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Ao questionarmos se os professores vivenciaram o trabalho com o MC na Educação Básica, encontramos os Sujeitos 1 e 4 que afirmam não terem participado de aulas sobre essa temática e ainda o Sujeito 3, que assegura que, se foi trabalhado, não se lembra.

“Não, na época em que estudei, não foi trabalhada comigo a questão do MC, somente houve esse conteúdo na Universidade” (S1).

“Não. Nenhum professor nunca trabalhou com a questão do MC, e isso é uma falha histórica, não é só minha não, se hoje eu não sei o que é MC, você também pode pegar dez professores aí que você entrevistar, que também não sabem. Eu não vi isso de 5ª a 8ª, não vi em Ensino Médio, nem na Faculdade de Química. Somente um professor que mencionou um dia sobre isso, mas não estava no programa e ele falou por conta própria, o que sei sobre o assunto é o que eu li em alguma revista. Nem em escolas particulares eu acho que fala.” (S4).

“Acho que sim, mas não me lembro quando” (S3).

Encontramos, na análise das vivências dos professores em relação ao MC, cinco sujeitos que afirmaram ter participado de trabalhos com o MC, com atividades práticas, experimentações e uso do laboratório:

“Eu me lembro do Chiquinho, professor de Ciências de 5ª a 8ª, ele trabalhava muito com questão prática, não sei ao certo se era o MC, mas ele mostrava experiências de abrir uma minhoca, dissecar um sapo na 8ª série, refletir, comparar, como disse não sei se chegava a executar todas as etapas do MC, mas acho que ele tentava, fazia a experimentação, mostrava o coração batendo, ele tentava trabalhar mais com a realidade das coisas, tirar a concepções prévias que possuíamos. Mas, especificamente, o termo “MC” era sempre falado em um primeiro dia, falavam que a Ciência estava sempre mudando. Mas, no resto do ano, não me lembro se era trabalhado, me recordo somente dos primeiros dias de aula. Parece que repito parte disso até hoje, de num primeiro momento falar sobre essas questões” (S 2).

esses trabalhos, só pediam muita teoria, só pesquisa, mas nunca trabalhar com materiais. Esse trabalho foi marcante e chamava-se: Construindo o átomo de carbono”. (S10).

O Sujeito 2 relata ter vivido a experiência com o MC na forma de teorização na primeira aula.

O professor, cujo depoimento é apresentado acima, refere-se a atividades práticas como sinônimos do MC, embora demonstre consciência que não se trata da mesma coisa.

O Sujeito 5 associa o MC ao laboratório.

“Eu tive a oportunidade de fazer um curso profissionalizante, em vez do Ensino Médio, então eu fiz na cidade que morava um curso de laboratório, e no último ano, vim para Uberlândia fazer o 3º ano de magistério, porque aqui não tinha o curso de Laboratório e na escola não tinha nenhuma sala de laboratório. Nos anos anteriores ,não me lembro de nenhuma aula sobre MC” (S5).

No depoimento do Sujeito 9, verificamos uma confusão comum entre os professores, associando MC às atividades práticas.

Essa representação de MC, como atividade prática ou de laboratório, ainda predomina entre os professores. Essa forma de entender o MC é muito restrita, afinal, o trabalho com MC pode ir muito além. Não precisamos, necessariamente, de atividades práticas. Outra forma ainda encontrada de trabalhar com o MC é aquela prática encontrada entre os professores de teorizar sobre MC no 1º dia de aula. Os Sujeitos 6 e 7 afirmam ter “ouvido” falar o termo MC na 5ª série:

“Recordo-me de ter ouvido falar em MC na 5ª série, mas era apenas teoria, não havia trabalhos práticos” (S6)

“Quando eu fiz a 5ª série o primeiro capítulo do livro falava de MC. De pesquisa, do pesquisador, do cientista, hoje já não fala mais sobre ele, vai direto para o conteúdo. Era um ensino meramente teórico” (S7).

O Sujeito 8 salienta que seus professores comentaram que o MC no Ensino Médio era apenas mencionado:

O Sujeito 9 lembra-se de trabalhos, na forma de texto, da utilização da técnica da redescoberta, que buscava apenas confirmar teorias trabalhadas em sala.

“De 5º a 8ª séries, sempre foi trabalhado o texto: MC. Não tínhamos nenhum tipo de trabalho prático. Tudo tinha que ser devolvido da forma que estava no livro. As feiras de Ciências davam temas e nós pesquisávamos, por conta própria, os assuntos, mas nada ligado ao MC. No 2º Grau, a escola tinha aula prática que contemplava mais a questão MC, as aulas eram nos laboratórios, mas a técnica era da redescoberta, ou seja, as experiências eram realizadas pelas professoras apenas para confirmar as teorias que haviam sido trabalhadas.”(S9).

O Sujeito 10 associa o método à inovação, atitude, que, por si só, não representa o MC.

“Na disciplina de Língua Portuguesa, a professora levou a música do Vinícius de Moraes: a Tarde de Itapoã, a radiola, o disco, o texto e também achei interessante que ela trabalhou a música, falou do Vinícius de Moraes e a partir desse momento, comecei a gostar do Vinícius, porque, até então, eu nem conhecia. Para mim, MC é toda tentativa de inovar o trabalho e fazer a diferença e isso marca a vida dos alunos” (S10).

Identificamos 7 sujeitos que afirmaram vivenciar o MC na condição de alunos da Educação Básica. A análise de seus depoimentos mostra, entretanto, que as experiências relatadas nada têm a ver com o MC. Consistem em atividades práticas sem cunho investigativo: aulas no laboratório e momentos de teorização pelo professor ou no livro. Apenas o Sujeito 9 menciona a técnica da redescoberta, mas de forma equivocada, que pode ser considerada uma forma em que o MC efetivou-se na escola.

O que percebemos, pela trajetória escolar dos sujeitos da pesquisa, é que nenhum deles citou o MC como trabalho significativo, inserido não só no ensino de Ciências, mas nas demais disciplinas escolares. O MC, quando presente na Educação Básica dos entrevistados, deu-se na forma de teorização sobre suas etapas e objetivos.