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4.2 M´ etodo de S´ıntese

4.2.2 M´ etodo dos V´ ortices

O M´etodo dos V´ortices se baseia em tratamentos lagrangianos bidimensionais de v´ortices. Seu funcionamento implica na gera¸c˜ao de v´ortices dependentes no tempo atrav´es de um campo de vorticidade bidimensional, normal ao escoamento, por onde s˜ao inseridos ao dom´ınio.

Inicialmente proposto por Sergent (2002), esse m´etodo apresenta uma vantagem quando comparado `a T´ecnica de Fourier, pois necessita de um comprimento menor do dom´ınio a ju- sante do inlet para desenvolver uma turbulˆencia realista (TABOR; BABA-AHMADI, 2010). Matematicamente, o vetor vorticidade, ω, pode ser definido pelo rotacional da velo- cidade:

ω = ∇ × u (4.11)

Aplicando-se o rotacional `as Equa¸c˜oes de Navier-Stokes (2.18a, 2.18b e 2.18c), ´e poss´ıvel escrever a equa¸c˜ao bidimensional de transporte de vorticidade.

∂ω

∂t + (u.∇)ω = ν∇

2ω (4.12)

Na Equa¸c˜ao 4.12, o vetor velocidade, u, pode ser decomposto da seguinte forma:

u = ∇ × ψ + ∇φ (4.13)

no qual ψ = (ψ, 0, 0) ´e o vetor potencial e φ, o potencial de velocidade (CAVAL- CANTI, 2001). Adotando essa nota¸c˜ao simplificada, podemos representar o componente de vorticidade ω na dire¸c˜ao do escoamento por:

ω = −∇2ψ (4.14)

Utilizando a fun¸c˜ao de Green para dom´ınios bidimensionais, aplicada para solucionar equa¸c˜oes diferenciais por meio da adi¸c˜ao de operadores integrais, ´e poss´ıvel resolver a Equa¸c˜ao 4.14 em termos de fun¸c˜ao de corrente.

ψ(x) = − 1 2π

Z Z

R2

Cap´ıtulo 4. M´etodos de Gera¸c˜ao de Turbulˆencia nas Condi¸c˜oes de Contorno de Entrada 44

Aplicando a solu¸c˜ao obtida em 4.15 na equa¸c˜ao para o vetor velocidade, em 4.13, tem-se a conhecida lei de Biot-Savart (MATHEY et al., 2006):

u(x) = − 1 2π Z Z R2 (x − x0) × ω(x0) · n |x − x0|2 dx 0 (4.16) onde o vetor n ´e o vetor unit´ario na dire¸c˜ao do escoamento.

Para solucionar a Equa¸c˜ao 4.16, ´e utilizado o m´etodo lagrangiano de discretiza¸c˜ao de part´ıculas. Diferentemente da abordagem euleriana, que tem como objeto o escoamento, o m´etodo lagrangiano acompanha a part´ıcula em cada instante ao longo de sua trajet´oria (BRUNETTI, 2008). As part´ıculas, no caso, v´ortices pontuais, se movem aleatoriamente, carregando informa¸c˜oes sobre o campo de vorticidade.

Assim, o campo de vorticidade total pode ser considerado como a soma discreta dos campos gerados por cada v´ortice (SERGENT, 2002). Para um n´umero de v´ortices N , os quais s˜ao definidos por suas posi¸c˜oes centrais, xi, o campo de vorticidade total pode ser escrito como: ω(x, t) = N X i=1 Γi(t)η(|x − xi|, t) (4.17)

A circula¸c˜ao referente a uma determinada part´ıcula, representada por Γi, ´e uma me- dida da rota¸c˜ao em um fluido capaz de controlar a intensidade das flutua¸c˜oes e pode ser dada conforme a equa¸c˜ao a seguir:

Γi(x, y) = 4 s

πSk(x, y)

3N (2ln(3) − 3ln(2)) (4.18)

com N representando o n´umero de v´ortices injetados no plano, S a ´area do plano de inje¸c˜ao dos v´ortices, perpendicular `a dire¸c˜ao do escoamento, e k a energia cin´etica turbulenta.

