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2. Revisão de Literatura

2.1. Desenvolvimento de Novos Produtos

2.1.3. Métodos e Ferramentas de Apoio ao DNP

Para facilitar todo o processo de DNP são utilizadas metodologias durante as várias etapas. Algumas delas são imprescindíveis uma vez que suportam a tomada de decisões mais importantes e solucionam problemas, fornecendo o suporte necessário para se alcançarem os resultados pretendidos para o produto final. Devido à grande oferta de produtos, o próprio mercado acaba por impor às empresas, ainda que de forma indireta, a aplicação de métodos cada vez mais eficientes, que sejam bem estruturados de forma a não perderem vantagem competitiva.

Existem inúmeras metodologias que se classificam das mais diversas formas e que servem de suporte ao desenvolvimento de produtos, no entanto, muitas não são especificamente direcionadas para tal (TRAN e PARK, 2014). Por norma são as próprias empresas que optam pela escolha da metodologia a aplicar no seu processo de DNP, uma vez que possuem conhecimento de quais se irão adequar melhor à sua estratégia e quais as que irão ao encontro dos seus objetivos, requisitos e mercados-alvo a atingir.

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Na presente dissertação opta-se apenas pela investigação de alguns métodos e ferramentas em específico, os mais utilizados no contexto industrial. Esta escolha prende-se com a necessidade de aplicabilidade no caso prático, referente ao desenvolvimento de um produto. Os métodos a aplicar foram ordenados em três fases principais. A inicial, que consiste na geração da ideia de um novo produto e na calendarização e organização de todas as tarefas a executar ao longo do seu desenvolvimento; a segunda fase constituída pela avaliação e exploração do conceito e, a terceira que se dedica ao aperfeiçoamento e detalhe do produto.

Pretende-se então, o Desenvolvimento de um Novo Produto desde a geração da ideia até aos seus detalhes. A ordenação dos vários métodos a aplicar é apresentada na tabela 1.

Tabela 1: Ordenação dos métodos de apoio ao DNP.

Fases

Métodos de apoio ao DNP

Ge ração d a id e ia e pl a n e a me nt o de t a re fa s Diagrama de Gantt Brainstorming Método 635

PERT (Programa de avaliação e revisão técnica) CPM (Método do caminho crítico)

A valiação e e x pl oração d o co ncei to Estudo de Campo Especificações do produto

QFD (Desdobramento da função qualidade)

Análise SWOT

SCAMPER

Sinética

5 Why’s (Método dos cinco porquês)

Análise morfológica Matriz de decisão P rodut o e m d eta lh e

CAD (Desenho assistido por computador) CAE (Engenharia assistida por computador)

Estudos antropométricos

Desenhos Técnicos

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1ªFase: Geração da ideia e planeamento de tarefas

Diagrama (ou Planeamento) de Gantt: é uma ferramenta que define, quantifica e faz a gestão relativa ao tempo e à sequência das tarefas (GERALDI e LECHTER, 2012). É uma das ferramentas de apoio ao DNP mais utilizadas por permitir a visualização do posicionamento certo de cada tarefa a cumprir, definindo-as de forma ordenada, de acordo com as relações de precedência e os prazos de entrega. Este tipo de calendarização é uma mais-valia em termos de organização e pontualidade, sobretudo quando existem equipas de diferentes áreas englobadas no mesmo projeto.

Brainstorming: é uma técnica de expansão criativa para a geração de ideias espontâneas. Realiza-se em grupo, onde todos contribuem com ideias num curto espaço de tempo. Se no mesmo grupo existirem participantes de várias áreas, maior será a diversidade de ideias, como consequência da interação dos diferentes níveis de conhecimento, experiências e perceções (SAAD ET AL.,2014). Também conhecido por “tempestade de ideias”, este método pode ser aplicado em qualquer área, sendo muito utilizado no DNP, principalmente na geração de conceitos ou na procura de soluções para um problema específico.

