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CAPÍTULO III – METODOLOGIA

4. ESTRATÉGIA METODOLÓGICA

4.6. Métodos de Análise de dados

O output resultante desta etapa da pesquisa, com várias fases e métodos de recolhas de informação, irá resultar em várias tabelas e esquemas com informação resumida relativa à entrevista com elemento do executivo camarário e aos residentes. Terá particular enfoque um mapa identificando as estórias narradas pelos residentes do concelho. A análise dos dados será feita através de um método qualitativo, a análise de conteúdo utilizando o software NVivo para organizar a informação e tratamento dos dados obtidos manualmente.

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4.6.1. Análise de Conteúdo

A análise de conteúdo é uma técnica que utiliza o confronto entre um quadro de referência desenvolvido pelo investigador e o conteúdo do material empírico recolhido (Guerra, 2006: 62; Sequeira, 2015: 271).

“ (…) a análise de conteúdo tem uma dimensão descritiva que visa dar conta do que nos foi narrado e uma dimensão interpretativa que decorre das interrogações do analista face a um objeto de estudo, com recurso a um sistema de conceitos teóricos-analíticos cuja articulação permite formular as regras de inferência” (Guerra, 2006: 62).

Bardin (1979 in Guerra, 2006: 63) refere a análise de conteúdo categorial, que se trata de uma análise temática (Ghiglione et al., 1992 in Lima et al., 2006: 111), e que constitui a primeira fase da análise, que é geralmente descritiva.

A análise categorial é a operação através da qual os dados são classificados e reduzidos. Consiste na identificação das unidades pertinentes que podem influenciar um determinado fenómeno em estudo, reduzindo assim os atributos de forma a utilizar apenas as variáveis explicativas pertinentes para o estudo (Guerra, 2006: 78; Lima et al., 2006: 109).

Para Poirier et al. (1983: 2016 in Guerra, 2006: 80), a categoria é uma rubrica significativa ou uma classe que agrupa todos os elementos do discurso de acordo com uma noção geral.

Para este estudo, serão utilizados procedimentos abertos – exploratórios (Lima et al., 2006: 110). Este processo será essencialmente indutivo, na medida em que se parte dos dados empíricos para a formulação de uma classificação adequada. Contudo, é incontestável que uma primeira formulação das categorias, no caso das entrevistas, pode ser inspirada pelos objetivos ou pelos tópicos de questionamento que foram estabelecidos no guião de preparação das categorias. Portanto, a categorização pode sofrer algumas remodelações à medida que novos dados vão sendo considerados.

Sendo que se trata duma análise descritiva, será mais abstrata e não exclusiva, ou seja, na mesma entrevista poderão existir vários dos fatores explicativos encontrados e nenhum dos discursos dos entrevistados contém todas as variáveis (Guerra, 2006: 80). Deverá procurar-se seguir alguns princípios (Lima et al., 2006: 122-123) que ajudam a que a categorização utilizada seja defensável (figura 3.5):

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 Exclusão mútua: garantir que as categorias sejam concebidas para que o conteúdo definido para cada uma delas não se sobreponha nas várias categorias.

 Homogeneidade: seguir um único princípio de classificação das categorias para que exista uma coerência de critérios que irá tornar a categorização percetível como um todo.

 Exaustividade: verificar se a categorização abrange todas as unidades de registo pertinentes para o estudo.

 Pertinência: fazer com que o sistema de categorias criado possa ser defendido de acordo com as questões de investigação e com o material empírico e teórico.

 Produtividade: conseguir que as categorias forneçam resultados férteis em índices de inferências, novas hipóteses e dados exatos.

 Objetividade: para cada categoria apenas deverá pertencer uma unidade de registo, independentemente de quem faça a codificação.

Figura 3.5 - Princípios para a categorização

Fonte: autor, Lima et al., 2006

Princípios para a categorização Produtividade Objetividade Exclusão mútua Homogeneidade Exaustividade Pertinência

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Uma vez assegurada a categorização, há que definir as unidades de registo e as unidades de contexto (Lima et al., 2006: 114-116). As unidades de registo semânticas ou temáticas referem-se a unidades de sentido ou de significado, independentemente da palavra ou palavras com que foram expressas na mensagem. A partir das unidades de registo que forem codificadas em cada categoria serão extraídos os diversos indicadores que ajudam na compreensão da própria categoria, de acordo com a ótica dos inquiridos. Em relação às unidades de contexto (tabela 3.8), estas podem ser unidades de registo. formal para cada uma das entrevistas realizadas, na medida em que permitem compreender o sentido de cada uma das unidades de registo que foram recortadas e que se pretende codificar.

Tabela 3.8 - Unidades de Contexto

Unidades de Contexto

E Entrevista Dra. Marlene Guerreiro E1 Entrevista Sr. José Ramos E2 Entrevista Ângela Fortes E3 Entrevista Sra. Albertina Brito E4 Entrevista Noémia Pires

DC Diário de Campo

Fonte: elaboração própria

Como refere Lima et al. (2006: 125), embora nenhum programa informático possa fazer a análise de conteúdo, o mesmo poderá ajudar a colocar em ação a análise de conteúdo que o investigador delineou. Ou seja, mesmo utilizando um programa informático, o investigador continuará a ter que tomar todas as decisões sobre o que fazer, como e porquê. Assim, no âmbito deste estudo, os dados recolhidos irão ser categorizados, organizados e registados num instrumento informático de suporte à organização e análise de dados, o software de análise de dados qualitativos NVivo versão 10 e posteriormente os dados serão tratados manualmente (Apêndices 3, 4 e 5).

De seguida apresenta-se a tabela 3.9 como síntese da metodologia adotada para esta investigação:

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Tabela 3.9 - Síntese da Metodologia

Síntese da Metodologia

Estratégia de Investigação Investigação Qualitativa. Estudo Exploratório Metodologia de Recolha de

Dados

(Organização e implementação da recolha de dados)

Elaboração de guiões de entrevista e de procedimentos Definição da amostra intencional

Entrevista estruturada

Entrevistas semiestruturadas etnográficas com abordagem ao Storytelling

Outras fontes de informação - Consulta de dados da CM de São Brás de Alportel

- Diário de Campo (resultante de observações e conversas informais)

Metodologia de Tratamento de Dados

(Organização, análise e interpretação dos dados)

Transcrição das entrevistas Análise de Conteúdo categorial das entrevistas e do diário de campo.

Análise e Interpretação da informação

Codificação e inserção dos dados no programa NVivo Análise qualitativa dos dados manualmente

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CAPÍTULO IV – RESULTADOS E DISCUSSÃO