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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.2. Mapa de Compartimentos Hidrológicos

A partir de diretrizes do Conselho Nacional de Recursos Hídricos e do Sistema Estadual de Recursos Hídricos, neste trabalho, a unidade físico-territorial de bacia hidrográfica foi adotada para o planejamento e gerenciamento, com a identificação de compartimentos hidrológicos com dimensões e características peculiares quanto ao uso e à ocupação do solo, relevo, solo e questões político- administrativas.

O compartimento hidrológico deve ser considerado como uma unidade de trabalho quando se deseja a preservação dos recursos hídricos, já que as atividades desenvolvidas no seu interior têm influência sobre a quantidade e qualidade da água. Constitui-se na mais adequada unidade de planejamento para o uso e exploração dos recursos naturais, o que facilita o acompanhamento das alterações naturais ou introduzidas pelo homem na área.

Com vistas a subsidiar a administração das informações ambientais e o estado de deterioração em que se encontra a Bacia Hidrográfica do Córrego Rico, a compartimentalização teve como objetivo principal com o auxílio de sensoriamento remoto e sistema de informação geográfica, facilitar a atuação pública ao manejo sustentável da área e a tomada de decisão, buscando a conservação do solo e da água.

A direção do fluxo de água foi gerada e a área limite para definir os compartimentos hidrológicos foi de 2500 hectares, perfazendo um total de 25 compartimentos hidrológicos. Cada compartimentos hidrológicos foi correlacionado a um banco de dados e um número específico (Tabela 4). Na caracterização da Bacia Hidrográfica do Córrego Rico foram coletadas as coordenadas de cada ponto de junção de rede de drenagem entre os principais córregos.

Tabela 4: Características Geomórficas dos Compartimentos Hidrológicos da Bacia Hidrográfica do Córrego Rico, Estado de São Paulo.

Compartimento

Hidrológico Área (ha) Elev (m) ElevMin (m) ElevMax (m) M.C. (m)

1 961,16 523,0 498,0 567,0 18560,0 2 1213,52 635,0 585,0 694,0 19680,0 3 2716,28 641,8 585,0 722,0 36120,0 4 8164,92 605,4 503,0 687,0 75600,0 5 2853,44 558,5 503,0 644,0 30560,0 6 1433,52 595,1 522,0 648,0 25280,0 7 2886,40 648,2 586,0 754,0 33960,0 8 4044,88 612,3 556,0 685,0 50800,0 9 2239,48 583,4 522,0 662,0 33760,0 10 658,76 618,1 580,0 659,0 16760,0 11 1213,64 610,0 533,0 669,0 19920,0 12 821,84 613,2 576,0 651,0 17520,0 13 897,52 622,0 586,0 673,0 18240,0 14 673,36 573,9 542,0 625,0 15880,0 15 35,84 546,2 533,0 574,0 4720,0 16 2064,32 644,7 590,0 747,0 28600,0 17 391,16 566,2 534,0 619,0 12120,0 18 1310,00 631,0 576,0 685,0 23960,0 19 1691,24 602,1 569,0 664,0 27760,0 20 795,56 598,6 556,0 660,0 17920,0 21 2387,04 623,2 569,0 685,0 31480,0 22 1941,40 644,1 590,0 724,0 26600,0 23 3315,76 618,6 534,0 671,0 38600,0 24 3931,32 631,9 580,0 687,0 37880,0 25 7671,32 623,7 542,0 686,0 58640,0 Total 56313,68 ** ** ** 720920,00 Média 2253 607 554 670 28837

Elev: elevação média (m); Elev.Mim: elevação mínima; Elev.Max: elevação máxima; M.C. maior comprimento (metros).

Na Tabela 4 pode-se observar que o compartimento 4 possui a maior área (8164.92 hectares) e consequentemente o maior comprimento de rio, observa-se a importância desta área para o planejamento e gerenciamento do município, uma vez que apresenta áreas de intensa urbanização, como a cidade de Jaboticabal e o Câmpus da Unesp, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – FCAV.