Método 635: é uma técnica similar ao Brainstorming possuindo, também, caracter criativo e de aplicação simples, consistindo no agrupamento das diversas ideias de um grupo de pessoas, com o objetivo de desenvolver cada uma delas ou acrescentar aspetos importantes a melhorar. Este método auxilia a hierarquização do pensamento, ajudando na compreensão das informações recolhidas sobre determinado conteúdo (LINSEY e BECKER,2011). Por norma, o presente método envolve um grupo de seis participantes e um coordenador, com a seguinte ordem de tarefas: cada participante escreve num papel três ideias num período igual ou inferior a cinco minutos; de seguida cada participante passa o papel ao colega do lado, que acrescentará mais ideias durante o mesmo período de tempo; este processo repete-se 3 ou mais vezes, dependendo da escolha de cada grupo; por fim, o coordenador recolhe os papéis e debatem-se as ideias em conjunto de forma a selecionar as mais adequadas.

PERT (Programa de Avaliação e Revisão Técnica): é uma ferramenta de gestão que representa e analisa várias tarefas envolvidas no mesmo projeto. Representa-se através de um esquema em rede, onde é possível observar as relações de precedência e simultaneidade entre as diferentes atividades (DOSKOČIL E DOUBRAVSKÝ, 2014). É utilizada no DNP para calcular a duração total de todas as tarefas a cumprir ou apenas de um conjunto em particular, podendo mesmo servir de apoio ao Diagrama de Gantt na obtenção de tempos mais precisos.

CPM (Método do caminho crítico): é uma ferramenta de análise matemática e multidisciplinar pois adapta-se a qualquer área onde existam várias atividades a decorrer em simultâneo. Permite definir uma sequência ótima de tarefas a realizar (MONHOR, 2010). Isto porque se

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consegue prever um caminho crítico, ou vários, através da observação e anotação de tarefas que poderão vir a atrasar o tempo de entrega de um determinado produto.

2ªFase: Avaliação e exploração do conceito

Estudo de Campo: é essencial no DNP, consiste na investigação de produtos concorrentes para que se perceba qual a aceitação do mesmo tipo de produtos no mercado e quais serão os potenciais clientes. Neste estudo, podem observar-se, também, os comportamentos dos utilizadores ao utilizar determinados produtos, analisando possíveis aspetos a melhorar ou funcionalidades a acrescentar.

Especificações do Produto: são basicamente um esboço por escrito onde são mencionadas as características essenciais que o novo produto deve conter. Normalmente representam-se através de uma lista, depois de serem desenvolvidos os parâmetros base para o produto e antes de qualquer representação visual do mesmo, uma vez que servirão de apoio durante o seu desenvolvimento.

QFD (Desdobramento da Função Qualidade): segundo GREMYR e HASENKAMP (2011) é um método ou técnica que é utilizado para converter as necessidades do mercado em especificações do produto, pode separar-se em duas partes:

x Desdobramento da qualidade do produto, que consiste em transformar os requisitos do mercado em características de qualidade do produto;

x Desdobramento da função qualidade, que diz respeito às atividades necessárias para alcançar a qualidade exigida pelo mercado.

Análise SWOT: é uma ferramenta utilizada na gestão do planeamento estratégico de empresas (ABDOLVAND e ASADOLLAHI, 2012). No entanto, devido à sua simplicidade e eficácia adapta-se a qualquer outra área como o DNP. Consiste num pequeno esquema onde são diagnosticados pontos positivos (forças e oportunidades) e pontos negativos (fraquezas e ameaças), que se baseiam tanto em fatores internos como em fatores externos à empresa.

SCAMPER: ferramenta de expansão à criatividade com aplicabilidade no DNP por permitir encontrar ideias para novos produtos e, principalmente, melhorar e solucionar problemas detetados em produtos existentes, para posteriormente serem feitas pequenas alterações nos mesmos ou serem desenvolvidos produtos totalmente novos. Esta ferramenta baseia-se na ideia de que tudo o que é novo é uma modificação de algo que já existe4 Aplica-se também em

serviços, processos ou a nível organizacional e tem como objetivo estudar sete parâmetros,

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cada um correspondente a uma letra da respetiva ferramenta: Substituir; Combinar; Adaptar; Modificar (minimizar, tornar maior); Pensar em outras funcionalidades; Eliminar e Reorganizar. Sinética: consiste num processo de expansão da criatividade para a geração de sugestões acerca de um determinado problema. (SCHEEPERS e MAREE, 2015). Por exemplo, no caso da existência de uma dúvida quanto à melhor opção para ser fonte de alimentação de uma lanterna, mencionam-se três hipóteses possíveis para ela ligar (pilhas, bateria ou luz solar), de seguida analisa-se cada uma das hipóteses, estudando os benefícios e limitações de cada uma até chegar à solução mais eficaz e rentável.

