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Análise da vulnerabilidade ambiental do Município de Galinhos, RN, Brasil

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PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA REGIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE - PRODEMA

ANÁLISE DA VULNERABILIDADE AMBIENTAL DO

MUNICÍPIO DE GALINHOS, RN, BRASIL

A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTERNATIVA PARA A COTONICULTURA FAMILIAR SUSTENTÁVEL

A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTERNATIVA PARA A COTONICULTURA FAMILIAR SUSTENTÁVEL A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTER PARA A COTONICULTURA FAMILIAR SUSTENTÁVELAAA

DYEGO FREITAS ROCHA

2019 Natal – RN

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ANÁLISE DA VULNERABILIDADE AMBIENTAL DO

MUNICÍPIO DE GALINHOS, RN, BRASIL

A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTERNATIVA PARA A COTONICULTURA FAMILIAR SUSTENTÁVEL

A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTERNATIVA PARA A COTONICULTURA FAMILIAR SUSTENTÁVEL A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTER PARA A COTONICULTURA FAMILIAR SUSTENTÁVELAAA

Dissertação apresentada ao Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PRODEMA/UFRN), como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre.

Orientador: Prof. Dr. Magdi Ahmed Ibrahim Aloufa

Co-Orientador: Prof. Dr. Lutiane Queiroz de Almeida

2019 Natal – RN

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Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede Rocha, Dyego Freitas.

Análise da vulnerabilidade ambiental do Município de Galinhos, RN, Brasil / Dyego Freitas Rocha. - 2019.

158f.: il.

Dissertação (Mestrado)-Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Biociências, Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente, Natal, 2019.

Orientador: Dr. Magdi Ahmed Ibrahim Aloufa. Coorientador: Dr. Lutiane Queiroz de Almeida.

1. Sistemas Ambientais - Dissertação. 2. Vulnerabilidade Ambiental - Dissertação. 3. Sistemas de Informação Geográfica - Dissertação. 4. Galinhos - Dissertação. I. Aloufa, Magdi Ahmed Ibrahim. II. Almeida, Lutiane Queiroz de. III. Título.

RN/UF/BCZM CDU 502(813.2)

(4)

Dissertação submetida ao Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PRODEMA/UFRN), como requisito para obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente.

Aprovado em: ___/___/___ BANCA EXAMINADORA:

_______________________________________________

Prof(a). Dr(a). Lutiane Queiroz de Almeida

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PPGE/UFRN)

______________________________________________

Prof(a). Dr(a). Fernando Moreira da Silva

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PRODEMA/UFRN)

_______________________________________________

Prof(a). Dr(a). Marysol Dantas de Medeiros Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN)

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Em primeiro lugar agradeço aos meus pais, o senhor José Aderson da Rocha e a senhora Joana Maria de Freitas Bandeira pelo incentivo e apoio dado nos estudos durante os anos em que convivi com eles até a minha partida para uma jornada um tanto quanto tortuosa em 2012.

Agradeço aos meus irmãos pelo apoio indireto, mesmo que curto e distante.

Agradeço aos meus familiares pela acolhida, apoio e horas de conversa jogadas fora quando necessário, considerando o meu afastamento constante e isolamento ao contato humano. Agradeço ao amigo e orientador Prof. Dr. Lutiane Queiroz de Almeida pelos apontamentos certeiros e esclarecedores, que no momento certo nortearam precisamente o desenvolvimento dessa pesquisa, mesmo na condição de co-orientador esteve constantemente ativo e solicito às dúvidas e questionamentos, contribuindo sobremaneira ao meu avanço enquanto pesquisador.

Agradeço aos professores do Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente pelas contribuições necessárias ocorridas no cumprimento das disciplinas do curso de mestrado.

Agradeço aos colegas da turma do mestrado e aos que ficaram mais próximos Débora, Silenildo e Marcos pelos momentos de descontração e ajuda para superar os desafios da pós-graduação.

Agradeço ao Laboratório de Geografia Física do Departamento de Geografia da UFRN, coordenado à época de início da escrita desse manuscrito pelo Prof. Dr. Marcelo dos Santos Chaves, por ceder o espaço para estudo e desenvolvimento da parte técnica desta pesquisa, além de ser o ponto de apoio para o Grupo de Pesquisa Georisco.

Aos colegas do LABGEOFIS: Joyce Clara, Cleanto Carlos, Diogo Felipe, Anderson Gondim, Jaqueline Martins, Moacir Paulo, Antônia Vilaneide e todos os outros alunos e pesquisadores que compõem o laboratório.

Aos alunos da turma do Bacharelado em Geografia (2015), pelo acolhimento e recepção enquanto estagiário docente da disciplina de Planejamento Ambiental.

Ao Grupo de Pesquisa em Dinâmicas Ambientais, Riscos e Ordenamento do Território – GEORISCO, em especial aos colegas: Leila Oliveira, Edimara Soares, Francicélio Mendonça, Jhonatan Lima, Erick Jordan, Vinnicius Dionízio, Caroline Sales; pelo incentivo, desabafos, troca de ideias, momentos de descontração acompanhados da boa e velha cerveja gelada.

À Professora Doutora Francisca Leiliane Sousa de Oliveira pelos apontamentos e apoio nas campanhas de campo realizadas em conjunto com a nossa amiga Edimara Soares no desenvolvimento de nossas pesquisas.

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Felipe Marinho pelas resenhas extra universidade, conversas no bom e velho Restaurante Universitário e pelos momentos em que trocávamos ideias sobre ciência e a vida.

À Andressa Meireles deixo o meu agradecimento especial, acompanhando ao longo de um pouco mais de dois anos essa longa jornada ao mestrado, além de vários momentos de conversa em que a distração e a tranquilidade se faziam como elementos essenciais para recomeçar os próximos dias no gás para continuar a pesquisa.

Aos amigos Daniel Nunes e Aniely Márcia pelo apoio incondicional e incentivo nos momentos necessários, em especial quando as energias estavam se esgotando frente aos desafios que iam além do curso de mestrado, aqui fica o meu singelo obrigado!

Às Professoras Doutoras Raquel Franco de Souza, Juliana Felipe Farias e Eliane Marinho Soriano pelos apontamentos dados à época da qualificação desta dissertação de mestrado, os quais permitiram um grande avanço na conclusão da pesquisa.

Ao Prof. Dr. Lutiane Queiroz de Almeida, Prof. Dr. Fernando Moreira da Silva e à Prof. Dr. Marysol Dantas de Medeiros pela participação na banca de defesa de mestrado e às orientações pertinentes para ajustes e arredondamento da etapa final desta pesquisa, meus sinceros agradecimentos.

À Prof. Dr. Cláudia Maria Sabóia de Aquino pelas parcerias nos trabalhos realizados nos últimos anos e pela conversa motivadora na minha última estadia na Universidade Federal do Piauí (minha alma mater).

Ao Jonh Lennon, amigo de longa data e tempos obscuros da UFPI, pelos apontamentos, indicações de referências acadêmicas e musicais que acompanharam o desenvolvimento desta pesquisa e de outros trabalhos ao longo de dez anos de parceria.

Aos amigos e mais próximos que não me recordei no momento de escrita desses agradecimentos, sintam-se agraciados pela participação direta ou indireta nesse árduo processo. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES que financiou através do processo de Nº 1695263, o desenvolvimento desta dissertação de mestrado deixando contribuições à sociedade brasileira, principalmente aos cidadãos do município de Galinhos.

Ainda que num cenário político profundamente obscuro, incerto e desolador no que se refere ao investimento em ciência no país, mesmo que digam que não se faz pesquisas em universidades públicas no Brasil, esta e tantas outras pesquisas contrariam esse pensamento obscurantista e por demais superficial. Forças aos cientistas brasileiros que todos os dias batalham por um mundo melhor através de suas contribuições!

(7)

Dedico a presente pesquisa aos meus

pais e irmãos, como exemplo de quem é incentivado a estudar, alcança grandes resultados! Obrigado por acreditar em mim desde quando fui embora de casa.

Dedico esse manuscrito à minha

família ROCHA, como uma rocha na literatura geológica, resistimos às intempéries do tempo! In memoriam dos que já partiram, mas deixaram seus legados, em especial a Dona Noêmia, minha avó.

