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Microextração em fase sólida é uma técnica de amostragem desenvolvida por

Pawliszyn e colaboradores (PAWLISZYN, 1999), na qual não se utiliza solvente de

qualquer natureza. Sua função original foi baseada na adsorção de compostos em uma

fibra de sílica pela imersão em amostras líquidas para posterior análise cromatográfica.

Mas devido a possíveis problemas relacionados a este tipo de amostragem (dano a fibra e

ao equipamento cromatográfico), usualmente a fibra é utilizada para a amostragem de

gases por “headspace”. Esta amostragem é dependente de diversos fatores tais como

tipo de fibra selecionada, tempo de exposição da fibra à matriz, temperatura de

aquecimento da matriz analisada e a própria matriz analisada.

A escolha das fibras de SPME deve ser baseada na seletividade destas aos

compostos de interesse na análise. Esta seletividade está fortemente ligada à polaridade

das coberturas existentes nas fibras. A seletividade também é considerada uma

Feixe de íons Feixe de íons Feixe de íons Filtro de íons quadrupolo Analisador magnético de íons Analisador magnético de íons Coletor de íons pontual Coletor de íons pontual Coletor de íons plano

característica do próprio método de extração (microextração), o qual se divide em duas

etapas. A primeira etapa, consiste na extração dos compostos de interesse da matriz e

adsorção na membrana da fibra. A segunda, envolve as condições de desorção dos

compostos aderidos à fibra.

Existem no mercado diversos tipos de fibras com diferentes coberturas e cada uma

apresentando polaridades distintas (Tabela 1).

Tabela 1 – Polaridade de diferentes fibras de SPME

Fibra

Diâmetro

Polaridade

Polidimetilsiloxano

100 µm

Apolar

Polidimetilsiloxano

30 µm

Apolar

Polidimetilsiloxano

7 µm

Apolar

Polidimetilsiloxano/divinilbenzeno

65 µm

Semipolar

Poliacrilato

85 µm

Polar

Carbowax/divinilbenzeno

55 µm

Polar

Carbowax/TPR100

50 µm

Polar

Fonte: (PAWLISZYN, 1999)

2.10 Quimiometria

Quimiometria é o estudo de técnicas estatísticas que podem ser aplicadas na

indústria alimentícia, no controle de qualidade (SIKORSKA et al., 2006), na avaliação

sensorial, na diferenciação e caracterização de produtos, como sucos de fruta, cerveja e

óleo de oliva (BELLIDO_MILLA et al., 2000; REID et al., 2005; OLLIVIER et al., 2006), na

determinação da origem geográfica de alimentos, como batatas e vinhos (GIACOMO et

al., 2006; MARINI et al., 2006; MAKRIS et al., 2006) e na detecção de fraudes em

diversos

produtos (COSTA et al., 2004; OLIVEIRA et al., 2004), utilizando dados

como propriedades físicas e composição química dos alimentos. A utilização da

cromatografia em análises de alimentos teve um grande crescimento nas últimas

décadas, havendo também um aumento na automatização do processo e conseqüente

aumento na coleta de dados (parâmetros de retenção – tempo e temperatura, fases

estacionária e móvel), sendo assim, é necessária a utilização de técnicas quimiométricas

para avaliação destes dados, tais como análise de regressão linear (com uma ou mais

variáveis independentes), análise de correlação canônica e análise de componentes

principais (PCA) (CSERHÁTI e F|ORGÁCS, 2003).

PONTES et al. (2006) classificaram bebidas alcoólicas destiladas (whisky, rum,

vodka e brandy) e verificaram adulterações nas amostras pela combinação de

espectrometria do infravermelho e técnicas quimiométricas (PCA). Amostras com

concentrações conhecidas de substâncias como água, etanol e metanol, utilizadas para

adulterar as bebidas alcoólicas foram utilizadas para verificação do modelo estatístico

proposto. Este método foi adequado para a detecção de produtos adulterados, e torna-se

uma etapa interessante para triagem de produtos suspeitos, que apresentando resultados

positivos para adulterações podem ser enviados para análises mais detalhadas.

MATOS et al. (2007) caracterizaram óleos de oliva produzidos a partir de três

variedades de azeitonas por meio de parâmetros da composição química. Foi avaliada a

composição de tocoferóis, esteróis e ácidos graxos. Para avaliação dos parâmetros

estudados foram utilizadas técnicas estatísticas multivariadas como análise de variância

(MANOVA), análise de componentes principais (PCA) e análise de clusters. Observou-se

por meio das análises estatísticas a diferenciação dos cultivares e também do ponto de

maturação dos frutos.

ARIYAMA et al. (2007) determinaram a origem geográfica de cebolas (Allium cepa

L.) produzidas em três localidades distintas do Japão e em seis diferentes países pelo

conteúdo de minerais. Foi realizada a análise discriminante linear (LDA) comparando

cada amostra produzida no Japão, em conjunto com as amostras dos outros países.