Em adi¸c˜ao, η pode ser interpretada como uma fun¸c˜ao de distribui¸c˜ao espacial.

η(x) = 1 2πσ2  2e−|x|22σ2 − 1  2e−|x2|2σ2 (4.19)

O parˆametro σ ´e o respons´avel pelo controle do tamanho da part´ıcula, podendo variar em um intervalo de 0,005 a 0,1 (SERGENT, 2002). Esse parˆametro ´e calculado a partir do perfil da energia cin´etica turbulenta m´edia e da taxa de dissipa¸c˜ao m´edia na regi˜ao de entrada (ANSYS, 2015).

σ = ck 3/2

2ε (4.20)

Cap´ıtulo 4. M´etodos de Gera¸c˜ao de Turbulˆencia nas Condi¸c˜oes de Contorno de Entrada 45

Com o objetivo de garantir que todos os v´ortices sejam resolvidos, o menor valor de σ na Equa¸c˜ao 4.20 ´e limitado pelo tamanho da submalha, ∆, ou seja, σ ≥ ∆.

Por fim, o campo de velocidade ´e dado por:

u(x) = 1 2π N X i=1 Γi(xi− x) × n |x − xi|2  1 − e−|x−xi| 2 2σ2  e−|x−xi| 2 2σ2 (4.21)

Para a aplica¸c˜ao do m´etodo de v´ortices, ´e necess´ario seguir a metodologia descrita por Sergent (2002), utilizada como algoritmo interno no software ANSYS Fluent e exemplificada na Figura 12, conforme segue:

• Inicialmente, ´e necess´ario gerar um campo de v´ortices, sendo a posi¸c˜ao dos centros, xi, determinada aleatoriamente. Os diˆametros desses v´ortices podem ser determinados de acordo com suas posi¸c˜oes ou ent˜ao fixados.

• A circula¸c˜ao de cada v´ortice ´e determinada em fun¸c˜ao de sua posi¸c˜ao no plano de inje¸c˜ao. A dire¸c˜ao da rota¸c˜ao de cada v´ortice ´e estabelecida aleatoriamente.

• Definido o campo de vorticidade, pode-se calcular o campo de velocidade utilizando a Equa¸c˜ao 4.21. Introduz-se, portanto, o campo de velocidade obtido no plano de inje¸c˜ao na forma de um campo de flutua¸c˜oes, que ser´a sobreposto `a velocidade m´edia do escoamento.

• Em seguida, os v´ortices ser˜ao deslocados no plano em uma dire¸c˜ao aleat´oria com uma velocidade constante ou em fun¸c˜ao de sua posi¸c˜ao.

• Por fim, ap´os um intervalo de tempo determinado, τ , deve-se alterar a orienta¸c˜ao da circula¸c˜ao, invertendo v´ortices escolhidos aleatoriamente. O objetivo dessa etapa ´

e evitar a forma¸c˜ao de estruturas muito grandes, que ocupem extensa propor¸c˜ao do dom´ınio.

A cada passo de tempo τ , conforme o v´ortice assume nova posi¸c˜ao, os valores da energia cin´etica turbulenta ki, taxa de dissipa¸c˜ao εi, circula¸c˜ao Γi e comprimento da part´ıcula σi s˜ao atualizados (PENTTINEN; NILSSON, 2015). Quando a orienta¸c˜ao da circula¸c˜ao ´e alterada, considera-se que o v´ortice ´e exterminado e outro v´ortice surge em seu lugar. Por isso, denomina-se o per´ıodo τ como o tempo de vida de um v´ortice (XIE, 2016), sendo τ = k/ε.

