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3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

9. Uso e manutenção

3.7 O emprego da madeira serrada e materiais derivados de madeira na produção de painéis de vedação

3.7.1 Madeira serrada

Para definir a espécie de madeira mais adequada para a composição de painéis de madeira, esta pesquisa procurou estudar tanto espécies provenientes de florestas plantadas como madeiras oriundas de atividade de manejo sustentável de baixo impacto em florestas nativas.

No Brasil os principais mercados consumidores de madeira estão localizados nos estados das regiões Sul e Sudeste. Para atender a esta demanda o país conta com reservas florestais nativas, hoje praticamente restritas à Região Amazônica, e com os reflorestamentos homogêneos implantados em larga escala a partir de 1966. Em relação às florestas plantadas, também chamadas de reflorestamento, destacam-se os seguintes aspectos:

 Alta produção por unidade de área;  Flexibilização de localização de plantio;

 Possibilidade de predeterminação dos rendimentos;  Homogeneização da matéria-prima.

O evidente distanciamento das fontes de madeira provenientes de florestas nativas e, conseqüentemente, o elevado custo de frete, tornam atraente a possibilidade de utilização da madeira de reflorestamento na construção civil.

A madeira na construção civil é utilizada de diversas formas em usos temporários, como: fôrmas para concreto, andaimes e escoramentos. De forma definitiva, é utilizada nas estruturas de cobertura, nas esquadrias (portas e janelas), nos forros e nos pisos. A seguir, é apresentada a Tabela 3.8 com dados sobre o consumo de madeira serrada da Amazônia empregada na construção civil, no estado de São Paulo, no ano de 2001.

Tabela 3.8 – Consumo de madeira serrada amazônica pela construção civil, no estado de São Paulo, em 2001.

Uso na construção civil

Consumo

1000 m3 %

Estruturas de cobertura 891,7 50

Andaimes e formas para concreto 594,4 33

Forros pisos e esquadrias 233,5 13

Casas pré-fabricadas 63,7 4

Total 1783,3 100

Na Tabela 3.8 acima verifica-se um uso extremamente restrito da madeira serrada amazônica em unidades habitacionais. Segundo SOBRAL (2002) o consumo de madeira pela construção civil, aplicada diretamente em casas pré-fabricadas, representa apenas 4 % do consumo de madeira serrada amazônica, no estado de São Paulo, em 2001. Por outro lado, verifica-se que o uso em estruturas de cobertura representa metade da madeira consumida no estado.

Segundo NAHUZ (2007), no que se refere à área e distribuição de florestas plantadas com eucalipto no Brasil, no ano de 2005, de um total de 3.407.204ha, o estado de Minas Gerais possui 1.063.744ha, seguido por São Paulo com 798.522 ha e o estado do Paraná com 114.996ha. No que se refere ao Pinus, à área total de florestas plantadas corresponde a 1.834.570ha, sendo que o estado do Paraná possui a maior área plantada, com 677.772ha, seguido por Santa Catarina, com 527.079ha, Rio Grande do Sul com 185.080ha, Minas Gerais com 153.000ha e finalmente, o estado de São Paulo, com 148.020ha.

Segundo CALIL (2000), no que se refere à capacidade de fornecimento de madeira, atualmente o Brasil possui uma área reflorestada com mais de 6,29 milhões de hectares, com destaque para o Pinus e o Eucalyptus, dentre outras espécies. O autor também apresenta dados sobre as áreas de florestas plantadas de Pinus na região Sul e Sudeste do Brasil: para os estados de Minas Gerais uma área plantada de 576.753 ha, São Paulo 225.190 ha. Paraná 605.132 ha, Santa Catarina 318.125 há, Rio Grande do sul 136.800 ha, totalizando 1.862.000 hectares.

Em relação à madeira serrada, CESAR (2002) citando a ABIMCI (1999) destaca que o consumo brasileiro de madeira serrada de coníferas e de folhosas está basicamente vinculado a três seguimentos industriais: moveleiro, de embalagens e na construção civil.

Outro aspecto relevante destacado por CESAR (op.cit.) refere-se às crescentes pressões por parte dos ambientalistas em relação à extração de madeiras oriundas de reservas naturais e o elevado custo do transporte dos centros produtores para os centros consumidores. O autor ainda comenta que a produção do eucalipto pode e deve ser favorecida como madeira

brasileiras, reforça o potencial dessa espécie. Também é esperado que as diversas espécies de eucalipto venham a cobrir a possível limitação em relação ao suprimento de pinus.

Em relação ao emprego de madeira nativa, VARGAS (1996) destaca que embora o Brasil tenha o maior potencial de fornecimento de madeiras tropicais do mundo, participa com apenas 1% no comércio internacional, sendo este pequeno volume composto pelas espécies Mogno, Virola, Sucupira, Cedro, Ipê, Cerejeira, Andiroba, Louro e Angelim. Há ausência de processos sofisticados de industrialização no que refere aos processos de beneficiamento, controle do índice de umidade da madeira e tratamento contra fungos, contribuindo para a baixa participação no comércio exportador.

Segundo CAMPOS (2000), a madeira serrada perde em desempenho para outros materiais de revestimento, principalmente por estar exposta às intempéries e à umidade. Porém, o desempenho de revestimentos externos de madeira é influenciado pela escolha da espécie, orientação das fibras, compatibilidade dos sistemas de acabamentos, além de três fatores principais:

 Concepção e detalhamento do projeto executivo;

 Tipo de tratamento preservativo e;

 Método e periodicidade do processo de manutenção.

Na tentativa de definir as espécies de madeira mais adequadas para a utilização em sistemas de vedação podemos destacar que as espécies de densidade de massa menores possuem as seguintes características:

 Facilidade no processo de tratamento sob pressão (autoclave);

 Menor densidade representando menor peso de peças e componentes;

 Grande número de pesquisas sobre a utilização de adesivos, pregos, conectores e grampos;

 Custo reduzido em relação à madeira serrada nativa;

 Maior controle em relação aos teores de umidade da madeira;

 Qualidade no processo de beneficiamento primário e secundário;

 Maior controle dimensional das peças;

 Menor condutibilidade térmica em relação às madeiras mais densas.

As madeiras de densidade de massa mais elevadas, na maioria dos casos provenientes de florestas tropicais nativas, apresentam as seguintes características:

 Pouco controle no teor de umidade da madeira;

 Maior possibilidade de ocorrer retração e fendilhamento das peças;

 Maior peso dos componentes pré-fabricados;

 Maior resistência aos ataques de insetos e fungos;

 Custo elevado considerado o transporte até os centros consumidores e o processo de manejo sustentável;

 Necessidade de pré-furação para a utilização de pregos;

 Maior resistência e desempenho estrutural do painel;

 Processo de secagem de peças mais longas.