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2.3."Método( Quando(o(tema(de(um(projecto(de(pesquisa(se(centra(em(questões(sociais,(o(estudo(de(

caso(temXse(revelado(uma(ferramenta(precisa(enquanto(forma(privilegiada(da(investigação( ideográfica.(Guba(e(Lincoln((1981!in!Sánchez(e(Ochoa,(1994:16X17)(definem(estudo(de(caso( como(a(análise(completa(e(intensiva(de(um(tema(ou(acontecimento(que(tem(lugar(durante( um(determinado(tempo(num(determinado(marco(geográfico.(O(desenho(do(estudo(de(caso( adaptaXse(a(situações(que(exigem(um(grande(grau(de(intensidade,(mas(dispõe(de(um(curto( período(de(intervenção,(utilizandoXse(durante(a(sua(realização(diferentes(técnicas(de(recolha( de(dados(que(se(complementem(entre(si.(

Neste( método,( o( investigador( não( exerce( controlo( sobre( o( contexto( em( estudo,( analisando( detalhadamente( os( elementos( da( realidade,( a( interacção( que( se( produz( entre( eles(e(o(contexto(para(chegar,(mediante(um(processo(de(síntese,(à(busca(do(significado(e(da( tomada(de(decisão(que(se(requer(na(situação(estudada.(De(acordo(com(Yin((1998!in!Carmo(e( Ferreira,( 2008:s.p.)( o( estudo( de( caso( trataXse( de( uma( abordagem( que( investiga( um( fenómeno(actual(no(seu(contexto(real,(quando(os(limites(entre(o(fenómeno(e(o(seu(contexto( não(são(claramente(evidentes(e(são(utilizadas(muitas(fontes(de(dados,(sendo(por(isso(um( óptimo(método(para(responder(a(questões(de(“como”(ou(“porquê”(algo(acontece.(

Merriam( (1988! in! Carmo( e( Ferreira:s.p.)( refere( que( o( estudo( de( caso( apresentaXse:( particular,( porque( se( centra( numa( situação,( acontecimento,( programa( ou( fenómeno;( descritivo,( porque( o( resultado( é( uma( descrição( rica( do( fenómeno( em( estudo;( heurístico,( porque(desencadeia(a(compreensão(do(fenómeno;(indutivo,(porque(parte(do(particular(para( o(geral;(holístico,(pois(considera(a(realidade(na(sua(globalidade.(Assim(sendo,(um(estudo(de( caso( deve( ser( sempre( relevante,( completo,( considerar( perspectivas( alternativas( de( explicação(e(evidenciar(uma(recolha(de(dados(adequada(e(suficiente.(

A(razão(pela(qual(se(considera(que(o(actual(projecto(pode(ser(considerado(um(estudo( de( caso( prendeXse,( em( grande( medida,( com( as( características( apontadas( por( Sánchez( e( Ochoa( para( este( método( de( investigação( (1994:18).( Parte( de( uma( problemática( comum( a( muitos( contextos( mas,( para( analisáXla,( procuraXse( um( exemplo( concreto,( um( caso( que( aglutine( variáveis( que( tornem( a( investigação( mais( interessante.( O( exemplo( seleccionado( deve( revelar( alguma( estabilidade( interna,( no( sentido( de( se( autoXdelimitar( temporal( e( geograficamente(e(situarXse(num(marco(teórico(determinado,(pois(exige(um(exame(holístico,(

intensivo(e(sistemático,(revela(a(necessidade(de(se(recolherem(informações(sobre(múltiplas( e(diversas(perspectivas,(considera(a(importância(do(contexto,(da(sua(dinâmica(interna(e(dos( seus( limites,( é( encarado( como( um( caso( dinâmico( repleto( de( interacções( e( propenso( a( evoluções(e(toda(a(estratégia(do(estudo(é(orientada(para(a(tomada(de(decisões(mediante( situações(concretas.(

O(actual(estudo(de(caso(pode(ainda(ser(classificado(como(comunitário,(no(sentido(em( que( não( se( trata( de( analisar( apenas( uma( organização( ou( um( indivíduo,( mas( uma( comunidade.(

Finalmente,( o( estudo( de( caso( destacaXse( como( método( central( deste( projecto( de( investigação( uma( vez( que( dá( mais( importância( aos( processos( do( que( aos( produtos,( à( compreensão( do( que( à( interpretação,( materializandoXse( num( relatório( que( espelhe( uma( análise(de(dados(rica(e(rigorosa,(viável(e(fiável.(

