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MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DOS SISTEMAS

(Formatado de acordo com as recomendações da Revista GEOSUL-UFSC de QUALIS B1 em Ciências Ambientais e Geografia/Manuscrito submetido para publicação após o exame de

MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DOS SISTEMAS AMBIENTAIS DO MUNICÍPIO DE GALINHOS/RN

Dyego Freitas Rocha1 Lutiane Queiroz de Almeida² Magdi Ahmed Ibrahim Aloufa³

Resumo: O presente artigo objetivou elaborar o mapeamento e a caracterização dos sistemas ambientais do

município de Galinhos/RN, a partir dos pressupostos teóricos-metodológicos da abordagem geossistêmica e análise integrada da paisagem, indicando as suas limitações e potencialidades. Para alcançar o objetivo proposto, foram utilizadas as ferramentas e técnicas de Geoprocessamento, Sensoriamento Remoto e trabalhos de campo para a elaboração dos mapas dos sistemas ambientais e a integração dos componentes ambientais. Os resultados permitiram analisar de modo integrado e sistêmico da natureza em detrimento das ações antrópicas, além disso, proporcionaram a identificação dos seguintes sistemas ambientais: a) Tabuleiro Semiárido Costeiro; b) Tabuleiro Semiárido Interior; c) Praia Marinha; d) Duna; e) Manguezal e Apicum e f) Vale Fluvial.

Palavras-chave: Galinhos. Sistemas ambientais. Sistemas de Informação Geográfica. ARP

MAPPING AND CHARACTERIZATION OF THE ENVIRONMENTAL SYSTEMS OF THE MUNICIPALITY OF GALINHOS/RN

Abstract: The present article aimed to elaborate the mapping and characterization of the environmental systems

of the county of Galinhos/RN, based on the theoretical and methodological assumptions of the geosystemic approach and integrated landscape analysis, indicating its limitations and potentialities. In order to reach the proposed objective, the tools and techniques of Geoprocessing, Remote Sensing and fieldwork were used to elaborate maps of environmental systems and the integration of environmental components. The results allowed to analyze in an integrated and systemic way in the nature to the detriment of the anthropic actions, in addition, provided the identification of the following environmental systems: a) Coastal Semiarid Plain; b) Interior Semiarid Plain; c) Marine Beach; d) Dune; e) Mangrove and Apicum and f) Fluvial Valley.

Keywords: Galinhos. Environmental Systems. Geographic Information Systems. RPA

MAPEO Y CARACTERIZACIÓN DE LOS SISTEMAS AMBIENTALES DEL MUNICIPIO DE GALINHOS/RN

Resumen: El presente artículo objetivó elaborar el mapeo y la caracterización de los sistemas ambientales del

municipio de Galinhos/RN, a partir de los presupuestos teóricos-metodológicos del abordaje geosistémico y análisis integrado del paisaje, indicando sus limitaciones y potencialidades. Para alcanzar el objetivo propuesto, se utilizaron las herramientas y técnicas de Geoprocesamiento, Percepción Remota y trabajos de campo para la elaboración de los mapas de los sistemas ambientales y la integración de los componentes ambientales. Los resultados permitieron analizar de modo integrado y sistémico de la naturaleza en detrimento de las acciones antrópicas, además, proporcionaron la identificación de los siguientes sistemas ambientales: a) Tablero Semiárido Costero; b) Tablero semiárido interior; c) Playa Marina; d) Duna; e) Manguezal y Apicum y f) Valle Fluvial.

Palabras clave: Galinhos. Sistemas ambientales. Sistemas de Información Geográfica. ARP.

INTRODUÇÃO

O atual modo de vida emplacado pelas sociedades demanda uma grande utilização dos recursos naturais para as mais variadas atividades econômicas, ocasionando diversas mudanças no espaço geográfico, assim como alterações consideráveis no meio ambiente em detrimento das ações do homem. Tais mudanças se tratam de pressões do sistema econômico que

1 Mestrando PRODEMA/UFRN, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, dyegofreitasrocha@gmail.com;

² Prof. Dr., PPGE/UFRN, Departamento de Geografia, UFRN, lutianealmeida@hotmail.com; ³ Prof. Dr., PRODEMA/UFRN, Centro de Biociências, UFRN, magdialoufal@gmail.com.