(8)

Aqui estamos, agora prostrados e sobrecarregados. Próximos do fim da estrada! Insatisfeitos, ainda gloriosos de alguma forma.

(9)

Desenvolvimento e Meio Ambiente - Prodema, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2019

RESUMO

A presente pesquisa tem como objetivo geral avaliar a vulnerabilidade ambiental do município de Galinhos em detrimento das suas características geoambientais e socioeconômicas, no que tange os padrões de uso e ocupação do solo, seus sistemas ambientais, as potencialidades e limitações de uso e as suas implicações na modificação do espaço. Para alcançar o objetivo proposto, foram escolhidas as bases teórico-metodológicas da abordagem geossistêmica, a teoria ecodinâmica, os conceitos de paisagem, geossistemas e estabilidade dos sistemas ambientais; os conceitos de risco e vulnerabilidade são apresentados de modo a diminuir a confusão na compreensão desses conceitos. Os procedimentos técnicos e metodológicos para o desenvolvimento da pesquisa têm como suporte teórico-metodológico para o mapeamento dos sistemas ambientais, os pressupostos de Bertrand (2004), Sotchava (1977), Tricart (1977), Monteiro (2000), Souza (2000) entre outros; e a geração dos produtos cartográficos com o suporte dos Sistemas de Informação Geográfica (SIG) e o uso de Aeronave Remotamente Pilotada (ARP). A análise da vulnerabilidade ambiental será viabilizada pela adaptação da metodologia apresentada por Crepani et. al. (2001), Grigio (2003), Tagliani (2003), Costa et. al. (2006), Oliveira e Mattos (2014), com base em Tricart (1977). Foram realizadas incursões de campo para validação da geração do mapa de Uso e Ocupação do Solo, obtido a partir do uso de ferramentas de sensoriamento remoto e fotointerpretação. A etapa de mapeamento de sistemas ambientais identificou as seguintes classes: Geossistemas (ou Geocomplexos): Duna; Manguezal e apicum; Praia marinha; Tabuleiro semiárido costeiro, Tabuleiro semiárido interior e Vale lacustre; Geofácies: Estuário Galinhos-Guamaré; Lagoas interdunares; Tanque de Carcinicultura-Salinas, Agricultura permanente em tabuleiro semiárido costeiro e tabuleiro semiárido interior; Agricultura temporária em tabuleiro semiárido costeiro e tabuleiro semiárido interior; Dunas móveis e Dunas semifixas; Manguezal; Planície Hipersalina e Parque Eólico. A determinação dos graus de vulnerabilidade foi gerada a partir de equações algébricas para o cruzamento dos dados em ambiente SIG, utilizando a ferramenta “raster calculator”. Os resultados obtidos identificaram as seguintes categorias e percentual de ocupação de área: vulnerabilidade natural: a) muito baixa (5,28%), b) baixa (70,03%), c) moderada (3,07%), d) alta (7,65%), e) muito alta (13,96%) e vulnerabilidade ambiental: a) muito baixa (1,94%), b) baixa (46,20%), c) moderada (26,42%), d) alta (14,28%) e e) muito alta (11,16%). A análise da vulnerabilidade ambiental e a identificação dos sistemas ambientais são importantes subsídios ao ordenamento/planejamento ambiental com vistas ao desenvolvimento sustentável da área de estudo.

Palavras-chave: Sistemas ambientais, Vulnerabilidade Ambiental, Sistemas de Informação

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The present research has as general objective to evaluate the environmental vulnerability of the municipality of Galinhos to the detriment of its geoenvironmental and socioeconomic characteristics, regarding the land use and occupation patterns, its environmental systems, the potentialities and limitations of use and their implications in the modification of space. In order to reach the proposed objective, the theoretical-methodological bases of the geosystemic approach, the ecodynamic theory, the concepts of landscape, geosystems and stability of the environmental systems were chosen; the concepts of risk and vulnerability are presented in order to reduce confusion in understanding these concepts. The technical and methodological procedures for the development of the research have as theoretical and methodological support for the mapping of environmental systems, the assumptions of Bertrand (2004), Sotchava (1977), Tricart (1977), Monteiro (2000), Souza among others; and the generation of cartographic products with the support of Geographic Information Systems (GIS) and the use of Remotely Piloted Aircraft (ARP). The analysis of environmental vulnerability will be made possible by the adaptation of the methodology presented by Crepani et. al. (2001), Grigio (2003), Tagliani (2003), Costa et. al. (2006), Oliveira and Mattos (2014), based on Tricart (1977). Field incursions were carried out to validate the generation of the Land Use and Occupancy map, obtained from the use of remote sensing and photointerpretation tools. The mapping of environmental systems identified the following classes: Geosystems (or Geocomplexes): Dune; Mangrove and apicum; Beach; Semi-arid coastal board, semi-arid interior board and lacustrine valley; Environmental Systems: Estuary Galinhos-Guamaré; Interdunary ponds; Tank of Shrimp farming-Saline, permanent agriculture in semi-arid coastal board and arid interior tray; Temporary agriculture in arid coastal board and semi-arid interior tray; Mobile dunes and fixed dunes; Mangrove; Hypersaline Plain and Wind Farm. The determination of the degrees of vulnerability was generated from algebraic equations to cross the data in a GIS environment, using the raster calculator tool. The results obtained identified the following categories and percentage of occupation of area: natural vulnerability: a) very low (5.28%), b) low (70.03%), c) moderate, d) high (7.65%), e) very high (13.96%) and environmental vulnerability: a) very low (1.94%), b) low (46.20%), c) moderate (26.42%), d) high (14.28%) and e) very high (11.16%). The analysis of the environmental vulnerability and the identification of the environmental systems are important subsidies to the environmental planning / planning with a view to the sustainable development of the study area.

Keywords: Environmental Systems; Environmental Vulnerability; Geographic Information

(11)

Figura 1 – Mapa de Localização do Município de Galinhos/RN --- 20

Figura 2 – Organização espacial dos sistemas ambientais --- 27

Figura 3 – Representação do Método GTP --- 28

Figura 4 – Representação da vulnerabilidade natural e ambiental --- 43

Figura 5 – Modelo Pressure and Release (PAR) --- 47

Figura 6 – Modelo Pressure and Release, conforme Turner et. al. (2003) --- 48

Figura 7 – Quadro conceitual de vulnerabilidade proposto por Turner et. al. (2003) --- 49

Figura 8 – Pirâmide de dados --- 50

Figura 9 – Indicadores, dados e objetivos --- 50

Figura 10 – Processo de desenvolvimento de indicadores de vulnerabilidade --- 51

Figura 11 – Sistematização dos procedimentos metodológicos --- 53

Figura 12 – Temperatura média máxima anual para a estação meteorológica de Macau entre 1997 e 2017 --- 59

Figura 13 – Temperatura média mínima anual para a estação meteorológica de Macau entre 1997 e 2017 --- 59

Figura 14 – Umidade relativa do ar média anual para a estação meteorológica de Macau entre 1997 e 2017 --- 60

Figura 15 – Precipitação total anual na estação meteorológica de Macau entre 1997 e 2017 --- 61

Figura 16 – Velocidade dos ventos média anual na estação meteorológica de Macau entre 1997 e 2017 --- 62

Figura 17 – Contexto geológico regional par a área de estudo --- 65

Figura 18 – Visualização da área de estirâncio situada nas proximidades da sede municipal de Galinhos --- 70

Figura 19 – Visualização de planície de deflação situada na zona costeira de Galinhos - 71 Figura 20 – Visualização de campos de dunas à leste da sede municipal de Galinhos --- 71

Figura 21 – Visualização de campos de dunas fixas a partir do Morro do André --- 72

Figura 22 – Visualização da planície de inundação nas proximidades do porto de Pratagil --- 73

Figura 23 – Planície de inundação e estuário --- 73

Figura 24 – Relevo do tipo tabuleiro em um dos acessos vicinais do município --- 74

(12)

horizonte --- 80

Figura 27 – Presença de Argissolos Vermelho – Amarelo nas proximidades da RN-120 81 Figura 28 – Solos do tipo Gleissolos Sálicos em via de acesso --- 83

