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A Wallbox é um pequeno posto de carregamento que pode ser insta- lado na residência e com a capa- cidade de fornecer uma maior po- tência (de 7,4 KW a 22 KW), dimi- nuindo assim o tempo de carrega- mento da bateria, chegando até a uma média de 8h. Pelo facto do carregamento doméstico ser rela- tivamente mais demorado, a conta eléctrica residencial do usuário le-vará em conta todos os KWh (Kilo Watt-hora) consumidos no mo-mento do carregamento.

E depois de todos os pontos apre- sentados surge uma pergunta muito interessante:

Será que Angola já está preparada para os carros eléctricos?

A resposta à essa pergunta de- pende de uma análise às condi- ções técnicas que o País apre- senta. Em função da falta de infra- estrutura e das poucas políticas antipoluentes muito pouco se pensa ou se perspectiva em rela- ção aos carros eléctricos. Mas num futuro não muito distante poderemos ver esse panorama a mudar, devido a popularização desses veículos pelo mundo e da necessidade de se reduzir cada vez mais a emissão de gases poluentes à atmosfera.

Embora a presença dos carros eléctricos em Angola não seja tão popular, não quer dizer que seja inexistente. Actualmente, em Lu- anda, já circulam cerca de uma centena de carros eléctricos, sendo maior parte deles, para não

dizer todos, pertencentes a empresa T’Leva, a primeira empresa em África a usar carros eléctricos para serviço de táxi privado.

Segundo Ivano Álvaro, Gestor de Tráfego da T’Leva, os diversos carros eléctricos da marca Changan operam por toda a cidade de Luanda, influenciando muito na melho- ria da mobilidade urbana da capital. Em questões de infraestrutura, a T’Leva possui postos de carregamentos em suas 3 bases com as capacidades de carregamento normal (8 a 9 horas de tempo) e carregamento rápido (1 a 2 horas de tempo) de modo a garantir a operacional- lidade de seus veículos a tempo integral.

Para os usuários que desejam ter um carro eléctrico particular os desafios são outros. Pelo país não possuir ainda postos de carregamentos públicos, o usuário será obrigado a optar pelo carregamento doméstico, por ser o único possível até ao momento. Só resta saber se esse método é viável.

Para tal, faremos uma análise de viabilidade financeira no que concerne ao carregamento, tomando como exemplo um modelo de carro eléctrico simples da Peugeot: o Peugeot E-208.

O modelo E-208 da Peugeot é um eléctrico urbano de 5 lugares com uma autonomia de 340 km e que pode atingir uma velocidade máxima de 150 km/h[4]. Pelas suas características técnicas e pela questão funcional é um carro que se adapta facilmente às estradas urbanas angolanas.

Foto de um Veículo eléctrico T’Leva

Para a nossa análise, tomaremos também como exemplo uma instalação eléctrica doméstica de categoria monofásica, que integra a maior parte de consumidores de electricidade em Angola. Para esta classe, segundo a ENDE (Empresa Nacional de Distribuição de Electricidade), o tarifário correspon- dente é de 10,89 AKZ/kWh (ou seja, para cada kWh de energia consumido, o usuário terá que pagar 10,89 Kwanzas). [5]

Tendo estes dados podemos fazer a seguinte análise:

Para se determinar o consumo de energia de um aparelho qualquer é necessário multiplicar a sua potência activa de funcionamento pelo número de horas que o mesmo funciona.

Visto que o modelo E-208 da Peugeot vem acompanhado de uma Wallbox com uma potência de 7,4 kW e o seu carregamento total leva em média 7h30 min, podemos concluir que em uma sessão de carregamento, o veículo consome cerca de 55,5 kWh, o que, monetariamente corresponde a 604,935 AKZ. E, tendo-se em conta a autonomia do veículo e a frequência de utilização do veículo, podemos deduzir que no período de um mês o veículo poderá ser carregado cerca de 10 vezes, o que corresponderia a um gasto de 6049,35 AKZ mensal adicional à conta de energia eléctrica.

Em primeira instância esse valor pode parecer rela- tivamente alto quando se considera ser um gasto iso- lado, sem se contar com os gastos associados aos consumos por parte de outros electrodomésticos. Mas quando comparado ao consumo médio de combus- tíveis fósseis nos veículos à combustão interna esse valor passa a ser relativamente mais barato. E se adicionarmos à essa comparação a questão de que um veículo eléctrico não tem as mesmas necessidades de manutenção nem o mesmo consumo de óleos lubrificantes que um carro à combustão interna fica cada vez mais viável o uso de veículos eléctricos em substituição aos veículos convencionais.

Com base nesta análise podemos dizer que financeira-

mente o uso de veículos chega a ser viável ao longo do tempo e chega a “compensar” o seu actual preço de aquisição.

Mas para se aumentar a viabilidade do uso de carros eléctricos será necessário vários investimentos em questões de infraestrutura para que se possam criar pontos de carregamentos públicos por todo o país de modo a se garantir a fiabilidade no tráfego e a garantia da autonomia dos carros eléctricos a todo o momento.

E por fim, é necessário fazer-se uma mudança de paradigma e des- pertar a consciência ecológica que há em nós, de modo a optarmos por uso racional dos recursos, dimi- nuirmos a nossa pegada ecológica e acima de tudo promover a susten- tabilidade.

Podemos notar que por todo o mundo os carros eléctricos vieram para ficar e com o passar do tempo mais e mais pessoas adotam a essa forma menos agressiva e mais sus- tentável de se locomover. A so- ciedade angolana não poderá ficar atrás nesse quesito, embora tenha- mos ainda um longo caminho a percorrer.

Mas acredita-se que com os investi- mentos em infraestruturas e com a adoção de uma postura mais ecoló- gica, dentro de alguns anos vere- mos o panorama automobilístico do país a mudar.

Disrupttion,

uma maneira angolana de

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