110 corroboram com o aumento da degradação do meio ambiente, através de um uso inadequado dos solos, desmatamentos e poluição, desconsiderando as limitações e potencialidades do meio. Essas questões, são denominadas por Leff (2010, p. 59) de problemática ambiental, que “gerou mudanças globais em sistemas socioambientais complexos que afetam as condições de sustentabilidade do planeta”. Nesse contexto, compreende-se que os fatores de produção capitalista, dependem das condições do meio ambiente e das estruturas sociais, permitindo a ocorrência de diversas formas de perceber o ambiente e as técnicas empregadas para uma apropriação social do meio e a consequente transformação da natureza (LEFF, 2010).

A preocupação com as questões e problemas ambientais ficaram em voga a partir da década de 1970, tendo como marcos importantes as Conferências de Estocolmo e a Conferência Internacional sobre Meio Ambiente, conhecida como “Conferência do Rio-92” ou simplesmente ECO-92. Segundo Ross (2009), as conferências supracitadas difundiram o conceito de “desenvolvimento sustentável” e redefiniram as visões das abordagens ambientais, partindo do entendimento biológico/ecológico e preservacionista para uma visão mais humanista, onde a humanidade é parte importante do meio ambiente.

Essas conferências, demonstraram que o conhecimento interdisciplinar se tornou deveras importante, acerca disso, Souza e Oliveira (2011, p.43) a partir dos pensamentos de Leff, acenam que o processo interdisciplinar é pautado em cinco paradigmas, a saber: a) dialético, por meio das contradições de integração entre os setores do conhecimento; b) sistêmico, porque requer análises sistêmicas e integradoras dos conhecimentos ou saberes; c) seletivo, pois para cada problema, buscam-se categorias profundas de análise; d) interativo, pela ênfase que se dá a um processo de interações sucessivas; e) aberto, por que preconiza um aperfeiçoamento mútuo entre os setores do conhecimento.

Sobre o pensamento sistêmico que influenciou as ciências, Capra (1996, p.46) elenca alguns critérios: i) mudança das partes para o todo, onde os sistemas vivos são totalidades integradas cujas propriedades não podem ser reduzidas às de partes menores e suas propriedades essenciais, ou “sistêmicas” são propriedades do todo, que nenhuma das partes possui; ii) capacidade de deslocar a própria atenção de um lado para o outro entre níveis sistêmicos e iii) as propriedades das partes não são propriedades intrínsecas, mas só podem ser entendidas dentro do contexto do todo maior. [...] também podemos dizer que todo pensamento sistêmico é pensamento ambientalista.

Diante dessa perspectiva, a Teoria Geral dos Sistemas (TGS) elaborada por Bertalanffy e suas concepções de sistemas abertos, baseados nos princípios da termodinâmica e de alguns conceitos da biologia, consolidaram o pensamento sistêmico como um movimento científico (CAPRA, 1996).

Na Geografia, os pressupostos da TGS serviram de aporte teórico-metodológico para a elaboração do conceito de geossistema, elaborado inicialmente pelo autor soviético Viktor B. Sotchava e incluída na Geografia como Teoria Geossistêmica (CHRISTOFOLETTI, 1999).

Sotchava (1977) define os geossistemas como fenômenos naturais, ainda que, são considerados os fatores econômicos e sociais que influenciam as suas estruturas e dimensões espaciais. Para o autor, as ações antrópicas se referem aos numerosos componentes naturais dos geossistemas (solos, vegetação, litologia e etc.).

Os geossistemas, de acordo com Sotchava (1978), citado por Ross (2009, p. 24), “são uma classe peculiar de sistemas dinâmicos abertos e hierarquicamente organizados”. A hierarquização dos geossistemas se insere como um elemento de suma importância para o entendimento das unidades dinâmicas no espaço geográfico.