Sergent (2002) tamb´em prop˜oe a ado¸c˜ao de v´ortices virtuais, denominados “fantas- mas”, situados no interior da parede. O v´ortice real, ao se aproximar da parede, seria influenciado por um v´ortice virtual de propor¸c˜oes idˆenticas, apresentando o mesmo sentido de circula¸c˜ao. Assim, a velocidade induzida pelo v´ortice real cairia gradualmente conforme

Cap´ıtulo 4. M´etodos de Gera¸c˜ao de Turbulˆencia nas Condi¸c˜oes de Contorno de Entrada 46

Figura 12 – Esquema do M´etodo dos V´ortices

Fonte: Xie (2016, p. 30) e Sergent (2002, p. 76)

se diminui a distˆancia entre a parede e o mesmo, at´e atingir velocidade zero na parede, obedecendo `a condi¸c˜ao de n˜ao deslizamento.

O m´etodo de v´ortices, no entanto, considera apenas as flutua¸c˜oes de velocidade no plano normal `a dire¸c˜ao do escoamento. ´E necess´ario, portanto, utilizar mais uma equa¸c˜ao para se obter as flutua¸c˜oes de velocidade restantes.

Para gerar as flutua¸c˜oes na dire¸c˜ao do escoamento, Sergent (2002) utiliza-se da Equa¸c˜ao de Langevin (4.22). O desenvolvimento da Equa¸c˜ao 4.22 para a Equa¸c˜ao 4.23 encontra-se detalhado em sua tese.

du0i = −u 0 i τ dt + (c0ε) 1/2 dWi(t) (4.22) du0i = −c1 2τu 0 idt + (c2− 1)u 0 j ∂ui ∂j dt + (c0ε) 1/2 dWi(t) (4.23)

onde co, c1 e c2 s˜ao constantes e Wi representa um processo de Wiener.

A Equa¸c˜ao 4.23 satisfaz as flutua¸c˜oes de velocidade na dire¸c˜ao do escoamento (BE- NHAMADOUCHE et al., 2006). Para as outras dire¸c˜oes, efetuou-se o c´alculo por meio da aplica¸c˜ao do m´etodo dos v´ortices (SERGENT, 2002).

Cap´ıtulo 4. M´etodos de Gera¸c˜ao de Turbulˆencia nas Condi¸c˜oes de Contorno de Entrada 47

A correla¸c˜ao entre u0i e u0j, presente no segundo termo da equa¸c˜ao, faz com que a coerˆencia das flutua¸c˜oes u0j, existente devido aos v´ortices, seja transmitida `as flutua¸c˜oes de velocidade na dire¸c˜ao do escoamento, apresentando, com isso, uma coerˆencia espa¸co-temporal (SERGENT, 2002).

Mathey et al. (2006), por outro lado, prop˜oem a utiliza¸c˜ao de um Modelo Cinem´atico Linear (Linear Kinematic Model - LKM) para obter as flutua¸c˜oes. Esse modelo projeta sobre o campo de velocidade m´edio a influˆencia dos v´ortices bidimensionais gerados no plano da entrada. E essa a abordagem utilizada no ANSYS Fluent (ANSYS, 2015). Quando´ comparado com o m´etodo de Sergent (2002), o LKM mostra-se mais vantajoso devido ao fato de que preserva inteiramente o comportamento espacial dos v´ortices ao longo do escoamento e os torna independentes de τ , seu tempo de vida.

Conforme observado em ANSYS (2015), se a velocidade m´edia na dire¸c˜ao do escoa- mento, u, for considerada como um escalar passivo, a flutua¸c˜ao u0, resultante do transporte de u por v0, pode ser obtida por:

u0 = −v0· g (4.24)

no qual g ´e o vetor unit´ario, alinhado ao gradiente de velocidade m´edia ∇u, e v0 ´e o campo de flutua¸c˜ao de velocidade do plano de inje¸c˜ao bidimensional adotado no M´etodo dos V´ortices. Caso esse gradiente seja igual a zero, considera-se uma perturba¸c˜ao aleat´oria (ANSYS, 2015).

