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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.4 MÉTODOS DE ELABORAÇÃO DE ORÇAMENTOS

As indústrias que apropriam adequadamente seus custos têm vantagens sobre seus concorrentes; destaca-se a possibilidade que possuem em oferecer preços bem planejados para seus produtos. É de suma importância para qualquer método de

estimativa de custos a identificação dos dados utilizados, pois estimativas distorcidas levam a preços que podem gerar prejuízo ou perda do pedido.

Bognar (1991) apud Megliorini (2003) descreve alguns aspectos que devem ser observados na elaboração de orçamentos:

 Uso de materiais diretos que atendam os padrões de qualidade definidos previamente pela indústria;

 Uso de mão-de-obra qualificada e operando em níveis de eficiência adequados aos padrões definidos pela indústria;

 Nível de atividades produtivas normais, não sendo considerados aspectos de sazonalidade e capacidade ociosa; bem como a determinação de tempos das várias fases do ciclo operacional adequados;

 Definição de uma estrutura administrativa e comercial para o suporte adequado às referidas atividades.

Destacam-se, a seguir, os principais métodos de elaboração de orçamentos, conforme Horngren; Datar; Foster (2003) e Meher (2001).

 Analogia;

 Análise paramétrica;

 Estimativas de engenharia.

2.4.1 Elaboração de orçamentos por analogia

Este método utiliza os custos reais de um projeto com ajustes para considerar as diferenças entre a antiga base (projeto anterior) e a atual. Tal procedimento é utilizado pelo orçamentista na fase inicial do ciclo de vida de um projeto quando poucos e insuficientes dados de custos são disponíveis, mas que já apresente boas e adequadas definições técnicas para se fazer os ajustes necessários em relação ao

projeto similar. Destaca-se que os ajustes devem ser feitos o mais objetivamente possível, através de fatores (algumas vezes escalando parâmetros) que representem as diferenças de tamanho, desempenho, tecnologia ou complexidade. Garrett (2008, p. 5) destaca que as maiores vantagens são a possibilidade de se estimar custos antes mesmo de que os requerimentos do projeto sejam conhecidos e poder ser desenvolvida com rapidez e baixo custo. Como desvantagem nota-se ser estruturada em uma única fonte de dados, geralmente sendo difícil encontrar dados de custos e informações técnicas detalhados fundamentais para se compor boas analogias, e a tendência à subjetividade com respeito aos parâmetros técnicos e fatores de ajustes.

2.4.2 Elaboração de orçamentos por análise paramétrica

É desenvolvida uma relação estatística entre custos históricos e características físicas e de desempenho de projetos. Alguns tipos comuns de características físicas usadas na elaboração de orçamentos por análise paramétrica, segundo GAO (2007, p. 105), são massa, potência ou linhas de códigos (no caso de elaboração de orçamentos para o desenvolvimento de software). As características de desempenho incluem os planos de manutenção, instalação, cronogramas de avaliação, medidas de desempenho técnico, tamanho da equipe, entre outras. Este método se diferencia daquele por analogia pelo fato deste depender de um grande número de projetos com dados confiáveis. A confiabilidade do procedimento depende da validade estatística das relações entre custos e atributos físicos ou características de desempenho.

Garrett (2008, p. 5) destaca que a meta da elaboração de orçamentos paramétrica cria relações estimadas de custos (REC) que estejam validadas estatisticamente, usando dados históricos. GAO (2007, p 105) destaca que as RECs podem ser desenvolvidas usando técnicas de regressão linear, nas quais as inferências estatísticas podem ser notadas. Campos (2003, p. 41) ressalta que o passo mais importante para a obtenção de elaboração de orçamentos de regressão é encontrar a relação lógica entre atividades e o custo estimado. Para se obter uma regressão linear, o primeiro passo é

determinar quais são as relações existentes entre o custo (variável dependente) e diversos direcionadores de custos (variáveis independentes). Esta relação é determinada desenvolvendo um gráfico de dispersão dos dados.

