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1 CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS

4.2 DIMENSÃO TÉCNICA–AGRONÔMICA

4.2.3 Manejo e conservação de solo

A seguir, será apontada a forma como os agricultores realizam o preparo de solo nas UPAs, os implementos e maquinarias utilizados, e as práticas que geralmente são empregadas nas lavouras.

No preparo de solo, observou-se uma movimentação intensiva, sobretudo nas áreas de culturas anuais e olerícolas, expondo a microvida do solo às chuvas e à insolação, favorecendo, assim, a erosão. Esta movimentação é realizada com vários tipos de implementos agrícola, observando-se que: 29,41% das UPAs tinham equipamentos de arado com tração animal; 41,17% mecanizado com grade e 5,88% enxada rotativa, que é danosa à estrutura do solo.

Segundo BLEY (1999), “o arado da origem à erosão do solo, na intenção de

oxigenar mais o solo é consumida a matéria orgânica” e como já fora mencionado,

grande parte das unidades produtivas apresentam insuficiente abastecimento desta. O mesmo autor sustenta que “as técnicas de arar e gradear as terras aceleram a atividade

o solo mais denso além de desestruturá-lo, facilitando o escoamento superficial das águas das chuvas, causando a erosão hídrica”.

A esta situação somam-se a falta de cobertura vegetal em muitas áreas cultivadas, a excessiva movimentação de solo nas áreas com culturas anuais e, em alguns casos, o uso de maquinaria pesada. Fatores como estes contribuem com o empobrecimento do solo em suas condições físico-químicas e biológicas, sendo um dos aspectos mais importantes e urgentes a intervir na busca da eficiência nas práticas de recuperação e conservação do solo a serem usadas.

Recomenda-se evitar tanto quanto possível a movimentação de solo e, para isso, tem-se que usar nas unidades práticas de cultivo mínimo e plantio direto. O plantio direto só esteve presente em 5,88% das unidades e sempre em áreas com sistema de manejo convencional, onde, por um lado, protegem o solo com cobertura, mas com prejuízos pela sua contaminação com produtos químicos.

Pôde-se também constatar que os agricultores são conscientes do prejuízo que algumas destas práticas causam ao solo, haja vista que, com as práticas alternativas atuais, eles não conseguem economizar mão-de-obra e decidem continuar com as práticas agressivas.

O quadro 13 relaciona o percentual de agricultores com os respectivos implementos agrícolas usados no preparo do solo.

QUADRO 13. Percentagens de agricultores segundo implementos agrícolas utilizados no preparo do solo nas unidades de produção estudadas

Preparo de solo utilizado N° de agricultores %

Arado com tração animal 9 52,94

Arado mecanizado 9 52,94

Enxada rotativa 1 5,88

Subsolador 1 5,88

Plantio direto 1 5,88

Fonte: Pesquisa de campo, maio – junho, 2001

Assim, o uso de práticas que reduzem a movimentação do solo é muito pequeno, embora seja uma técnica indicada pelas normas da agricultura de bases ecológicas.

MANEJO DE SOLO Carmen Elena Bermúdez S.

Carmen Elena Bermúdez S.

Carmen Elena Bermúdez S.

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Foto 1. Prática agroecológica de conservação de solo. Agricultor de Maquiné, maio 2001.

Foto 2. Prática agroecológica de conservação de solo (cobertura com feijão miúdo). Agricultores de Sobradinho, maio 2001

Foto 3. Manejo de solo em área de cultura convencional. Agricultor de Ibarama, maio 2001

Foto 4. Manejo de solo em área de cultura convencional. Agricultor de Ibarama, maio 2001

Considera-se que, além de pouca disposição de mão-de-obra nas UPAs, é fator importante a falta de pesquisa e de mais referências técnicas que reduzam a incerteza quanto aos resultados.

A rotação, sucessão e consórcio de culturas são considerados indispensáveis na diminuição de risco de pragas e doenças, além de melhorar o aproveitamento de nutrientes, contribuindo também para a diversificação da fauna e flora edáfica e para a manutenção da diversidade do sistema. A rotação de culturas é usada em 94,1% das unidades de produção, sobretudo nas culturas anuais e hortícolas (algumas delas são milho-feijão, aipim-milho, feijão-hortaliças, milho-batata, batata-feijão, entre outras); já o consórcio entre plantas é utilizado em 41,1%, especialmente nas culturas perenes (observou-se citrus com pêssego, citrus com florestal nativo, citrus com culturas anuais, como aipim, feijão, batata, hortaliças, entre outros). Já nas culturas anuais, observa-se pouco o consórcio, e as em que ele está presente ocupavam pequenas áreas. Outras práticas realizadas são: adubação verde, considerada importante por 88,2% dos agricultores, sendo muito comum nos pomares e pouco nas áreas de cultivos anuais, como foi mencionado anteriormente.

A cobertura morta (especialmente gramíneas) é usada em 17,6% das UPAs em áreas de horticultura, utilizando-se para tal fim estas espécies, restos de culturas e parte da mesma vegetação espontânea. Nessas áreas, também são empregadas a irrigação 47,06%, e estufas 17,6%. A maior parte conta com instalações rústicas.

Outra prática pouco utilizada é o manejo e uso de variedades resistentes; só 11,8% são conscientes da sua importância, os quais são aqueles que, além de produzir com estas variedades, mantêm estoque de sementes para sua conservação nas unidades. O quadro 14, mostra as diferentes práticas de manejo e de conservação do solo que os agricultores realizam, além do valor percentual no uso nas unidades produtivas.

Considera-se importante rever o excesso de movimentação que apresentam as áreas ocupadas com culturas anuais nas unidades visitadas ou minimamente reduzirem o grau de intervenção com o emprego de cultivos mínimos, aumentando o potencial da produção de matéria orgânica para estas áreas, mantendo maiores áreas com coberturas de diversas espécies como adubo verde, melhorando a fertilidade do solo, aumentando a produção, a produtividade e a eficiência de algumas práticas e tecnologias usadas pelos agricultores na busca de melhores resultados na produção sustentável.

QUADRO 14: Percentagem de agricultores, segundo as práticas de manejo e conservação de solo nas unidades de produção agrícola estudadas. Práticas de conservação No de agricultores % de uso nas UPAs

Rotação de culturas 16 94,1

Consórcio entre plantas 7 41,1

Adubação verde (incorporada) 15 88,2

Adubação mineral 5 29,4

Adubação orgânica 16 94,1

Cobertura morta 3 17,6

Variedades melhoradas 2 11,7

Fonte: Pesquisa de campo, maio – junho, 2001

Para tal fim, é muito importante ter em conta as estratégias e os insumos usados nas unidades de produção que levem a uma maior otimização dos recursos disponíveis nas unidades. A seguir, serão apresentados os insumos utilizados, enfatizando a necessidade da integração lavoura-pecuária para a produção de dejetos animais como forma de aumentar a disponibilidade de adubos orgânicos nas unidades de produção.

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