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Para as autoras María Victoria Trancoso e María Mercedes de Cerro a escrita é um meio de expressão e, se compararmos a leitura e a escrita, concluímos que o desenvolvimento da leitura relativamente à escrita é sem dúvida um processo mais simples. Além do caráter gráfico, a escrita é um meio de expressão. Pressupõe linguagem interior do que se pretende comunicar. Na linguagem escrita pensamos, num som ou numa combinação de sons que se convertem em símbolos gráficos, que têm de ser recordados e ordenados para representarem um conceito. Se houver uma correspondência entre o fonema (som) e o grafema (letra) a aprendizagem é mais simples.

Na escrita há que ter em conta o significante que é diferente do significado. O significante diz respeito à forma, é necessária a coordenação entre a imagem visual dos símbolos e os movimentos da mão. Quanto ao significado este tem a ver com a mensagem, mensagem esta que se relaciona com a linguagem e se manifesta por escrito. Escrever, pressupõe pensar por símbolos gráficos e legíveis que o recetor pode descodificar; a união destes símbolos converte-se em linguagem. Aqui é necessário que se conheça as regras gramaticais (morfologia, sintaxe e a ortografia).

64 Para a aprendizagem precoce da escrita é necessário ter em consideração alguns aspectos, é necessária maturidade para que a criança comece a escrever; a desenvoltura da escrita adquire-se a partir dos dez anos; as crianças aprendem a ler muito antes de escrever; nas crianças com síndrome de Down esta situação é muito mais notória, devido às suas condições. As condições físicas, linguísticas e cerebrais são essenciais para o desenvolvimento da escrita. Por último, apesar das dificuldades sentidas, os programas atuais e os seus resultados demonstram que a maioria das crianças com síndrome de Down escrevem suficientemente bem e os seus textos são legíveis. Isto deve-se às técnicas atuais utilizadas, como sendo, o computador e a máquina de escrever, pois libertam a criança do esforço motor, a energia é dirigida para o pensamento e para a mensagem.

Muitos autores aconselham que o desenvolvimento da leitura e escrita deve ser feito em simultâneo. São processos que se apoiam e consolidam. O desenvolvimento da leitura numa fase mais adiantada demorará menos tempo. Serão necessários quatro a cinco anos para que o aluno atinja o desenvolvimento da escrita. São estas as razões que nos levam a falar de leitura e escrita.

A abordagem da escrita inicia-se de modo oposta ao da leitura. Na leitura começa-se com uma palavra. Na escrita começa-se com um trabalho gráfico. A criança aprende os traços mais elementares e simples, que não tem significado linguístico. Quando a criança começa a copiar o seu nome por cima das linhas ponteadas trata-se de um estímulo. Depois da aprendizagem dos traços, a criança aprende a desenhar letras, começando pelas que apresentam menos dificuldade. Seguidamente, inicia-se o processo de emparelhar letras para escrever sílabas. Assim que a criança consiga atingir esta fase, começa a escrever palavras, juntando o significado e o significante. Após este trabalho, a criança começa a escrever de forma coerente, clara e sem ajuda. Com os novos métodos e técnicas de ensino e também com a ajuda do material informático tem-se verificado algumas melhorias significativas na criança com síndrome de Down. No entanto, existem outros requisitos imprescindíveis para que a criança com síndrome de Down possa iniciar o seu processo da escrita, são eles: ser capaz de segurar o instrumento de escrita entre o polegar e os outros dedos, deve ser capaz de realizar alguns traços ou garatujas, seguir com o olhar o movimento da mão; deve compreender que não deve exceder com os seus traços a superfície do papel. Deve também inibir-se e controlar os seus movimentos. Além destes requisitos, são ainda importantes outras condições, a postura e o mobiliário, a mão e os materiais.

O professor ao longo de todo este processo também desempenha um papel importante, pois a sua atuação deve ser um estímulo e apoio à aprendizagem. Deve ser promotor de motivação, mantendo um caráter otimista e cordial ao longo de todo o processo de aprendizagem, deve ainda proporcionar ajuda mínima. O docente deve ainda promover ajudas verbais e físicas, ou seja, deve começar os exercícios com uma explicação verbal simples e entusiasta, deve fazer uma demonstração prática dos exercícios a desenvolver pelo aluno, deve incentivar a criança para a realização das atividades. O uso das ajudas verbais

65 compreende a utilização de certas expressões como “Cuidado….com”; “Para….já”; “Depressa….depressa”; “Segue…segue”; ”Sobe…sobe”. Pode ainda fazer uso de ajudas gráficas, nomeadamente, com a utilização de pontos vermelhos a delimitar o início e o fim do traçado. Em relação à apresentação dos trabalhos, estes são realizados em folhas de papel, deve usar-se o lápis, canetas de feltro ou lápis de cera. A criança não deve realizar uma tarefa de forma contínua, porque este conduz à fadiga. As tarefas de escrita devem ser repartidas.

Em relação às dificuldades, estas fazem-se segundo critérios, convém avançar de forma calma, iniciando-se o método da escrita pelas linhas e traçados.

O objetivo geral é que a criança interiorize um traçado, seja ele vertical, horizontal ou inclinado. O objetivo específico é que a criança aprenda a controlar os movimentos. Alcançados estes primeiros dois objetivos, introduz-se a dificuldade de reduzir o tamanho ou de aumentar o número de execuções. Uma outra forma de ajudar o aluno a progredir é o de aumentar o tempo dedicado à escrita, mantendo alguma atenção face à realização de tarefas que causem fadiga física e psicológica. O professor deve ter em mente os objetivos a atingir, estes são planeados sequencialmente.

6.9.1 - ESCRITA: 1ª ETAPA - ESTIMULAÇÃO PRECOCE E