• Nenhum resultado encontrado

Capítulo 1. Turismo Acessível

1.4 Boas Práticas Nacionais do Turismo Acessível

1.4.6 Lousã – um exemplo de espaço acessível

Lousã é um território de elevado potencial natural, paisagístico, arquitetônico e cultural, e tem vindo a tornar-se um destino muito requisitado pelo Turismo de Natureza, assumindo um lugar de destaque na Rede das Aldeias de Xisto (INR, 2010).

As iniciativas e discussões em torno do turismo acessível em Lousã tiveram o seu marco inicial em 2004, quando foi criada a Provedoria Municipal das Pessoas com Incapacidade pela Câmara Municipal da Lousã (CML), cuja atuação luta pela melhoria da qualidade de vida das pessoas com deficiência, sensibilizando os agentes locais e procurando dar voz ao grupo de pessoas que vivem e trabalham no concelho (Rosário, 2013).

Outra iniciativa de destaque foi a Organização do I Congresso Nacional de Turismo Acessível em 2007, onde o principal objetivo foi promover o debate sobre o desenvolvimento do turismo acessível, dando oportunidade para a discussão de casos

54 de boas práticas que estimularam o interesse da comunidade empresarial, política e académica, avaliando seu papel na promoção do turismo acessível e refletir sobre os desafios que se colocam (Rosário, 2013).

Apesar de Lousã já possuir uma longa tradição no domínio da acessibilidade e da inclusão das pessoas com deficiência, as conclusões deste congresso, motivaram o Município em se tornar o primeiro destino de Turismo Acessível de Portugal, assumindo assim, a primeira candidatura ao Programa Operacional de Potencial Humano (POPH). Esta candidatura foi aprovada, e com isso foi criado um modelo de gestão que serviu de suporte para o desenvolvimento do Projeto “Lousã, Destino de Turismo Acessível” (Figura 1.5), com o principal objetivo de oferecer uma oferta turística completa para todos os cidadãos (Nunes, 2011).

Figura 1-5 Slogan do projeto "Lousã Destino de Turismo Acessível"

Fonte: Rosário, 2013

Entre 2008 e 2011, o projeto foi apoiado economicamente por fundos comunitários, dando suporte para criar um modelo de gestão como mostra na Figura 1.6.

Fonte: Adaptada de Nunes, 2011:60.

Como exigência de candidatura ao POPH, foi criado um Plano de Ação, onde constam todos os custos previstos com o Projeto, como é exposto no Quadro 1.13. O que é de grande importância para sabermos a nível financeiro o investimento necessário para garantir um destino turístico acessível.

Descrição das Atividades Duração Prazo de Realização

Custo

1ª - Caracterização de forma exaustiva da população deficiente e com incapacidade do concelho da Lousã.

14 meses 01/09/2008 a

31/10/2009

€ 25.000

2ª - Adquirir Planos e Projetos de Acessibilidade Urbana para os principais eixos/espaços urbanos do concelho, com o objetivo de promover um espaço público mais inclusivo para as pessoas com incapacidades e mais atrativo para o turismo acessível.

22 meses 01/07/2008 a

30/04/2010

€ 60.000

3ª - Planos de acessibilidade dos polos de atração turística do concelho da Lousã, com destaque para a serra da Lousã, as aldeias do xisto e as praias fluviais.

12 Meses 01/07/2008 a 30/06/2009

€ 30.000

4ª - Planos e projetos de acessibilidade da equipa

mentos públicos que apresentam maiores níveis de 22 Meses

01/07/2008 a

30/04/2010 € 50.000 Figura 1-6 Modelo de Gestão do Projeto "Lousã, Destino Turístico Acessível"

56

Quadro 1.13 Plano Municipal de Promoção da Acessibilidade, no Concelho da Lousã, em 2008

atendimento, para permitir a eliminação das respectivas dificuldades de acesso e mobilidade.

5ª Projetos de Acessibilização dos pólos de atração turísticos

_____ _____ _____

6ª Diagnósticos de acessibilidade dos estabelecimentos de turismo, comércio e serviços da Lousã. Aproveitando a experiência do Selo da Lousã Acessível, pretende-se proporcionar aos empresários recomendações técnicas no domínio físico ou sensorial, ao nível do espaço ou do próprio serviço, para melhorar a acessibilidade dos estabelecimentos abertos ao público na Lousã.

22 meses 01/07/2008 a 30/04/2010

€ 50.000

7ª Elaboração de um Estudo de metodologia para a Certificação Territorial do Turismo Acessível. (Pretende-se adequar a partir das boas práticas internacionais já existentes nesta área, possibilitando assim, à certificação da Lousã como Destino Turístico Acessível).

12 Meses 01/07/2008 a 30/06/2009

€ 35.000

8ª Elaboração de um Estudo para a Hospitalidade, Ocupação e Animação de Turistas com Incapacidade na Lousã. (Pretende-se estudar as necessidades de acesso ao recreio, lazer e turismo das pessoas com incapacidade na Lousã identificando respostas capazes, susceptíveis de envolver as entidades locais na formação de respostas adaptadas).

9 Meses 01/07/2008 a 30/03/2009

€ 40.000

9ª Elaboração de um Estudo do impacto do Turismo Acessível no mercado social de emprego da Lousã. (O Objetivo deste estudo é identificar novas necessidades de profissionais na população ativa residente, e em particular para os lousanenses com incapacidade, bem como assim destacar novas oportunidades de empreendedorismo ou de emprego.