A REC é a técnica usada para estimar um custo ou preço usando uma relação estabelecida com uma variável independente. Se for possível identificar uma variável independente (direcionador) para demonstrar uma relação mensurável com o custo ou preço de um produto, então é possível desenvolver uma REC. (ISPA, 2007, pp. 3-25) Campos (2003, p. 41) indica que o coeficiente de correlação definido em estatística descritiva como aquele que mede o grau e a direção dessa correlação entre duas variáveis de escala métrica, pode ser utilizado com o método de elaboração de orçamentos baseado em regressão, como uma forma de identificar a proximidade dos pontos em relação à reta de regressão. Outras técnicas estatísticas podem ser utilizadas para estimação de custos, tais como o coeficiente de determinação, a regressão por mínimos quadrados e a regressão múltipla.

As vantagens deste método foram destacadas por Campos (2003, p. 41) como sendo um gerador de informações que ajudam ao tomador de decisões na determinação de quão bem a equação estimada descreve a relação entre custos e atividades, e do processo permitir a inclusão de mais de uma variável previsora. Outra vantagem observada por Garrett (2008, p. 5) se dá pelo fato das relações estatísticas de custos paramétricos poderem ser usadas para elaboração de orçamentos de um novo projeto inserindo suas características específicas dentro de um modelo paramétrico desenvolvido para esta função.

2.4.3 Elaboração de orçamentos por estimativas de engenharia

Segundo Campos (2003), o método de elaboração de orçamentos por estimativas de engenharia baseia-se em estimativas de custos realizadas a partir da mensuração e formação de preços do trabalho envolvido em uma tarefa. O método constitui-se,

segundo Horngren, Datar e Foster (2003, p. 329), das elaborações de orçamentos determinadas pela análise das relações entre entradas e saídas em termos físicos. Para Meher (2001), são as estimativas realizadas mediante a mensuração do trabalho envolvido em uma tarefa, as quais envolvem uma análise detalhada de cada fase do processo de produção, juntamente com os tipos de trabalho realizados e respectivos custos. No âmbito dos materiais necessários a cada unidade de produção, geralmente são obtidos com base nos respectivos desenhos e especificações técnicas.

Garrett (2008, p. 8) afirma que este método é executado através da avaliação, etapa por etapa, necessária para o fornecimento de um produto. Percorre desde o menor nível de tarefa ao mais alto nível de requerimento do produto, sendo estimados os recursos de mão-de-obra, material e outros custos diretos com descrição racional de suas necessidades.

Este método é caracterizado por uma análise completa de todos os componentes, processos e montagens necessárias para se ter um produto. Para executá-lo cada componente é separado em partes, operações e elementos de custos. Algumas fontes de dados usadas são desenhos, lista de materiais, especificações, quantidades produzidas, taxas de produtividade, análise dos processos de fabricação, custos de ferramental e de capital, carga de trabalho por máquinas e estações de trabalho, layout da planta produtiva, mão-de-obra, matéria-prima, partes compradas de subfornecedores, overhead, modelos e ferramentas especiais, engenharias da manufatura e do produto, mão-de-obra para desenvolvimento de ferramental, fatores de eficiência e aprendizado da mão-de-obra, setup, retrabalho, desperdício, refugo, entre outros.

O principal pressuposto deste método é que os custos históricos são bons indicadores dos custos futuros. A premissa é que os dados da fase de desenvolvimento sejam utilizados para estimar os custos de produção. É usado quando se possuem informações detalhadas o suficiente a respeito de como montar um item - tais como número de horas e de partes - e o processo de fabricação a ser usado. Como vantagem tem-se sua aplicação exclusiva a um projeto e fabricação específica e o entendimento a respeito dos principais custos, e que ela pode detalhar cada passo

necessário à realização de uma operação. Isso permite comparações com outros contextos em que operações semelhantes são realizadas, e permite a organização avaliar a produtividade e os pontos fortes e fracos do processo de produção. Outra vantagem da abordagem é que ela não exige dados históricos da organização; por isso pode ser utilizada para estimar custos de atividades completamente novas. Como desvantagem tem-se o elevado tempo e relativo alto custo para sua implantação, a pouca flexibilidade para se responder a questões do tipo “e se”, e o fato de cada alternativa exigir uma nova estimativa em que a especificação do projeto deve ser conhecida e estável.