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PARTE 3 – REDES E LOGÍSTICA: BASES TEÓRICAS

5. Logística

5.4. Logística, Operadores logísticos e transportes no Brasil

Segundo Nazário (2001), o custo de transporte representa a maior parcela dos custos logísticos na maioria das empresas. Ele pode variar entre 4% e 25% do faturamento bruto, e em muitos casos, supera o lucro operacional. Em 1998, o custo total de transporte nos Estados Unidos foi de US$ 529 bilhões representando 59% de todos os custos logísticos e 6,2% do PIB. No Brasil, estima-se que estes custos estão na ordem de R$ 60 bilhões.

Segundo a ABML (Associação Brasileira de Movimentação e Logística), no setor de varejo, o custo de logística pode chegar a 80% do faturamento e na indústria

automobilística varia próximo dos 20%.111 Entretanto, os custos podem ser reduzidos em

até 25% do valor de um produto se esse serviço for bem administrado. Portanto, o setor de logística é considerado parte essencial da economia e um setor estratégico. Segundo a mesma associação, a logística representa de 15% a 18% do PIB brasileiro (nos Estados

Unidos é de 11% do PIB). O faturamento do setor já chega a R$ 1,4 bilhões por ano.112

Sabe-se que, em termos gerais, a realidade do transporte de cargas no Brasil não é boa. Apesar do pouco amparo que os governos no Brasil têm dedicado aos transportes, vem se formando no Brasil uma estrutura considerável por iniciativa de vários embarcadores, empresas transportadoras e operadores logísticos.

Os operadores logísticos oferecem os seguintes serviços de modo mais integrado possível:

• Transportes (rodoviário, ferroviário, hidroviário e aéreo) utilizados de modo

racional;

• Métodos e processos de armazenagem;

• Controle de estoques; 111 HESSEL (21 set. 1999, p. 1). 112 Disponível em www.ntc.org.br/Mercado_Operadores.htm

• Gestão de informações logísticas (através do uso de tecnologias da informação);

• Gerenciamento de cadeias de suprimentos;

A ABML, publicou em fevereiro de 1999, um documento conceituando a

atividade. Segundo esta publicação, o operador logístico é:

Um fornecedor de serviços logísticos, especializado em gerenciar e executar todas ou part e das atividades logísticas nas várias fases da cadeia de abastecimento de seus clientes, agregando valor aos produtos dos mesmos, e que tenha competência para, no mínimo, prestar simultaneamente serviços nas três atividades básicas de controle de estoques, armazenagem e gestão de transportes.

Cita ainda, que atendido a esse mínimo, as demais atividades executadas ao longo da cadeia de abastecimento constituem-se nos possíveis diferenciais entre os diversos Operadores Logísticos.

Segundo um estudo da Gazeta Mercantil (“Análise Setorial dos Operadores Logísticos”), operador logístico é aquele que presta, pelo menos, serviços de controle de

estoque, armazenagem e gestão de transportes.113

A maioria dos operadores logísticos no Brasil é proveniente do transporte rodoviário de cargas e integram atualmente o modal aéreo e rodoviário. Alguns mesclam operações do transporte rodoviário com transporte ferroviário e/ou transporte aquaviário, principalmente o marítimo.

A modernização tecnológica e as novas estratégias de gerenciamento contribuem para diferenciar os serviços das transportadoras e agenciadoras com a dos operadores logísticos. Estes últimos utilizam mais tecnologias da informação. Tais mudanças auxiliaram no aumento da competitividade, reformulando na emp resa os setores de distribuição, de layouts, de equipamentos de movimentação e de armazenagem, através dos softwares de gestão, de roteirização e de radiofreqüência.

Estima-se que hoje existam no país cerca de 200 operadores logísticos. Apesar das empresas existentes representarem apenas 15% do potencial existente, o

crescimento do número de operadores tem sido superior a 5% ao mês114

. Segundo FLEURY (2002):

O rápido crescimento do comércio internacional, e principalmente das importações, gerou uma enorme demanda por logística internacional, uma área para a qual o país nunca havia se preparado adequadamente tanto em termos burocráticos quanto de infra-estrutura e práticas empresariais. Por outro lado, o fim do processo inflacionário induziu a

113

Citado em www.ntc.org.br/Mercado_Operadores.htm

114

uma das mais importantes mudanças na prática da logística empresarial, ou seja, o crescente movimento de cooperação entre clientes e fornecedores na cadeia de suprimentos, dentro do conceito de Supply

Chain Management. Antes da estabilização econômica, as contínuas

mudanças de preço causadas pela inflação criavam enormes incentivos para prática especulativas no processo de compras, e tornavam impossível qualquer tentativa de integração na cadeia de suprimentos. O processo especulativo gerava, também, enormes ineficiências na utilização de ativos, pela necessidade de dimensionar os recursos para o pico da demanda mensal, gerada pelo processo de concentração das compras no final do mês.

