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3 O MEISG – MODELO ESTRUTURAL DE INTEGRAÇÃO DE

4.1 O Método Delphi

A técnica Delphi passou a ser disseminada no começo dos anos 60, com base em trabalhos desenvolvidos por Olaf Helmer e Norman Dalkey, pesquisadores da Rand

Corporation (ESTES e KUESPERT, 1976).

De acordo com Wright e Giovinazzo (2000), o Delphi é uma técnica que busca estabelecer um consenso de opiniões em um grupo formado por especialistas sobre eventos futuros.

Meyrick (2003) afirma que o Delphi é um método de buscar a opinião de especialistas sobre uma determinada questão, provendo feedback controlado acerca das opiniões colocadas e coletando suas opiniões novamente, permitindo que os especialistas respondam às entradas provenientes de painéis com outros membros.

Para Grisi e Britto (2003), o método Delphi é um processo de comunicação coletiva, para que um grupo de indivíduos lide com um problema complexo.

Conceitualmente, o método Delphi é bastante simples, pois se trata de um questionário interativo que circula repetidas vezes por um grupo de peritos, preservando o anonimato das respostas individuais (WRIGHT e GIOVINAZZO, 2000).

Sackman (1974) apud Loures (2015) afirma que o método Delphi pode ser compreendido como uma tentativa de coletar a opinião de especialistas de maneira sistemática, com o objetivo de obter resultados úteis. O método consiste na aplicação de questionários a especialistas, oferecendo feedback dos resultados, a cada interação, até que seja obtido um consenso ou que as opiniões do grupo cheguem ao nível de estabilidade.

O método Delphi é estruturado na comunicação de um grupo de especialistas, através de interações (normalmente não se realizam no mesmo tempo) realizadas através da

repetição de questionários, acompanhados de feedback, mantendo-se o anonimato das respostas dos participantes na busca de um resultado específico (SÁFADI, 2001).

Linstone e Turoff (1975) preocuparam-se em destacar o objetivo da ferramenta, afirmando que o Delphi pode ser caracterizado como um método para estruturar um processo de comunicação em grupo, fazendo com que o processo seja efetivo, ao permitir que um grupo de indivíduos lide com problemas complexos.

Finalmente, para que se compreenda melhor como funciona o Delphi e quais as situações em que essa ferramenta pode ser aplicada, alguns autores buscaram caracterizá-la de diversas formas. Dalkey e Helmer (1963) apontam três características básicas do método:

• Questiona os especialistas individualmente repetidas vezes; • Evita confronto direto entre os especialistas;

Fornece feedback controlado.

Em consonância com a visão de Dalkey e Helmer (1963), Loo (2002) destaca os seguintes aspectos sobre o Delphi:

• A amostra consiste em um grupo de especialistas cuidadosamente selecionados, representando um amplo espectro de opiniões a respeito de um tópico ou questão que está sendo examinada;

• Os participantes, geralmente, são anônimos;

O “moderador” constrói uma série de questionários e relatórios de feedback estruturados para o grupo/ painel, para todo o curso do Delphi;

• Ocorre um processo interativo, frequentemente envolvendo três ou quatro interações ou rodadas de questionários e relatórios de feedback.

4.1.1 A Importância dos Especialistas

Um dos aspectos mais importantes do método Delphi é a escolha dos especialistas da área em que se está desenvolvendo a pesquisa (LOURES, 2015). Vichas (1982) argumenta que uma condição essencial do método Delphi é que depende de pessoas que sejam conhecedoras do ambiente de negócios, mercado ou produto estudado.

Kayo e Securato (1997) apontam dois motivos para o uso de especialistas: o primeiro motivo é que especialistas constituem um grupo de potenciais inventores e/ ou um grupo de pessoas formadoras de opinião cujas declarações podem refletir previsões

confiáveis. O segundo motivo é que as informações fornecidas por especialistas em um dado assunto tendem a ser de mais qualidade do que as informações de não especialistas.

A seleção de especialistas e a garantia da participação de um grupo adequado na pesquisa são importantes, pois se acredita que estes sejam formadores de opinião, conferindo credibilidade ao método (GIOVINAZZO, 2001; DALKEY e HELMER, 1963).