Figura 29 - Vegetação nativa de caatinga --- 88

Figura 30 – Vegetação de mangue presente no estuário Galinhos-Guamaré, vista do porto do Pratagil --- 88

Figura 31 – Vista aérea de laboratório de cultivo de crustáceos em Galinhos --- 91

Figura 32 - Vista aérea de fazenda de cultivo de camarão em área de mangue em Galinhos --- 91

Figura 33 – Vista aérea da salina existente em Galinhos/RN --- 92

Figura 34 – Vista aérea da salina em Galinhos/RN --- 93

Figura 35 – Vista aérea de parque eólico situado em Galinhos/RN --- 95

Figura 36 – Parque eólico situado em Galinhos/RN --- 95

Figura 37 – Percentual de uso e ocupação da terra no município de Galinhos --- 98

Capítulo 1 Figura 1 – Localização da área de estudo --- 112

Figura 2 – Fluxograma dos procedimentos técnicos e metodológicos para o mapeamento dos sistemas ambientais do município de Galinhos/RN --- 114

Figura 3 – Mapa dos Geossistemas do município de Galinhos --- 119

Figura 4 – Mapa dos Geofácies do município de Galinhos --- 119

Figura 5 – Sistema ambiental de Tabuleiro Semiárido Interior --- 120

Figura 6 – Sistema ambiental de Tabuleiro Semiárido Costeiro --- 121

Figura 7 – Sistema ambiental Praia Marinha --- 122

Figura 8 – Sistema ambiental de Dunas – Sede municipal de Galinhos --- 123

Figura 9 – Sistema ambiental de Dunas, detalhe para o parque eólico e salina ao horizonte da imagem --- 124

Figura 10 – Sistema ambiental de Manguezais e Apicuns --- 126

Figura 11 – Sistema ambiental Vale Fluvial --- 127

Capítulo 2 Figura 1 – Foto aérea da área de estudo com vista de vegetação conservada --- 147

Figura 2 – Foto aérea da área de estudo com vista de atividade agrícola --- 148

Figura 3 – Corpo d’água próximo à estrada vicinal que dá acesso ao município de Galinhos --- 148

(13)

Galinhos --- 149

LISTA DE MAPAS Mapa 1 – Mapa de Geologia --- 68

Mapa 2 – Modelo Digital de Elevação (MDE) --- 75

Mapa 3 – Mapa de Geomorfologia --- 76

Mapa 4 – Mapa de Declividade --- 78

Mapa 5 – Mapa de Associação de Solos --- 82

Mapa 6 – Mapa da Faixa Litorânea Norte de Escoamento Difuso --- 84

Mapa 7 – Mapa Hidrografia --- 86

Mapa 8 – Mapa de Cobertura Vegetal --- 89

Mapa 9 – Mapa de Uso e Ocupação do Município de Galinhos --- 97

Capitulo 2 Mapa 1 – Mapa localização da área de estudo --- 137

Mapa 2 – Vulnerabilidade natural da área de estudo --- 144

(14)

Quadro 1 – Etapas de formação da Ciência da Paisagem --- 24

Quadro 2 – Classificação dos diversos tipos de riscos --- 37

Quadro 3 – Definições de vulnerabilidade de acordo com Cutter (1996) --- 39

Quadro 4 – Tipos de vulnerabilidade aplicado aos estudos de fenômenos naturais --- 42

Quadro 5 – Unidades ecodinâmicas elaboradas por Tricart (1977) --- 45

Quadro 6 – Quadro-síntese da proposta metodológica de Souza (2000) --- 46

Quadro 8 – Quadro-síntese dos grupos e formações geológicas da Bacia Potiguar --- 63

Quadro 9 – Quadro-síntese das formações vegetais --- 87

Capítulo 1 Quadro 1 – Unidades taxonômicas da paisagem de acordo com (1) Bertrand; (2) Cailleux e Tricart (1956); (3) Diniz et. al. (2015) e (4) autores --- 116

(15)

Tabela 1 – Geração de energia eólica no estado do Rio Grande do Norte e Galinhos ... 94 Tabela 2 - Classificação e quantificação do uso e ocupação da terra no município de Galinhos ... 96

Capítulo 2

Tabela 1 – Categorias morfodinâmicas e valores de estabilidade das unidades da paisagem ... 139 Tabela 2 – Graus de vulnerabilidade para os mapas temáticos ... 140 Tabela 3 – Pesos atribuídos a cada tema na análise da vulnerabilidade ambiental ... 141 Tabela 4 – Classes e graus de vulnerabilidade ambiental obtidos no cruzamento dos dados temáticos ... 142 Tabela 5 – Distribuição da vulnerabilidade natural do município de Galinhos por categoria, área e percentual de ocupação ... 144 Tabela 6 – Distribuição da vulnerabilidade ambiental do município de Galinhos por categoria, área e percentual de ocupação ... 147

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ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica ARP – Aeronave Remotamente Pilotada

CERNE – Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia

CPRM – Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais/Serviço Geológico do Brasil DNPM – Departamento Nacional de Produção Mineral

EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

EMPARN – Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte EPE – Empresa de Pesquisas Energéticas

GPS – Global Positioning System GTP – Geossistema-Território-Paisagem

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica

IDEMA – Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Estado do Rio Grande do Norte

INSA – Instituto Nacional do Semiárido

INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária INMET – Instituto Nacional de Meteorologia

INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais INSA – Instituto Nacional do Semiárido

IVA – Índice de Vulnerabilidade Ambiental LANDSAT – Land Remote Sensing Satellite MDE – Modelo Digital de Elevação

MDT – Modelo Digital do Terreno MMA – Ministério do Meio Ambiente NEB – Nordeste Brasileiro

OLI – Operational Land Imager PAR – Pressure and Release

PNOT – Plano Nacional de Ordenamento do Território RADAMBRASIL – Projeto Radar da Amazônia/Brasil

SEMARH – Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado do Rio Grande do Norte

SERHID – Secretaria dos Recursos Hídricos do Estado do Rio Grande do Norte SiBCS – Sistema Brasileiro de Classificação dos Solos

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SIRGAS 2000 – Sistema de Referência Geodésica para a América do Sul – 2000 SRTM – Shuttle Radar Topography Mission

TGS – Teoria Geral dos Sistemas UTB – Unidade Territorial Básica

UTM – Universal Transversa de Mercator VANT – Veículo Aéreo Não Tripulado

(18)

INTRODUÇÃO GERAL ... 19

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ... 23

ANÁLISE INTEGRADA DA PAISAGEM E ABORDAGEM GEOSSISTÊMICA ... 23

ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO NOS ESTUDOS INTEGRADOS DA PAISAGEM ... 29

AS DEFINIÇÕES DE RISCO: CONTRIBUIÇÕES AOS ESTUDOS GEOGRÁFICOS ... 33

OPERACIONALIZANDO O CONCEITO DE VULNERABILIDADE ... 38

VULNERABILIDADE AMBIENTAL E ECODINÂMICA ... 42

MENSURAÇÃO DA VULNERABILIDADE: ASPECTOS TEÓRICOS-CONCEITUAIS ... 47

METODOLOGIA GERAL ... 52

PROCEDIMENTOS TÉCNICOS E METODOLÓGICOS ... 52

CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO ... 57

ASPECTOS FÍSICOS E BIÓTICOS ... 57

CLIMA ... 57 GEOLOGIA ... 62 GEOMORFOLOGIA ... 69 SOLOS ... 79 RECURSOS HÍDRICOS ... 83 COBERTURA VEGETAL ... 87 ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS ... 90

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GERAIS ... 100

CAPÍTULO 1: MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DOS SISTEMAS AMBIENTAIS DO MUNICÍPIO DE GALINHOS/RN ... 109

RESUMO ... 109 ABSTRACT ... 109 INTRODUÇÃO ... 109 MATERIAIS E MÉTODOS ... 112 RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 115 CONCLUSÕES ... 128 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 129

(19)

MUNICÍPIO DE GALINHOS/RN ... 132 RESUMO ... 132 ABSTRACT ... 132 INTRODUÇÃO ... 133 METODOLOGIA ... 136 RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 142 CONCLUSÕES ... 149 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 150 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 152 ANEXOS ... 155

(20)

INTRODUÇÃO GERAL

As relações da interface sociedade-natureza são importantes objetos de estudo para a Geografia, tendo importância que transcende unicamente a produção de conhecimento, partindo do pressuposto que a produção de conhecimento seja necessária como um bem da humanidade. Conforme as ideias de Porto-Gonçalves (1995), a Geografia tem suas contribuições nos estudos que versam sobre a questão ambiental e, quando se toma por base o território brasileiro, é mister considerar os processos socioespaciais de uma determinada área, compreendendo como tais processos denotam os graves problemas ambientais que surgem nessa área, sendo esta uma das ideias norteadoras desta pesquisa.