Embora muitas dessas empresas sejam pequenas transportadoras que apenas mudaram de nome, o mercado brasileiro de logística tem atraído empresas de grande porte. Uma parcela considerável das grandes transportadoras de carga fracionada vem se estruturando como operadores logísticos como, por exemplo, a Mercúrio, a TA, a Rapidão

Cometa, a Expresso Araçatuba, a Expresso Jundiaí, a Metropolitan entre outras.115

Já segundo Carlos Mira, presidente da Associação Brasileira de Logística (ASLOG), à Revista Distribuição de julho/2002, os cerca de 200 operadores logísticos que atuam no Brasil, obtiveram receita superior a R$ 5 bilhões em 2001, valor que corresponde a cerca de 20% do faturamento do setor do transporte rodoviário de

cargas116.

Quando a logística surgiu, o seu enfoque era totalmente operacional (armazenagem e transportes). Posteriormente, o conceito se expandiu e passou a ser vista como distribuição física a partir da integração dos dois processos. Em uma terceira fase, o conceito foi ampliado a partir da integração dos processos de armazenagem, estoques, transportes, informação, gestão do trabalho e de suprimentos. Na quarta fase, surgiu o conceito de gerenciamento de cadeias de suprimentos (Supply Chain

Management)117. A fase mais recente da logística é o conceito de ECR (Efficient

Consumer Response), ou seja, a resposta eficiente ao consumidor. No ECR é o

consumidor quem provoca os movimentos na cadeia. Esse conceito é o mais avançado da logística. (SEVERINO, 2001).

A logística brasileira está entrando na quarta fase, entretanto, a maioria dos operadores se encontra entre a segunda e terceira fase e, alguns poucos estão testando a quinta fase.

115

Disponível em www.ntc.org.br/Mercado_Operadores.htm

116

Disponível em: www.guialog.com.br/estatistica-log.htm. Revista Distribuição de julho/2002.

117 A cadeia é o percurso que a mercadoria realiza da origem ao consumidor final, sendo necessário o

entendimento da logística da empresa, do fornecedor e do cliente. Para tal, é cogente a utilização de serviços de empresas de consultoria inteligente (“soluções inteligentes”) que produzem sistemas de inf ormações específicos, de acordo com as necessidades de cada empresa.

Os principais limites encontrados pelos operadores estão na infra-estrutura, fazendo com que os produtos predominantemente transportados por mais de um modal sejam commodities (como minério de ferro, grãos e cimento), caracterizados como produtos de baixo valor agregado, sendo que, o custo de transporte é uma parcela considerável do valor destes produtos. Para produtos de maior valor agregado, nos Estados Unidos, o transporte rodo-ferroviário apresentou crescimento acumulado de 50% nos últimos 10 anos, tendo transportado em 1998, cerca de 9 milhões de contêineres e carretas (FLEURY, 2001).

Atualmente, a maior parte dos operadores logísticos de grande porte está buscando realizar operações integradas através do transporte aéreo e rodoviário, com a finalidade de transportar produtos de maior valor agregado, entretanto, esse movimento ainda se inicia.

Os operadores logísticos estão na ponta, no que diz respeito ao uso das TIC, operando para as maiores empresas do Brasil. Isto traduz o poder dos operadores logísticos no setor dos transportes.

As TIC são muito importantes para o desenvolvimento da logística. Através delas, pode-se “mover” a informação antes mesmo de mover a mercadoria, proporcionando diversos benefícios às empresas que visam reduzir custos, sobretudo, com estoques. Sem dúvida este fator é relevante, todavia, adiante queremos desenvolver e enfatizar um pouco, de como se dá a viabilização desses fluxos, que ultrapassam os limites territoriais das regiões e dos países.