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Diversas espécies são de importância econômica e tem um papel significativo na composição do Cerrado. Algumas espécies se destacam pela freqüência e produção de biomassa, bem como pela potencialidade de serem convertidas em carvão vegetal.

Paula (1999, 2005), avaliando espécies do Cerrado, conclui que as espécies Buchenavia ochroprumna, Chomelia parviflora, Copaifera maritii, Caryocar coriaceum, Dipteryx alata, Lindackeria paraensis, Parkia platycephala, Swartzia flaemingii, Vatairea macrocarpa, Platonia insignis, Salvertia convallariodora e Zeyhera tuberculata, Hymenea courbaril var. e stilbocarpa são consideradas potenciais para a produção de carvão e lenha. Segundo o autor, tais espécies devem ser indicadas em programas de manejo e enriquecimento de maciços florestais energéticos em áreas de Cerrado. Tais espécies somente poderiam ter uma utilização efetiva, dos pontos de vista econômico e ecológico, se incluídas na formação de grandes maciços florestais heterogêneos, sob planos de manejo, com rendimento sustentável. Os consórcios agrosilvopastoris poderiam apresentar-se como alternativa, possibilitando o uso diversificado de uma área, com muitos produtos. Deve-se evitar o extrativismo, em escala industrial, para fins energéticos.

Andrade (1998) estudou oito espécies nativas: Couroupita guianensis, Carapa guianensis, Piptadenia peregrina, Astronium urundeuva, Delonix regia, Schizolobium parahybum, Piptadenia gonoacantha e Calycophyllum sprussiana, comparando-as com o Eucalyptus grandis, na produção de carvão vegetal. Verificou que todas as espécies estudadas apresentaram potencialidade para produção de

carvão, destacando-se Astronium urundeuva, Piptadenia gonoacantha e Piptadenia peregrina, pelos valores mais elevados de massa específica aparente do carvão e teor mais reduzido de cinzas. Para uma indicação mais segura, fatores como ritmo de crescimento, exigências edafoclimáticas, idade de rotação, freqüência de ocorrência, dentre outros, também devem ser considerados.

Oliveira et. al. (2006) estudaram o comportamento da madeira de Mimosa tenuiflora, visando à produção de carvão. Concluíram que a espécie apresentou-se como espécie potencial, em função dos valores de rendimento gravimétrico em carvão, teor de carbono fixo, poder calorífico e massa específica aparente. Aliados à adaptabilidade na região semi-árida nordestina brasileira, a espécie pode ser considerada apta para a produção sustentada de biomassa para geração de energia, uma vez que apresenta potencial energético superior ao Eucalyptus grandis e muitas outras espécies da própria Caatinga.

Gonçalves et. al (1999) estudaram as características da madeira de Mimosa caesalpiniaefolia para a produção de carvão vegetal. Verificaram que o carvão apresentou elevado rendimento gravimétrico (32,04%), baixo teor de cinzas (1,71%) e elevado teor de carbono fixo (75,60%).

2.6.1 Caryocar brasiliense (pequi)

O pequi (Caryocar brasiliense) pertence à família Caryocaraceae. É uma família exclusivamente neotropical, com vinte e cinco espécies reunidas em dois gêneros, Caryocar e Anthodiscus. O gênero Caryocar possui dezesseis espécies, sendo doze nativas brasileiras. Vários são os nomes comuns da espécie em questão: pequizeiro, piqui, pequi, pequiá e piquiá. A espécie apresenta porte arbóreo atingindo entre 8 a 12 m de altura e, no Cerrado do Brasil Central, atinge até sete metros. A madeira é medianamente pesada, macia, resistente e de boa durabilidade natural (FRANCO et al. 2004; LORENZI, 1998).

2.6.2 Qualea grandiflora (pau terra).

O pau terra (Qualea grandiflora Mart.) pertence à família Vochysiaceae; é uma planta pioneira, que ocorre no Cerrado e na Região Amazônica e se estende até os Estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. Ela é também conhecida popularmente como pau-terra-do-campo, pau-terra-do-Cerrado e ariauá

(LORENZI, 1992). Possui ampla dispersão em todo o Cerrado Central brasileiro, com alta freqüência de indivíduos, sendo facilmente encontrada em terrenos altos, secos e bem drenados. A madeira possui densidade mediana (450 Kg/m3), macia ao corte, com textura média, pouco resistente e suscetível ao apodrecimento.