Desse modo, os ambientes são modificados pelas ações humanas, mediante a implementação de variadas formas de uso e ocupação do solo, incorrendo em modificações do espaço geográfico e gerando novas configurações territoriais que permitem o surgimento e a instalação de complexos empreendimentos econômicos e expansão urbana. Tais ações geram transformações na dinâmica ambiental e consequentemente criam espaços risco, ou de vulnerabilidade ambiental, ou vulnerabilidade físico-natural.

A vulnerabilidade dos ambientes naturais a partir das ações antrópicas possui ordens de grandeza de acordo com suas características preponderantes. Conforme Ross (2009, p. 50): “[...] os ambientes mostravam-se em estado de equilíbrio dinâmico até o momento em que as sociedades humanas passaram a intervir cada vez mais intensamente na exploração dos recursos naturais para gerar riquezas, conforto, prazer e lazer”. Compreende-se então que as ações antrópicas traçam profundas transformações no meio ambiente com fins de um complexo desenvolvimento socioeconômico, científico e tecnológico.

É notório compreender que os problemas ambientais, originados de práticas vorazes e predatórias dos recursos naturais, conferem implicações das ações à longo prazo para a sociedade, mediante a degradação e redução da qualidade ambiental, sendo necessária a realização de estudos que subsidiem o planejamento físico-territorial com fins de abranger tanto as dimensões sociais quanto ambientais.

Nesse contexto, a região costeira brasileira, em especial a nordestina, tem a sua ocupação desde os primórdios da colonização brasileira, onde inicialmente foram desenvolvidas a economia da cana-de-açúcar, do algodão, da pecuária e posteriormente foram integradas novas formas de exploração econômica, como a carcinicultura, exploração de sal marinho e o turismo. Nos últimos dez anos, a zona costeira do Nordeste, principalmente nos estados do Ceará e Rio Grande do Norte, a geração de energia eólica surge como uma nova

(21)

forma de uso e ocupação do solo. As atividades citadas, contribuem sobremaneira para um agravamento, ou de certa forma, a aceleração da degradação ambiental das áreas onde se desenvolvem.

A partir desses aspectos gerais, se insere a realidade de Galinhos/RN, município objeto de estudo da presente pesquisa; que está situado na Mesorregião Central Potiguar e Microrregião de Macau, no litoral norte do estado do Rio Grande do Norte, cerca de 170 Km de distância da capital Natal. Sendo suas coordenadas geográficas 5° 5'33.58"S de latitude e 36°16'27.00"O de longitude, suas principais vias de acesso a BR-406, sentido Natal-Macau e a RN-402. Limita-se à leste com o município de Caiçara do Norte, à oeste com o município de Macau, à sul com os municípios de Jandaíra e Pedro Avelino e à norte com o Oceano Atlântico (Figura 1).

Fundado em 26 de março de 1963, pela Lei Nº 2.838, desmembrado do município de São Bento do Norte (IDEMA, 2008). Segundo dados do Censo Demográfico de 2010 do IBGE o município possui 2.159 habitantes e com previsão de crescimento em 2018 para 2.726 habitantes, uma densidade demográfica de 6.31 habitantes/km² (IBGE, 2018).

Figura 1: Mapa de Localização do Município de Galinhos/RN

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O município está inserido em uma área que lhe confere uma considerável complexidade; suas condicionantes ambientais permitiram diversas formas de uso e ocupação do solo, permitindo a instalação e implementação de variadas atividades econômicas, como os empreendimentos de produção de sal e de carcinicultura na planície flúvio-marinha e áreas de manguezal, de agroindústria no cultivo de melão nas áreas de tabuleiros e parques eólicos nos campos de dunas.

Os ambientes mencionados compõem diferentes sistemas ambientais (Dunas, Mangue, tabuleiros costeiros e tabuleiros interiores, estuário) e subsistemas ambientais (Dunas móveis, dunas fixas, áreas urbanas, lagoas interdunares, mangue, apicum, tabuleiros com vegetação nativa); os referidos sistemas ambientais são delimitados e caracterizados de acordo com seus componentes ambientais (geologia, geomorfologia, solos, vegetação, hidrografia, clima). Nesse contexto, tais ambientes possuem intenso a moderado uso e ocupação do solo, permitindo a perturbação da dinâmica ambiental natural a partir das ações antrópicas.

A área de estudo engloba uma situação entre os conflitos ambientais, mediante as formas de exploração dos recursos naturais, especialmente por atividades econômicas de grande porte e complexidade, perpassando alguns interesses acerca da apropriação do território.

A proposição desta pesquisa ocorreu mediante alguns pressupostos e afirmações norteadoras que estão relacionadas às formas de uso e ocupação do solo e os problemas e impactos ambientais gerados pela exploração dos sistemas ambientais, posteriormente, foram indicadas suas limitações e potencialidades, considerando os componentes ambientais. A segunda etapa desta pesquisa culminou na geração do mapa de uso e ocupação do solo em escala de detalhe e a definição dos graus de vulnerabilidade ambiental.

Nesse interim, as seguintes questões norteadoras foram lançadas para nortear o desenvolvimento da pesquisa: Estão as áreas de maior vulnerabilidade ambiental situadas onde há ocupação pelos principais empreendimentos econômicos do município de Galinhos e suas aglomerações urbanas? As formas de uso e ocupação do solo a partir desses empreendimentos econômicos e seus impactos ambientais estão ligados às unidades territoriais de maior ou menor vulnerabilidade ambiental às ações antrópicas?

Para a consolidação desses pressupostos, a viabilização da análise da problemática da área de estudo parte da compreensão das formas de uso e ocupação do solo de modo qualitativo e os componentes ambientais e sociais (geologia; geomorfologia; vegetação; hidrografia, uso e ocupação do solo e cobertura vegetal), com vistas a integrar tais variáveis da área de estudo em tela.

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Dito isto, o objetivo geral desta pesquisa é avaliar a vulnerabilidade ambiental do município de Galinhos levando-se em consideração as suas características geoambientais e socioeconômicas, no que tange os padrões de uso e ocupação do solo, seus sistemas ambientais, as potencialidades e limitações de uso e as suas implicações na modificação do espaço.

Para consolidar e alcançar o objetivo geral, foram definidos os seguintes objetivos específicos: a) Caracterizar as principais variáveis geoambientais e antrópicas (geomorfologia, geologia, solos, vegetação, hidrografia, clima e uso e ocupação dos solos), inter-relacionando essas variáveis; b) Identificar os sistemas ambientais da área de estudo, indicando suas limitações e potencialidades; c) Elencar as principais formas de uso e ocupação do solo da área de estudo; d) Apresentar os indicadores de vulnerabilidade ambiental da área de estudo; e) Averiguar a relação das áreas de maior ou menor vulnerabilidade ambiental e as áreas em que estão inseridas as principais atividades econômicas da área de estudo.

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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

ANÁLISE INTEGRADA DA PAISAGEM E ABORDAGEM GEOSSISTÊMICA

Segundo Schier (2003), a discussão do conceito de paisagem é um tema antigo na ciência geográfica, datado do século XIX, abrangendo discussões que abarcam as perspectivas das relações da sociedade e da natureza em um dado espaço geográfico. Nas ideias apresentadas pelo autor, é afirmado que a interpretação do conceito de paisagem é diversificada de acordo com as várias abordagens geográficas e concepções de outras disciplinas.

