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Os meios de comunicação em massa, desde o jornal impresso aos noticiários de televisão, programas de rádio, a internet enquanto um veículo informativo em grande escala, surgem na sociedade para se referir a objetos tecnológicos com a possibilidade de propagar a mesma informação para um vasto público ou massa, de forma que outros recursos, como telefone, por exemplo, não o fariam. (CHAUÍ, 2006) A informação e a comunicação sempre foram vetores de poderes dominantes, alternativos, de resistências e de mudanças sociais. Nesse sentido, a ascensão sobre a mente das pessoas propiciada pela comunicação é fundamental: afinal, é apenas com a condição de moldar o pensamento dos povos que os poderes se constituem em sociedades, e que as sociedades evoluem, mudam. (CASTELLS, 2016)

Em 1934, o pioneiro em gestão da informação Paul Marie Gislan, já vislumbrava o surgimento de uma rede de informações para armazenamento de documentos baseada na multiplicidade de mídias, onde se iniciaria o caminho do armazenamento de dados. Alguns anos depois, Vanevar Bush, em 1945 impulsionava o mundo da tecnologia com ideias similares, quando chamou de “Memex” um dispositivo que armazenaria mídias diversas, como livros, registros, etc. prevendo, além de sua forma física, os conceitos de navegação através do link. Ambos prevendo a chegada do que se passou a chamar de Computador. (CALAZANS; LIMA, 2013, p. 2).

A internet como hoje a conhecemos aspirou, primeiramente, sob os conceitos de J.C.R Lickerlider, do MIT (Massachusetts Institute of Technology), em 1962, através do que o estudioso chamou de “Rede Galáxia”, ou seja, o mundo interligado através de uma rede de computadores para trocas e acessos de artigos. Nesta mesma época, em 1965, foi criada a primeira rede de computadores do mundo pelos estudiosos Roberts e Thomas Merrill. A partir daí, foi lançado o projeto Defense Advanced Research Projects Agency (Darpa), o Advanced Research Projects Agency (ARPAnet), com o objetivo de interligar redes militares e os departamentos de pesquisa do governo americano. (CALAZANS; LIMA, 2013, p. 2-3).

As autoras apontam, ainda, que nos anos 1970 o governo dos EUA (Estados Unidos) liberou estes recursos para uso acadêmico e instituições de pesquisa, chegando a 100 sites online em poucos anos. Nos anos 80 centenas de computadores já integravam a ARPAnet. Inicialmente, e um tempo após sua criação, a internet estava restrita ao mundo acadêmico, seu uso público-comercial foi liberado apenas em 1987 nos Estados Unidos, e em 1992 vieram a criação das empresas provedoras de internet. (TAIT; TRINDADE, 2003 apud CIRIBELI; PAIVA, 2011, p. 71).

A revolução do mundo cibernético nos anos 1990, segundo autores como Deitel et al. (2003) apud Ciribeli e Paiva (2011), dentre outros, veio com a World Wide

Web, ou, WWW, que significa “teia em todo mundo” (tradução nossa), que engloba recursos de textos e mídias, permitindo uma navegação livre, de acordo com os desejos do usuário a partir de um clique. (LEÃO, 2001 apud CALAZANS; LIMA, 2013, p. 3).

No Brasil, foi criada em 1989 a RNP (Rede Nacional de Ensino e Pesquisa), pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), com o propósito de difundir a internet e uma infraestrutura adequada para o meio acadêmico, e popularizar o uso cibernético no país. Em 1992 chega a primeira rede de Internet, e em 1995 a RNP passa a receber o apoio de diversas empresas com fornecimento de equipamentos e softwares, e através de financiamentos de projetos.10

A partir desta difusão nacional e internacional dos computadores e da internet, a popularização destes recursos adentra o dia-a-dia da população, seja nos celulares, tablets, notebooks, e a comunicação passa a ser regida, a partir de então, também pelas plataformas digitais, seja para conversação, venda de produtos, mobilizações sociais, estudos, a vida social ganha um espaço na vida dos usuários.

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2019, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), demonstrou que 82,7% dos domicílios nacionais possuem acesso à internet (até o ano da pesquisa), apontando um aumento de 3,6 pontos percentuais em relação a 2018.11

MacIver e Page (in FERNANDES, 1973) afirmam que uma comunidade inteiramente auto suficiente pertence ao mundo primitivo e que a civilização moderna desencadeia forças que rompem o isolamento das grandes ou pequenas comunidades. Forças estas que são, em parte, tecnológicas, como o aperfeiçoamento dos meios de comunicação e de transporte. E, como Wirth (in FERNANDES, 1973) previu, os homens tiveram capacidade de agir coletivamente e a civilização tecnológica trouxe novas bases para a integração social. (CALAZANS; LIMA, 2013, p.6)

O advento da internet colabora com a sociedade dentro das mais diversas maneiras, a abertura de novos caminhos e possibilidades para se expressar e comunicar, é considerada a mais significativa. Da mesma forma, as redes sociais se fizeram presentes neste processo de desenvolvimento onde os atores e as conexões de rede são o que, afinal, definem uma rede social. (RECUERDO, 2009 apud STEIN; NODARI; SALVAGNI, 2018, p. 45).

10 Disponível em <https://www.rnp.br/sobre/nossa-historia>. Acesso em: 14 ago. 2021.

11 Disponível em < https://www.gov.br/mcom/pt-br/noticias/2021/abril/pesquisa-mostra-que-82-7-dos-domicilios-brasileiros-tem-acesso-a-internet>. Acesso em: 14 ago. 2021.

Desta forma, considerando que a comunicação, historicamente, “foi traduzida como transferência de dados e informações: um ser que informa e outro que ouve” (FIGUEIREDO, 2018, p. 166), é que compreendemos o vasto espaço virtual das redes sociais como um impulsionador de informações e propagador da ideologia conservadora no país.

As mídias sociais, de acordo com Teixeira (2013) apud Steins; Nodari; Salvagni (2018), se diferem das redes sociais, uma vez que, o primeiro termo é utilizado para se referir de forma mais abrangente em relação às plataformas que promovem a interatividade e criação de conteúdos através de novas mídias. Enquanto as redes sociais são recursos formados por um determinado grupo de organizações ou pessoas que querem discutir temas de interesse comum, dentro de um espaço que os aproxime, com confiança e reciprocidade.

Entretanto, não predomina nas redes sociais um ambiente sadio e isento de desavenças ou intolerâncias. Uma das faces deste novo arranjo social, o anonimato e a distância medida pelas telas, por vezes deliberam enunciações de ódio e agressividade. Assim como a incerteza do teor informativo, e a arbitrariedade da propagação de notícias e conteúdos que estão passivos à manipulação.

À vista disso, apresentamos, no capítulo seguinte, como a ideologia conservadora se apresentou e foi disseminada através de uma das redes sociais de um coletivo político que protagonizou o processo eleitoral de 2018 que elegeu o atual presidente da república Jair Messias Bolsonaro, o Movimento Brasil Livre (MBL). Apresentando também, uma breve análise do conteúdo da rede social de Jair Bolsonaro.

3.2 Expressões do conservadorismo no Brasil: uma análise a partir das

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