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Capítulo III. Levantamento do estado da arte para tipos de letra dinâmicos

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3. Formas de interação com fontes dinâmicas

3.2 Manipulação de fontes dinâmicas

3.2.2 Manipulação direta nas formas das letras

Interface Font Playground Permite fazer alterações directamente nas palavras,

aplicando-as na caixa de texto53. Selecionando, por exemplo, a linha de altura-x, o utilizador pode movê-la para cima ou para baixo [FIG. 174, 175, 176].

Interface Axis Praxis — Fit-to-Width Eixos de fontes variáveis podem estar

directamente vinculados a uma ampla variedade de inputs. Por meio de técnicas, como as apresentadas de seguida, poderá ser possível fontes variáveis aderirem às dimensões do layout/contentor (Johnson, 2017).

Os eixos de largura e peso de uma fonte podem estar directamente relacionados ao contentor no qual uma ou mais linhas de texto possam ser inseridas. As fontes variáveis permitem associar a variação do contentor a uma variação de um ou mais eixos da fonte.

Laurence Penney (2016a) desenvolveu o Fit-to-Width, na qual vincula a fonte à altura e largura da caixa de texto/contentor, permitindo também manipular a área de texto em vez do tipo directamente (Johnson, 2017).

Neste contexto, as extremidades da caixa de texto permitem expandir ou condensar a forma dos caracteres (recorrendo a um eixo de largura), ajustando- os automaticamente à largura e altura da caixa. Se a caixa de texto mudar de altura ou proporção, as variações da fonte são usadas para se ajustar.

53 A seleccão dos eixos que

podem ser manipulados não tem uma lógica associada. O tipo de letra demonstrado abaixo, por exemplo, possui três eixos, peso, altura-x e tamanho óptico. Contudo, apenas podem ser testados os dois últimos.

Esta aplicação permite ainda levar a expansão ou condensação além do intervalo disponibilizado pelos eixos da fonte distorcendo as formas. Desta forma, para que o utilizador tenha percepção desta distorção, a cor aos pontos de selecção da caixa é alterada. Se os pontos estão a verde indica que se está no intervalo de variação dos eixos [FIG. 177]. Se são vermelhos ou azuis a forma dos caracteres estará a ser distorcida [FIG. 178, 179].

[FIG. 177] Dentro do espaço de

design da fonte. A fonte utilizada tem eixo de peso e largura sendo este último o que está associado à caixa de texto. Conforme o utilizador move os cantos da caixa de texto, o corpo da fonte e a configuração da largura da fonte são ajustados para que o texto preencha a caixa de texto. Tipo de letra: Skia. Designer: Mathew Carter.

[FIG. 178, 179] Fora do espaço de

[FIG. 180] Cursor à esquerda. Reduz

o comprimento das ascendentes e descendentes (Ronneberger, Volmer, e Abendroth, s.d).

[FIG. 181] Cursor à direita. Estende

o comprimento das ascendentes e descendentes (Ronneberger, Volmer, e Abendroth, s.d).

[FIG. 182] Cursor à esquerda. Abre a

contraforma das letras (Spectral, s.d).

[FIG. 183] Cursor à direita. Fecha a

contraforma das letras (Spectral, s.d).

Movimento do cursor para visualizar alterações No artigo online Back to

the future: optical size as a typographic quality characteristic da Monotype

(Ronneberger, Volmer, e Abendroth, s.d) é possível, ao invés de um eixo, interacção com algumas palavras e variações respectivas através do movimento horizontal do cursor sobre a palavra [FIG. 180, 181].

Por sua vez, o tipo de letra Spectral (2017), desenvolvido pela Prototypo, possui um specimen interactivo, que reage igualmente ao movimento do cursor [FIG. 182, 183].

Realidade aumentada O designer Andrew Johnson tem explorado formas

de manipulação de fontes variáveis com realidade aumentada (diferente de realidade virtual54). O utilizador manipula fisicamente e o tipo de letra varia digitalmente [FIG. 184, 185, 186].

54 Realidade Aumentada, ou

Augmented Reality, consiste trazer elementos virtuais para o mundo físico. Em essência, ao mover-se num ambiente físico, as acções do utilizador (movimento/ interacção) têm consequências directas nos elementos virtuais renderizados, e tudo em tempo real (Lima, 2018). Por sua vez, o conceito de Realidade Virtual, ou Virtual Reality, é baseado na teoria do desejo do ser humano escapar dos limites do “mundo real”, permitindo-lhe imergir no mundo digital (Paszkowska, 2017, 20:40).

[FIG. 184, 185, 186] “Adjusting

responsive typography with marker UI”. Tipo de letra: Mutator Sans. Designer: Erik van Blokland (Johnson, 2018).

O objectivo do levantamento realizado neste capítulo centra-se em perceber o que fontes dinâmicas permitem fazer, como estão a ser exploradas na prática. Percebe-se que são ainda desconhecidas da maioria dos utilizadores e surge uma preocupação por parte de designers em como serão utilizadas no futuro.

A ampla experimentação mostra o potencial das tecnologias. Estas fontes podem responder aos mais variados inputs, desde a simples interacção através de um eixo, à responsividade a elementos externos como sons ou distâncias. Podem ainda ser utilizadas para melhorar a acessibilidade de uma palavra ou texto e permitir diversas automações.

Desta forma, a nível de interação percebe-se a utilização do eixo como elemento principal na grande maioria das ferramentas. Contudo, surgem outras formas pontuais das mais diversas áreas procurando automatizar alguns elementos, esconder outros, saltar entre posições num eixo ou manipulando directamente as palavras. Um mundo de experimentação está ao dispôr e prevê- se vantagens deste género de fontes em diversos territórios.

Várias interfaces têm sido desenvolvidas de forma a introduzir a manipulação de fontes dinâmicas ao público, e centenas de fontes variáveis encontram-se actualmente no mercado. Grande parte destas fontes são destinadas à composição de texto e, ainda que os eixos mais utilizados variem elementos conhecidos a designers gráficos, como peso ou largura, muitas das vezes são utilizados parâmetros que, na generalidade, fogem ao seu conhecimento.

A grande flexibilidade que estas fontes trazem vai além daquilo a que o designer gráfico e o utilizador estão habituados, sendo que, até hoje, têm escolhido entre variantes fixas de uma ou mais famílias de tipo previamente estabelecidas pelo designer de tipos, principal factor que levou ao insucesso de tecnologias anteriores. Peter Bil’ak (as cited in Lehni, 2011c) refere:

“Fonts are an interesting product, because they are not the final product. When making fonts, standard tools are used to produce non-standard tools for graphic designers. The question is to what point the fonts should be designed, because to a certain extent they are going to be redesigned by

Síntese Conclusiva

someone else — someone else will choose the sizes, leadings, colours, and context in which they will appear.”

As fontes são cada vez menos produtos finais, tornando-se cada vez mais dependentes do utilizador.

Capítulo IV. Propostas para utilização e