12 Meses 01/09/2008 a 31/08/2009

€ 30.000

10ª Elaboração de um Estudo do Sistema de Transportes do concelho da Lousã face às necessidades especiais dos cidadãos com incapacidades. (Tem como objetivo diagnosticar as necessidades dos residentes, visitantes ou turistas portadores de incapacidades nos transportes de passageiros, com ligação rodoviárias e ferroviárias a Coimbra e aeroportos, apresentando propostas de solução para a sua adaptação)

6 Meses 01/01/2009 a 30/06/2009

€ 25.000

11ª Gestão da Acessibilidade do Destino Turístico da Lousã. (Lançamento a título experimental de iniciativas de animação e gestão turística para inserção nos mercados do Turismo Acessível, no sentido de estimular e adequar a oferta atual do

20 Meses 01/09/2008 a 30/04/2010

Quadro 1.13 Plano Municipal de Promoção da Acessibilidade, no Concelho da Lousã, em 2008

concelho às necessidades específicas dos turistas com incapacidade, nacionais ou internacionais).

12ª Ações de Sensibilização. (Pretende-se realizar um ciclo de jornadas de sensibilização dedicadas à problemática da incapacidade e do turismo, estando previstas 10 jornadas, em média, uma de dois em dois meses).

20 Meses 01/09/2008 a 30/04/2010

€ 20.000

13ª Ações de Informação e Formação. (Organização e execução de ações de carácter demonstrativo destinada aos empresários locais do turismo com o objetivo de divulgar junto de um público interessado, constituído por formadores, empresários e profissionais 20 Meses 01/09/2008 a 30/04/2010 10.000 € 62 do turismo, funcionários municipais e de outras áreas da administração relevantes, responsáveis e profissionais dos sectores da reabilitação e do apoio social, para as oportunidades oferecidas pelo turismo acessível).

20 Meses 01/09/2008 a 30/04/2010

€ 10.000

14ª Concepção de materiais informativos. (Trata-se de desenvolver material informativo e colocar on- line uma plataforma tecnológica baseada na World Wide Web capaz de servir de canal de comunicação direto entre qualquer pessoa com incapacidade)

20 Meses 01/09/2008 a 31/12/2008

€10.000

15ª Concepção e produção de recursos técnico- pedagógicos.

_____ _____ _____

16ª Concepção e execução do Sistema de Sinalização

_____ _____ _____

17ª Missões Técnicas Transnacionais

(Proporcionar aos principais agentes envolvidos na promoção da acessibilidade e mobilidade para todos no concelho da Lousã um conjunto de missões técnicas alocais/instituições internacionais de referência).

24 Meses 01/05/2008 a 30/04/2010

32.200 €

18ª Assessoria Técnica, Gestão dos Processos, Gestão Financeira da Candidatura, Trabalho de Preparação e Acompanhamento e Coordenação Global (Trabalho desenvolvido por uma equipa técnica)

23 Meses 01/06/2008 a 30/04/2010

216.000 €

19ª Monitorização e Avaliação do Projeto (Pretende-se que o projeto tenha um sistema de monitorização permanente).

22 Meses 01/07/2008 a 30/04/2010

57.600 €

20ª Suporte logístico e administrativo ao Projeto. 23 Meses 01/06/2008 a

30/04/2010

25.000 €

58

A execução do Plano de Ação, resultou na assinatura de um protocolo de cooperação no âmbito da Estrutura de Missão do Projeto, coordenada por uma equipe técnica que integrou diferentes atores locais da oferta turística e da área social, contando ainda com o apoio de especialistas nacionais e internacionais, numa filosofia de gestão participativa. Atualmente, o Projeto é assumido pela CML, cabendo a responsabilidade direta pela gestão do projeto ao Grupo Técnico “Lousã Acessível”, e sendo desenvolvido trabalho em parceria com variadas instituições e entidades que dispõem de infraestruturas e equipamentos acessíveis: ARCIL (Associação para a Recuperação de Cidadãos Inadaptados da Lousã), Santa Casa da Misericórdia, Unidades de Alojamento (Mélia Palácio Boutique Hotel da Lousã), Unidades de Turismo em Espaço Rural (Casa do Vale do Linteiro e Quintal de Além do Ribeiro) e Pousada da Juventude, passando por algumas unidades de restauração e lazer (Rosário, 2013).

Todos os locais acessíveis do concelho possuem o “Selo Lousã Acessível”. Este selo possui um conjunto de condições básicas de acessibilidade, que permitem, a entrada e circulação no edifício, havendo a preocupação em assinalar no próprio aviso que a sua atribuição “não garante 100% de acessibilidade”. Estas condições básicas são verificadas no local mediante visita por pessoas com deficiência que usam cadeira de rodas e que colaboram com a Provedoria Municipal. Desde 2007, o selo já foi atribuído a mais de 100 equipamentos e estabelecimentos, desde bibliotecas a restaurantes. Em Janeiro de 2008 foram atribuídos mais 33 selos e, em novembro do mesmo ano, mais 40 selos. Em 2009 estava prevista a distribuição de mais 32 novos selos (INR, 2010).

No Anexo II, é possível analisar a aplicação da abordagem Design for All, baseada nas Fases de transição e relação com os ISF, mostrado anteriormente no tópico 1.3.1, esse é um processo que só pode ser alcançado passo a passo. Cada administração tem que decidir quando deve começar, qual o caminho a seguir e quais os objetivos que procuram atingir (Aragall, F et al, 2008).