5 Why's: é conhecida por técnica ou método dos cinco porquês e foi criada pela equipa da

Toyota. É bastante utilizada na gestão de projetos, em análises de negócios e no DNP para

identificar falhas e respetivas soluções. É um método muito simples de aplicar, consistindo numa sequência de cinco perguntas onde se questiona sempre a causa anterior com um “porquê?” (MURUGAIAH ET AL., 2009).

Análise (ou Matriz) Morfológica: é um processo criativo que aumenta as possibilidades de combinações e recombinações, ou seja, baseia-se na enumeração sistemática de todas as possibilidades imagináveis. Cruza componentes de um dado problema com possíveis soluções, tendo por objetivo o surgimento de novas ideias através dessa intersecção. Esta também pode ser aplicada em várias áreas, envolvendo fracionamento, recombinação e associação (VOROS, 2009). É importante salientar que nesta matriz nem sempre surgem soluções, mas o principal objetivo é estimular um impulso inicial, um registo de combinações possíveis que podem servir de base para ideias futuras.

Matriz de Decisão: ferramenta de apoio à decisão que permite uma análise rápida e eficaz na escolha de várias opções, através da aplicação de critérios que permitem uma visão mais ampla e coerente das diferentes possibilidades (BRYNKO, 2009). Habitualmente, no DNP representa- se através de uma tabela, onde numa das colunas são anotadas cerca de cinco ideias e noutra os vários critérios a serem avaliados. Posteriormente, os respetivos critérios são pontuados numa escala de 1 a 5, consoante a sua importância e no final são calculados os pontos de cada ideia, optando-se pela que tiver os critérios com maior pontuação. No DNP esta ferramenta é utilizada não só para a seleção da melhor ideia para um novo produto, mas principalmente em dúvidas na escolha de opções em produtos que estejam já em fase de desenvolvimento, por exemplo, na escolha do melhor material a aplicar ou do melhor processo de fabrico.

3ªFase: Produto em Detalhe

CAD: o desenho assistido por computador consiste na utilização de programas 3D para auxiliarem na representação dos produtos. Devido às suas capacidades de alteração e

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manipulação de peças, permitem uma perceção mais realista dos produtos, em relação ao desenho tradicional. Estes programas podem ser utilizados para representar qualquer tipo de produto e oferecem elevada precisão no que diz respeito a pequenos componentes, união e/ou encaixe de peças minuciosas. Além da representação realista de produtos, alguns destes programas permitem ainda a simulação dos materiais pretendidos, da cor desejada e da interação produto-utilizador.

CAE: pode assemelhar-se ao CAD pois também consiste na representação 3D de um produto, porém, o CAE permite simular os comportamentos de peças no que diz respeito a testes de resistência (esforços de compressão, tração, vibrações) e de temperatura (HALPERN, 1998). Esta técnica é bastante relevante nas indústrias, pois oferece benefícios económicos nas fases iniciais do DNP porque evita a conceção de protótipos experimentais para testes, conseguindo- se melhorar e modificar produtos, assim como diminuir custos de fabrico, de forma virtual. Estudos Antropométricos: consideram-se importantes na fase final do produto porque estão diretamente relacionados com a interface entre o utilizador e o produto. Normalmente inflacionam a forma exterior do produto, pois por vezes torna-se necessário fazer alterações devido às dimensões menos corretas em relação aos percentis do público-alvo, bem como ângulos e texturas desadequadas, permitindo assim que o produto se torne ergonómico. Desenhos Técnicos: são representados em 2D e permitem clarificar o produto, uma vez que são apresentados em várias vistas, normalmente vista de topo, de perfil e frontal, podendo conter ainda uma vista em perspetiva (por exemplo isométrica). O produto é reduzido à escala, sendo mencionadas as dimensões exatas e elaborada uma legenda, de cada peça individualmente ou do desenho em conjunto. Pode-se representar, também, uma vista explodida do produto para melhor perceção da disposição dos vários componentes.

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