O menor compartimento hidrológico é o de número 15, com 35,84 hectares. Com base na Figura 9a e em trabalhos relevantes, a área do Município de Monte Alto é de grande relevância na questão de planejamento e monitoramento ambiental, visando uma proteção adequada dos recursos naturais, pois a área

urbana de Monte Alto situa-se no espigão divisor de águas das Bacias dos Rios Turvo/Grande e Mogi-Guaçu/Pardo. Sua drenagem natural se dá ao norte pelas vertentes do Rio Turvo; a leste nas nascentes do Córrego Tijuco; ao sul no Córrego do Gambá. Os córregos do Gambá e do Rumo se juntam formando o Córrego Rico, que por sua vez conflui com o Córrego Tijuco a montante da cidade de Jaboticabal. No contexto rural, a poluição difusa de origem agrícola tem uma forte relevância para a proteção dos mananciais, através do seu impacto sobre o comportamento trófico dos cursos d’água (riscos de eutrofização). Isto se deve por grande parte a evolução do manejo cultural, que vem priorizando uso em grande escala de adubos, bem como de produtos de grande solubilidade que parcialmente escoam das terras agrícolas e migram rumo aos rios.

Figura 9a: Localização de alguns Córregos que constituem a Bacia Hidrográfica do Córrego Rico, Estado de São Paulo.

Observa-se também que as maiores elevações encontram-se nos compartimentos hidrológicos 3, 7 e 16 do Município de Monte Alto, áreas de nascentes do Córrego Rico, apresentam também os maiores valores de densidade de drenagem, frequência de rios, e amplitude altimétrica, denotando formas das microbacias a montante menores e mais acidentadas, com maior comprimento da rede por área drenada, com superfícies de menor resistência e com características do relevo forte-ondulado a montanhoso. Como essas áreas são de cabeceira, a degradação das vertentes, gerada pelo escoamento de enxurradas das águas provenientes da chuva e área urbana da cidade de Monte Alto, afeta drasticamente a qualidade ambiental, representada pela degradação do solo e poluição da água. Portanto, os processos atuantes nessa região hoje em dia irão influenciar as formas das microbacias no futuro. Assim, sugere-se nesses ambientes um manejo conservacionista que minimize o escoamento superficial das águas das chuvas e o consequente processo de erosão intenso (Figura 9).

Especialmente no compartimento hidrológico 7, o Córrego do Gambá possui alta representatividade na região de Monte Alto, revela-se de alta importância agrícola, com importantes características socioeconômicas. Destaca-se por propiciar o abastecimento de reservatórios artificiais presentes em aglomerados habitacionais e também utilizado para o uso público como recreação e lazer, além da pesca artesanal para consumo humano, sendo igualmente importante na área rural por servir como uma importante fonte para dessedentação de animais. Neste compartimento a maior parte da área é utilizada com a cultura da cana-de- açúcar; forte ausência de matas nativas nas áreas de preservação permanente; em algumas áreas verifica-se o lançamento de esgoto industrial e animal a céu aberto e sem tratamento; observam-se intensos processos erosivos, agravados pela ação antrópica, soterramento de nascentes e assoreamento de corpos d’água, acarretando contaminação de nascentes; foram observadas algumas voçorocas, expandindo-se lateralmente. Observa-se que com estes dados é possível uma atuação dos órgãos públicos de medidas mitigadoras de impactos ambientais e reafirmando o motivo de tal posicionamento dos compartimentos hidrológicos.

Figura 9: Compartimentos Hidrológicos da Bacia Hidrográfica do Córrego Rico, Estado de São Paulo.

Nos compartimentos hidrológicos 21, 23 e 25 apresentam os menores valores da densidade de drenagem, frequência de rios e amplitude altimétrica. Portanto, são áreas mais recomendadas para a implantação de sistemas produtivos agrícolas.

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