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2 APORTES TEÓRICOS

3.5 MÉTODO DE ANÁLISE

Nesta pesquisa optei pela Análise Textual Discursiva (ATD) como método de análise. A escolha desse método deve-se ao fato de que, segundo Moraes (2006), a abordagem naturalística-construtiva, que é a abordagem dessa pesquisa, valoriza os conhecimentos tácitos dos sujeitos. Além disso, essa abordagem visa a explicitação de teorias implícitas, que os participantes construíram, possibilitando a reconstrução por meio das manifestações linguísticas dos envolvidos. (MORAES, 2006).

Ainda para o autor, “Das informações coletadas são produzidas, pelo esforço analítico do pesquisador, categorias emergentes. Essas, por sua vez, são estruturadas em forma de teorias emergentes, expressões formalizadas e abstratas de concepções teóricas tácitas já construídas implicitamente pelos sujeitos da pesquisa. (MORAES, 2006, p. 14-15).

Desse modo, justifica-se a ATD, pois como pesquisa qualitativa, objetiva aprofundar e compreender fenômenos. Desse modo, é caraterizada como:

[...] um processo auto-organizado de construção de compreensão em que novos entendimentos emergem a partir de uma sequência recursiva de três componentes: a desconstrução dos textos do ‘corpus’, a unitarização; o estabelecimento de relações entre os elementos unitários, a categorização; o captar o emergente em que a nova compreensão é comunicada e validada. (MORAES; GALIAZZI, 2014, p. 12).

Considerado o ciclo de análise, o primeiro elemento da análise consiste na desconstrução e a unitarização. Ainda para os autores, “a análise textual discursiva opera com significados construídos a partir de um conjunto de textos. Os materiais textuais constituem

significantes a que o analista precisa atribuir sentidos e significados.” (MORAES; GALIAZZI, 2014, p.13). Os significados que são construídos a partir de um mesmo grupo de significantes originam-se dos pressupostos teóricos que os leitores adotam.

Os autores consideram o “corpus” como sendo, essencialmente, produções textuais, constituídos em um determinado tempo e contexto. Além disso, essas produções “[...] expressam discursos sobre diferentes fenômenos e que podem ser lidos, descrito e interpretados, correspondendo a uma multiplicidade de sentidos que a partir deles podem ser construídos.” (MORAES; GALIAZZI, 2014, p. 16).

No processo de desconstrução surgem as unidades de análise, ou unidades de significado. Nesse processo de fragmentação deve-se ter cuidado em manter o sentido fiel e claro de cada unidade, conforme o contexto em que foi produzida. Esse primeiro passo do ciclo de análise é “[...] um momento de intenso contato e impregnação com o material de análise, envolvimento esse que é essencial para a emergência de novas compreensões.” (MORAES; GALIAZZI, 2014, p. 20). Além disso, considera-se que

A unitarização é um processo que produz desordem a partir de um conjunto de textos ordenados. Torna caótico o que era ordenado. Nesse espaço uma nova ordem pode constituir-se à custa da desordem. O estabelecimento de novas relações entre os unitários de base possibilita a construção de uma nova ordem, representando novas compreensões em relação aos fenômenos investigados. (MORAES; GALIAZZI, 2014, p. 21).

Além disso, os autores apresentam que a unitarização é um exercício analítico. Esse processo está diretamente relacionado com as opções que o pesquisador toma, em relação à quantidade e à qualidade. O segundo momento da análise textual discursiva é a categorização. Para chegar às categorias o pesquisador pode utilizar o método indutivo, o método dedutivo ou misto.

No método dedutivo o movimento é do geral para o particular, e isso implica na construção de categorias “a priori”, ou seja, antes de conhecer o “corpus”. No método indutivo, as categorias são construídas a partir das unidades de análise proveniente do “corpus”. Esse movimento é do particular para o geral, resultando em categorias emergentes.

E o método misto, que é a combinação do dedutivo e do indutivo, inicia-se por meio de categorias “a priori” e baseando-se em teorias escolhidas previamente, o pesquisador transforma as categorias iniciais, a partir das informações emergentes do “corpus” de análise. (MORAES; GALIAZZI, 2014). Nessa investigação utilizei o método indutivo, pois as categorias e subcategorias emergiram do corpus de análise.

Em relação ao processo de categorização, os autores expressam que as categorias constituem conceitos abrangentes para a compreensão dos fenômenos e são construídas pelo pesquisador. Desse modo,

as categorias não são dadas, mas requerem um esforço construtivo intenso e rigoroso de parte do pesquisador até sua explicitação clara e convincente. Esse esforço não envolve apenas caracterizar as categorias, mas também estabelecer relações entre os elementos que as compõem, talvez produzir subcategorias, assim como construir relações entre as várias categorias emergentes da análise. Esse é um momento em que o pesquisador necessita assumir sua função de autor de seus próprios argumentos. (MORAES; GALIAZZI, 2014, p. 29).

Para Moraes e Galiazzi (2014, p. 30), “realizar pesquisas utilizando a análise textual discursiva implica assumir uma atitude fenomenológica, ou seja, deixar que os fenômenos se manifestem, sem impor-lhes direcionamentos.” Em síntese, para os autores (2014, p. 78), “[...] a categorização é um processo de criação, ordenamento, organização e síntese. Constituiu, ao mesmo tempo, processo de construção e de compreensão dos fenômenos investigados, aliada a comunicação dessa compreensão por meio de uma estrutura de categorias”.

O terceiro momento da análise é a comunicação, ou seja, a construção de metatextos por meio da descrição e da interpretação. “Os metatextos são constituídos de descrição e interpretação, representando o conjunto um modo de teorização sobre os fenômenos investigados.” (MORAES; GALIAZZI, 2014, p.32). Um metatexto deve além da apresentação das categorias construídas precisa expressar algo importante que o pesquisador tem a dizer sobre o fenômeno que investigou. Além disso, os autores evidenciam que,

sendo o sistema de categorias a estrutura base de um metatexto, a descrição constitui a parte deste voltada a expressar de modo mais direto e imediato essa compreensão associada às categorias. Já a interpretação corresponde a um exercício de afastamento e abstração em relação às categorias propriamente ditas, conduzido a teorizações cada vez mais profundas[...]. (MORAES; GALIAZZI, 2014, p. 90).

No processo de comunicação, a escrita é parte central. As produções escritas devem ser compostas pela descrição, interpretação e argumentação. As descrições precisam ser bem estruturadas conforme o sistema de categorias e subcategorias construídas na categorização.

Além disso, “é especialmente nas descrições que são importantes as interlocuções empíricas com os sujeitos da pesquisa. O uso de manifestações dos participantes de uma pesquisa é uma das formas de garantir a validade das descrições”. (MORAES; GALIAZZI, 2014, p. 98).

Nesse sentido, a qualidade da análise depende da intensidade de envolvimento do pesquisador com os materiais analisados, além disso, a comunicação dos resultados deve

contemplar não somente a descrição das percepções, mas a interpretação e a argumentação, sendo assim, a Análise Textual Discursiva, nessa pesquisa, oportunizou compreender e aprofundar o fenômeno investigado.