Por fim, as flutua¸c˜oes de velocidade ao longo das trˆes dire¸c˜oes s˜ao redimensionadas por meio da diagonaliza¸c˜ao do tensor de Reynolds (VASATURO et al., 2018), conforme segue:

(u0i)redim.= u0i s

3u0iu0i

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5 Resultados e Discuss˜oes

Conforme visto anteriormente no Cap´ıtulo 4, no software ANSYS Fluent est˜ao dis- ponibilizados, al´em de m´etodos precursores, que devem ser desenvolvidos pelo usu´ario, dois m´etodos de s´ıntese, denominados Vortex Method (M´etodo dos V´ortices) e Spectral Synthesi- zer (com base na T´ecnica de Fourier). Uma outra op¸c˜ao, denominada No Perturbations, ou seja, sem perturba¸c˜oes, implica em uma simula¸c˜ao na qual a turbulˆencia n˜ao ´e imposta na regi˜ao de entrada, mas sim gerada naturalmente ao longo do dom´ınio.

A fim de comparar o impacto causado pela escolha do m´etodo estoc´astico de entrada para escoamentos em tubula¸c˜oes, Mathey et al. (2006) analisam o comportamento do M´etodo dos V´ortices e de um m´etodo precursor em um trecho reto com raio R e comprimento L. A malha utilizada foi uma malha h´ıbrida, com elementos hexa´edricos e com prismas no centro da tubula¸c˜ao. Al´em disso, para a resolu¸c˜ao num´erica, foi utilizado o modelo de submalha WALE no escoamento e na regi˜ao da parede.

Para essa simula¸c˜ao, o perfil de velocidade m´edio na dire¸c˜ao do escoamento, assim como os perfis de energia cin´etica turbulenta e da taxa de dissipa¸c˜ao foram obtidos por meio de uma simula¸c˜ao independente utilizando o modelo RANS. Os dados dessa simula¸c˜ao foram, portanto, extra´ıdos e importados na simula¸c˜ao com modelo LES. Esse procedimento garante que os dados inseridos sejam mais fi´eis `a realidade.

Quanto ao n´umero de v´ortices, N , Gerasimov (2016) recomenda que este seja uma fun¸c˜ao do n´umero de elementos no inlet, aqui denominado E, tal que:

N = E

4 (5.1)

Em seu experimento, Mathey et al. (2006) utiliza um valor N = 200, pr´oximo ao valor padr˜ao de N = 190, dispon´ıvel no Fluent. Esse dado n˜ao est´a de acordo com o proposto na Equa¸c˜ao 5.1, tendo em vista que a malha utilizada na regi˜ao de entrada foi determinada com 46 elementos ao longo do raio e 80 elementos ao longo do ˆangulo.

A Figura 13 apresenta trˆes cortes transversais da tubula¸c˜ao. As se¸c˜oes (a) e (b) representam, respectivamente, os planos de entrada e sa´ıda da tubula¸c˜ao em uma simula¸c˜ao com o M´etodo dos V´ortices como gerador de estruturas turbulentas na entrada. Por fim, a se¸c˜ao (c) representa um plano retirado por meio do m´etodo de simula¸c˜ao precursora, no qual uma se¸c˜ao espec´ıfica da geometria ´e periodicamente realimentada na entrada do dom´ınio.

´

E poss´ıvel notar que as linhas de corrente das Figuras 13b e 13c assumem um com- portamento distinto na regi˜ao pr´oxima `a parede. Esse resultado ´e descrito por Kim (1985) sob o termo bursting, que ocasiona aproximadamente 70% de toda a turbulˆencia. O fluido,

Cap´ıtulo 5. Resultados e Discuss˜oes 49

Figura 13 – Velocidade instantˆanea na dire¸c˜ao do escoamento (a) com M´etodo dos V´ortices no inlet, (b) com M´etodo dos V´ortices no outlet e (c) com uma simula¸c˜ao pre- cursora peri´odica

Cap´ıtulo 5. Resultados e Discuss˜oes 50

em alta velocidade, se choca contra a parede e cria um gradiente de press˜ao contr´ario, pro- movendo uma eje¸c˜ao do fluido na dire¸c˜ao contr´aria `a parede. Por fim, s˜ao formados pares de estruturas turbulentas com rota¸c˜oes opostas, que acarretam em uma desacelera¸c˜ao na regi˜ao interna (BUARQUE, 2007).

