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AO MÉRITO DO PLANO CONTROLE JUDICIAL DOS ASPECTOS ECONÔMICOS DE PLANO DE RECUPERAÇÃO IMPOSSIBILIDADE.

No documento COMUNICADO AOS CREDORES (páginas 63-67)

PRECEDENTES DO STJ. DECISÃO TOMADA EM ASSEMBLEIA DE CREDORES QUE DEVE PREVALECER. JUIZ QUE NÃO DETÉM CONHECIMENTO TÉCNICO SUFICIENTE E QUE NÃO SE ENCONTRA EM POSIÇÃO DE AVALIAR OS INTERESSES PARTICULARES DE CADA CREDOR, FICANDO A SEU CARGO TÃO SOMENTE O CONTROLE DA LEGALIDADE DA VOTAÇÃO E EXECUÇÃO DO PLANO DE RECUPERAÇÃO.

AGRAVO AO QUAL SE NEGA SEGUIMENTO DE PLANO.” (TJPR - 17ª C.Cível - AI – 1.483.802-9 - Curitiba - Rel.: Fernando Paulino da Silva Wolff Filho - Unânime - J. 02.02.2016)

RECURSO ESPECIAL. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. APROVAÇÃO DE PLANO PELA ASSEMBLEIA DE CREDORES. INGERÊNCIA JUDICIAL. IMPOSSIBILIDADE. CONTROLE DE LEGALIDADE DAS DISPOSIÇÕES DO PLANO.POSSIBILIDADE. RECURSO IMPROVIDO. "A assembleia de credores é soberana em suas decisões quanto aos planos de recuperação judicial. Contudo, as deliberações desse plano estão sujeitas aos requisitos de validade dos atos jurídicos em geral, requisitos esses que estão sujeitos a controle judicial." (STJ RESP 1314209/SP 3ª Turma Rel. Min. Nancy Andrighi DJ 01/06/2012).

29. No tocante à ausência de correção monetária no período de carência, trata-se

de matéria disponível aos credores não cabendo ao Juízo adentrar no mérito da decisão assemblear, vez que a LRF não possui qualquer disposição acerca da obrigatoriedade de atualização monetária para pagamento dos créditos no feito recuperacional.

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJXQU PSXJG LNE7J K5NFU

PROJUDI - Processo: 0001967-67.2015.8.16.0185 - Ref. mov. 5671.1 - Assinado digitalmente por Diele Denardin Zydek:0-15300 14/10/2016: CONCEDIDO O PEDIDO . Arq: decisão

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30. No que tange às garantias, acolho a irresignação dos credores e do Ministério

Público.

O caput do art. 59 da LRF dispõe que “O plano de recuperação judicial implica em novação dos créditos anteriores ao pedido e obriga o devedor e todos os credores a ele sujeitos, sem prejuízo das garantias, observado o disposto no §1° do art. 50 desta Lei”.

Ou seja, a novação decorrente da aprovação do plano não pode ser estendida automaticamente às garantias originalmente contratadas, com determinação de suspensão dos protestos em nome dos coobrigados, avalistas e fiadores. Tampouco pode haver a vedação de acionamento de garantidores ou extinção das execuções em curso relativamente a eles. Isso porque, tal renúncia à garantia deve ser expressa pelo credor interessado e não pressuposta pela simples aceitação do credor ao Plano de Recuperação Judicial.

31. Neste sentido:

“DIREITO CIVIL E EMPRESARIAL. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. HOMOLOGAÇÃO DO PLANO. NOVAÇÃO SUI GENERIS. EFEITOS SOBRE TERCEIROS COOBRIGADOS. EXTINÇÃO DA EXECUÇÃO. DESCABIMENTO. MANUTENÇÃO DAS GARANTIAS. ARTS. 49, § 1º E 59, CAPUT, DA LEI N. 11.101/2005. 1. A novação prevista na lei civil é bem diversa daquela disciplinada na Lei n. 11.101/2005. Se a novação civil faz, como regra, extinguir as garantias da dívida, inclusive as reais prestadas por terceiros estranhos ao pacto (art. 364 do Código Civil), a novação decorrente do plano de recuperação traz como regra, ao reverso, a manutenção das garantias (art. 59, caput, da Lei n. 11.101/2005), sobretudo as reais, as quais só serão suprimidas ou substituídas "mediante aprovação expressa do credor titular da respectiva garantia", por ocasião da alienação do bem gravado (art. 50, § 1º). Assim, o plano de recuperação judicial opera uma novação sui generis e sempre sujeita a uma condição resolutiva, que é o eventual descumprimento do que ficou acertado no plano (art. 61, § 2º, da Lei n. 11.101/2005). 2. Portanto, muito embora o plano de recuperação judicial opere novação das dívidas a ele submetidas, as garantias reais ou fidejussórias, de regra, são preservadas, circunstância que possibilita ao credor exercer seus direitos contra terceiros garantidores e impõe a manutenção das ações e execuções aforadas em face de fiadores, avalistas ou coobrigados em geral. 3. Deveras, não haveria lógica no sistema se a conservação dos direitos

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15 e privilégios dos credores contra coobrigados, fiadores e obrigados de regresso (art. 49, § 1º, da Lei n. 11.101/2005) dissesse respeito apenas ao interregno temporal que medeia o deferimento da recuperação e a aprovação do plano, cessando tais direitos após a concessão definitiva com a homologação judicial. 4. Recurso especial não provido. (REsp 1326888/RS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 08/04/2014, DJe 05/05/2014)

Assim, a fim de adequar esta cláusula à legislação, devem ser excluídas as cláusulas que dispõe contrariamente ao disposto no art. 59, caput, da LRF, quais sejam, 7.6, 7.6.1, 7.7 e 7.7.1.

