipe Pires também referiu a inexistência de uma divisão de educação ou gabinete adstrito à mesma.

“[…] tendo assinado em 2008, o Protocolo de transferência de competências em

matéria de educação, a autarquia de Terras de Bouro não tem uma divisão, nem

sequer um gabinete que esteja devidamente adstrito a esta importante área de

intervenção que é a educação, não estando organizada nem estruturada para

garantir e promover a necessária intervenção estratégica neste domínio.”

Sobre a interoperabilidade entre municípios vizinhos, a Comunidade Intermunicipal do Cávado desenvolveu e implementou, em conjunto com a TecMinho, um projeto pioneiro de formação- ação denominado “Educávado”, com o intuito de conjugar, promover e articular interesses comuns aos municípios associados. Esta formação-ação que tivemos a oportunidade de

acompanhar, teve como finalidade a partilha de saberes e a modernização da administração local, de forma a reforçar a atuação estratégica dos municípios em matéria de educação.

O executivo da Câmara Municipal de Terras de Bouro tem perfeita noção de que,

com as progressivas responsabilidades que vão sendo “atribuídas” aos municípios

nesta matéria, mais imperioso se torna a criação de uma estrutura ao nível dos

recursos humanos capaz de responder devidamente às necessidades educativas da

comunidade escolar terrabourense, sendo que a partilha de práticas e saberes com

outros municípios se afigura muito prometedora.”

(Assessor do Presidente das CM, Filipe Pires)

Lembramos que este projeto permitiu ainda identificar a debilidade, inconsistência e falta de planeamento explícito ao nível da Administração Central e Administração Local que facilite a consistência de uma recontextualização local dessas mesmas políticas de Educação. Conforme o descrevemos na tabela V.31, apenas 50% dos municípios da CIM do Cávado assinaram o contrato de execução com o Ministério da Educação, o que demonstra as reticências das autarquias em aceitar estas novas atribuições e competências. Sobre os contributos desta formação-ação para a autarquia, destacou como maior ganho a partilha de experiências e pontos de vista entre os intervenientes.

“As constantes trocas de experiências, de práticas, de novas perspetivas e pontos

de vista entre formandos e formadores, têm sido altamente enriquecedoras, sendo

claramente o maior ganho que se tem obtido na participação neste projeto.”

(Assessor do Presidente das CM, Filipe Pires)

Por último, destaca-se, segundo nos descreveu o Dr. Filipe Pires, o investimento da autarquia numa “Plataforma de Ensino Assistido”, um programa informático com o intuito de contribuir para a modernização administrativa no domínio da gestão local da educação, referindo que a mesma está ainda em fase de testes pelo que é ainda prematuro efetuar qualquer avaliação da mesma. Este investimento aponta claramente para a preocupação do município em gerir adequadamente os recursos educativos de que dispõe.

CAPÍTULO VII