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CAPÍTULO 5 – ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

5.1. PERFIS DOS ENTREVISTADOS E RESUMO DAS ENTREVISTAS

5.1.3. PEDRO RIOS

Pedro Rios começou a trabalhar no Público em 2004 e como freelancer, escrevendo sobretudo textos para a secção Cultura. Foi em Agosto de 2018 que começou a exercer o cargo de editor online. Antes disso, frequentou o curso Jornalismo e Ciências da Comunicação, na Universidade do Porto.

Quando questionado acerca das estratégias usadas para levar mais leitores ao website, aponta como principais as redes sociais e a aplicação do jornal para dispositivos móveis.

124 No caso da pesquisa no Google refere que é importante ter atenção aos títulos para perceber se estão de acordo com o SCO (search channel optimization). Aqui podem escrever-se certas palavras-chave no título, como “António Costa”, já que as pessoas procuram bastante por este nome. Acrescenta, no entanto, que às vezes existe a tentação de escrever um título mais poético que não inclua uma palavra-chave, contudo o ideal deve ser um título criativo, apelativo e que, ainda assim, inclua essas palavras.

Em relação às redes sociais, além de palavras-chave no título, podem-se escrever palavras-chave no post ou até emojis. A Imagem também tem um grande poder, já que há imagens que funcionam bem e outras não, como uma cara num tamanho mais reduzido que os leitores não vão conseguir identificar a quem pertence.

Já para os leitores acederem directamente ao website, este deve estar bem organizado, para as pessoas quererem voltar e permanecer dentro do mesmo. Além disso, essas pessoas partilham notícias que trazem novos leitores. Também é relevante a rapidez com que se dão as notícias. Além disso, estas devem ser escritas com profundidade e com a certeza de que são verdade para as pessoas confiarem no jornal. Não se deve dar uma notícia só porque a concorrência também deu. Está relacionado não só com a qualidade, mas também com a diversidade, porque é importante escrever notícias para diferentes tipos de público.

A importância de aceder diretamente ao website prende-se no facto do publico que lê notícias de uma forma mais fragmentada através de redes sociais e notificações. As notificações Push são importantes, mas tentamos não exagerar para não chatear as pessoas, sobretudo com faît divers (há excepções como uma fotogaleira ou uma reportagem).

Além disso, é importante não estar dependente de certas plataformas como o Facebook que altera o algoritmo sempre que assim decide. O Google não funciona de forma igual, já que possui regras mais definidas, mais percetíveis e científicas, que ajudam a perceber o que estás a fazer bem ou mal.

Relativamente è identificação das preferências dos leitores, o editor online explicou que existem ferramentas como o Google analytics ou o Chartbeat que medem quantas pessoas estão no website num determinado momento e em que notícia se encontram. Assim

125 consegue perceber-se se se deve fazer o follow-up de uma certa notícia ou se se deve manter na homepage, por exemplo.

Acrescenta que as redes sociais também ajudam a perceber o interesse dos leitores numa certa notícia ou a polémica que esta causou. Além disso, ajudam a perceber os erros ou melhorias que o jornalista deve ter em conta, já que no Facebook os leitores comentam e sugerem de uma forma mais bruta. Apesar de tudo, também há notícias muito importantes que não causam reações desse género. Por isso as redes sociais não devem ser o último critério.

É ainda importante referir que apesar de não haver nada científico que trace o perfil completo dos leitores, com base na intuição, Pedro Rios afirma que uma notícia do Culto cativa mais a atenção no Facebook. No entanto, para o leitor que vem direto, esta encontra- se num lugar inferior da homepage. Há textos que funcionam melhor nas redes sociais do que no site e há outras que funcionam melhor no facebook do que no Instagram e vice-versa (or exemplo, no top dos itens mais lido do website encontra-se uma mistura entre hard news, soft news, textos mais longos e textos fechados).

Além disso, o leitor que vem das redes sociais não deve ser um leitor tão fiel. Para um leitor que tenha acedido ao website do Público via Facebook é indiferente ler aquela notícia no jornal em questão ou noutro qualquer. No entanto, as assinaturas são relevantes porque quanto mais poder monetário o jornal tiver mais a qualidade será refletida, visto que este pode investir em mais ferramentas e profissionais.

Acerca deste tema questionou-se se o novo modelo de assinaturas reduziu o número de leitores online, pergunta à qual o editor respondeu de uma forma negativa, justificando que não só não diminuiu como aumentou. Somou ainda que, se por um lado se podem fechar algumas notícias desde que estas não sejam das que trazem muito tráfego, por outro, há certas peças que atrairiam bastante tráfego se tivessem abertas, no entanto são fechadas porque são exclusivas.

Sobre os valores-notícia dos editores online Pedro Rios explica que apesar da importância de certos valores-notícia, a atualidade tem um peso extra graças à natureza do

126 meio. Não se deve esquecer, no entanto, que uma notícia não tem prioridade só por ser mais atual.

Relativamente aos hyperlinks no meio da notícia são muito importantes, mesmo gerando muito menos tráfego, já que valorizaram o trabalho feito no passado sobre um dado tema ou notícia, proporcionam mais page views e constroem a própria história. Além dos hyperlinks, existem ferramentas como podcasts, vídeo, fotogalerias, infografias

multimedia e outro tipo de páginas que cruzam isso tudo, como um videojogo ou reportagens multimedia. É relevante perceber quais são as melhores formas de contar diferentes tipos de história. Por exemplo, ainda nunca fizemos um vídeo 360º, ou algo em realidade virtual. Estes devem usar-se não por serem novidade mas porque são essenciais para a boa compreensão do leitor, por exemplo.

O editor online acrescenta que as fotogalerias são, sem dúvida, a ferramenta multimedia com mais adesão e que proporciona mais page views (cada fotografia da galeria conta com uma page view).

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