Tal movimenta¸c˜ao n˜ao ocorre com a mesma intensidade na Figura 13a, devido ao tamanho das estruturas turbulentas que foram sintetizadas no plano de entrada. No inlet, essas flutua¸c˜oes, por serem pequenas, n˜ao s˜ao suficientes para ocasionar eje¸c˜ao relevante na regi˜ao da parede.

O LES peri´odico pode ser tido como o m´etodo mais preciso, pois respeita a coerˆencia espacial e temporal, gerando turbulˆencia real, contr´ario dos m´etodos de s´ıntese (TABOR; BABA-AHMADI, 2010). Entretanto, pode n˜ao ser o mais eficiente quando em aplica¸c˜oes industriais, devido ao custo computacional implicado para se realizar o processo de retroali- menta¸c˜ao no plano de entrada e tamb´em para a utiliza¸c˜ao de simula¸c˜oes adicionais.

Tal afirma¸c˜ao pode ser comprovada pelas Figuras 14 e 15. O primeiro gr´afico descreve o perfil de velocidade m´edia (U +) e o segundo, o perfil das flutua¸c˜oes de velocidade normais `a parede (u0+), ambos adimensionalizados atrav´es da divis˜ao pela velocidade de atrito uτ e em fun¸c˜ao da distˆancia `a parede adimensional (r+). Uma observa¸c˜ao pode ser feita com rela¸c˜ao `

a utiliza¸c˜ao da escala logar´ıtmica no gr´afico de velocidade m´edia para melhor visualiza¸c˜ao. Figura 14 – Perfil de velocidade m´edia

Cap´ıtulo 5. Resultados e Discuss˜oes 51

Figura 15 – Perfil de velocidade RMSE

Fonte: Mathey et al. (2006, p. 64)

Pode-se perceber que a utiliza¸c˜ao de m´etodos precursores gera resultados bem pr´oximos aos obtidos em simula¸c˜oes utilizando o modelo DNS, principalmente nas regi˜oes mais pr´oximas `

a parede.

Os gr´aficos das Figuras 14 e 15 tamb´em evidenciam a curva para os perfis obtidos em duas posi¸c˜oes ao longo do escoamento utilizando o m´etodo de s´ıntese dos v´ortices. As posi¸c˜oes escolhidas foram x = L/2, representando a metade do dom´ınio, e x = L representando sua sa´ıda. Fica claro que o M´etodo dos V´ortices n˜ao ´e t˜ao preciso quanto o m´etodo precursor utilizado, superestimando mais ainda da curva do modelo DNS. Entretanto, percebe-se que os 4 casos apresentam tendˆencia similar e, no caso da velocidade RMSE, com pico na mesma regi˜ao.

Com o objetivo de comparar os m´etodos sint´eticos, foram realizadas trˆes simula¸c˜oes idˆenticas, com varia¸c˜ao apenas no m´etodo de gera¸c˜ao de turbulˆencia na entrada da tubula¸c˜ao. O modelo Smagorinsky-Lilly Dinˆamico, j´a descrito na Se¸c˜ao 3.2.2, foi escolhido para modela- gem das escalas de submalha. A geometria possu´ıa um diˆametro de 19 mm e um comprimento de 500 mm.

Os computadores utilizados possu´ıam processador i9-9900K, mem´oria RAM de 16 GB e sistema operacional Windows 10. Al´em disso, o ANSYS Fluent adotado para esse trabalho se encontrava na vers˜ao 2019 R3, no qual foi escolhida a op¸c˜ao de processamento serial.