Segundo Berutchachvili e Bertrand (2007) o geossistema é o desígnio de um sistema geográfico natural de características homogêneas e que está inserido no território. A definição de geossistema nas idéias de Berutchachvili e Bertrand (2007, p. 51) “é um conceito territorial, uma unidade espacial bem delimitada e analisada a uma dada escala; o geossistema é muito mais amplo que o ecossistema, ao qual cabe, deste modo, uma parte do sistema geográfico natural.

A Teoria Geossistêmica é um dos constructos teóricos metodológicos utilizados pela Geografia para análise e estudos da superfície terrestre, além de contribuir sobremaneira ao planejamento territorial e ambiental, estudos de degradação do meio ambiente, visando uma abordagem que integre os elementos naturais, fatores sociais e econômicos e ambientais.

A área de estudo do presente artigo, o município de Galinhos está situada na Mesorregião Central Potiguar e Microrregião de Macau, no litoral norte do estado do Rio Grande do Norte, cerca de 166 Km de distância da capital Natal. O município engloba uma situação que indica os conflitos ambientais, mediante as formas de exploração dos recursos naturais, especialmente por atividades econômicas de grande porte e complexidade, perpassando alguns interesses acerca da apropriação do território.

Diante do exposto, o objetivo deste artigo é elaborar o mapeamento e a caracterização dos sistemas ambientais do município de Galinhos/RN, a partir dos pressupostos teóricos- metodológicos da abordagem geossistêmica e análise integrada da paisagem, indicando as suas limitações e potencialidades.

Por fim, o mapeamento dos sistemas ambientais é viabilizado por meio do uso dos Sistemas de Informações Geográficas (SIG) e Aeronave Remotamente Pilotada (ARP), comumente denominado de “drone”, essas ferramentas permitem a espacialização das informações e o entendimento das relações complexas do meio ambiente.

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MATERIAIS E MÉTODOS

Localização da área de estudo e aspectos fisiográficos

A área de estudo do trabalho em tela é o município de Galinhos, situada na Mesorregião Central Potiguar e Microrregião de Macau, no litoral norte do estado do Rio Grande do Norte, cerca de 166 Km de distância da capital Natal, entre as coordenadas geográficas 5º 5’ 32.51” de latitude S e 36º16’26.26” de longitude O. Sendo suas principais vias de acesso a BR-406, sentido Natal-Macau e a RN-402. Limita-se à leste com o município de Caiçara do Norte, à oeste com o município de Macau, à sul com os municípios de Jandaíra e Pedro Avelino e à norte com o Oceano Atlântico (Figura 1).

Figura 1: Localização da área de estudo. Fonte: IBGE (2017). Elaboração cartográfica dos autores, 2018.

O município de Galinhos foi fundado em 26 de março de 1963, pela Lei Nº 2.838, desmembrado do município de São Bento do Norte (IBGE, 2018). Segundo dados do Censo Demográfico de 2010 do IBGE o município possui 2.159 habitantes e com previsão de crescimento em 2018 para 2.715 habitantes, uma densidade demográfica de 6.31 habitantes/km².

O clima da área em tela é considerado um tipo muito quente e semiárido, com período chuvoso de março a junho e de temperatura média de 26,8º C. A formação vegetal é predominantemente de caatinga hiperxerófila, áreas de manguezais e vegetação de restinga. Em

relação aos solos, há o predomínio de Neossolos Quartzarênicos com associações de Argissolo Vermelho Amarelo e Gleissolos Sálicos.

A geomorfologia é caracterizada por um relevo de baixa altitude e que contém as seguintes unidades: tabuleiros costeiros, tabuleiros interiores, campos de dunas, planície flúvio- marinha, praia marinha e vale lacustre. No que cerne à caracterização geólogica são encontradas as seguintes unidades: Grupo Barreiras, Formação Jandaíra, Depósitos aluvionares, Depósitos de mangue, Depósitos eólicos litorâneos vegetados e não vegetados e Depósitos flúvio- marinhos (LIMA, 2004). Quanto aos recursos hídricos, o município está inserido na Faixa Litorânea Norte de Escoamento Difuso, sendo banhado e drenado pelos rios Camurupim, do Tomás, Catanduba, Volta do Sertão e Galinhos, pelos riachos do Mutuca, Tubibau, do Boi, do Cabelo e Santa Maria (IDEMA, 2008).