4.1.2 A Sequência de Execução da Pesquisa Delphi

Os respondentes potenciais são contatados individualmente pela equipe coordenadora, que lhes explica o que é a técnica Delphi, qual o objetivo do estudo em questão e a importância da participação deles no estudo. Aos painelistas que efetivamente concordam em participar são enviados os questionários, os quais incluem uma breve explicação dos motivos do projeto e instruções para o preenchimento e devolução. A entrega pode ser feita em mãos, pelo correio ou via correio eletrônico - e-mail (WRIGHT eGIOVINAZZO, 2000).

Assim, a consulta aos especialistas é feita através de um questionário, elaborado pela equipe responsável pela pesquisa, ao qual é assegurado anonimato às respostas, o que elimina a influência de fatores como o "status" acadêmico ou profissional do respondente, ou sua capacidade de oratória, na consideração da validade de seus argumentos (WRIGHT et al, 2001). Em função das necessidades específicas do estudo, diferentes tipos de questões podem ser utilizadas no questionário (WRIGHT eGIOVINAZZO, 2000).

A segunda rodada do questionário Delphi apresenta, obrigatoriamente, os resultados do primeiro questionário, possibilitando que cada respondente reveja sua posição face à argumentação do grupo, em cada pergunta (WRIGHT eGIOVINAZZO, 2000).

Por incluir os resultados da rodada anterior e, ocasionalmente, novas questões, o segundo questionário geralmente é mais extenso do que o primeiro. As questões, em geral, objetivam convergências de resultados da primeira rodada e são rediscutidas à luz da argumentação dos painelistas. Novos temas são explorados ou sugeridos e discutem-se possíveis incompatibilidades entre as tendências previstas (IBIDEM, 2000).

As rodadas sucedem-se até que seja atingido um grau satisfatório de convergência. No mínimo, duas rodadas são necessárias para caracterizar o processo Delphi, sendo raros os exemplos de estudos com mais de 3 rodadas de questionários (IBIDEM, 2000). Diante das considerações anteriores, tem-se que, em linhas gerais, o estudo Delphi consiste no seguinte processo: realização de uma série de questionários, correspondendo cada um a uma rodada; em cada rodada, o especialista responderá às questões formuladas,

conforme orientação contida no próprio documento. Após a elaboração do primeiro questionário, que deve conter perguntas específicas e corresponder aos objetivos do estudo, a primeira rodada é enviada aos especialistas que, após respondê-los, devolvem-nos à equipe coordenadora. Após cada etapa, os questionários sofrerão avaliação estatística do responsável pela pesquisa, dando ideia do consenso obtido. Conforme o grau de consenso encontrado, parte-se para a segunda rodada, deixando-se de lado as perguntas que tenham atingido o nível desejado, enquanto as demais são reformuladas e novamente submetidas à apreciação dos especialistas. Poderão ser incluídas novas questões sobre o assunto, se for necessário (WRIGHT e GIOVINAZZO, 2000; CANDIDO, 2007). Em cada nova rodada os especialistas têm a oportunidade de conhecer as opiniões dos seus pares, podendo rever seu posicionamento ao longo das rodadas, o que favorece a convergência e a obtenção de consenso sobre as questões tratadas (CANDIDO, 2007). O feedback estabelecido através das diversas rodadas permite a troca de informações entre os diversos participantes e, em geral, conduz a uma convergência rumo a uma posição de consenso (ESTES e KUESPERT, 1976).

Outra forma de explicar o processo de aplicação do Delphi é trazida por Mullen (2003), segundo a qual, o Delphi geralmente envolve: 1) Enviar um questionário estruturado ou semiestruturado aos respondentes (painel de especialistas); 2) As respostas são coletadas, e o questionário original ou revisado é circulado novamente, frequentemente acompanhado por um resumo anônimo das respostas anteriores; 3) Os participantes do painel são convidados a confirmar ou modificar suas respostas anteriores; 4) O procedimento é repetido por um número de rodadas pré-determinado, até que alguns critérios pré-estabelecidos sejam contemplados; 5) Os participantes podem, ainda, ser solicitados a dar esclarecimentos ou justificativas para suas respostas.

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