A malha foi definida de forma an´aloga, conforme se evidencia na Figura 16, com elementos hexa´edricos e prismas no centro da tubula¸c˜ao e aproximadamente 3×103elementos

Cap´ıtulo 5. Resultados e Discuss˜oes 52

na face de entrada.

Figura 16 – Disposi¸c˜ao da malha na face de entrada o dom´ınio

Fonte: Elaborado pelos autores

Para realizar o acoplamento press˜ao-velocidade, foi utilizado o esquema SIMPLEC. Em rela¸c˜ao `a discretiza¸c˜ao espacial, utilizou-se o m´etodo Least Squares Cell Based para o gradiente, para a press˜ao, optou-se pelo esquema de segunda ordem e, para o momentum, foi escolhido o esquema Bounded Central Differencing. A discretiza¸c˜ao temporal foi feita utilizando a formula¸c˜ao Bounded Second Order Implicit.

Inicialmente, realizou-se a simula¸c˜ao com aux´ılio da op¸c˜ao No Perturbations, a qual ignora a necessidade das perturba¸c˜oes na entrada do dom´ınio. A Imagem 17 representa um corte transversal realizado em trˆes pontos do escoamento: o plano de entrada (inlet ), um plano situado na metade do comprimento da tubula¸c˜ao (0,25 m) e o plano de sa´ıda (outlet ). Figura 17 – No Perturbations: perfil de velocidade instantˆanea no inlet (esquerda), na me-

tade do comprimento do trecho reto (centro) e no outlet (direita)

Cap´ıtulo 5. Resultados e Discuss˜oes 53

Os valores m´aximos e m´ınimos foram definidos em cada imagem para que as trˆes possu´ıssem a mesma escala.

No entanto, percebe-se que a turbulˆencia se desenvolve gradualmente ao longo do dom´ınio, o que era esperado, devido `a n˜ao imposi¸c˜ao das flutua¸c˜oes na regi˜ao de entrada. Logo, o perfil apresentado se deve ao desenvolvimento do escoamento realizado previamente com aux´ılio do modelo RANS.

Figura 18 – No Perturbations: perfil de velocidade m´edia na dire¸c˜ao do escoamento

Fonte: Elaborado pelos autores

A Figura 18 evidencia a rapidez com a qual o escoamento se desenvolve, a partir do perfil de velocidade exportado da simula¸c˜ao RANS. Nesse gr´afico, s˜ao comparados os trˆes perfis de velocidade m´edia, extra´ıdos dos pontos de entrada, m´edio e de sa´ıda. Em adi¸c˜ao, na Figura 19, pode-se perceber a ausˆencia das flutua¸c˜oes de velocidade na regi˜ao de entrada conforme se distancia da parede, o que ´e destacado pela linha azul do gr´afico sobrepondo o eixo das abscissas.

Cap´ıtulo 5. Resultados e Discuss˜oes 54

Figura 19 – No Perturbations: perfil de velocidade RMSE

Fonte: Elaborado pelos autores

Em seguida, realizando a simula¸c˜ao com o Vortex Method, o M´etodo dos V´ortices descrito na Se¸c˜ao 4.2.2, como op¸c˜ao de gera¸c˜ao de turbulˆencia no plano de entrada, foi obtido o perfil ilustrado na Figura 20. Para tal, foi utilizada a Equa¸c˜ao 5.1, resultando em N = 866 v´ortices na regi˜ao de entrada. Al´em disso, tamb´em foi selecionada a op¸c˜ao “Satisfy Mass Conservation” no ANSYS Fluent, o que garante maior estabilidade e tamb´em a gera¸c˜ao de flutua¸c˜oes mais pr´oximas da realidade por obedecer a conserva¸c˜ao de massa para as flutua¸c˜oes a serem geradas no M´etodo dos V´ortices (ANSYS, 2015).