Procedimentos metodológicos

Os materiais e métodos utilizados para o desenvolvimento do presente manuscrito são os seguintes: a) levantamento documental de acervo bibliográfico acerca da temática analisada e definição da metodologia a ser aplicada à área de estudo; b) levantamento, análise e organização de base cartográfica existente; c) adequação ao recorte da escala cartográfica e escala de análise da pesquisa por meio de Sistema de Informação Geográfica; d) Interpretação da base cartográfica integrando os componentes ambientais; e) Utilização de Aeronave Remotamente Pilotada – ARP, para tomada de fotografias aéreas da área de estudo; f) levantamentos de campo e aplicação de ficha técnica e g) Delimitação dos sistemas ambientais, indicando as suas potencialidades e limitações, além de considerar o potencial ecológico, exploração biológica e a ação antrópica.

O material cartográfico utilizado para a execução dos mapas foram: imagens WorldView 2 disponíveis nos mapas base do software ArcMap 10.6 (Versão de avaliação) e mosaico de imagens do Google Earth, datadas de junho de 2016; Dados altimétricos do radar SRTM (Shuttle Radar Topography Mission), disponíveis em http://www.dsr.inpe.br/topodata/, cena 05S375RS e EMBRAPA Relevo (MIRANDA, 2005), folha SB-24-X-D com escala de 1:250.000 e que se referem ao Modelo Digital de Elevação (MDE) para a área de estudo; Limites municipais do estdo do Rio Grande do Norte em escala de 1:100.000 disponíveis no sítio do IBGE (2017); Mapa geológico folhas Macau e Jandaíra em escala de 1:100.000 elaborada pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM); Dados digitais dos mapas de Geomorfologia, Solos, Vegetação e Hidrografia em escala de 1:250.000 disponíveis no sítio do IBGE (2017); Fotografias aéras utilizando Aeronave Remotamente Pilotada (ARP),

114 popularmente denominado de drone, modelo DJI Phantom 3 PRO e Ficha técnica de campo para caracterização ambiental (geomorfologia, geologia, solos, hidrografia, vegetação), macrozoneamento geoambiental, processos morfogenéticos e pedogenéticos, vulnerabilidade ambiental e identificação dos sistemas ambientais (Figura 2).

Figura 2: Fluxograma dos procedimentos técnicos e metodológico para o mapeamento dos sistemas ambientais do município de Galinhos/RN. Fonte: Elaborado por ROCHA, 2018.

A síntese do material cartográfico através dos Sistemas de Informação Cartográfica (SIG) permitiu uma análise prévia das condições da área de estudo e consequentemente uma análise integrada dos componentes, permitindo a identificação dos sistemas ambientais (geocomplexos) e subsistemas ambientais (geofácies).

O mapeamento dos sistemas ambientais (geossistemas) foi realizado com base em Cestaro et. al. (2007) e dos subsistemas ambientais (geofácies) através dos levantamentos de campo e organização de material cartográfico em escala compatível de 1:10.000, a partir de imagens de alta resolução e organização de material fotográfico para o acervo da pesquisa.

A classificação taxonômica e identificação dos sistemas ambientais foi realizada com base nos pressupostos teórico-metodológicos de Bertrand (2004; 2007), Tricart (1977), Sotchava (1977), Christofoletti (1999), Monteiro (2000), Ross (2006), Souza (2000; 2015), Silva (2018) e Cestaro et. al. (2007).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Aspectos conceituais acerca dos sistemas ambientais

Acerca da Teoria Geossistêmica, Christofoletti (1999) acena que a Geografia Física, tem como um dos seus escopos a compreensão dos sistemas ambientais físicos, ou geossistemas.

De acordo com Christofoletti (1999, p. 41):

Como a expressão concreta na superfície terrestre constitui a relevância espacial para a análise geográfica, torna-se necessário que os componentes do geossistema surjam ocupando terroitórios, que sejam visualizados em documentos tais como fotos aéreas, imagens de radar e de satélites e outros documentos, sendo sensíveis à observação visual.

