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Mapeamento do contexto sócio-cultural-econômico-político no qual o debate está colocado

Biblioteca Universitária UFSC

Capítulo 5. A aplicação do modelo proposto: Ateliê da Aurora

5.4. Aplicação do Modelo Proposto

5.4.1.1. Mapeamento do contexto sócio-cultural-econômico-político no qual o debate está colocado

Com base nas análises realizadas durante a fundamentação do projeto, é possível identificar uma série de informações que ajudarão a mapear o contexto sócio-cultural- econômico-político no qual o debate está colocado. Isso dará base para a definição da pauta da publicação, bem como subsídios para que a publicação possa apoiar um eventual processo de construção de comunidade de interesse.

5.4.1.1.1. Debates

A princípio é possível identificar uma série de debates que estão abrigados no grande “guarda-chuva” que é o tema criança e mídia. Entre eles pode-se citar:

- Necessidades específicas das crianças em relação aos produtos culturais. - Aspectos da mídia relacionados aos direitos das crianças.

- Debate sobre qualidade da TV. - Controle social da TV.

- Educação para as mídias. - Pedagogia das mídias. - Produção para crianças. - Influência da TV nas crianças. - Violência na TV.

- Relação das crianças com as mídias (televisão, Internet, revistas), bem como videogames etc.

- Mercado global e aspectos culturais da TV para criança. - Análise de programas que o público infantil assiste. - Produção acadêmica sobre comunicação e criança.

- Mecanismos de controle de acesso à programação da mídia (Vship, softwares bloqueadores etc).

5.4.1.1.2. Atores

Outra uma informação valiosa diz respeito aos atores. Nesse caso, colocamos esquematicamente o que identificamos a princípio como cinco grupos que têm relação com o tema: quem produz, quem consome, quem pesquisa, quem está mobilizado/a, quem regulamenta. Esquematicamente porque é uma forma simplificada de entender uma realidade complexa, porque os grupos não estão restritos somente nas ações em que estão associados. Serve, no entanto, como um ponto de partida para atender aos objetivos dessa atividade.

Com relação ao primeiro grupo, poderíamos afirmar que quem produz hoje o que as crianças consomem estão não apenas no Brasil como um mercado mundial. Seriam as empresas de mídia brasileiras, como por exemplo Globo, SBT, TV Cultura, UOL, Abril, bem como as estrangeiras Disney, News Corporation, Wamer-AOL. É uma discussão que tem relação com a discussão abordada no Capítulo 2, sobre tendências a convergência das mídias e também à concentração da propriedade nas mãos de poucos. Há que se considerar também as iniciativas que não se enquadram no “mainstream” da mídia, tanto em relação aos aspectos de produção quanto também de divulgação.

O consumo diz respeito às próprias crianças e também a suas famílias. Há que se considerara questão do acesso aos produtos das redes abertas e canais a cabo. Aqui vale também uma pesquisa não apenas na questão da mídia eletrônica, mas a outros produtos culturais que as crianças têm acesso, observando-se no entanto aqueles que não fazem parte dos “pacotes” de mídia (filme, videogame, álbum de figurinha etc.). É interessante também identificar quais são as experiências em que a criança se coldca como produtora para mídia (como as que produzem seus próprios jornais, web-sites etc.).

Entendemos os grupos de pesquisa como aqueles que vêm buscando desenvolver uma visão crítica da relação entre a criança e a mídia. Grupos de pesquisa podem ser encontrados em universidades, nas áreas de educação, comunicação e psicologia, bem como em escolas que realizam experiências em educação e mídia (educação para os meios, pedagogia dos meios etc.). Podemos citar como exemplo de grupos de pesquisa o da Universidade Federal de Santa Catarina, cujas pesquisas vem sendo desenvolvidas no Laboratório de Estudos da Comunicação pela professora doutora

Núcleo de Pesquisa em Mídia do Cone Sul (Televisão e Infância), do qual participam o professor doutor Sérgio Capparelli, a psicóloga e mestre Roselene Gusky Kasprzak, e o jornalista Flávio Roberto Meurer. Nâ Universidade de São Paulo, existe o Laboratório de Pesquisa sobre Infância, Imaginário e Educação, coordenado pela professora Elza Dias Pacheco. Pode-se considerar também o trabalho realizado por grupos de críticos de mídia, como o Observatório da Imprensa.

Outra iniciativa que visa integrar a área de pesquisa e produção vem sendo projetada pelo Centro Brasileiro da Criança e da Mídia, liderado pela jornalista Beth Carmona. Esta iniciativa é semelhante a várias que vêm sendo desenvolvidas em países como EUA, Austrália e Filipinas.

O grupo dos que estão mobilizados diz respeito àqueles que propõem debates sobre o conteúdo e até mesmo ações relacionadas ao controle da mídia. No primeiro sentido pode-se citar a ONG TVer - Direito dos Telespectadores; a Associação TV Bem - Instituto de Defesa do Telespectador - de Belo Horizonte é um exemplo de organização que exerce ações em direção ao controle do conteúdo. Alguns executam ações favoráveis a censura que volta e meia repercutem na mídia, como o caso de “O Amanhã de Nossos Filhos”, site ligado à TFP que tem “a finalidade de levantar uma grande barreira contra a TV imoral em nosso País”. Segundo informação no site, uma condição básica para que um programa de TV não seja mau é ele não agredir os princípios da moral católica e os bons costumes, <http://www.oanfilhos.org.br/>.

Há também os órgãos governamentais, como o Ministério das Comunicações, lugar onde está parado o anteprojeto da Lei de Comunicação Eletrônica de Massas* e o Ministério da Justiça, que por meio de sua Secretaria Nacional dos Direitos Humanos vem buscando o debate sobre a definição de um código de ética para a televisão.

5.4.1.1.3. Eventos

Mesmo que não aconteçam com regularidade, os eventos são uma boa fonte de informação do que vem acontecendo na área, os principais debates, tendências e atores envolvidos. Alguns dos eventos que ocorreram sobre criança e mídia podem ser vistos na lista abaixo, que não tem a pretensão de esgotar todos os acontecimentos organizados no Brasil e no mundo. A título de exemplo tem-se:

- TV e Infância. Debate promovido pelo Instituto Goethe e TV Cultura, São Paulo, Brasil, 1995.

- 1st.World Summit on Children and Television, Melbourne, Austrália, 1997. - 2nd.World Summit on Children and Television, Londres, Inglaterra, 1998.

- 2° Simpósio Brasileiro de Televisão, Criança e Imaginário, “O Cotidiano Infantil Violento: Marginalidade e Exclusão Social”. Promovido pelo LAPIC, São Paulo, 21 a 24 de outubro de 1998.

- Jornada de Debates “Mídia e Imaginação Infantil”, Florianópolis* Brasil, 31 de julho de 1999.

- Encontro Latino-Americano sobre Televisão de Qualidade, São Paulo, 4 a 6 de agosto de 1999.

- Ciclo de Debates TVer.

- Summit 2000 - Children, Youth and the Media, Toronto, Canadá, a ser realizado em 13 a 17 de maiode 2000.

- 3rd.World Summit on Media for Children, Thessaloniki, Grécia, a ser realizado em março de 2001.

Festival Prix Jeunesse International, evento bienal, Munique, Alemanha.

As informações coletadas nesta etapa dão subsídios para organizar as próximas etapas, que são a definição das necessidades de informação e as possíveis fontes.