2.4."Técnicas(de(recolha&de&dados(

2.4.1.(Não(interferentes(

Webb( et! al.( (1966! in! Lee,( 2003:s.p.)( refereXse( a( medidas( não( interferentes( como( aquelas(que(levam(à(obtenção(de(dados(sem(que(exista(um(processo(de(recolha(directa(de( informação(a(partir(do(contacto(com(os(sujeitos(investigados.(Estas(medidas(têm(a(vantagem( de( não( serem( reactivas,( mas( a( desvantagem( de( levarem( a( conclusões( com( um( maior( distanciamento(da(realidade(em(estudo.(Por(estes(motivos,(é(importante(que(o(investigador( retire(o(máximo(partido(dos(dados(disponíveis,(mantendoXse(a(par(das(reflexões(efectuadas( por(outros(autores(em(contextos(semelhantes.(

A( análise( documental( é( uma( técnica( que( “(…)( visa( seleccionar,( tratar( e( interpretar( informação(bruta(existente(em(suportes(estáveis((…)(com(vista(a(dela(extrair(algum(sentido”( (Carmo( e( Ferreira,( 1998:50).( São( muitos( os( documentos( que( podem( servir( de( apoio( ao( investigador( no( back! office.( DestacamXse( as( obras( bibliográficas( editadas,( mas( também( outras( de( carácter( essencialmente( organizacional( como( projectos( e( relatórios,( acrescentandoXse,(ainda,((importantes(registos(fotográficos,(vídeo(e(áudio(e,(na(actualidade,( a(importância(dos(dados(recolhidos(on=line,(em(blogs,(redes(sociais,(entre(outros.(

Para( além( de( permitir( uma( primeira( aproximação( ao( tema( em( estudo,( auxilia( na( construção(de(um(corpus(teórico(que(fundamente(o(desenho(dos(instrumentos(de(recolha( de(dados,(além(de(recolher(a(“malha(larga”(e(estabelecer(o(state!of!the!art.((

Actualmente,(devido(à(enorme(quantidade(de(informação(disponível(nos(mais(diversos( suportes(é(ainda(mais(necessário,(para(o(investigador,(encontrar(estratégias(de(selecção(e( organização( que( o( protejam( contra( a( “gula( livresca”,( frequente( responsável( pela( incapacidade(de(tratar(a(informação(necessária(e(tempo(útil(e(pelos(desvios(do(tema(central( da(investigação.(

Dada( a( sua( relevância,( esta( técnica( acompanha( todo( o( trabalho,( embora( encontre( maior( destaque( em( dois( momentosXchave:( na( fase( inicial( de( implementação( do( projecto,( quando( se( procuram( informações( sobre( os( conceitos( teóricos( relacionados( com( a( problemática(em(análise(e(na(fase(final(quando(se(retiram(conclusões(dos(dados(recolhidos(e( se(efectua(um(cruzamento(de(vários(dados,(oriundos(de(diferentes(fontes.(

2.4.2.(Interferentes(

A(ciência(começa(com(a(observação,(sendo(esta(técnica(considerada(a(mais(antiga(na( recolha( de( dados,( podendo( ser( utilizada( autonomamente( ou( em( conjugação( com( outras( técnicas.(Segundo(Vázquez(e(López(Rivas((1962!in!Anguera,(1992:19)(“para(adquirir(a(ciência( real(dos(homens,(das(intimidades(e(estruturas(da(vida(é(estritamente(indispensável(praticar( pessoalmente(a(observação.(Não(se(trata(de(uma(observação(superficial,(mas(sim(de(uma( observação( científica.( Para( isso( é( preciso( situarXse( num( estado( de( observação( constante,( uma( observação( tão( objectiva( como( é( possível( (…)”.( De( acordo( com( Anguera( (1992:21),( a( observação( converteXse( em( técnica( científica( na( medida( em( que( serve( um( objectivo( definido,( é( sistematicamente( planeada,( controlada( e( relacionada( com( proposições( previamente(definidas,(estando(sujeita(à(comprovação(de(validade(e(fiabilidade.(

ObservaXse( a( conduta( não( verbal,( como( expressões( faciais,( movimentos( do( corpo,( a( conduta( espacial( como( a( movimentação( no( espaço,( a( interacção( com( outros( e( com( o( ambiente,( a( conduta( extraXlinguística,( como( reacções( durante( um( discurso,( mudança( de( entoação,(de(ritmo,(hesitação,(continuidade(e(a(conduta(linguística.(

Em( termos( de( vantagens,( a( observação( permite( recolher( os( dados( no( momento( em( que(os(fenómenos(ocorrem,(possibilitando(ao(investigador/observador(um(contacto(directo( com(a(realidade(em(análise,(sem(necessidade(de(comunicação(verbal(directa.((