Nesse sentido, os elementos ambientais, preenchem os requisitos de identificação e caracterização do geossistema, por meio da topografia, da vegetação, dos solos, da hidrografia e do clima, mesmo sendo um componente que não é visível, mas é materializado na superfície terrestre (CHRISTOFOLETTI, 1999).

Souza (2000) considera que, o estudo dos geossistemas, a partir do pensamento sistêmico, contribuem com uma série de informações para uma análise integrada do meio ambiente, corroborando com a identificação dos elementos que compõem tais sistemas, seus atributos e suas potencialidades e limitações.

Já Monteiro (2001), compreende o geossistema como um sistema singular e complexo, onde há a interação dos elementos humanos, físicos, químicos e biológicos, incluindo também os sistemas socioeconômicos. Os sistemas socioeconômicos, de acordo com Christofoletti (1999, p. 43) “entram como inputs e interferem nos processos e fluxos de matéria e energia, repercurtindo inclusive nas respostas da estruturação espacial geossistêmica”.

Notório apontar as contribuições de Tricart (1977), a partir da concepção ecodinâmica, que permite a análise da estabilidade dos sistemas ambientais através de três categorias, a saber: a) ambientes estáveis; b) ambientes intergrades ou de transição e c) ambientes fortemente instáveis.

De acordo com Souza (2000, p.7), “através dos meios estáveis, de transição e fortemente instáveis, viabiliza-se a possibilidade de avaliar as condições de sustentabilidade dos geossistemas”. A teoria ecodinâmica de Tricart (1977), contribuiu consideravelmente para os estudos de vulnerabilidade ambiental dos sistemas ambientais, baseado nas limitações e potencialidades de uso dos recursos naturais.

116 Os sistemas ambientais físicos representam a organização espacial resultante da interação dos elementos componentes físicos da natureza (clima, topografia, rochas, águas, vegetação, animais, solos) possuindo uma organização (sistema) composta por elementos, funcionando através dos fluxos de energia e matéria, dominante numa interação areal.

Segundo Tricart (1977), os estudos e análises dos sistemas ambientais não são isoladas, consideram as partes como um todo, dessa forma, os sistemas ambientais caracterizam organizações que visam as interações da natureza como um todo.

Os sistemas ambientais, são entendidos para Rodriguez e Silva (2013) como sendo as categorias do ecossistema humano, possuindo vários níveis organizacionais e com diversos graus de complexidade, abrangendo as relações entre os fenômenos naturais e os sociais.

No prisma das definições de sistemas ambientais a partir da perspectiva sistêmica, Souza (2015) entende que os sistemas ambientais são integrados por diversos componentes inter- relacionados, permanentemente propensos às trocas de matéria e de energia. Os componentes a que o autor se refere, são caracterizados como suporte (litotipos, geoformas e águas subterrâneas), envoltório (clima e águas superficiais) e cobertura (solos e biodiversidade).

Diante das ideias expostas, é observado que há uma consonância na definição dos sistemas ambientais, onde é preconizada uma análise integrada dos componentes ambientais e sociais, a troca de energia e máteria no sistema, bem como um entendimento da complexidade da análise.

Para evidenciar a compreensão os sistemas ambientais, Christofoletti (1999) acena que a hierarquização das unidades de paisagem, configura um elemento crucial em detrimento da necessidade da definição da escala análise, seja do lugar até a escala do globo terrestre.

A escola francesa dos geossistemas, preconizada por Bertrand (2004) definiu os geossistemas considerando os elementos socioeconômicos e biogeográficos de acordo com a sua escala de análise e o tempo, desse modo, há uma hierarquização das unidades de paisagem, a saber: zona, domínio, região natural, geossistema, geofácies e geótopo.

No que tange ao processo de hierarquização da paisagem, Bertrand (2004; 2007), com base nas ordens de grandeza de A. Cailleux e Jean Tricart delimitou as unidades de paisagens descritas no Quadro 1.

