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CAPÍTULO 5 – ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

5.1. PERFIS DOS ENTREVISTADOS E RESUMO DAS ENTREVISTAS

5.1.5. LUCAS FREITAS

Lucas Freitas tirou o curso de publicidade e marketing na ESCS e começou a trabalhar no Público em Julho de 2016 como gestor de páginas do Instagram.

129 Para o profissional existe um lado bom e um lado mau das redes sociais. Para Lucas Freitas estas não são essenciais, mas complementam o jornalismo na medida em que servem como veículo, fonte e pesquisa de informação. Para Lucas cada vez mais as instituições e as figuras públicas preferem as redes sociais aos emails institucionais ou telefonemas, sobretudo o Facebook e o Twitter. Trazem mais conteúdo para produção de notícias. Os leitores estão mais atentos, são mais participativos e as notícias, à partida, chegam a mais pessoas. O jornalismo ficou mais exposto ao escrutínio e as notícias falsas também, contudo estas também podem descredibilizar a profissão. Acrescenta que, por exemplo, desde 2015, altura em que o algoritmo mudou, o Facebook, enquanto empresa, tem vindo a prejudicar mais dos que a ajudar, ao baixar o alcance das publicações e ao permitir a partilha de desinformação, já que muitas vezes não evita a proliferação de notícias falsas.

Em relação à rede social com mais adesão no Público, pode dizer-se que é, sem dúvida, o Facebook. Todavia, o Instagram também tem vindo a ganhar algum espaço. Isto é proporcional ao número de utilizadores, já que o Facebook tem mais do que o Instagram. No entanto, afirma que no dia em que o Instagram possuir o mesmo número de seguidores que o Facebook é capaz de o ultrapassar. Actualmente, o Facebook é assim a rede social que guia mais leitores ao website, gerando cerca de 30% a 40% do tráfego. O Google também é um bom guia, acrescenta. Desta forma, das cerca de 200 notícias publicadas por dia no website, 60/70 são partilhadas nas redes sociais.

O Facebook do Público existe desde 2009 e foi criado por Alexandre Martins, que na altura era editor online e de vídeo, assumindo-se mais tarde como gestor do Facebook do Público. Tinha como objectivo partilhar as notícias e foi criado porque se percebeu que o Facebook era uma plataforma que estava a crescer. Inicialmente, o Público tinha mais seguidores do que outros jornais como o The Guardian e o El País e o El Mundo, mas estes rapidamente nos ultrapassaram. Contudo, o gestor de redes sociais afirma que foi importante estar nesta rede social desde cedo para amplificar o que foi partilhado no website.

Segundo Lucas Freitas o Facebook (e as redes sociais, em geral) serve para criar comunidades no geral e têm o objectivo mais concreto de trazer leitores ao publico.pt. No Facebook, para além dos “posts orgânicos” também são promovidos conteúdos especiais e vídeos, já que é a maneira que os leitores têm para se relacionarem com um conteúdo

130 mais audiovisual. Por norma, é feito o upload directo do vídeo que está relacionado com uma notícia e depois é acrescentado o link da reportagem. Conclui que há muitos leitores a entrar por esse hyperlink.

Soma que é no Facebook que há um maior contacto com os leitores, através do chat, comentários, partilhas. Defende que é importante interagir o que permite corrigir erros ou receber sugestões, o que permite também personalizar a experiência do leitor.

Quem decide o que quer partilhar nas redes é próprio gestor e na ausência do mesmo são os editores online. As notícias são selecionadas Quer pelo valor noticioso, quer pelo tráfego que trazem ao website. São notícias de política à cultura, entre Soft e hard news. As notícias de última hora têm prioridade e são publicadas assim que possível. No caso da Culto, pode dizer-se que a secção de lifestyle vive muito no Instagram, ou seja, o público-alvo desta secção está nesta rede social, explicou. Já na página de Facebook desta secção, o hit “Portugueses com sucesso”, obituários de moda, reportagens em escolas e dicas relacionadas com o bem-estar/ saúde (Ex: como evitar stress, dietas) também atraem leitores. No Facebook do Público os também os hits “portugueses com sucesso”, touradas, aborto, alterações climáticas, animais, natureza, acontecimentos de última hora, funcionam bem.

Lucas explica ainda que há notícias partilhadas duas vezes na mesma página de Facebook, já que, segundo a analise do Público, a grande maioria não vê os textos numa primeira ou segunda publicação. Desta forma, o jornal faz reposts de artigos mais relevantes ou levem mais tráfego ao site, uma vez que mesmo não sendo notícias fundamentais, quantos mais leitores forem levados ao website maior é a probabilidade de clicar noutro conteúdo.

Há também artigos partilhados posteriormente, que o gestor justifica com a intemporalidade dos mesmos. “Pode ser com um, dois, três dias, ou com alguns anos. Ja republicamos notícias de 2015, por exemplo. E tem tudo a ver com a intemporalidade da notícia e se interessa ou não ao publico do jornal. Se não fosse assim estas notícias estavam perdidas na Internet e no google, etc.”, explicou.

131 Relativamente à hora e ao dia mais indicados, defende que actualmente já não é tão relevante, Graças à mudança do algoritmo e com 80% do tráfego a vir do mobile, as notícias são consumidas a qualquer hora.

Por fim, é ainda importante referir que os artigos exclusivos para assinantes partilhados no Facebook são muito importantes, já que, normalmente, se trata das melhores peças e reportagens e já que o objetivo é que o leitor clique, tenha vontade de ler e, eventualmente, isso poderá transformar-se numa assinatura. Acrescenta-se que a entrada nesse tipo de artigos conta como visita e page view mesmo que não seja possível lê-lo na totalidade. Alem disso, o leitor consegue ver a fotogaleria que poderá dar mais page views também, assim como os links associados.

5.2. VANTAGENS E ESTRATÉGIAS ALUSIVAS AO WEBSITE DO JORNAL

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