Por(outro(lado,(as(limitações(que(a(técnica(de(observação(apresenta(prendemXse(com( o( facto( de:( os( acontecimentos( ocorrerem( com( tal( espontaneidade( que( não( permitem( ao( observador(prepararXse(devidamente;(depender(das(condições(envolventes(ambientais(que(

podem(dificultar(a(observação(em(si;(a(sua(aplicação(ser(difícil(devido(a(constrangimentos( que( a( presença( de( um( estranho( pode( causar,( bem( como( devido( a( influências( nos( comportamentos(dos(observados.(Todos(estes(factores(podem(influenciar(negativamente(o( observador,( originando( conclusões( demasiado( emocionais,( desviantes( ou( distorcidas.( Por( tudo(isto,(há(que(considerar(os(obstáculos(gerais(ligados(à(observação/percepção(como:(a( selectividade( natural( de( estímulos,( os( efeitos( de( halo( e( de( âncora( e( o( etnocentrismo( do( observador/investigador.(

Durante(a(implementação(do(corrente(projecto(a(observação(nunca(foi(utilizada(per!si,( mas(sempre(enquanto(técnica(complementar,(como(a(participação(em(grupos(de(discussão,( inquéritos( por( entrevista( e( conversas( informais( com( informantes( privilegiados.( A( sua( aplicação(foi(sempre(devidamente(autorizada(e(identificada(junto(dos(actores(observados.((

Embora( seja( reconhecida( a( importância( da( construção( de( grelhas( de( informação,( o( único( instrumento( utilizado( para( registar( as( observações( foi( o( diário( de( campo,( acompanhado( de( registos( fotográficos( e( áudio,( cuja( recolha( foi( também( devidamente( autorizada.(Considerando(as(circunstâncias(que(revestiram(a(observação(nesta(investigação,( podeXse(classificáXla(como(não(estruturada,(uma(vez(que(não(obedeceu(a(grelhas(prévias(ou( a(variáveis(a(identificar,(mas(a(um(registo(organizado(com(recurso(a(diário(de(campo.(

Outra( técnica( central( eleita,( para( a( recolha( de( dados( durante( a( implementação( do( projecto(de(investigação,(foi(o(inquérito(por(entrevista,(com(a(particularidade(de(existir(um( cruzamento(com(a(técnica(de(bola(de(neve(e(com(a(selecção(de(informantes(privilegiados.(

Inquirir( é( realizar( um( conjunto( de( acções( e( diligências( destinadas( a( apurar( alguma( coisa.(Em(síntese,(trataXse(de(um(processo(através(do(qual(se(procura(descobrir(alguma(coisa( de(forma(sistemática.(A(entrevista(é(uma(técnica(que(se(baseia(na(interacção(directa(entre( entrevistador( e( entrevistado,( na( qual( a( comunicação( verbal( e( não( verbal( desempenham( grande(importância,(pois(tanto(o(que(se(diz,(como(a(forma(como(se(diz(deve(ser(tido(em( consideração.( A(entrevista(é(uma(técnica(fundamental(para(recolher(informações(relacionadas(com( problemáticas(de(ordem(social.(O(seu(objectivo(principal(é(“(…)(abrir(a(área(livre(dos(dois( interlocutores((…)(reduzindo,(por(consequência,(a(área(secreta(do(entrevistado(e(a(área(cega( do(entrevistador”((Carmo(e(Ferreira,(2008:s.p).((

DeveXse,( essencialmente,( recorrer( à( entrevista( quando( a( resposta( às( questões( do( investigador( não( se( encontram( na( documentação( já( disponível( e( se( pretende( recolher(

informação,( directamente,( de( informantes( privilegiados.( É( contudo( importante,( não( esquecer(que(ao(seleccionar(um(entrevistado,(outros(serão(ignorados,(daí(ser(tão(pertinente( que( num( estudo( comunitário( se( cruzem( informações( de( várias( fontes,( no( sentido( da( investigação( não( se( limitar( a( imitar( uma( “caixa( de( ressonância”( dos( informadores,( que( possuem(uma(percepção(filtrada(e,(necessariamente,(parcial(da(realidade((Carmo(e(Ferreira,( 2008:s.p).(

De( acordo( com( Rogers( (1985! in! Francia,( Martin,( Salmeron( e( Esteban,( 1993:198)( a( entrevista( deve( ser( totalmente( centrada( no( entrevistado,( procurando( o( entrevistador( recolher( expressões( e( sentimentos( num( ambiente( de( aceitação( e( compreensão.( É( uma( técnica( que( possui( objectivos( préXdefinidos( e( regeXse( por( uma( tentativa( subliminar,( de( “controlo”( por( parte( do( entrevistado,( relativamente( ao( ritmo( e( ao( conteúdo( da( conversa.( Segundo(Ballesteros((1983!in!Francia,(Martin,(Salmeron(e(Esteban,(1993:204)(de(acordo(com( os( objectivos,( o( tipo( de( entrevista( utilizado( neste( projecto( designaXse( por( entrevista( de( investigação,(realizada(com(a(finalidade(de(conhecer(a(realidade,(sendo(o(tratamento(dos( dados( efectuado( posteriormente( à( sua( recolha,( sem( que( exista( uma( repercussão( directa( sobre(o(entrevistado.(O(contacto(com(os(sujeitos(é(mais(fugaz,(sendo(bastante(utilizada(em( estudos(de(caso.(

