• Nenhum resultado encontrado

4 COMPETÊNCIAS NECESSÁRIAS ÀS CONEXÕES EM ESPAÇOS

5.3 ESTRUTURAÇÃO DOS MOMENTOS DA PESQUISA

5.3.1 Mapeamento da rede e início da coleta dos dados

Esta investigação demandou a adaptação e a (re)criação de algumas estratégias, técnicas e ferramentas no campo da metodologia, culminando no estabelecimento de diálogos com os narradores de histórias possibilitados pelos diversos eventos organizados ao longo da pesquisa: Momentos de formação; Seminários; Cursos; etc. (APÊNDICE G). Sendo assim, em um segundo momento iniciou-se o mapeamento da rede dos contadores de histórias e a estruturação do desenho da rede de relacionamento desses atores sociais.

O mapeamento baseou-se nas técnicas de amostragem não probabilística intencional (GIL, 2009), popularmente denominada de “Amostragem bola de neve”. Na medida em que se estabeleceu um contato mais direto com os contadores de histórias por meio das ações dos eventos, tornou-se possível que outros membros desse universo fizessem parte da pesquisa ao serem citados. Com esse propósito, um contador de histórias indicava outro e assim sucessivamente.

Com a finalidade de coletar uma amostra heterogênea dos contadores de histórias capixabas, inicialmente selecionaram-se participantes de dois eventos, a saber: “II seminário No balanço das redes dos contadores de histórias” e “Oficina de contação de histórias”, ambos realizados nas dependências da Ufes no segundo período de 2014. Utilizou-se como critério a seleção de possíveis narradores e profissionais que pudessem indicar outros narradores para a composição da rede da pesquisa. Não foram selecionados os sujeitos que não se enquadraram no perfil de narrador de histórias e aqueles que não forneceram corretamente os seus contatos.

Ao inciar o processo de mapeamento da rede de contadores de histórias capixabas e identificar as competências que fortalecem as suas conexões na sociedade da informação, as ações implantadas entre os anos de 2013, 2014 e 2015 deram passagem aos momentos de diálogos individuais e coletivos com os narradores de histórias (APÊNDICE G).

Na primeira fase foram enviados 22 convites aos participantes dos eventos, aos quais obtivemos 11 aceitações e 09 ausências de respostas. Na segunda solicitou-se que os 11 participantes indicassem mais outros contatos de contadores de histórias da sua rede profissional e/ou pessoal. A indicação se deu por meio de contato presencial, correio

eletrônico, redes sociais e/ou telefonemas. Nas duas fases do mapeamento foram enviados 66 convites que ocasionaram em 36 respostas positivas (Tabela 1).

As respostas positivas resultantes do mapeamento na primeira e segunda fases, ocasionaram na indicação de outros sujeitos para a rede e, posteriormente, esses sujeitos foram sendo convidados a participarem de eventos estruturados em torno da pesquisa (APÊNDICE G). Após o mapeamento, procedeu-se a coleta dos dados tendo inicialmente como meta diagnosticar as competências do contador de histórias do Estado do ES. Mediante a aplicação de um questionário contendo indicadores de perfil e contexto, procurou-se identificar as habilidades direcionadas ao desenvolvimento da prática narrativa, produção de conhecimentos e compartilhamento de informações em redes de colaboração.

Tabela 1 – O percurso do mapeamento da rede dos contadores de histórias da pesquisa

MAPEAMENTO 1ª FASE 2ª FASE TOTAL

CONVITES ENVIADOS 22 participantes dos eventos 44 narradores indicados83 66 RESPOSTAS POSITIVAS 11 participantes dos eventos 84 25 narradores indicados 36

RESPOSTAS NEGATIVAS - 02 narradores indicados 02

AUSÊNCIA DE RESPOSTA 09 participantes dos eventos 17 narradores indicados 26 Fonte: Produzida pela autora durante a realização da pesquisa.

