3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.2 Métodos
3.2.1 – Ensaios de torração
Os ensaios de torração para o café e para a cevada foram definidos a partir dos
dados obtidos no estudo de perda de massa e avaliação visual das amostras torradas.
Para o café foram definidos os tempos de 8, 9, 10 e 11 minutos, enquanto para a cevada
escolheu-se os tempos 15, 16, 17 e 18 minutos. Os ensaios de torração foram realizados
em duplicata.
3.2.2 - Perda de massa
O procedimento foi realizado em triplicata com amostras contendo 5 g de café e de
cevada. As amostras foram colocadas na mufla separadamente, ou seja, uma a cada
torração.
As massas, do café cru e da cevada crua, foram medidas em um cadinho de
porcelana, previamente tarado. As torrações foram realizadas em tempos distintos:
- café: 2, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 13 e 15 min; e
- cevada: 5, 10, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18 e 20 min
A mufla foi programada a uma temperatura de 300°C, determinada para a torração.
Inicia-se há marcação do tempo após a amostra ser colocada no centro da mufla e a porta
do equipamento ser fechada. Ao se colocar a amostra no equipamento, ocorre uma
pequena redução da temperatura inicial, mas, devido ao isolamento das paredes da
mufla, a temperatura é reestabelecida em aproximadamente um minuto. Após passado o
tempo de torração, a amostra foi retirada da mufla e levada ao dessecador, por 30
minutos, e, ao final desta etapa, pesou-se a amostra torrada.
A perda de massa para as amostras de café e cevada foi avaliada em mufla e seus
valores calculados com base na equação (1).
100
m
m
m
%PM
i f i×
−
=
(1):
Em que
%PM = porcentagem de perda de massa
m
i= massa inicial
m
f= massa final
3.2.3 - Metodologia de coleta dos compostos voláteis
Realizou-se o condicionamento das fibras de SPME (PDMS/DVB/CAR,
PDMS/DVB, CAR/PDMS) no injetor do cromatógrafo. Foram colocados em frascos de
microreação de 5 mL quantidades suficientes de amostras (café e cevada comerciais,
café, cevada e misturas de café e cevada torrados em mufla) para cobrir a marca de 3 mL
dos frascos. Os frascos foram cobertos com filme plástico e fechados com tampa plástica.
Fez-se um aquecimento de 10 minutos a 70°C em cada amostra antes da exposição da
fibra. Então, a fibra de SPME (PDMS/DVB/CAR, PDMS/DVB, CAR/PDMS) foi exposta por
40 minutos ao “headspace” gerado em banho-maria (70ºC) nos frascos de microreação.
Após este período, deixou-se a fibra inserida no injetor do cromatógrafo por 10 minutos,
para desorção dos voláteis coletados.
3.2.4 - Metodologia de análise cromatográfica
As condições definidas para o cromatógrafo a gás durante as análises foram
temperatura do injetor, 250ºC, e temperatura do detector, 300ºC. A coluna cromatográfica
utilizada foi a coluna capilar RTX- 5Ms (crossbond 5 % difenil, 95 % dimetilpolisiloxano; 30
m x 0,25 mm d.i. x 0,25 m), com gás hélio como gás de arraste e injeções em modo
“splitless”.
Na Tabela 5, apresentam-se as condições cromatográficas utilizadas para cada
uma das fibras de microextração em fase sólida. Foram realizados testes para a escolha
das condições apresentadas, baseados em estudos nos quais utilizou-se fibras de
microextração em fase sólida (BICCHI et al., 1997; BICCHI et al., 2002; ROCHA et al.,
2003; MONDELLO et al., 2005; CRAMER et al., 2005).
Tabela 5 – Rampas de temperatura das análises cromatográficas com base nas
fibras de SPME
Fibra
Rampa de Temperatura
PDMS/DVB/CAR
40ºC; 5min;3ºC/min; 180ºC; 10ºC/min; 250ºC; 5min
PDMS/DVB
40ºC; 3ºC/min; 150ºC; 8ºC/min; 250ºC; 5min
CAR/PDMS
40ºC; 5min; 2,5ºC/min; 125ºC; 10ºC/min; 245ºC; 3min
O programa utilizado para obtenção dos cromatogramas e espectros de massa foi
o Xcalibur 1.4 da Thermo Electron Corporation (USA). Os compostos encontrados nos
cromatogramas foram selecionados para identificação de acordo com o valor da relação
Sinal/Ruído (SN), sendo considerados somente os picos com SN > 50.
Ao fazer a identificação de cada pico cromatográfico, o programa apresenta uma
lista com vários compostos e seus valores de SI, RSI e probabilidade. Sendo SI um fator
de comparação direto entre os picos desconhecidos e a biblioteca de espectros; RSI, um
fator inverso de comparação, que ignora picos desconhecidos que não estão na biblioteca
de espectros e probabilidade, baseada nas diferenças entre os compostos próximos,
ordenados de acordo com o SI. Verificava-se e registrava-se os valores de tempo de
retenção, RSI, probabilidade, relação sinal/ruído (SN) e altura do pico apresentados pelo
programa para os compostos. Foram identificados os compostos possíveis marcadores,
considerando valores de probabilidade e de RSI como maiores que 50 % e 500,
respectivamente.
3.2.5 - Análise estatística
Os valores de tempo de retenção, relação sinal/ruído (SN) e intensidade dos picos
foram retirados do programa Xcalibur 1.4 da Thermo Electron Corporation e transferidos
para o Microsoft Office Excel 2003. Neste programa, foi realizada a seleção dos picos,
tomando somente aqueles com valor de SN maior que 50, para todas as amostras. Em
seguida, os tempos de retenção das amostras foram equiparados e obteve-se o valor
médio dos mesmos. Então, foi produzida a matriz final, com as amostras nas linhas e os
tempos de retenção nas colunas e no interior da matriz foram colocados as intensidades
dos picos, obtidos na análise cromatográfica. A matriz final foi transferida para o programa
estatístico Minitab 15 (versão demo), no qual foram realizadas a análise de componentes
principais e análise de clusters.
Foram realizadas comparações entre as diversas amostras gerando, assim,
diversas matrizes. Para o café e para a cevada em diversos tempos de torração obteve-se
uma matriz com 8 linhas e 230 colunas e 8 linhas e 245 colunas, respectivamente. Na
comparação conjunta entre o café e cevada torrados a matriz obtida foi de 16 linhas e 309
colunas. Foram geradas matrizes para as cinco misturas, nas quais as misturas foram
comparadas com o café e a cevada torrados. Para a mistura de 1%, a matriz foi de 24
linhas e 368 colunas, para a mistura de 10 %, de 24 linhas e 357 colunas, para a mistura
de 20 %, 24 linhas e 351 colunas, para a mistura de 50 %, 24 linhas e 356 colunas e para
a mistura de 80 %, 24 linhas e 362 colunas. Foi realizada a comparação entre as
amostras de café torrado em laboratório e café comercial, gerando uma matriz de 38
linhas e 404 colunas. A comparação entre as amostras de cevada torrada em laboratório
e cevada comercial gerou uma matriz de 14 linhas e 333 colunas. Nas comparações das
amostras de misturas, cevada e cafés com selo de qualidade ABIC, obteve-se uma matriz
de 56 linhas e 420 colunas e nas comparações das amostras de misturas, cevada e cafés
sem selo de qualidade ABIC, obteve-se uma matriz de 70 linhas e 427 colunas.
No documento
Detecção de adulteração de café torrado e moído com cevada pelo perfil cromatográfico de voláteis
(páginas 37-41)