Em seus primórdios, em detrimento de sua conotação estética, o conceito de paisagem era relacionado ao paisagismo e as artes de jardins e somente no século XIX passou a ser tratada como um objeto a ser investigado pelas pesquisas de naturalistas e de geógrafos (CHRISTOFOLETTI, 1999).

Christofoletti (1999, p. 38), aponta que: “em decorrência das raízes naturalistas tornava-se compreensível a valorização maior para focalizar as ‘paisagens’ morfológicas e da cobertura vegetal, surgindo a adjetivação para estabelecer distinções entre as paisagens naturais e as paisagens culturais”. Nesse contexto, a paisagem natural é conferida pela união de elementos como os solos, vegetação, aspectos geomorfológicos e geológicos e hidrografia, enquanto a paisagem cultural se refere às ações modificadoras do homem no espaço geográfico.

Os estudos da paisagem exigem que seja utilizada uma abordagem, em que haja uma análise dos elementos incluídos, a definição de escala de análise, bem como a questão do tempo. Schier (2003, p. 80), considera que os estudos da paisagem se “tratam da apresentação do objeto em seu contexto geográfico e histórico, levando em conta a configuração social e os processos naturais e humanos”.

Não obstante a esse pensamento, Bertrand (2004, p. 141), define que:

“A paisagem não é a simples adição de elementos geográficos disparatados. É, em uma determinada porção do espaço, o resultado de uma combinação dinâmica, portanto instável, de elementos físicos, biológicos e antrópicos que, reagindo dialeticamente uns sobre os outros, fazem da paisagem um conjunto único e indissociável, em perpétua evolução”.

Considerando o pensamento de Bertrand, é observado que o mesmo não toma partido de uma dimensão específica da paisagem, nem a natural e tampouco a humana, o autor observa a paisagem como uma unidade homogênea, fazendo uma análise da relação sociedade e natureza, como uma única entidade que compõe um mesmo espaço geográfico.

A paisagem, através de uma perspectiva geoecológica, é base essencial para o planejamento ecológico de um determinado território, permitindo uma avaliação das

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potencialidades dos recursos naturais e dessa forma, as estratégias de uso e conservação de tais recursos num dado período de tempo e no espaço (RODRIGUEZ et. al. 2017).

Na concepção de Rougerie e Beroutchavili (1991 citado por RODRIGUEZ et. al., 2017), a Ciência da Paisagem como disciplina científica, percorreu algumas etapas (Quadro 1):

Quadro 1: Etapas de formação da Ciência da Paisagem

Fase Definição

Gênese (1850-1920) Onde surgem as primeiras ideias físico-geográficas sobre a interação dos fenômenos naturais e as primeiras formulações da paisagem como noção científica.

Desenvolvimento

biogeomorfológico (1920-1930)

Por influência das outras ciências, são desenvolvidas as noções de interação entre os componentes da paisagem Estabelecimento da concepção

físico-geográfica (1930-1955)

Quando são desenvolvidos os conceitos sobre a diferenciação em pequena escala das paisagens (zonalidade, regionalização)

Análise estrutural-morfológica (1955-1970)

Quando a atenção volta-se para a análise dos problemas de nível regional e local (taxonomia, classificação e cartografia)

Análise funcional (1970-atualidade)

Onde são introduzidos os métodos sistêmicos e quantitativos e desenvolvida a Ecologia da Paisagem Integração geoecológica

(1985-atualidade)

A atenção principal volta-se para a interrelação dos aspectos estrutural-espacial e dinâmico-funcional das paisagens e a integração em uma mesma direção científica (Geoecologia ou Ecogeografia) das concepções biológicas e geográficas sobre as paisagens.

Fonte: Rodriguez et. al. (2017, p. 13-14), organizado pelo autor.

Acerca da perspectiva Geoecológica, Rodriguez e Silva (2013) apontam que a Geocologia enquanto disciplina, realiza um exame das paisagens naturais e antropo-naturais, com vistas a permitir uma compreensão da relação sociedade-natureza. Além disso, a disciplina tem o objetivo de solucionar os problemas de uso dos recursos naturais, assim como, a geração de princípios e métodos sustentáveis de uso dos recursos, elementos necessários ao Desenvolvimento Sustentável (RODRIGUEZ e SILVA, 2013).

O viés ecológico, através do conceito de ecossistema proposto por Tansley (1935), objetiva a definição de uma unidade básica que resulta da interação de todos os seres vivos que estão inseridos em uma determinada área e contendo condições físicas ou ambientais que determinam suas características.

O ecossistema é então definido por Christofoletti (1999, p. 35) como uma “área relativamente homogênea de organismos interagindo com o seu ambiente. A comunidade dos

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seres vivos constitui o componente principal, que se interliga com os elementos abióticos do habitat”. Tal abordagem apresenta uma configuração mais holística, evidenciado a maior interação entre os componentes em detrimento da perspectiva individualizada (CHRISTOFOLETTI, 1999).

De acordo com Reis Júnior (2006), o conceito ecológico de ecossistema foi integrado facilmente à linguagem dos geógrafos em busca de uma visão mais sistêmica da relação sociedade-natureza. Conforme Reis Júnior (2006, p. 03) o “homem visto como participante/habitante dos ecossistemas, os altera tanto quanto deles sofre condicionamentos, as respostas dos mesmos obrigam adaptações intensa e permanentemente”.

Nesse contexto, o conhecimento dos componentes da paisagem e a compreensão dos fluxos de matéria, permitem planejar ações que possuam eficácia para um uso racional dos recursos naturais. Desse modo, a quantificação como elemento irrecusável, trará à tona os fatos a serem interpretados e integrados às esferas de decisão (REIS JÚNIOR, 2006).

Ainda na concepção de Reis Júnior (2006, p. 04):

“[...] as abordagens ecossistêmicas em Geografia (compondo uma miríade de estudos simplesmente não reducionistas, holísticos em grande medida e relativamente recentes) vão tentando se converter em geossistemas a partir do momento em que as parcelas investigadas do espaço passam a ser tomadas pela lente dos modelos teóricos que afluem das ciências naturais quando do estabelecimento da escola teorética-quantitativa”.

A vertente Teorética-Quantitativa da Geografia destaca-se, preconizando os seguintes objetivos: (a) preocupação com o desenvolvimento de teorias mais sofisticadas; (b) elaboração de modelos explicativos mais abrangentes; (c) uso das análises quantitativas e (d) recorrência à abordagem sistêmica (REIS JÚNIOR, 2007).

Frente a esses objetivos, como forma de obter um melhor aporte teórico-metodológico para os estudos referentes à relação sociedade-natureza em uma análise integrada, os geógrafos começaram a utilizar o ideário conceitual da Teoria Geral dos Sistemas (TGS), preconizada por Ludwig von Bertalanffy (GREGORY, 1992). Desse modo, Christofoletti (1980) define sistema como um conjunto de elementos que apresentam atributos específicos e que se relacionam entre si.

Nesse contexto, as abordagens geossistêmica e ecodinâmica enquadram-se nos desdobramentos teórico-metodológicos citados por Christofoletti (1999), sendo ambas abordagens fundamentadas pelos pressupostos da Teoria Geral dos Sistemas (TGS).

A abordagem geossistêmica foi preconizada e sistematizada pelo estudioso soviético Viktor Sotchava (MENDONÇA, 1989). Entre as décadas de 1960 e 1970, além das

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considerações de Sotchava (1977), os geossistemas foram concebidos como sistemas abertos, hierarquicamente organizados, apresentando unidade dinâmica e integridade funcional, numa interdependência no cerne da organização e estruturação dos sistemas ambientais e socioeconômicos. A partir desse aporte teórico, a geografia enquanto ciência conseguiria alcançar o entendimento do grau de complexidade dos sistemas ambientais, focalizando o aproveitamento sustentável dos recursos naturais e ofertando uma análise mais profunda das intervenções antrópicas (SOTCHAVA, 1977).

