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Didácticos

6.OS PROFESSORES E OS MATERIAIS DIDÁCTICOS

7. MANUAL ESCOLAR

Diversos estudos (Pereira & Duarte, 1999; APM/IIIE 2001) apontam que, actualmente, o manual escolar corresponde ao meio de ensino mais usado. No relatório de Matemática 2001 (APM/IIE, 2001), o manual escolar é indicado por 90% dos professores inquiridos do 1º ciclo como sendo o elemento de trabalho mais utilizado para ensinar Matemática. Tendo em conta que dos materiais usados pelos professores o manual escolar é o que ao longo dos tempos foi preferido pelos mesmos, considerou-se essencial fazer uma referência mais aprofundada acerca do mesmo.

Segundo Tormenta (1996) o manual desempenha várias funções, tais como de informação, estruturação e organização da aprendizagem e também guia do aluno. Apesar de o manual destinar-se ao aluno, é com base no manual que o professor planifica e organização as actividades lectivas, funcionando este como se fosse o próprio programa.

Oliveira (2006) em consonância com os estudos efectuados por Love e Pimm (1996) e Gerad e Rogiers (1998) organizou as várias funções associadas ao manual escolar em dois grandes grupos: a função pedagógica e a função cientifica /curricular. No primeiro grupo a autora considera a função do manual como um:

“veículo ideológico e cultural que permite a vivência de experiências de natureza diversa, de entre a quais , se salienta a promoção e a transmissão clara e organizada dos mais variados temas e saberes, que em união com o facto de ser veículo dos programas oficiais e um depositário de conhecimento, permite um educação através do livro , apoiando a aprendizagem de métodos e o desenvolvimento de atitudes.” (Oliveira, 2006).

Enquanto no segundo grupo, apesar de interligada com a primeira função, o manual tem o papel de transmitir conhecimentos, isto é, de determinar em relação a cada conteúdo, uma sequência lógica e também orientar e tornar inteligíveis os conteúdos do currículo.

Os manuais escolares quando bem elaborados podem ser de guias, abrir caminhos, constituir pontos de referência para quem trabalha com eles. Em muitos casos, o manual escolar é mais do que isso, chegando mesmo a substituir o programa de

45 muitas áreas curriculares, no 1º ciclo do ensino básico (Correia, 1998). Podendo afirmar-se que os manuais personificam o programa e os professores regem-se por estes, como a vantagem de muitos deles trazerem inserida a planificação das materiais e conteúdos por períodos lectivos e por meses (Correia, 1998).

Relativamente à forma como o manual é encarado pela maioria dos professores estudos realizados no nosso país (Pereira & Duarte 1999) concluíram que :

“- a maioria dos professores planifica o seu ensino tendo por base o manual escolar;

- O manual escolar constitui o suporte básico e fundamental para organizar as aprendizagens dos alunos;

- muitos professores consideram que o manual constitui um mediador importante na construção do conhecimento científico escolar”( Pereira &Durarte,1999:367).

Em consonância, também estudos realizados em outros países (Marrero e Arnay, 1986; Stinner, 1992; Johnsen 1993 referidos em Perreira & Duarte 1999) apuraram que cerca de 93% dos professores, utilizam o manual escolar do aluno, o guia do professor e outros guias de planificação, nas suas próprias planificações.

Contundo os manuais nem sempre são usados da mesma forma pelos professores, para confirmar esta afirmação existem vários estudos desenvolvidos, (APM, 1998; Cabrita 1999; Freeman, 1983) que identificam e descrevem estilos e formas de uso do texto na planificação do trabalho docente ou na sala de aula, relacionando-os com alguns casos, com crenças, concepções ou ideologias pedagógica dos professores.

Numa investigação realizada junto de um conjunto de professores de Matemática de Lisboa e arredores, Janeiro (2005) questionou-os sobre o processo de apreciação e adopção dos manuais, o grau de satisfação com o manual adoptado e a sua caracterização, bem como a utilização que eles fazem os professores.

Na discussão sobre a utilização do manual, a forma e frequência como este é utilizado, a sua centralidade no ensino –aprendizagem da Matemática foram os assuntos que mereceram maior importância.

Verifica-se que os professores inquiridos em larga maioria (87%), utilizam sempre ou muitas vezes o manual adoptado na planificação e preparação das aulas

46 O Programa (81%) surge a seguir como material usado sempre e muitas vezes na preparação das aulas. Só depois surgem os outros manuais (67%), o Curriculo Nacional (60%) e por fim com a mesma percentagem outros livros/materiais (46%).

Também constata-se que o manual adoptado corresponde à principal fonte de informação escrita recorrida pelos professores aquando da selecção das actividades, dos problemas e exercícios a propor para trabalho na aula ou em casa (86%), nas decisões sobre como apresentar um novo conteúdo/tópico (65%), na planificação e preparação das aulas de Matemática decidem, (58%) e também quando seleccionam questões para testes ou fichas de avaliação (33%).

Quando questionados sobre a frequência com que utilizam o manual adoptado na prática lectiva verifica-se que a maioria dos professores (91%) declara utilizar o manual sempre, quase sempre ou muitas vezes nas aulas, 59% afirmam utilizar sempre ou quase sempre e 32% afirmam utilizarem em muitas aulas. Cerca de 7% dos professores afirmam utilizá-lo em algumas aulas e apenas 2% afirma que nunca ou raramente o utilizam.

Relativamente o tipo de utilização do manual que os professores propõem habitualmente aos seus alunos, apura-se que a maioria, frequentemente, propõe aos seus alunos a realização de propostas de trabalho do livro, quer na aula, quer em casa. Sendo a utilização do manual com a leitura e análise de textos propostos pelos professores muito menos frequente tanto na aula como em casa, apesar de em casa ser um pouco mais frequente que na aula. Outros tipos de utilização surgem como propostas com muito menos frequência.

Para além disso os professores foram questionados de modo a comparar a utilização de outros materiais curriculares com o manual de Matemática. Averigua-se que mais de metade dos professores dizem considerar importantes, além do Manual de Matemática os materiais tais como: fichas de trabalho (82%), caderno diário (80%), materiais manipuláveis (65%), calculadora (59%), jogos (46%), computador e software didáctico (35%), livro de exercícios / actividades (34%) e por fim a Internet (25%).

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CAPÍTULO III – METODOLOGIA

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