1º ciclo do Ensino Básico
5.PROCESSO DE RECOLHA DE DADOS
5.1 CONCEPÇÃO E CONSTRUCÇÃO DO QUESTIONÁRIO
Para a construção do questionário poder fornecer melhores respostas, procurou- se seguir os procedimentos sugeridos por Hill & Hill (2001) que consideram fundamental efectuar dois estudos preliminares: entrevista exploratória e pré-teste do questionário.
55 Primeira fase (exploratória), em que se procedeu ao levantamento dos materiais didácticos de Matemática existentes no Agrupamento de escolas e à utilização e aplicação de dois instrumentos, nomeadamente, entrevistas exploratórias a dois professores para recolher dados pertinentes visando a construção do pré- questionário aplicado a 5 professores o qual se mostrou útil ao aperfeiçoamento do instrumento de estudo, questionário;
Segunda fase (estudo) em que se elaborou como instrumento de pesquisa, o questionário, e aplicou-se ao universo alvo do estudo, constituído por 53 indivíduos, ou seja, a totalidade dos professores do 1ºciclo do Agrupamento. Assim, tendo por objectivo saber como é utilizado o material didáctico pelos professores nas aulas de Matemática do 1º ciclo, o presente estudo baseia-se nos seguintes elementos de recolha e de análise:
1. Listagem dos materiais didácticos existentes no Agrupamento, a fim de saber que materiais existem no Agrupamento;
2. Entrevistas exploratórias a dois professores pertencentes ao Agrupamento em estudo, tendo em vista recolher opiniões sobre a utilização dos materiais didácticos nas aulas de matemáticas e obter pistas ou ideias elucidativas para a estruturação do questionário;
3. Um pré-questionário passado a cinco professores pertencentes ao agrupamento em estudo, com vista a obter informações e a aferir o questionário definitivo; 4. Um questionário definitivo passado a todos os professores d 1º ciclo do
agrupamento em estudo, tendo por objectivo obter informação sobre a utilização dos materiais didácticos nas aulas de Matemática.
De seguida apresentamos em detalhe cada um dos procedimentos.
5.1.1 ENTREVISTAS EXPLORATÓRIAS
A entrevista corresponde a uma das técnicas de recolha de dados mais usadas na investigação, em geral, e na investigação em educação, em particular. Define-se pela interacção verbal estabelecida entre o entrevistador e o respondente, em situação face a face (Afonso, 2005). Embora partilhando esta ideia, Bogdan & Biklen (1994) ampliam- na afirmando que a entrevista consiste numa conversa intencional, entre duas ou mais pessoas, conduzida por uma delas a fim de obter informações ou dados.
56 Diversos autores definem vários tipos de entrevista de acordo com: o grau de directividade imposto, a intervenção por parte do entrevistado e a profundidade dos dados obtidos. Assim, de acordo com Ghiglione & Matalon (2005) é possível observar um aumento da directividade aliado à crescente intensidade da participação do entrevistador, que nos posiciona desde a entrevista não directiva até à entrevista directiva.
Por sua vez, Madelaine Grawitz (1993, citado em Carmo e Ferreira, 1998) classifica as entrevistas em seis tipos de acordo com a liberdade de expressão que é dada ao entrevistado e com a profundidade da informação extraída por meio da técnica utilizada: entrevistas clínicas, em profundidade, livre, centrada, com perguntas abertas e com perguntas fechadas.
Todavia, independentemente do tipo de entrevista aplicado na investigação, importa atender a padrões de actuação que devem ser adoptados antes, durante e depois da realização da mesma. Desta forma, antes da entrevista há que definir os objectivos que se pretendem atingir, sendo esta fase correspondente à construção do guião, no qual estão mencionados os pontos que se desejam abordar. È necessário ainda proceder à escolha dos entrevistados, dos contextos, e solicitar as respectivas autorizações. Ou seja, para realizar a entrevista é necessário um trabalho prévio de preparação de todo o “terreno”.
Para a elaboração do guião, a primeira fase consistiu em determinar as variáveis que se pretende medir e a segunda compor as questões com base nessas variáveis (Tukman, 1994).
No âmbito da presente investigação, decidiu-se realizar uma entrevista semi- directiva de carácter exploratório.
Considera-se uma entrevista semi-directiva quando existe uma grelha/guião de temas. Estes poderão ser abordados arbitrariamente pelo entrevistado. No entanto, se o entrevistado não o fizer, o entrevistador poderá ir propondo os temas (Ghiglione e Matalon, 2005). Sendo assim, a entrevista é semi-directiva porque o investigador ao colocar as questões ao entrevistado fá-las de modo a que o mesmo se possa pronunciar de forma livre, sem coacção. O entrevistador recolhe a opinião do entrevistado, esforçando-se em fazer o menor número de perguntas possíveis, intervindo de forma aberta abstendo-se de se implicar a si próprio no conteúdo da informação dada (Quivy & Campenhoudt, 2005).
57 No caso da presente investigação o carácter exploratório da entrevista advém do facto de não se pretender verificar hipóteses, nem recolher ou analisar dados específicos. A aplicação desta visa a abertura de pista de reflexão, de modo a ampliar horizontes de leitura e assim conduzir o investigador a aspectos relativos ao problema em estudo que até ao dado momento não tinha pensado (Quivy & Campenhoudt, 2005). Para além disso, estas funcionam como um suporte importante na estruturação do questionário.
5.1.2ESCOLHA DOS ENTREVISTADOS
Quivy & Campenhoudt (2005) consideram três grupos de pessoas válidas e úteis para a realização de entrevistas. O primeiro é composto por docentes, investigadores especializados no domínio da investigação abrangido pela pergunta de partida. A validade e utilidade deste grupo é justificada pelo auxilio e aprofundamento do conhecimento que podem fornecer ao investigador no terreno. O segundo grupo corresponde às testemunhas ou informantes privilegiados, ou seja, este grupo é constituído por pessoas que através da sua opinião e acção conhecem e dominam o problema. Adiantam que este grupo pode mesmo pertencer ou estar relacionado com o público onde incide o estudo. Por último, referem um grupo directo, isto é, público directamente ligado ao estudo.
Sendo assim, os entrevistados que participaram na presente investigação obedeceram aos seguintes critérios de escolha: os dois professores seleccionados apresentam conhecimento sobre o tema em estudo, experiência (diferente tempo de serviço e situação profissional) com diferentes anos de serviço, a situação profissional e a sua acessibilidade. Ou seja, escolheram-se entrevistados que pudessem representar o público-alvo da investigação e que demonstrassem disponibilidade para despender algum tempo na realização da entrevista.
Em consequência, escolheu-se uma professora do quadro de zona pedagógica com cinco anos de serviço e uma professora do quadro de zona pedagógica com trinta e um anos de serviço. Ambas leccionam no Agrupamento de Escolas onde irá decorrer o estudo.
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Quadro 1-Caracterização dos Sujeitos Entrevistados
ENTREVISTADO A B
SEXO Feminino Feminino
IDADE 29 50
TEMPO DE SERVIÇO 5 anos 31 anos
SITUAÇÃO PROFISSIONAL Quadro de zona
pedagógica Quadro nomeação definitiva