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Capítulo II – A Polícia Municipal em Portugal

3.3. Método Qualitativo

A opção pelo método qualitativo deveu-se ao facto de ser “direcionado para procedimentos centrados na investigação em profundidade” (Santo, 2015, p. 13), o qual possibilita uma compreensão ampla do fenómeno em estudo (Fortin, 1996).

Esta escolha teve também como objetivo a investigação das ideias e os “significados nas ações individuais e nas interações sociais a partir da perspetiva dos atores intervenientes no processo” (Coutinho, 2014, p. 28), assim como os pontos de vista de pessoas com “experiência e saber pertinente” (Fortin, 1996, p. 148) para o nosso estudo.

3.3.1. Caracterização dos participantes.

Dizem-nos Quivy e Campenhoudt (2005) que se torna fundamental o critério de escolha dos entrevistados. Assim, selecionamos nove informantes privilegiados, em função da sua experiência profissional na área sobre a qual versa a nossa investigação, bem como pela relação próxima que possuem com o fenómeno em estudo (Fortin, 1996), não esquecendo uma amplitude de visão a nível estratégico, em resultado das funções que desempenham.

Na nossa escolha, tivemos o cuidado de garantir que estavam representadas ambas as realidades do nosso estudo, bem como todas as PM adstritas à área do COMETLIS, nomeadamente, as PM da Amadora, Cascais, Lisboa, Loures, Oeiras e Sintra. Selecionamos também a PMP, por só existirem duas PM de regime especial, e por considerarmos pertinente o envolvimento de ambas. Também incluímos duas PM fora do distrito de Lisboa com o objetivo de enriquecer o nosso estudo através de pontos de vista diversificados. Os informantes privilegiados fora do COMETLIS, das PM de Coimbra e Matosinhos, foram selecionados aleatoriamente, através de sorteio.

Dos nove informantes selecionados, sete acederam aos nossos pedidos, dos quais, seis eram Oficiais de Polícia e um Técnico Superior. Dos Oficiais de Polícia, quatro frequentaram o Curso de Formação de Oficiais de Polícia. De salientar que, todos os participantes desempenham funções de comando nas respetivas PM.

Os entrevistados eram do sexo masculino, com idades compreendidas entre os 37 e os 58 anos. A média de idades situa-se nos 51 anos, com um desvio-padrão de 7,6 anos. Relativamente aos anos de serviço, o mínimo registado foi 1 ano e o máximo, 37 anos (Apêndice A, Tabela A1).

3.3.2. Corpus.

Segundo Bardin (1979), o corpus corresponde ao “conjunto de documentos tidos em conta para serem submetidos aos procedimentos analíticos” (p. 96). Dessa forma, o corpus da nossa investigação é constituído pelas sete entrevistas realizadas (Apêndice D).

3.3.3. Instrumento de recolha de dados.

Como instrumento de recolha de dados, a nossa opção recaiu pela entrevista, a qual, segundo Markoni & Lakatos (2002) “é um encontro entre duas pessoas” (p. 92), tendo como objetivo a obtenção de informação sobre um assunto ou tema (Sarmento, 2013), através da opinião e experiência pessoal do entrevistado (Santo, 2015).

As nossas entrevistas são do tipo estruturado, com o objetivo de evitar que o entrevistado divagasse ou se dispersasse demasiado (Sarmento, 2013), conduzidas por um guião previamente definido (Bell, 2010) e composto por três questões (Apêndice B). A primeira questão versa sobre a relevância da existência das PM e respetivos contributos para o Município. A segunda questão incidiu sobre os regimes de PM existentes, tanto o regime comum com o regime especial. Por fim, a terceira questão diz respeito à LQPM, nomeadamente sobre a sua atualidade, bem como sobre possíveis alterações.

Incluímos um número reduzido de perguntas no guião, por forma a evitar o desinteresse e possibilitar aos entrevistados depositar mais conteúdo nas suas respostas.

3.3.4. Técnicas de análise e de tratamento de dados.

Para a análise do corpus, recorremos à técnica de análise de conteúdo, a qual consiste na análise das comunicações visando obter indicadores “que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/receção (variáveis inferidas) destas mensagens” (Bardin, 1979, p. 38). Para Quivy e Campenhoudt (2005) a análise de conteúdo implica “a aplicação de processos técnicos relativamente precisos (como, por exemplo, o cálculo das frequências relativas ou das co-ocorrências dos termos utilizados)” (p. 226).

Esta técnica implica “um trabalho exaustivo” (Bardin, 1979, p. 28) e divide-se em três fases. A primeira fase, pré-análise, consiste na seleção dos documentos a submeter a análise, levando a cabo uma “leitura flutuante” (Bardin, 1979, p. 96), estabelecendo um primeiro contacto com o corpus.

Uma vez concluídas as diferentes etapas da pré-análise, segue-se a fase da exploração do material, a qual consiste na realização de várias “operações de codificação, desconto ou enumeração, em função de regras previamente formuladas” (Bardin, 1979, p. 101).

Na exploração das entrevistas seguimos uma análise categorial, a qual, segundo Bardin (1979) consiste na “operação de classificação de elementos constitutivos de um conjunto por diferenciação e, seguidamente, por reagrupamento segundo o género (analogia), com os critérios previamente definidos” (p. 117). Relativamente às categorias, consistem em “rubricas ou classes, as quais reúnem um grupo de elementos (unidades de registo, no caso da análise de conteúdo) sob um título genérico, agrupamento esse efectuado em razão das características comuns destes elementos” (Bardin, 1979, p. 145).

Através de unidades de registo (u.r.) “visando a categorização e a contagem frequencial” (Bardin, 1979, p. 104), é efetuado o cálculo e comparação da frequência de determinadas características dos termos evocados (Bell, 2010), as quais, quantas mais vezes foram citadas, mais importância assumem para o locutor (Quivy e Campenhoudt, 2005).

Dessa forma, foram criadas pré-categorias, categorias e subcategorias. As pré- categorias estão relacionadas com as questões do nosso guião. As categorias e subcategorias correspondem às respostas dadas pelos entrevistados.

Por fim, a terceira fase, consiste no tratamento dos dados obtidos e respetiva interpretação, de maneira a garantir que os mesmos sejam válidos e pertinentes (Bell, 2010).

3.3.5. Procedimento.

Após terem sido escolhidos os entrevistados, fomos paulatinamente, conduzindo a sua concretização. Dos sete pedidos de entrevista enviados, atendendo à indisponibilidade ora do entrevistador ou dos entrevistados, foi possível realizar 3 entrevistas presencialmente (Apêndice D, E01, E03, E06) e as 4 restantes, respondidas via correio eletrónico (Apêndice D, E02, E04, E05, E07).

Antes da realização das entrevistas, foi enviado o guião com as perguntas por correio eletrónico, onde era explicado aos entrevistados o âmbito do estudo e o que se pretendia alcançar. Foi enviado ainda uma declaração de consentimento informado (Apêndice C) que atesta a sua livre participação.

A transcrição do conteúdo das entrevistas presenciais foi feito através de gravação sonora, a qual foi autorizada por todos os entrevistados.

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