A primeira versão do questionário contendo indicadores de perfil e contexto fora feita com base em três categorias: memória social, competência em informação e competência narrativa. Nele continham três indicadores que consubstanciaram a coleta e análise dos resultados. No primeiro, denominado indicador do perfil do contador de histórias, reuniu informações sobre sexo, idade, formação, espaços de atuação, dentre outras. O indicador do contexto da competência em informação permitiu a identificação de aspectos relacionados com a inclusão digital e informacional desse narrador. O terceiro indicador foi criado especificamente para dar conta do contexto da narrativa oral ao receber a seguinte denominação: indicador da competência narrativa (GERLIN; SIMEÃO, 2015).

83 Na segunda fase do mapeamento recebemos 18 nomes de contadores de histórias sem que os contatos fossem devidamente informados, o que contribuiu para que os convites não fossem enviados.

84 Destes 3 participantes não possuem o perfil de contador de histórias, então, apenas indicaram outros sujeitos para participar da segunda fase do mapeamento da pesquisa.

Na primeira versão de questionário utilizado no pré-teste em Brasília (DF) (APÊNDICE A)85, foi acompanhado de um termo de consentimento e esclarecimento (APÊNDICE B). Essa fase da pesquisa culminou numa análise prévia fruto das discussões realizadas entre pesquisadores do GPCI da UnB e GEETAB da Ufes. Para a sua constituição inicialmente utilizou-se como parâmetro o Modelo de indicadores de inclusão digital e informacional direcionado para o desenvolvimento de competências (IDEAS) (CERVERÓ et al; 2011), constantemente utilizado pelos pesquisadores do GPCI da UnB.

Posteriormente as categorias de análise foram aperfeiçoadas, resultando na segunda versão do questionário que foi aplicada no universo da pesquisa: Estado do ES (APÊNDICE C). Esse questionário é resultante da pesquisa teórica, culminando no processo de categorização de seis categorias, tornando possível o processo de investigação de competências específicas (ser, fazer e conhecer) do contador de histórias na sociedade da informação: indicadores do perfil profissional (categoria dados pessoais e categoria formação profissional) e indicadores do contexto de atuação (categoria atuação cultural; categoria competência narrativa; categoria competência em informação e categoria conexão em redes) (Quadro 11).

Quadro 11 - Categorias dos indicadores e descrição dos assuntos INDICADORES DO PERFIL PROFISSIONAL

Categoria dados pessoais e profissionais Identificação pessoal (nome,

idade, sexo) Ligação com a área da contação de histórias: profissional remunerado, voluntário, etc.

Início na carreira (ano e século) Desenvolvimento de atividades relacionadas com a arte de narrar (narrador, formador, pesquisador, etc.) Profissões paralelas

relacionadas com a arte de narrar

Territórios de desenvolvimento das atividades de contação de histórias

Categoria formação profissional Formação escolar Formação acadêmica Formação específica da área da

narrativa oral Instituições que forneceram espaços de formação no campo da narrativa oral Influência de narradores de

contextos tradicionais Contribuição do ciberespaço no processo de formação

85 O pré-teste realizado com contadores de histórias de Brasília contribuiu para a inclusão de tópicos que consubstanciaram as questões norteadoras. Após a realização do pré-teste fora mapeada a rede dos contadores de histórias do ES e, por conseguinte, a seleção dos participantes da pesquisa. A primeira amostra da pesquisa (pré- teste) foi composta pelos sujeitos que participaram dos eventos promovidos pelo GEETAB da Ufes e GPCI da UnB.

