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3. METODO

3.1 Métodos utilizados

Enquadra-se este estudo, nas classes de pesquisas exploratória e descritiva. Exploratória porque se pretende: a) identificar, ampliar e aprofundar conhecimentos que auxiliem na construção dos objetivos e de referenciais teóricos integrados; b) conhecer e sintetizar, no plano empírico, fatos científicos que permita processos teóricos metodológicos continuados e de forma cada vem mais generalizada. Para Queiroz (1992), Gil (1996) e Santos (2000), o estudo exploratório tem por objetivo conhecer variáveis tais como se apresentam, destacando os seus significados peculiares no contexto em que estão inseridas.

A pesquisa descritiva busca observar, registrar, analisar, classificar e interpretar fatos, atendo-se às características do fenômeno e suas variáveis, procurando reduzir a interferência do pesquisador (SEVERINO, 1997; SANTOS, 2000; RUDIO, 2002). No caso desta pesquisa, o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados (exames laboratoriais, questionários, coleta de sinais vitais e observações sistemáticas) permite aferir aspectos da realidade observada por meio de descrições das manifestações das variáveis identificadas.

Estrategicamente optou-se, nesta pesquisa, pela classificação proposta por Contandriopoulos e cols. (1997), por estar ligada às metodologias para projetos de Saúde Coletiva, ou seja, um modelo de pesquisa de tipo sintética, porque tende a “explicar e prever comportamentos ou fenômenos complexos, examina o conjunto das relações onde intervêm, simultaneamente, diversas variáveis dependentes e independentes num modelo de relações interdependentes” (p. 40). Esse modelo de pesquisa permite conduzir casos únicos, com níveis e unidades de análise imbricados, de forma a obter diferentes níveis de explicação de um fenômeno. A definição dos níveis de análise é realizada à luz das teorias subjacentes à pesquisa, com diversos recursos para conceber um caso que responda melhor à questão da pesquisa, como já apresentado.

Dois grandes critérios servem geralmente para apreciar a qualidade de uma estratégia de pesquisa escolhida: a validade interna e a externa do modelo escolhido. A validade interna é assegurada pelas características das relações observadas empiricamente entre as variáveis dependentes e independentes, que não podem ser explicadas por outro modelo se não o adotado da pesquisa e a validade externa toma como base a adaptação a outra realidade de forma sensata do modelo, permitindo dizer se existe ou não uma relação entre as variáveis do

47 estudo. O estudo de caso único, apoiado sobre um ou vários níveis de análise, oferece um alto potencial de validade interna e a observação limita sua validade externa de acordo Contandriopoulos e cols. (1997).

Nas pesquisas sintéticas, a validade interna baseia-se na capacidade do estudo testar de maneira simultânea um conjunto de relações, compondo um modelo teórico, neste caso, por meio dos instrumentos de medição de cargas físicas, mentais e organizacionais. A validade externa reside na capacidade de fornecer generalizações para outras populações em outros contextos e períodos, que se deve apoiar no princípio da similitude, robustez e explicação, a saber; o princípio da similitude se refere à capacidade de generalizar resultados a um universo empírico similar, a qual é garantida ao realizar a pesquisa em uma população de fisioterapeutas e não em uma amostra; o princípio da robustez estipula o potencial que a generalização estará ligada à repetição dos efeitos em contextos diversificados, onde foi obtido através dos cruzamentos das medições entre as cargas física, psíquicas e ambientais; e o princípio da explicação quando os resultados foram obtidos a luz da base teórica, com a compreensão de seus mecanismos de captação e o papel de diferentes fatores na sua obtenção, sendo garantido quando da utilização de instrumentos de fácil utilização, na descrição pormenorizada dos procedimentos realizados, na base teórica universal, na flexibilidade possível dos instrumentos para ajustes em outros contextos e períodos, e finalmente na explicitação das variáveis intervenientes e o possível controle ou conhecimento das mesmas.

Entre os objetivos de conhecimento potencialmente alcançáveis temos a coleta de informação original acerca de situações ou de atores em movimento, a concretização de conhecimentos teóricos obtida de modo dialogado na relação entre pesquisadores e membros representativos das situações ou problemas investigados, associado aos métodos de coleta de dados vitais e laboratoriais disponíveis. A possibilidade da comparação das representações próprias aos vários interlocutores, com aspecto de cotejo entre saber formal e informal acerca da resolução de diversas categorias de problemas, instituída com o protocolo do NASA-LTX (Load-Task Index = Índice de Tarefa-Carga da NASA ou Agencia Nacional Aeroespacial Norte Americana), configura-se a confiabilidade do instrumento de pesquisa (CONTANDRIOPOULOS E COL., 1997, p. 80) já convalidado por pesquisadores da UFSC. Enfim, a produção de guias ou de regras práticas para resolver os problemas e planejar as correspondentes ações, nesta pesquisa, pela geração de indicadores para DME, além dos ensinamentos quanto à conduta da ação humana e suas condições de êxito ou fracasso com

48 possíveis generalizações estabelecidas a partir de várias pesquisas semelhantes e com o aprimoramento da experiência do pesquisador garante a validade externa e interna desta pesquisa.

Nesse sentido, a pesquisa e o pesquisador precisam definir novos tipos de exigências e de utilização do conhecimento para contribuírem para a transformação da situação. Isto exige que as funções sociais do conhecimento sejam adequadamente controladas para favorecer as condições do seu uso efetivo. Dentro de um equacionamento realista dos problemas ergonômicos, tal controle visa minimizar os usos meramente burocráticos ou simbólicos e maximizar os usos realmente transformadores. Com a orientação metodológica da pesquisa sintética de caso único com vários níveis de análise, os pesquisadores em ergonomia estariam em condição de produzir informações e conhecimentos de uso mais efetivo, inclusive na prevenção primária das patologias relacionadas ao trabalho. Tal orientação contribuiria para o esclarecimento das micro-situações dos postos de trabalho e para a definição de objetivos de ação preventiva primária, secundária e terceária, e de transformações mais abrangentes.