No( que( ao( grau( de( estruturação( diz( respeito,( as( entrevistas( implementadas( são( classificadas( como( semiXestruturadas( ou( semiXtipificadas,( uma( vez( que( se( trabalha( com( questões( abertas,( segundo( uma( orientação( préXdefinida,( com( a( ajuda( de( grelhas( de( entrevista.(

O( principal( problema( da( entrevista( é( a( subjectividade( dos( diferentes( elementos( envolvidos(na(sua(implementação.(Por(isso,(na(sua(avaliação,(a(questão(da(sua(validade(para( a(investigação(e(da(fiabilidade(das(respostas(obtidas(se(torna(preocupante.(DefendeXse(aqui( que( o( entrevistador( deve( assumir( uma( postura:( de( sondagem,( aprofundando( os( conhecimentos( transmitidos;( de( consolo,( no( sentido( de( manter( um( ambiente( de( descontracção(e(tranquilidade;(de(compreensão;(de(confiança;(de(apoio;(de(interpretação( da( actuação( do( entrevistado;( de( empatia;( em( síntese,( é( fundamental( a( adopção( de( uma( postura( cooperativa,( de( diálogo( e( de( igualdade.( De( acordo( com( Biusan( e( Marín( (1984! in! Francia,(Martin,(Salmeron(e(Esteban,(1993:201)(o(entrevistador(“deve(ser(sincero(e(manter(a( objectividade,( sobretudo( nas( primeiras( impressões.( Deve( ter( claros( os( objectivos( que( persegue(e(ser(flexível(durante(o(desenvolvimento(da(entrevista.(Deve(evitar(os(tópicos(ou(

palavras,( saber( escutar,( deixar( falar( sem( apressar,( nem( se( demonstrar( desinteressado,( mantendo( a( todo( o( momento( o( controlo( da( entrevista.( Para( além( disso,( deve( criar( um( ambiente(que(facilite(a(comunicação(e(a(confiança”.(

Enquanto(estratégias(para(favorecer(uma(boa(entrevista(salientaXse:(a(concordância,( estabelecendoXse( uma( relação( pessoal( cordial( e( de( confiança;( a( aceitação,( da( opinião( do( entrevistado;(reflexo(de(sentimentos,(o(reforço(expressivo(das(afirmações(do(entrevistado;( estruturação,(o(mantimento(de(uma(lógica(encadeada(e(com(um(ritmo(favorável(ao(discurso( e( interesse( do( entrevistado( e( o( uso( do( silêncio,( destinado( a( favorecer( a( reflexão( e( do( entrevistado.( É( ainda( fundamental,( apresentar( bem( o( motivo( da( entrevista,( justificando( e( valorizando(a(selecção(do(entrevistado,(bem(como(concluir(agradecendo(a(sua(colaboração.((

Aspectos(como(o(uso(de(linguagem(verbal(e(não(verbal(adequada(ao(entrevistado(e(a( selecção( de( um( local( onde( este( não( se( sinta( desconfortável( é( fundamental,( uma( vez( que( aspectos(como(a(influência(do(entrevistador(no(entrevistado,(as(diferenças(existentes(entre( ambos(e(a(sobreposição(de(canais(de(informação,(são(bastante(prejudiciais(ao(sucesso(de( uma(entrevista.( A(selecção(desta(técnica(como(instrumento(central(da(investigação(prendeuXse(com(a( necessidade(de(esboçar,(com(a(ajuda(dos(próprios(actores,(a(realidade(em(estudo.(Para(tal,( as(entrevistas(foram(aplicadas(com(base(num(guião(préXdefinido,(gravadas(em(suporte(áudio( digital(e(decorreram(num(contexto(pessoal(do(entrevistado.( Os(entrevistados(foram(seleccionados(com(recurso(à(técnica(de(amostragem(“bola(de( neve”,( através( da( indicação( directa( de( informantes( privilegiados,( sendo( a( finalidade( desta( selecção,(a(criação(de(uma(dinâmica(interna(entre(actores(considerados(potencialidades(da( comunidade.(Estes(actores(foram(ainda(considerados(informantes(privilegiados,(por(terem( uma( participação( activa( excepcional( na( comunidade,( por( possuírem( uma( capacidade( de( a( interpretar(acima(da(média,(por(se(destacarem(pela(singularidade,(mas(essencialmente,(por( trazerem(para(o(estudo(uma(visão(mais(rica(e(uma(perspectiva(mais(ampla(da(realidade(em( análise.(