No cerne da Teoria Geral dos Sistemas, Tricart (1977) sistematizou a análise ecodinâmica, outra abordagem para os estudos integrados dos sistemas ambientais. Baseado na seguinte tríplice conceitual: biocenose/morfogênese/pedogênese, o autor propôs a classificação morfodinâmica dos sistemas ambientais em três tipos: meios estáveis, meios de transição ou

intergrades e meios instáveis.

Tal classificação morfodinâmica dos sistemas ambientais concebida por Tricart (1977) tornou-se o construto teórico-metodológico para os estudos de vulnerabilidade e/ou fragilidade ambiental, contendo consideráveis contribuições para uma análise integrada para o esclarecimento dos problemas do meio físico.

No contexto das abordagens integradas, Christofoletti (1990; 1999) considera os sistemas ambientais físicos como um sistema natural relacionado a um território, contendo características específicas de morfologia, funcionamento e comportamento. Ao integrar as influências das ações antrópicas na dinâmica ambiental, Christofoletti (2008) enfatiza a importância da abordagem geossistêmica e da geomorfologia aplicada aos estudos de ordenamento territorial e planejamento ambiental.

Para Monteiro (2000) a abordagem geossistêmica concebe quatro etapas para as pesquisas geográficas: (a) análise (levantamento das variáveis naturais e antrópicas do ambiente), (b) integração (união das variáveis levantadas, considerando os problemas diagnosticados); (c) síntese (análise da fusão as variáveis, considerando os elementos homogêneos) e (d) aplicação (explanação da dinâmica ambiental).

Na concepção de Souza (2000) a análise geoambiental está fundamentada nos seguintes procedimentos: (a) diagnóstico integrado dos componentes geoambientais; (b) execução de trabalhos de sensoriamento remoto como fim de produção geocartográfica; (c) inventário das potencialidades e limitações dos sistemas ambientais; (d) elaboração de zoneamentos ambientais em escalas distintas (macro, meso e microescalas).

Desse modo, Bertrand (2004; 2007), analisa as diversas maneiras para a aplicação do método geossistêmico às pesquisas geográficas. No que tange o método geossistêmico proposto

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por Bertrand (2004), a paisagem é analisada considerando seis níveis têmporo-espaciais, diferenciados pelas escalas abordadas: zona, domínio, região natural, geossistema, geofácies e geótopo.

A unidade superior de 1ª grandeza ou zona está relacionada à escala global, delimitada pelo clima e biomas associados. A unidade superior de 2ª grandeza ou domínio é definida pela compartimentação regional do relevo. Em consonância às primeiras unidades, a unidade superior de 3ª grandeza ou região natural é marcada pela caracterização individual das feições do relevo, e por uma influência mais considerável com o clima e a vegetação (BERTRAND, 2004).

No âmbito do geossistema ou unidade inferior de 4ª e 5ª grandezas, “a unidade da paisagem se torna incontestável” (BERTRAND, 2004, p. 146). Na escala do geossistema, o relevo surge como o suporte da paisagem, cenário das combinações de instabilidade entre os fatores climáticos, hidrológicos, pedológicos, biogeográficos e socioeconômicos, tais combinações conferem um ritmo equacionado para a evolução da paisagem.

O geofácies (unidade inferior de 6ª grandeza) é correspondente à individualidade das unidades de paisagem, tendo sua dinâmica coordenada pelo potencial biológico. Por conseguinte, a escala de microformas está configurada pelo geótopo, considerada “a menor unidade geográfica homogênea diretamente discernível no terreno” (BERTRAND, 2004, p. 148). A figura 2 representa o modelo de Bertrand (2004), considerando a ação antrópica como elemento crucial na estruturação dos sistemas ambientais.

Figura 2: Organização espacial dos sistemas ambientais

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Diante de sua progressão teórica, Bertrand & Bertrand (2007) encaminharam outra proposta metodológica visando os estudos integrados, denominado assim o método GTP (Geossistema-Território-Paisagem).

Conforme Passos (2016, p. 37) o paradigma ou método GTP é uma construção de pensamento sistêmico “destinada a demonstrar a complexidade do meio ambiente geográfico, respeitando, tanto quanto possível, a sua diversidade e sua interatividade”.

O método GTP oferece três vias de entrada para o estudo integrado das relações sociedade-natureza: (i) a entrada naturalista, representada pelo geossistema; (ii) a entrada dos processos socioeconômicos, representada pelo território e (iii) a entrada sociocultural, sendo acessada por meio da paisagem. A estruturação do método GTP pode ser interpretada pela Figura 3.

Figura 3: Representação do Método GTP

Fonte: Bertrand & Bertrand (2007).

Sucintamente Passos (2011, p. 13-14) apresenta o sistema metodológico elaborado por Bertrand, considerando três conceitos espaço-temporais:

a) O geossistema representando o espaço-tempo da natureza antropizada. É a “fonte” (source) jamais captada, tal ela escorre da vertente, mas que pode ser já poluída;

b) O território, fundado sobre a apropriação e o “limitar/cercar”, representa o espaço-tempo das sociedades, aquele da organização política, jurídica, administrativa e aquela da exploração econômica. É o “recurso” (ressource) no tempo curto e instável do mercado;

c) A paisagem representa o espaço-tempo da cultura, da arte, da estética, do simbólico e do místico. Ela é o ressourcement de tempo longo, patrimonial e identitário.

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A noção de geossistema se diferencia do ecossistema, frente ao processo de territorialização e de antropização que existentes nele. Para Passos (2011) o geossistema é um conceito que além de espacializado é territorializado, contém um arcabouço da evolução histórica da humanidade.

Por meio do método GTP, Bertrand & Bertrand (2007) procuram revalorizar o suporte natural (geossistema) sobre o qual a se situa a sociedade, ao passo que discute e reassegura a paisagem enquanto suporte e ponto de partida para o desenvolvimento territorial, histórico e cultural dos povos (PASSOS, 2011).

Os estudos geossistêmicos, por meio da Teoria Geral dos Sistemas, não são centralizados apenas no conhecimento das partes, mas sim de todos os elementos que se integram e compõem um sistema (potencial ecológico, exploração biológica e ação antrópica).

Segundo Aquino et. al. (2017, p.19) “O homem atua nos geossistemas com uma infinidade de fatores que conduzem a rupturas do equilíbrio ambiental, promovendo, assim, condições de instabilidade”.

De um modo geral, a concepção dos geossistemas tem seu enfoque nas relações existentes na paisagem, traduzidas pela dinâmica das relações que permitem a compreensão do espaço geográfico como um todo.

ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO NOS ESTUDOS INTEGRADOS DA PAISAGEM Segundo Hasbaert (2006), definir “Ordenamento Territorial” não é considerada uma tarefa de grande facilidade, sendo necessário entender e ter clareza acerca de dois conceitos importantes, sob os quais a concepção teórica é construída.

O autor define que a “ordem” está sempre acompanhada de seu par: a “desordem”, e que esta não deve ser tratada em contrariedade, de modo que ela possa ser uma manifestação de uma nova ordem ou mesmo de um novo ordenamento (HASBAERT, 2006). De acordo com Hasbaert (2006) o território pode ser entendido como uma relação de apropriação/domínio da sociedade sobre o espaço, perpassando o entendimento de fixidez e estabilidade, incorporando uma perspectiva de fluidez, isto é, inserindo o movimento como elemento constituinte do território, transformando-o assim em um “território-rede”.

Conforme Hasbaert (2006), deve-se compreender que o espaço geográfico é moldado paralelamente conforme quatro forças: econômicas, políticas, culturais ou simbólicas e

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“naturais”, que se manifestam de diferentes modos em cada local. Em suma Hasbaert (2006, p. 121), define os processos da seguinte forma:

• A dinâmica econômica, moldada, sobretudo, na forma de territórios-rede, como os territórios das grandes empresas transnacionais e que, portanto, se apropria reticularmente do espaço, ou seja, privilegiando pontos e linhas e não o “espaço de todos” no seu conjunto;

• A dinâmica política que, apesar de também funcionar cada vez mais em termos de redes políticas (Lima, 2002), continua privilegiando a gestão em termos de territórios-zona, superfícies ou áreas com limites claramente estabelecidos, ainda que estes não tenham mais uma escala privilegiada, mas resultem da imbricação de vários níveis inter-relacionados;

• A dinâmica “social” em sentido mais estrito, que, com as crescentes desigualdades, relega cada vez mais uma parcela crescente da população à condição de exclusão socioespacial ou inclusão precária;

• A dinâmica cultural que cada vez mais foge da associação nítida entre um território e uma identidade específica para projetar-se igualmente na forma de identidades híbridas e de redes;

• A dinâmica “natural”, cada vez menos restrita a ambientes zonais locais e cada vez mais mergulhada na complexidade das relações sociedade natureza de caráter global.

