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Capítulo 1. Turismo Acessível

1.4 Boas Práticas Nacionais do Turismo Acessível

1.4.2 Turismo de Portugal

2015) . A sua atribuição é sujeita a pagamento e é válida por dois anos, apresentando três níveis de acessibilidade:

 Nível I: Funcional - Cumpre condições de visita e usufruto do espaço em todas as valências da sua atividade principal para acesso público;

 Nível II: Amigável – Cumpre o nível anterior e ainda disponibiliza materiais e conteúdo que reforcem o bem-estar dos utilizadores do espaço certificado. Pode, ainda, promover condições de acessibilidade para além do âmbito da legislação em vigor, tais como o atendimento e acompanhamento personalizado, a criação de materiais informativos e informatizados ou, ainda, o reforço nas complementaridades da acessibilidade universal capaz de integrar todos os diferentes componentes sociais, culturais e turísticas;

 Nível III: Excelência – Cumpre os níveis anteriores e cria, ainda, condições para se poder exercer atividade profissional. Este nível, diretamente ligado à empregabilidade, assume um papel determinante no conceito mais universal da promoção da acessibilidade, pelo que, consequentemente, é considerado de excelência (Certificado de acessibilidade – ICVM, 2012:23).

Em Portugal, já 40 municípios já aderiram a este projeto, os tipos de certificado podem ser atribuídos de acordo com quatro temas:

Tema 1: Cidade ou Vila Acessível para Todos;

Tema 2: Cidade ou Vila Ciclável e de Mobilidade amigável; Tema 3: Cidade ou Vila de Regeneração e Vitalidade Urbana; Tema 4: Cidade ou Vila Turística.

1.4.2 Turismo de Portugal

O Turismo de Portugal também está envolvido em vários projetos relacionados com o Turismo Acessível, em 2012, desenvolveu Guia de Boas Práticas de Acessibilidade em Hotelaria e em 2014, o Guia do Turismo Ativo, e espera-se, para breve, a publicação do Manual de Boas Práticas nos Transportes e Restaurantes.

A revisão do PENT apresentada para 2013-2015, aprovada em janeiro de 2013, contempla já o Turismo Acessível. Assim, podemos afirmar que:

“Atualmente, o turismo [em Portugal] ainda não é uma atividade acessível a todos os cidadãos, com especial ênfase nas pessoas com mobilidade condicionada, por deficiências de natureza motora, visual, auditiva, intelectual e outras. O desaparecimento desses impedimentos induzirá ao incremento das deslocações e a uma maior exigência na prestação de serviços turísticos. Esta realidade, conjugada com a existência de infraestruturas, equipamentos e serviços acessíveis, fará com que pessoas com mobilidade condicionada se tornem potenciais clientes, constituindo um fator de desenvolvimento económico.” (PENT, 2013:4)

No sentido de tornar Portugal um destino acessível para todos, o PENT apresenta a proposta de realização de um conjunto de atividades que permitam implementar de forma adequada estratégias de turismo acessível:

 Fomentar programas integrados de desenvolvimento de destinos turísticos acessíveis (espaços públicos, equipamentos culturais e de lazer, praias, transportes, atendimento, etc.);

 Fomentar a criação de condições para o acolhimento de turistas com mobilidade reduzida nas infraestruturas e serviços turísticos (alojamento, animação turística e restauração);

 Desenvolver ações de formação e sensibilização para o acolhimento de turistas com mobilidade reduzida junto dos agentes turísticos e municípios;

 Assegurar a prestação da informação sobre a acessibilidade das infraestruturas e serviços turísticos na comunicação promocional dos destinos.

1.4.2.1 Plano de ação do Turismo Acessível – Turismo de Portugal e ENAT

Criada em 2006, a ENAT é uma iniciativa para o desenvolvimento de projetos de nove organizações fundadoras de seis Estados-Membros da UE. A Comissão Europeia - DG Emprego e Assuntos Sociais, financiou as atividades da rede durante os seus dois primeiros anos de funcionamento, de 2006 a 2007. A ENAT foi registrada oficialmente no

Commercial Court of Brussels no dia 8 de maio de 2008, com a designação de European Network for Accessible Tourism, asbl (Rede Europeia para o Turismo Acessível), uma

44 associação sem fins lucrativos, com sede em Bruxelas (Turismo de Portugal & ENAT, 2014).

A missão da ENAT é fazer com que os “destinos turísticos europeus, seus produtos e serviços sejam acessíveis a todos os viajantes, promovendo o Turismo Acessível em todo o mundo”. A ENAT visa alcançar este objetivo, reunindo agentes do setor, partilhando experiências e aprendizagens, contribuindo com projetos e programas nacionais e internacionais que permitam promover uma maior consciencialização e compreensão das necessidades de acessibilidade em todas as áreas da cadeia turística, em toda a Europa (Turismo de Portugal & ENAT, 2014).