INDICADORES DO CONTEXTO DE ATUAÇÃO Categoria atuação cultural Agenciamento autônomo das

atividades culturais Apoio de sujeitos em instituições públicas e/ou privadas

Avaliação do relacionamento

com público, apoiadores e pares Diálogo com profissionais de outras áreas de atuação Desenvolvimento do trabalho

narrativo no ciberespaço

Caracterização das atividades culturais (ação cultural, animação, etc.). Categoria competência narrativa Seleção de narrativas para o

repertório Forma de seleção das narrativas novas Tipos de suportes/mídias

consultadas para a seleção do material

Influência da faixa etária do público atendido na seleção das histórias Tipo de público atendido

(infantil, juvenil, adulto, idoso) Estratégias utilizadas na preparação das histórias (leitura, escrita, uso de recursos, ensaio, etc.) Ambientação e organização do

ambiente da narrativa

Interação no processo de comunicação da narrativa Categoria competência em informação Inclusão digital Tipos de equipamentos

usados para acessar a rede digital

Execução de tarefas simples Utilização de mídia social para a comunicação em rede

Intensidade de conexão em rede Tipos de mídias sociais utilizadas em rede Uso de aplicações de acesso à

internet Ferramentas de busca e recuperação da informação

Inclusão informacional Seleção da informação por grau de importância dos objetivos

Localização da informação em

obras impressas e digitais Processo de detectar palavras chaves na definição de um conteúdo do texto

Critérios utilizados para avaliar

a qualidade das fontes Organização e disponibilização do conteúdo de documentos Tipos de arquivos

compartilhados

Produção coletiva de novos arquivos para compartilhamento Categoria conexão em redes Participação em rede presencial

de aprendizagem Participação em rede virtual (digital) de aprendizagem Participação de rede social

(presencial ou virtual) Utilização de informações atualizadas da área da narrativa oral nas redes

Uso da internet para divulgar informação atualizada de interesse dos contadores de histórias

Possibilidade de buscar informações relacionadas com a narrativa oral nas redes citadas

Compartilhamento das tecnologias conhecidas

Importância atribuída ao acesso do contador de histórias nas redes digitais

Importância atribuída ao processo de participação em atividades direcionadas para a formação do contador de histórias

Interesse em participar da rede colaborativa

proposta pela pesquisa

Fonte: Produzido pela autora durante a realização da pesquisa.

Ao longo do processo muitas questões foram surgindo e, à luz das discussões teóricas, então, trabalhamos com a segunda versão dos indicadores de perfil e contexto, tendo como meta identificar as competências dos contadores de histórias. O estado da arte em termos de territórios dos sujeitos contadores de histórias da coleta da pesquisa pode ser representado da seguinte maneira: nos diversos eventos e momentos de diálogos individuais e coletivos realizados ao longo da pesquisa; nos quais entregamos 138 questionários contendo indicadores de perfil e contexto. Dentre os questionários entregados foram 68 questionários devidamente preenchidos (Tabela 2).

Tabela 2 – Total de questionários enviados e preenchidos (devolvidos)

TERRITÓRIOS DE ATUAÇÃO QUESTIONÁRIOS ENVIADOS QUESTIONÁRIOS DEVOLVIDOS

PMC 35 33

PMV 03 03

PM Viana 01 01

PMJM 01 01

Escola Primeiro Mundo 58 + 28 = 8686 03 + 15 = 18

Ufes 03 03

Projeto Colorir 02 02

Autônomos 07 07

TOTAL DE ENVIADOS: 138 -

TOTAL DE DEVOLVIDOS: - 68

Fonte: Produzida pela autora durante a realização da pesquisa.

86 No primeiro contato estabelecido com essa unidade escolar foram distribuídos 58 questionários para professores da educação infantil que participaram do curso de contadores de histórias e na segunda fase 28 questionários do ensino fundamental, totalizando 86 questionários entregados.

No termo de consentimento e livre esclarecimento87 (APÊNDICES D) que acompanhou a aplicação do questionário no Estado do ES, consta o compromisso de não identificarmos o nome do contador de história se assim fosse desejado. Desse modo, identificamos apenas os sujeitos entrevistados que permitiram a divulgação de seus nomes. Dentre os 68 questionários preenchidos (100%) conseguimos entrevistar 19 contadores de histórias (27,94%).