Figura 20 – Vortex Method : perfil de velocidade instantˆanea no inlet (esquerda), na metade do comprimento do trecho reto (centro) e no outlet (direita)

Cap´ıtulo 5. Resultados e Discuss˜oes 55

Ap´os an´alise `a Figura 20, ´e poss´ıvel notar que o comportamento evidenciado por Mathey et al. (2006) se repete.

Figura 21 – Vortex Method : perfil de velocidade m´edia na dire¸c˜ao do escoamento

Fonte: Elaborado pelos autores

Figura 22 – Vortex Method : perfil de velocidade RMSE

Fonte: Elaborado pelos autores

Com rela¸c˜ao ao perfil de velocidade m´edia, tamb´em ´e percebida extraordin´aria seme- lhan¸ca com os resultados obtidos anteriormente, conforme indica o gr´afico na Figura 21. Para o plano de sa´ıda e para um plano situado na metade do comprimento da tubula¸c˜ao, os perfis

Cap´ıtulo 5. Resultados e Discuss˜oes 56

s˜ao bem pr´oximos, revelando certa qualidade na gera¸c˜ao proposta pelo M´etodo dos V´ortices. Em compara¸c˜ao com o gr´afico da Figura 18, referente `a op¸c˜ao No Perturbations, nota-se que o m´etodo dos V´ortices ´e capaz de atingir um estado de turbulˆencia de forma mais r´apida.

Na Figura 22, os perfis de velocidade RMSE tamb´em est˜ao de acordo com o esperado, inclusive para a regi˜ao de pico. O inlet, entretanto, devido `a sua caracter´ıstica aleat´oria, n˜ao n˜ao pode ser utilizado como parˆametro, tendo sido ilustrado apenas para exemplifica¸c˜ao.

Em seguida, foi realizada a simula¸c˜ao com aux´ılio do m´etodo estoc´astico Spectral Synthesizer, baseado na T´ecnica de Fourier, comentada na Se¸c˜ao 4.2.1.

Figura 23 – Spectral Synthesizer : perfil de velocidade instantˆanea no inlet (esquerda), na metade do comprimento do trecho reto (centro) e no outlet (direita)

Fonte: Elaborado pelos autores

´

E percept´ıvel, ap´os uma an´alise inicial na Figura 23, que esse m´etodo apresenta uma distribui¸c˜ao radial que se propaga de forma branda e bem distribu´ıda. Tais resulta- dos assemelham-se ligeiramente aos obtidos para o caso sem perturba¸c˜oes.

Como consequˆencia, o perfil de velocidade m´edia, evidenciado na Figura 24, ´e tamb´em semelhante ao da Figura 18, com diferen¸cas quase impercept´ıveis. Tal comportamento evi- dencia a influˆencia ainda exercida pelos dados importados da simula¸c˜ao RANS nesse modelo de turbulˆencia. O perfil de velocidade RMSE, no entanto, apresenta flutua¸c˜oes no plano de entrada ligeiramente distintas e crescentes para regi˜oes mais afastadas da parede.

Conforme afirmado por Mathey et al. (2006), o pico de flutua¸c˜ao ´e superestimado, ou seja, os valores apresentados s˜ao maiores do que os valores das flutua¸c˜oes percebidos na realidade. Logo, quanto mais pr´oximo da curva no modelo DNS, mais preciso ´e o modelo de turbulˆencia. Deste modo, percebe-se que os valores de pico apresentados no gr´afico da Figura 22 (Vortex Method) s˜ao inferiores aos das Figuras 19 (No Perturbations) e 25 (Spectral Synthesizer), o que evidencia a necessidade de m´etodos eficientes de gera¸c˜ao de componentes estoc´asticos para a qualidade dos resultados encontrados no problema em estudo.

Cap´ıtulo 5. Resultados e Discuss˜oes 57

Figura 24 – Spectral Synthesizer : perfil de velocidade m´edia na dire¸c˜ao do escoamento

Fonte: Elaborado pelos autores

Figura 25 – Spectral Synthesizer : perfil de velocidade RMSE

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