Em 2014, foi estabelecido um Protocolo de Colaboração entre o Turismo de

Portugal, I.P. e ENAT, com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento do Turismo

Acessível em Portugal durante os próximos anos (Turismo de Portugal & ENAT, 2014). O primeiro passo realizado no âmbito do Protocolo de Acordo envolveu quatro reuniões técnicas realizadas em Lisboa e no Algarve, onde diretores e técnicos do Turismo de Portugal, da Entidade Regional de Turismo do Algarve, vários agentes privados e do setor público, bem como estudantes de hotelaria e turismo, participaram para inteirar-se e debater as questões-chave do desenvolvimento do Turismo Acessível (Turismo de Portugal & ENAT, 2014).

Os representantes do Turismo de Portugal apresentaram uma visão global do turismo acessível em Portugal, prevista na Revisão do Plano Estratégico Nacional para o Turismo (PENT 2013-2015) e de acordo com o “Plano de Ação em Turismo Acessível”.

Os principais objetivos a serem alcançados com reunião foram:

• Fornecer aos agentes e atores do setor turístico uma visão geral do estado-da-arte do Turismo Acessível na Europa;

• Partilhar informações e experiências em Turismo Acessível em Portugal; • Rever as boas práticas e os benefícios do Turismo Acessível;

• Debater as oportunidades em Turismo Acessível para os Destinos e empresas portuguesas, auxiliando na definição de metas, procedimentos e ferramentas de gestão para a implementação do "Plano de Ação em Turismo Acessível".

Segundo especialistas da ENAT, a lista de ferramentas de apoio como mostra no Quadro 1.11, pode servir de grande ajuda no desenvolvimento de Destinos Turísticos acessíveis e para a melhoria da acessibilidade na atividade empresarial, em particular nas PME’s.

Quadro 1.11 Ferramentas e Métodos para a Acessibilidade em Destinos Turísticos e para as PME's

Ferramentas e Métodos para a Acessibilidade em Destinos Turísticos e para as PME's (Lista por ordem alfabética - não por ordem de prioridade)

Análises de mercado

Aplicações e dispositivos móveis Centros de Informação Turística

Comissão para a gestão do Turismo Acessível (ou similar)

Conferências e worshops de dinamização e sensibilização para o tema Diagnósticos, auditorias e análise da situação atual

Envolvimento de PcD e seniores como consultores Esquemas de informação sobre acessibilidade Formação e sensibilização junto do setor turístico

Incentivos ao setor privado para melhoria da acessibilidade Iniciativas de marketing: aconselhamento, planeamento Informação disponível em multi-formato

Itinerários acessíveis para visitantes com NE’s (pacotes)

Material de Marketing e Promoção: Brochuras, panfletos, vídeos, multimédia Marcas, Selos e Certificações do Destino

Melhoria da Legislação e Normas sobre acessibilidade

Melhoria contínua do acesso a Infraestruturas e respetivos Planos de Ação Melhoria da acessibilidade nos Transportes públicos locais

Orientações políticas e respetivos Planos de Ação para o incremento do TA Prémios a iniciativas e boas práticas de Turismo Acessível

Questionários e inquéritos aos visitantes com NE’s

Relatórios, Declarações e compromissos sobre Acessibilidade Rotas, roteiros acessíveis e Guias de informação sobre o Acesso Testes em atividades com públicos-alvo

Utilização dos Princípios de Desenho Universal e suas orientações Visitas de Estudo

Voluntariado em ações de teste e divulgação Websites acessíveis e redes sociais

Fonte: Turismo do Algarve & ENAT, 2014

O Turismo de Portugal já iniciou um “Plano de Ação em Turismo Acessível”, que

constitui um instrumento estruturante das medidas que visam a melhoria da qualidade de vida de todos os cidadãos e, em especial, a realização dos direitos de cidadania das pessoas com necessidades especiais. O Plano de Ação também dará apoio às regiões, destinos e agentes empresariais com o objetivo de desenvolvimento e aumento da acessibilidade na Oferta, adequando-a aos requisitos do mercado do Turismo Acessível.

46 Este mercado inclui visitantes com requisitos específicos de acesso, tal como viajantes mais idosos, pessoas com deficiências, famílias com crianças pequenas e outros. O objetivo é elevar o nível de qualidade dos Destinos, tornando-os inclusivos, com instalações, informação, serviços e atividades que vão dar resposta às necessidades de todos os visitantes (Turismo de Portugal & ENAT, 2014).

A ENAT classificou a Estratégia Nacional e o Plano de Ação Português, como ambicioso e de elevado nível, estando em conformidade com os princípios da inclusão e da acessibilidade no Turismo, enquanto aponta para uma série de metas relacionadas com a oportunidade de negócios. O seu âmbito e ações são comparáveis a outros Planos de Ação desenvolvidos até agora, em alguns países e regiões europeias (Turismo de Portugal & ENAT, 2014).