2.6.3 Magonia pubencens (tingui)

O tingui é uma árvore da família Sapindaceae, de ocorrência natural desde os Estados do Ceará até Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, no Cerrado. Sua madeira é moderadamente pesada (600 Kg/m3), dura, textura média e de boa resistência ao ataque de organismos xilófagos. Utilizada na construção civil, como caibros, ripas, na confecção de esquadrias, batentes de portas e janelas, lenha e carvão. A infusão da casca da raiz é empregada para intoxicar os peixes, para posterior captura. As sementes são usadas na indústria de artesanato para composição de arranjos florais secos. A árvore é bastante ornamental, principalmente pela folhagem, com aspecto rendilhado e pode ser empregada na composição de jardins e praças e, principalmente, na arborização de ruas estreitas. É considerada planta pioneira, adaptada a terrenos fracos, indicada para plantios de áreas degradadas, de preservação permanente (LORENZI, 1992).

2.6.4 Inga laurina (ingá)

O ingá (Inga laurina) é uma árvore pertencente à família Leguminosae- Mimosoideae, amplamente distribuída em todo o Brasil, ocorrendo da Amazônia até os Estados do Nordeste e, daí, até o Sul do País. Possui altura entre 10 e 20 m, dotada de copa ampla e baixa, com tronco lenticelado. A árvore que possui copa frondosa é utilizada para sombreamento de cafezais, na América Central. É uma planta perenifólia, heliófita, seletiva higrófita, características de matas úmidas, com ampla distribuição nas matas, porém de forma descontínua. Ocorre em quase todas as formações vegetais. A madeira é moderadamente pesada, com densidade de 0,70 g/cm3, macia, de textura média à grossa, grã direita. A madeira pode ser utilizada para caixotaria, lenha e carvão (LORENZI, 1998).

2.6.5 Bowdichia virgiloides (sucupira)

A sucupira (Bowdichia virgiloides) é uma árvore pertencente à família Leguminosae-Papilionoideae, característica do Cerrado, de ocorrência nos Estados do Pará, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e São Paulo. Apresenta características de planta pioneira, seletiva xerófita, adaptada a terrenos secos e pobres (RIZZINI, 1971). Sua madeira é pesada, fibrosa, bastante decorativa e de longa durabilidade natural, empregada para acabamentos internos, como assoalhos, lambris, molduras, painéis e portas. A árvore é extremamente ornamental quando em floração, podendo ser empregada, com sucesso, nos trabalhos de paisagismo; é particularmente útil para arborização de ruas. É considerada planta pioneira e adaptada a terrenos secos e pobres, indicada para plantios em áreas degradadas de preservação permanente (LORENZI, 1992).

2.6.6 Piptadenia gonoacantha (pau-jacaré)

Popularmente conhecida como jacaré e pau-jacaré, é uma árvore pertecente a família Leguminosae-Mimosoideae, de ocorrência nos Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul até Santa Catarina, principalmente na floresta pluvial da Encosta Atlântica. Apresenta escamas no caule, variando, em média, de 10 a 20 metros de altura. Os ramos e o tronco, quando jovens, possuem asas lenhosas longitudinais, folhas compostas. Sua madeira é moderadamente, dura ao corte, porém mole para trabalhar, textura grossa, grã irregular, medianamente resistente ao ataque de organismos xilófagos. É utilizada para fazer acabamentos internos, armação de móveis, confecção de brinquedos e embalagens (LORENZI, 1992). É usada como lenha e carvão, sendo considerada uma das melhores madeiras para a produção de energia, em função da maior densidade básica do lenho e do baixo teor de cinzas do carvão (ANDRADE et al. 1998). As flores são de grande valor melífero. Como planta pioneira de rápido crescimento, é indispensável nos reflorestamentos mistos, destinados à recomposição de áreas degradadas de preservação permanente (LORENZI, 1992).

2.6.7 Dipteryx alata (baru)

Papiolionoideae, de ocorrência nos Estados de Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e São Paulo, nas áreas de Cerrado e na Floresta Latifoliada Semidecídua. Sua madeira é medianamente pesada, com grã irregular a revessa, superfície pouco lustrosa, compacta, com alburno distinto, de alta resistência ao apodrecimento e ao ataque de organismos xilófagos, mesmo em condições adversas. A madeira é utilizada para construção de estruturas externas (estacas, postes, obras hidráulicas, moirões, cruzetas, dormentes etc.) e construção naval e civil (vigas, caibros, ripas, batentes de portas e janelas, tábuas e tacos para assoalhos, lambris, forros, carrocerias etc.). A polpa dos frutos é aromática e avidamente consumida pelo gado e animais silvestres. A amêndoa é comestível e muito nutritiva (LORENZI, 1992), além de servir de fonte de um óleo de excelente qualidade, que costuma ser utilizado pela população local como aromatizante para o fumo (TASSARO, 1996). A árvore é majestosa e elegante, além de proporcionar ótima sombra; pode ser utilizada com sucesso no paisagismo, em geral (LORENZI, 1992).

2.7 Propriedades da madeira e sua influencia no carvão