Já Melo (2010, p. 221) considera que: “o ordenamento territorial apresenta-se como um elemento decisivo na gestão dos riscos, visto que possibilita a prevenção, mitigação e correção dos dados e prejuízos causados pelos desastres”, sendo, portanto, uma ferramenta para o desenvolvimento local, configurando um instrumento institucional e processual de aplicação das políticas de sustentabilidade.

Ainda no pensamento de Melo (2010) a cartografia surge como importante elemento nos estudos de ordenamento territorial, potencializados pelos Sistemas de Informação Geográficas (SIG’s) e ferramentas de Sensoriamento Remoto, necessitando de uma análise geográfica mais apurada sobre a aplicação do ordenamento.

Nesse contexto, o entendimento da definição de território pelo Plano Nacional de Ordenamento Territorial do Brasil (2004) é como um espaço de prática, de apropriação efetiva

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ou simbólica do espaço, manifestada pela intenção de poder sobre uma porção do espaço e também como um produto usado e vivido pelos atores sociais.

A Política Nacional de Ordenamento Territorial – PNOT é caracterizada como instrumento de planejamento, elemento de organização e de ampliação da racionalização espacial das ações executadas pelo Estado, visando uma articulação da política de ordenamento com a política de desenvolvimento regional, considerando a vastidão territorial e as questões de desconcentração de riqueza e de população.

Nesse contexto, a PNOT concentra objetivos necessários para um ordenamento territorial coeso com a realidade social: a) diminuir as desigualdades sociais socioespaciais e o correspondente grau de exclusão socioeconômica da população; b) aumentar o nível de democratização e representatividade dos espaços políticos a partir da descentralização espacial do poder; c) fomentar o comprometimento público com as iniciativas a serem executadas e d) integrar múltiplas escalas.

Desse modo, Melo (2010) entende que o território é “fundamentalmente, um espaço definido e delimitado também por e a partir de relações de poder, mas a questão principal, além das características geoecológicas e os recursos naturais de uma certa área, o que se produz ou quem produz em um dado espaço, incorpora ainda quais as ligações afetivas e de identidade entre um grupo social e seu espaço”. No que tange a evolução do território, não há uma evolução natural do espaço sem que haja intervenções. No pensamento da autora, todo sistema territorial tem sua evolução dada a partir de algum tipo de ordenamento, tendo em vista que há agentes atuantes sobre o meio e as suas tomadas de decisões acarretam em transformações.

Conforme Almeida (2007), para refletir sobre a instrumentalização do processo de gestão ambiental, do plano de desempenho ambiental, do sistema de gestão territorial e do sistema da qualidade ambiental, é perceptível que o ordenamento territorial desempenha uma importância relevante, no que cerne às contribuições para que o gestor tenha plenitude no que se refere à gestão ambiental.

Ainda segundo Almeida (2007), são variadas as metodologias que se aplicam ao ordenamento territorial com fins da gestão ambiental, sendo um fator em comum entre todas essas metodologias a representação do território por meio da cartografia temática; os mapas servirão de aporte para as avaliações e tomadas de decisões. Tais mapas são conhecidos por várias denominações como: mapas de ordenamento do território, mapas geológico-ambientais, mapas geocientíficos, mapas geoambientais, mapas geotécnicos, mapas de zoneamento

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geográfico das unidades ambientais e mapas de zoneamento ecológico econômico (ALMEIDA, 2007).

O ordenamento territorial é definido por Almeida (2007) como um dos quatro instrumentos de gestão ambiental, citados anteriormente, que consiste em equacionar as formas de uso e ocupação do solo com a capacidade de suporte do território ocupado.

O autor define que para se compreender a capacidade de suporte do território é necessária a utilização de técnicas e métodos de avaliação preconizados pela Geografia Física, através de um levantamento detalhado do meio físico de determinada área de estudo. Almeida (2007, p. 348) conclui que: “sem o conhecimento do meio físico, cometemos o desordenamento territorial”.

Vicens (2012) explica que o “ordenamento ambiental” abrange um nível de planejamento com o objetivo de organizar o uso de um determinado recorte espacial, levando em conta as potencialidades e a capacidade de suporte inerentes a cada sistema ambiental desse espaço.

O alcance de uma forma ordenada da utilização do espaço à luz do planejamento, garantindo a integridade ambiental, a manutenção dos serviços ambientais, a reprodução de seus recursos e a manutenção de uma maneira mais “estável”, é o anseio pela sustentabilidade no uso do espaço (VICENS, 2012). Para Vicens (2012), o objetivo principal do planejamento da paisagem é permitir o uso racional e sustentável dos recursos disponíveis, enfatizando suas principais funções, que os definem como prestadores de serviços ambientais à sociedade.

No que se refere ainda ao ordenamento territorial, Melo (2010) entende a partir das considerações de Ascelrad (2001) que para a efetivação total do diálogo entre ordenamento territorial e sustentabilidade, se faz necessário que a questão ambiental seja vista como uma luta social e política, perpassando os discursos que permeiam a questão ecológica. E no pensamento de Porto-Gonçalves (1998) as lutas sociais se fazem como um único caminho para a superação das desigualdades, da exploração dos recursos naturais e das características preconizadas pelo modelo capitalista.

Melo (2010, p. 227) considera que: “para o efetivo diálogo entre o ordenamento territorial e a sustentabilidade, existe a necessidade de junção de esforços do Estado, da sociedade civil e das instituições, embasado no envolvimento de todas as áreas do conhecimento, através de uma proposta inter e transdisciplinar, na tentativa de construção de uma proposta que entenda a realidade em sua totalidade, superando os reducionismos,

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fragmentações e valores imediatistas, que já comprovaram não ser capazes de promover uma relação harmônica entre sociedade-natureza”.

AS DEFINIÇÕES DE RISCO: CONTRIBUIÇÕES AOS ESTUDOS GEOGRÁFICOS

Os estudos e discussões acerca da sociedade de risco surgem como uma das principais vertentes da sociologia ambiental, tendo grande influência na obra de Ulrich Beck (1992; 2011), se desdobrando em aplicações em diversas áreas do conhecimento, como a Economia, Ciência Política, Ciências da Saúde; a Geografia se inclui no rol de ciências que estudam a temática, no entanto, de forma distinta (MARANDOLA JR., 2004).

Segundo Veyret (2007) mediante as análises do sociólogo alemão Ulrich Beck, o risco surge como um conceito bastante evidente no século XX, sendo um elemento estruturante das sociedades ditas desenvolvidas.

Conforme mencionado, Beck (2011) em sua obra “A sociedade do Risco” tem uma importante contribuição no que cerne a forma teórica e conceitual nos estudos sobre os riscos. De acordo com o pensamento do autor, a sociedade vivencia uma dimensão de constante risco da modernidade, ocasionando em uma dupla diferenciação dos riscos na sociedade: a modernidade dos riscos e a modernidade-reflexiva, tendo suas causas e efeitos no meio ambiente.

De acordo com Beck (2011), vivemos em tempos de modificação de uma sociedade industrial clássica, que tem como características mais visíveis a produção e distribuição de riquezas, em uma sociedade (industrial) dos riscos, na qual os riscos são produzidos de acordo com a lógica de produção dos bens.

No cerne do modo de produção dos riscos, estes são considerados como democráticos e globais; dessa maneira, os riscos não distinguem as classes sociais, tanto pobres quanto ricos, estão sujeitos às ameaças oriundas e agravadas pelo que se considera progresso (BECK, 2011).

