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Maneio clínico das parasitoses gastrointestinais do gato

No documento Parasitas gastrointestinais em gatos (páginas 42-45)

2.4.1. Diagnóstico

Inicialmente, e em comum com qualquer outra doença nos animais de companhia, deve realizar-se uma anamnese e exame físico completos, de modo a detetar fatores de risco (idade, contacto ou não com o exterior e outros animais, e proveniência, entre outros) e sinais clínicos que possam direcionar a abordagem clínica.

Relativamente às parasitoses intestinais, uma vez que os parasitas se encontram frequentemente no intestino, as análises fecais tornam-se essenciais. Estes exames podem ter resultados negativos, sendo, no entanto, considerada por alguns autores, a necessidade de realização de três exames a amostras obtidas em dias alternados (Martínez-Fernandéz et al., 1999).

As análises fecais, apesar de úteis, só o são no caso de parasitoses em que há formas parasitárias eliminadas nas fezes, quer sejam ovos, embriões, larvas, trofozoítos, quistos ou oocistos, de acordo com a espécie de parasita que estamos a considerar.

Inicialmente, no exame coprológico, realiza-se a análise macroscópica das fezes para observação de trematodes adultos, proglotes de cestodes e nematodes adultos. Posteriormente, após limpos, fixados e corados procede-se à identificação dos parasitas.

A análise microscópica pode ser feita diretamente quando o número de formas parasitárias assim o permite, ou após técnicas de enriquecimento para concentrar os elementos parasitários, quer sejam estas de sedimentação ou flutuação. As técnicas de sedimentação utilizam fluídos com densidade superior às matérias fecais, mas inferior aos elementos parasitários, levando a que estes sedimentem. As técnicas de flutuação utilizam soluções hipertónicas que fazem flutuar as formas parasitárias (eficazes para quistos e oocistos de protozoários e ovos de nematodes e cestodes).

43 Também existem métodos físico-químicos ou difásicos, que fazem, numa primeira fase, a separação dos resíduos mais volumosos e, numa segunda fase, concentração por sedimentação.

A necropsia parasitológica também pode ser utilizada na deteção de parasitas adultos no intestino, como referido por vários autores, entre os quais Fang et al. (2015) e Emamapour

et al. (2015).

A microscopia tem, no entanto, sensibilidade limitada e implica conhecimento para diferenciação das formas parasitárias. Como tal, iniciou-se a utilização de métodos laboratoriais no diagnóstico destes agentes, baseados na deteção de antigénios ou ácidos nucleicos. Um exemplo destes casos foi descrito por Bouzid et al. (2014), que utilizaram diferentes métodos para a deteção de Giardia spp., incluindo ELISA, IFA e PCR, obtendo com estes, maior sensibilidade do que apenas com microscopia.

Zboromyrska et al. (2016) concluíram que os métodos baseados na deteção de antigénios têm, apesar de tudo, o problema de detetarem apenas algumas espécies de microrganismos (Giardia spp., Cryptosporidium spp., entre outros), sendo o seu uso restrito no diagnóstico de parasitoses intestinais. Referem ainda que, na última década foram desenvolvidas ferramentas com base na PCR, para detetar parasitas e outros agentes específicos diretamente de amostras de fezes.

2.4.2. Terapêutica e Controlo 2.4.2.1. Cystoisospora spp.

 A maioria dos animais responde a coccidiostáticos, sendo os mais utilizados: sulfadimetoxina (Zoetis), trimetropim-sulfadiazina (Merck ou MSD) e Amprolium (Merial), de acordo com Jarvinen (2006);

 Em animais jovens com muita diarreia faz-se fluidoterapia para reposição do equilíbrio eletrolítico e hídrico;

 Devem-se identificar e eliminar fatores imunossupressores: dieta, condições ambientais, entre outros.

44 Jarrad et al. (2016) referem que os nitroimidazóis são os fármacos de primeira linha no tratamento de infeções por Giardia, sendo o metronidazol o mais utilizado no mundo. Observam, no entanto, que o crescimento de resistências a estes fármacos leva à necessidade de pesquisa de novos derivados no combate a infeções por este género de parasitas.

Associado ao tratamento farmacológico devem ser tomadas medidas hígio-sanitárias como: desinfeção dos locais, tratamento de águas residuais e de consumo, deteção e tratamento de animais portadores e com manifestações clínicas e maneio adequado dos animais (de Vega, 1999).

Adicionalmente deve ser feito tratamento de suporte aos animais com diarreias severas.

2.4.2.3. Dipylidium caninum

 O fármaco de eleição é o praziquantel, bem tolerado, sendo que um só tratamento permite eliminar 100% das formas adultas (Acedo et al., 1999);

 Deve proceder-se à destruição dos ovos através de hipoclorito de sódio, álcool a 70% ou pelo calor;

 É importante prevenir reinfeções a partir do controlo das pulgas (hospedeiros intermediários).

2.4.2.4. Toxocara cati

Segundo o Grupo de Aconselhamento sobre Parasitas de Animais de Companhia (CAPC), em 2016, os produtos aprovados para o tratamento de adultos de T. cati são:

 Imidacloprida + moxidectina (Advocate for Cats, Bayer Animal Health). Também eficaz contra larvas do estádio L4;

 Praziquantel/pamoato de pirantel (Drontal, Bayer Animal Health);  Milbemicina oxima (Interceptor Flavor Tabs for Dogs and Cats, Elanco);

 Emodepside/praziquantel (Profender Topical Solution, Bayer Animal Health). Também eficaz contra larvas do estádio L4;

 Selamectina (Revolution, Zoetis).

Apesar de T. cati eliminar menos ovos que T. canis (Díez-Baños et al., 1999), há certas medidas que devem ser tomadas como:

45  Manter os gatos sempre em condições higiénicas;

 Promover ação direta de raios solares ou dessecação, métodos mais eficazes na eliminação dos ovos do que detergentes industriais.

2.4.2.5. Trichuris vulpis

Para tratamento de infeções provocadas por este agente usam-se anti-helmínticos como mebendazol, fenbendazol, oxfebendazol e ivermectina, apesar de nenhum ser totalmente eficaz contra todos os estádios desta espécie de parasita, tornando-se necessário, em muitos casos, aplicações repetidas (Diéz-Baños et al., 1999).

Segundo o CAPC (2016), as medidas de controlo que podem ser tomadas face a T. vulpis são:  Remover rapidamente as fezes dos animais do ambiente para diminuir exposição dos

outros aos ovos embrionados;

 Fazer análises periódicas e tratar animais infetados;

 Usar tratamentos anti-helmínticos mensais de largo espetro para prevenção destas parasitoses.

3. Materiais e métodos

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