Quadro 1: Unidades taxonômicas da paisagem de acordo com (1) Bertrand, (2) Cailleux e Tricart (1956), (3) Diniz et. al. (2015) e (4) Autores.

Unidades da Paisagem¹

Escala temporo- espacial²

Cartografia da Paisagem³ Exemplo de unidade de paisagem em Galinhos4

Zona G. I Acima de 1/10.000.000 Intertropical Domínio G. II Entre 1/10.000.000 e

1/1.000.000

Domínio das Depressões Interplanálticas e Intermontanas Semiáridas Região Natural G. III Entre 1/1.000.000 e

1/250.000

Planícies Costeira

Geossistema* G. IV-V Entre 1/250.000 e 1/50.000

Tabuleiro costeiro

Geofácies G. VI Entre 1/50.000 e 1/10.000 Mangue

Geótopo G.VII Maior que 1/5.000 Lagoas interdunares (campos de dunas) * A noção de geocomplexo fora proposta como uma atualização conceitual do termo geossistema por Bertrand (2007), para uma apropriação efetiva da classificação taxonômica de paisagens.

Fonte: Organizado pelos autores, 2018.

Caracterização dos sistemas ambientais

A delimitação dos sistemas e subsistemas ambientais considerou o critério geomorfológico como elemento fundamental, tendo em vista que a identificação das feições geomorfológicas é realizada a partir de seus limites.

Conforme Souza (2015), para a delimitação dos sistemas ambientais toma-se por base o critério geomorfológico como elemento integrador do contexto geoambiental, como referência à compartimentação topográfica e às feições morfoesculturais. No entendimento de Souza (2015, p. 162) “a denominação dos sistemas deve ser feita com base em topônimos do relevo ou da literatura geomorfológicas”.

A caracterização dos sistemas ambientais sob a égide da análise integrada e sistêmica, se configura como um dos métodos de compreensão do espaço geográfico, corroborada pelas contribuições proporcionadas pelos estudos dos geossistemas, no que cerne à compreensão do funcionamento da natureza e aos subsídios do planejamento ordenado e racional dos recursos naturais dentro de suas limitações e potencialidades, de acordo com os preceitos do desenvolvimento sustentável.

Desse modo, compreende-se que a análise integrada dos elementos ou componentes ambientais (geologia, geomorfologia, solos, hidrografia, clima, vegetação), apoiado pelas ferramentas de geotecnologias (sensoriamento remoto, SIG’s e processamento digital de imagens), contribuem sobremaneira para a análise da degradação ambiental, assim como, para soluções que corroboram para o planejamento do uso racional dos recursos.

118 Nesse contexto, a partir dos pressupostos da análise geoambiental de Souza (2000) e da hierarquização dos geossistemas e dos geofácies de acordo com Bertrand (2004; 2007) e a proposta de Cestaro et. al. (2007) e Silva (2018), Galinhos encontra-se subdividida da seguinte forma: Geossistemas (ou Geocomplexos): Duna; Manguezal e apicum; Praia marinha; Tabuleiro semiárido costeiro, Tabuleiro semiárido interior e Vale lacustre; Geofácies: Estuário Galinhos-Guamaré; Lagoas interdunares; Tanque de Carcinicultura-Salinas, Agricultura permanente em tabuleiro semiárido costeiro e tabuleiro semiárido interior; Agricultura temporária em tabuleiro semiárido costeiro e tabuleiro semiárido interior; Dunas móveis e Dunas semifixas; Manguezal; Planície Hipersalina e Parque Eólico (Quadro 2 e Figuras 3 e 4).

Quadro 2: Sistemas e subsistemas ambientais do município de Galinhos Região ou Domínio

Natural

Geossistemas (Sistemas Ambientais)

Geofácies (Subsistemas ambientais)

Tabuleiro

Tabuleiro Semiárido Costeiro

Agricultura Permanente em tabuleiro semiárido costeiro

Agricultura Temporária em tabuleiro semiárido costeiro

Áreas Urbanas (Assentamento humano) Tabuleiro Semiárido Interior Agricultura Permanente em tabuleiro semiárido

interior

Agricultura Temporária em tabuleiro semiárido

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