A partir das discussões preconizadas por Beck (1992), Marandola Jr. (2004, p. 318) enfatiza que:

“Os chamados riscos ambientais têm tido cada vez mais atenção de pesquisadores de várias áreas do conhecimento, encarados principalmente em dois níveis: na própria estrutura da sociedade contemporânea, sendo uma questão epistemológica do paradigma societal, produzindo reflexos em vários campos da vida humana (modernização reflexiva, custos sociais da modernização, processo de urbanização) na faixa intermediária entre objetivismo e subjetivismo, em vários níveis, e nos resultados das ações e interações humanas em ambientes em escalas locais ou regionais (riscos de desmoronamentos, de erosão, de enchente e riscos em locais de trabalho) e até em escala global (mudanças ambientais globais)”.

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contemporâneos, o entendimento de risco se tornou mais amplo e complexo, introduzindo uma discussão sobre a modernização reflexiva, mecanismos globais de produção e distribuição dos riscos (D’ANTONA e MARANDOLA JR., 2014).

Acerca da modernização reflexiva, Beck (2011) a define como uma modernização da modernização ou segunda modernidade que é componente da sociedade de risco. É válido ressaltar que o termo também é mencionado e discutido na obra “Modernização reflexiva: política, tradição e estética na ordem social moderna”, elaborado por Giddens e Lash (1997), compreendendo a modernização reflexiva como um processo oriundo de uma radicalização da modernização, perpassando as previsões da vida social. Esta obra, também tem a participação do próprio Ulrich Beck, e que se refere à globalização e os avanços tecnológicos como características proeminentes da nova modernidade, sendo um tema e um problema passível de discussões.

No prisma do tema, Blakie et. al. (2003), entendem que Beck a partir de seus estudos, sustenta a ideia de que o mundo considerado mais desenvolvido está inserido em um estado de transição entre a sociedade industrial e a sociedade de risco, com um desenvolvimento mais complexo e tecnologicamente induzido pela sociedade, surgem novas ameaças.

Segundo Blakie et. al. (2003, p. 17)1:

Beck considera as formas como as pessoas em sociedades altamente desenvolvidas envolvem-se em "modernidade reflexiva", uma atividade institucionalizada e estado de espírito envolvendo constante monitoramento e reflexão sobre o (de acordo com Jacobs 1998) confronto com estes riscos - sejam eles existentes objetivamente ou não. Em particular, a modernização reflexiva do risco pode envolver a consideração de riscos a nível global, uma consciência que é um grande incentivo à cooperação e prática internacional, e leva à globalização do significado de risco.

Nesse contexto durante o século XX o conceito de risco é expandido e se associa ao pensamento de crise, relacionada a aspectos ecológicos como poluição, degradações provocadas pela industrialização e crescimento demográfico, além de aspectos econômicos como o preço do petróleo, desemprego (VEYRET, 2007).

Segundo Yvette Veyret (2007, p. 16) o risco: “é em grande medida fruto de concepções de ecologistas que denunciam o impacto das sociedades sobre a natureza, deploram um crescimento demográfico muito intenso e se inquietam com a industrialização e urbanização”.

1 Traduzido de Blakie et. al. (2003, p. 17): “Beck considers the ways in which people in highly developed societies

involve themselves in ‘reflexive modernity’, an institutionalised activity and state of mind involving constant monitoring and reflection upon and (according to Jacobs 1998) confrontation with these risks – whether they objectively exist or not. In particular, reflexive modernisation of risk can involve consideration of risks at the global level, an awareness that is a major incentive for international co-operation and practice and leads to the globalisation of the meaning of risk”.

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Os estudos dos riscos têm seu destaque evidenciado de modo mais incisivo a partir dos anos 1980, baseados nas análises provenientes da reprodução social no espaço, no que tange a operacionalização da interrelação da dimensão espacial, possuindo três enfoques metodológicos: ambiental, social e cultural e a dimensão existencial, baseada na fenomenologia, contendo diferentes escalas de análises (MARANDOLA JR; HOGAN, 2004).

De acordo com Silva (2013) o desenvolvimento dos estudos dos riscos tanto naturais quanto ambientais no âmbito da Geografia está relacionado com as interações entre os danos ambientais e as ações antrópicas em um dado território. Ainda segundo Silva (2013, p. 37) “os acontecimentos ou eventos, em relação à materialização e danos socioeconômicos e ambientais aos grupos sociais, são resultantes da justaposição dos fatores físicos e sociais”.

O conceito de risco é utilizado em termos conceituais e metodológicos por várias ciências, no que tange a probabilidade de ocorrência de eventos esperados, relacionados aos termos de vulnerabilidade, sensibilidade, susceptibilidade, atribuídos ao perigo, desastre e o impacto (DAGNINO e CARPI JÚNIOR, 2007).

Conforme Veyret (2007, p. 25) o risco é descrito como “a palavra designa, do mesmo tempo, tanto um perigo potencial quanto sua percepção e indica uma situação percebida como perigosa na qual se está ou cujos efeitos podem ser sentidos”. Para Santos e Souza (2014, p.217) “risco é um termo genérico que pode ser definido em diversas categorias, indo do risco econômico ao ambiental”.

Nesse contexto, Almeida (2011, p. 85) considera que:

A noção de risco permeia diversas nuanças da sociedade, desde a academia até o âmbito empresarial. É objeto de uso na economia (análise de risco-país, risco de queda nas bolsas de valores), na engenharia (avaliação de riscos de acidades em construções, na segurança do trabalho), nos seguros na saúde, ou seja, é um conceito consideravelmente difundido, por ser, entre outros motivos, o risco como um componente recorrente da sociedade moderna.

Na visão de Almeida (2011) o risco pode ser considerado como uma categoria de análise que está relacionada ao entendimento de incerteza, exposição ao perigo, perdas e prejuízos materiais e humanos, vinculados não apenas a questões naturais, assim como processos originados das ações antrópicas.

Rebelo (2010) considera que o risco é correspondente a um sistema complexo no qual sua modificação é suscetível à prejuízos diretos ou indiretos para uma comunidade. De acordo com Smith (2001) o risco é considerado uma probabilidade ou ocorrência de um perigo, que ocasiona prejuízos sociais e ambientais.

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Nesse âmbito, o perigo é considerado por Almeida (2010, p. 99) como “a possibilidade ou ocorrência de um evento causador de prejuízo”, o que caracteriza uma ameaça à sociedade, em suas perspectivas individuais e coletivas.

De modo sucinto a definição de risco é dada pela probabilidade de ocorrência de um evento com altíssimo potencial de danos, envolvendo a percepção dos atores envolvidos bem como as vulnerabilidades em relação ao iminente perigo (MEDEIROS, 2014).

Segundo Santos e Souza (2014, p. 220):

O estabelecimento das relações entre impactos, riscos, e processo de uso e ocupação do espaço associado às condições socioeconômicas das populações, permite identificar a maior ou menor vulnerabilidade à incidência de riscos ambientais, conforme as respostas do sistema a essas alterações.

Para Medeiros (2014) o risco é tratado como uma percepção humana, onde um indivíduo ou um grupo de indivíduos estão em uma situação de vulnerabilidade à ocorrência de um evento com potencial geração de danos, tanto relacionados à integridade humana, quanto aos bens materiais. Nesse contexto, segundo Rebelo (2010, p. 32) “para haver risco, diz-se que é preciso que haja vulnerabilidade”.

Almeida (2011) corrobora com a ideia de que o entendimento de risco é uma construção social, sendo definido pela percepção de um indivíduo ou um grupo de indivíduos da possibilidade de ocorrência de um evento com potencial ao perigo e geração de danos, cujas consequências estão relacionadas com a vulnerabilidade inerente ao indivíduo ou ao grupo.

O entendimento de Souza e Zanella (2010) é que a definição conceitual sobre os riscos abrange as relações de dois importantes elementos: a ameaça e a vulnerabilidade. A ameaça é definida quanto as condições físico-ambientais ou à ocupação de determinadas áreas e a vulnerabilidade é definida pelos prováveis danos socioambientais que se relacionam com a ameaça no território (SILVA, 2013).

No cerne das discussões conceituais da definição de risco, Veyret (2007), elenca os tipos de riscos, conforme o quadro abaixo:

Referências

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