Obteve-se uma caracterização satisfatória das amostras e foi observado que o modelo

proposto serve como uma técnica de triagem para inspeção da origem geográfica das

cebolas comercializadas no Japão.

2.11 Análise de Componentes Principais (PCA) e Análise de

Agrupamentos (Clusters)

A análise de componentes principais é um tipo de técnica estatística multivariada

pertencente ao ramo da Análise Fatorial. HAIR et al. (2005) especificam que a análise

fatorial possui dois objetivos; identificação da estrutura das variáveis por meio do resumo

de dados ou redução de dados. Na análise de componentes principais, a informação ou

variação contida nos dados (variáveis) originais será condensada em um número menor

de dados com uma perda mínima de informação, denominados de componentes

principais.

A redução de variáveis é obtida pela combinação linear das p variáveis originais,

que irão produzir os componentes principais (PC). Estes componentes principais, também

chamados de autovetores, são não-correlacionados entre si, ou seja, fazem a medição de

diferentes dimensões no conjunto de dados. Ao se realizar a análise de PCA, os

componentes principais são ordenados de maneira que o primeiro PC apresente a maior

quantidade de variação do conjunto de dados, o segundo PC apresente a segunda maior

quantidade de variação, o terceiro apresente a terceira maior quantidade de variação e

assim por diante. A variação dos componentes principais é chamada de autovalor.

Utilizando-se o PCA, espera-se que os autovalores da maioria dos PC’s sejam pequenos

o suficiente para serem desprezados. Desta forma, a variação dos dados pode ser

descrita somente por alguns componentes cujos autovalores não são desprezíveis. Então,

a variação no número de variáveis originais (p variáveis) pode ser descrita usando um

número menor de novas variáveis (PC’s).

A análise de agrupamentos (clusters) é uma técnica multivariada de classificação

que tem por finalidade a aproximação dos indivíduos, dentro de um mesmo grupo e o

afastamento dos indivíduos de grupos diferentes, com base em suas características

(variáveis). O objetivo principal desta análise é a definição da estrutura dos dados pela

formação de grupos com base apenas nas similaridades das amostras, sem nenhuma

suposição quanto ao número de grupos ou mesmo à estrutura nos grupos (HAIR et al.,

2005).

3

MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Materiais

3.1.1 - Amostras

Foram utilizadas amostras de café sadio livres de defeitos (PVA), separados de

uma saca de café de 60 kg, provenientes da Fazenda Samambaia (Santo Antônio do

Amparo, MG) safra 2004/2005. A cevada em grãos utilizada foi da marca Mãe Terra Ltda

obtida em estabelecimento comercial. Os grãos de café e cevada foram torrados nos

tempos apresentados na Tabela 2. Café comercial (Mellita Tradicional, Fino Grão, 3

Corações) e cevada comercial (Corsetti, Superbom, Yoki) foram obtidos em

estabelecimentos comerciais. Amostras de café comercial possivelmente adulterados

foram fornecidas pelo Sindicato da Indústria de Café do Estado de Minas Gerais,

SindiCafé/MG (Tabela 3).

3.1.2 - Amostras de misturas de cevada em café

Foram estipuladas cinco misturas de cevada em café nas concentrações de 1 %,

10 %, 20 %, 50 % e 80 % para todos os tempos de torração (Tabela 4). As amostras de

café e de cevada foram torradas separadamente e, em seguida, realizadas as misturas.

Foram realizadas as misturas de acordo com o grau de torração, amostras com torração

suave, ou seja, café com o tempo de torração de 8 minutos e cevada com tempo de

torração de 15 minutos foram misturados. Da mesma maneira, procedeu-se com as

demais amostras, café com torração de 9 minutos foi misturado com cevada torrada por

16 minutos, café com torração de 10 minutos foi misturado com cevada torrada por 17

minutos e café com torração de 11 minutos foi misturado com cevada torrada por 18

minutos.

Tabela 2 - Amostras de café e cevada torradas

Amostra

Código

Grau

de

torração

(mufla a 300ºC) (min)

Cf G1

8

G2

9

G3

10

Café

G4

11

Cv G1

15

G2

16

G3

17

Cevada

G4

18

Tabela 3 – Amostras de café e cevada comerciais

Amostra

Código

Marca

1

3 Corações

2

Mellita

3

Serra de Minas

Café

comercial

com selo da Abic

Cfs

4

Camburi*

1

Casarão

2

Varginha

3

Campeiro*

4

Caratinga*

5

Colonial*

6

Café da Feira*

7

Divisópolis*

8

Pináculo*

9

Pingüim*

10

Rei*

Café

comercial

sem selo da Abic

Cfns

11

Fino Grão

1

Corsetti

2

Superbom

Cevada comercial

Cvc

3

Yoki

* café obtido no SindiCafé/MG

Tabela 4 – Amostras de misturas de cevada em café

Amostra

Código

Concentração (%)

M1

1

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