32. Diante do exposto, deve prevalecer o interesse da maioria dos credores que

entenderam pela aprovação do Plano de Recuperação Judicial conforme votação na Assembleia Geral de Credores, com exclusão das cláusulas acima mencionadas.

33. Conforme trazido acima a votação do Plano de Recuperação resultou na

aprovação de:

a) 100% (cem por cento) dos credores presentes da Classe I;

b) 75% (setenta e cinco por cento) por cabeça e 35% (trinta e cinco por cento) por crédito dos credores presentes da Classe II;

c) 67,79% (sessenta e sete virgula trinta e nove por cento) por cabeça e 80,74% (oitenta virgula setenta e quatro por cento) por crédito dos credores da Classe III;

d) 100% (cem por cento) dos credores presentes na Classe IV.

Portanto o Plano não foi aprovado pela classe II, no critério votos por valor, tendo em vista o voto desfavorável do Banco do Brasil S/A, credor com maior crédito em tal classe, o que leva a ser necessária a ocorrência cumulativa do disposto nos incisos do art. 58 da LRF:

Art. 58. Cumpridas as exigências desta Lei, o juiz concederá a recuperação

judicial do devedor cujo plano não tenha sofrido objeção de credor nos termos do art. 55 desta Lei ou tenha sido aprovado pela assembleia-geral de credores na forma do art. 45 desta Lei.

§ 1o O juiz poderá conceder a recuperação judicial com base em plano que

não obteve aprovação na forma do art. 45 desta Lei, desde que, na mesma assembleia, tenha

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I – o voto favorável de credores que representem mais da metade do valor

de todos os créditos presentes à assembleia, independentemente de classes;

II – a aprovação de 2 (duas) das classes de credores nos termos do art. 45

desta Lei ou, caso haja somente 2 (duas) classes com credores votantes, a aprovação de pelo menos 1 (uma) delas;

III – na classe que o houver rejeitado, o voto favorável de mais de 1/3 (um

terço) dos credores, computados na forma dos §§ 1o e 2o do art. 45 desta

Lei.

De acordo com a ata da assembleia e relatório trazido pelo Administrador Judicial (mov. 5031) houve voto favorável dos credores que representam mais da metade do valor de todos os créditos presentes, independentemente de classe (76.67%), conforme determina o inciso I do referido artigo da lei.

Ainda, conforme a ata e relatório, houve a aprovação do plano por três classes de credores, quais sejam, Classe I (100%), Classe III (37,39% por cabeça e 80,74% por crédito) e Classe IV (100%), conforme determina o inciso II.

Por fim, verifica-se que na Classe II, a qual rejeitou o plano, 35% (trinta e cinco por cento) dos créditos presentes aprovaram o plano (e 75% por cabeça), o que corresponde à exigência contida no inciso III.

Com isso, constata-se que todos os requisitos do art. 58 e seus incisos foram alcançados pela votação realizada.

34. Em consequência, indefiro o pedido do Banco Daycoval (mov. 5658.1) de

designação de audiência pública com todos os credores, vez que não há previsão para tanto no ordenamento jurídico aplicável ao presente caso e eventuais deliberações devem ser feitas na Assembleia Geral de Credores.

35. Foram apresentadas pela Recuperanda as certidões fiscais, conforme

determinado pelo art. 57 da LRF (movs. 5432 e 5553)

36. Por todo o exposto, aprovo o plano de recuperação judicial votado pela Assembléia Geral de Credores, tendo em vista o cumprimento das determinações da Lei

11.101/2005 e, por consequência, CONCEDO a recuperação judicial pleiteada por

PENÍNSULA INTERNACIONAL S/A, que deverá executar o plano apresentado até seus

ulteriores termos, sob pena de convolação em falência, nos termos do art. 61, caput, e 73, inciso

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17 IV da LRF.

37. Ademais, determino: (a) deverá ser acrescida, a partir deste momento, em

todos os atos, contratos e documentos firmados pela recuperanda, após o nome empresarial, a expressão “em Recuperação Judicial”, conforme prescrito no artigo 69 da Lei nº 11.101/2005;

(b) oficie-se à JUCEPAR determinando a anotação da recuperação judicial nos assentamentos

da PENÍNSULA INTERNACIONAL S/A (artigo 69, parágrafo único, da Lei nº 11.101/2005).

38. Ciência ao Ministério Público.

39. Intime-se o administrador judicial a apresentar os relatórios solicitados no mov.

5665.1.

40. Intimação e diligências necessárias.

Curitiba, 14 de outubro de 2016.

Diele Denardin Zydek Juíza de Direito Substituta

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