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Este capítulo, baseado em artigo de Charbonneau (2004), busca apresentar as semelhanças e diferenças entre as propostas do RUP e do PMBoK.

Deve ser observado que eventualmente os elementos do PMBoK não são perfeitamente identificados com os do RUP e vice-versa. A proposta aqui, foco deste documento, é verificar a viabilidade de aproximação entre os padrões propostos.

Para que a comparação seja possível, o PMBoK é utilizado como referência por ser o mais genérico dos dois padrões. O RUP é comparado a ele.

3.1 Características comuns

Tanto o RUP como o PMBoK reconhecem que o gerenciamento de projetos é um empreendimento iterativo. O PMBoK (2004) descreve isto da seguinte maneira:

“É importante observar que muitos processos dentro do gerenciamento de projetos são iterativos devido à existência, e necessidade, de uma elaboração progressiva em um projeto durante todo o seu ciclo de vida. Isto é, conforme uma equipe de gerenciamento de projetos aprende mais sobre um projeto, poderá gerenciar com um nível maior de detalhes.”

O quadro a seguir provê um mapeamento entre as principais características do PMBoK e RUP:

O PMBoK, por ser mais genérico, cobre todos os aspectos da gerência de projetos. O RUP, com foco em projetos de desenvolvimento de softwares, não abrange

Quadro 3: Principais características do PMBoK e RUP

PMBoK RUP

Qualquer tipo de projeto Projetos específicos de desenvolvimento de software Somente práticas de gerenciamento de

projetos

Práticas de gerenciamento de projetos e de desenvolvimento de software

Cobre todos os aspectos do gerenciamento de projetos

Cobre alguns aspectos do gerenciamento de projetos

Descritivo Prescritivo

As fases dependem da natureza do projeto

Fases e iterações são específicas para o desenvolvimento de software

todos esses aspectos, conforme exposto em capítulo anterior. Por outro lado, o RUP, por ser mais específico, prescreve detalhadamente tudo que deve ser realizado em um projeto de software.

3.2 Mapeando os modelos

Tanto o RUP quanto o PMBoK reunem atividades dentro de estruturas de grupos e grupos temporais. O RUP tem grupos de atividades chamados disciplinas e grupos temporais de atividades chamados fluxos de trabalho (workflows). O PMBoK possui grupos de processos chamados áreas de conhecimento e grupos temporais de atividades chamados grupos de processos.

Os quadros a seguir apresentam um mapeamento entre o RUP e o PMBoK:

Tomando por base o quadro anterior, percebe-se que não há diferenças significativas entre as duas propostas. As distinções estão principalmente nas

Quadro 4: Principais elementos do PMBoK e RUP

ELEMENTO PMBoK RUP

Tipo de projeto Qualquer tipo de projeto Projetos de desenvolvimento e implantação de software Ciclo de vida do

projeto

Dividido em fases. Normalmente de 4 a 5, chegando eventualmente a 9 ou mais. Cada fase é marcada pelo término de um ou mais subprodutos

Dividido em 4 fases: Iniciação, Elaboração, Construção e

Transição. Cada fase é dividida em uma ou mais iterações que inclui atividades de todas as disciplinas. Cada iteração produz uma versão executável da aplicação ou sistema a ser entregue

Fim de fase Marco Marco significativo Artefato de fim de

fase

Subproduto Artefato

Atividade Processo descrito em termos de entradas, saídas, ferramentas e técnicas

Atividade descrita em termos de artefatos de entrada, artefatos produzidos e passos a serem seguidos com guias de utilização e diretrizes

Artefato de entrada Entrada Artefato de entrada Artefato de saída Saída Artefato produzido Revisão de fim de

fase

Saídas de fase, marcos de estágio ou pontos de interrupção (kill point)

Revisão de marco do ciclo de vida

Grupos de atividades Área de conhecimento Disciplina Grupo temporal de

atividades

Grupo de processos Fluxo de trabalho (workflow)

nomenclaturas, mas os conceitos, de modo geral, são semelhantes. A principal diferença está na especificidade dos projetos a serem desenvolvidos com o apoio do RUP que devem, sem exceção, ser voltados à concepção de softwares. Merece destaque também que o RUP detalha exatamente o que, como e por quem determinadas atividades devem ser realizadas para que um projeto de software seja bem sucedido, algo que deve ser definido pela equipe de projeto que trabalha nos moldes do PMBoK.

O quadro anterior mostra que a disciplina de Gerenciamento do Projeto do RUP concentra praticamente todas as áreas de conhecimento do PMBoK. Apesar disso, o RUP deixa pontos da gerência de projetos em aberto no que refere ao gerenciamento de pessoas, orçamentos e contratos. Por serem aspectos críticos a maioria dos projetos, o PMBoK apresenta-se como uma referência mais completa e mais madura, considerando todos os aspectos que envolvem a gestão de projetos, incluindo projetos de software.

3.3 Mapeando processos do PMBoK às atividades do RUP

O anexo VIII, conforme proposto por Charbonneau (2004), apresenta uma proposta de mapeamento entre os processos do PMBoK e atividades do RUP.

Realizando uma análise mais aproximada do comparativo é possível perceber as

Quadro 5: Mapeando as áreas de conhecimento do PMBoK às disciplinas do RUP

ÁREA DE CONHECIMENTO DO PMBoK DISCIPLINA DO RUP Gerenciamento da Integração do Projeto Gerenciamento do Projeto

Requisitos Implantação

Gerência da Configuração e Mudança Gerenciamento do Escopo do Projeto Gerenciamento do Projeto

Requisitos

Gerência da Configuração e Mudança Gerenciamento de Tempo do Projeto Gerenciamento do Projeto

Gerenciamento de Custos do Projeto Gerenciamento do Projeto Gerenciamento da Qualidade do Projeto Gerenciamento do Projeto

Gerência da Configuração e Mudança Gerenciamento de Recursos Humanos do

Projeto

Gerenciamento do Projeto

Gerenciamento das Comunicações do Projeto Gerenciamento do Projeto Gerenciamento de Riscos do Projeto Gerenciamento do Projeto Gerenciamento das Aquisições do Projeto Requisitos

omissões do RUP no que se refere aos aspectos específicos das gerência de projetos. Os processos de Orçamento de Custos e Controle de Custos (Gerenciamento de Custos do Projeto) e Desenvolvimento da Equipe (Gerenciamento de Recursos Humanos do Projeto) não possuem equivalência na proposta do RUP. Além disso, os processos de Planejamento da Solicitação, Solicitação, Seleção das Fontes, Administração do Contrato e Encerramento do Contrato, todos referentes à área de conhecimento Gerenciamento das Aquisições do PMBoK também não estão cobertas pelo RUP, requerendo práticas e técnicas complementares em projetos de software de maior porte e que requeiram serviços de terceiros.

3.4 Primeiras conclusões

Charbonneau (2004) utilizou os comparativos entre o RUP e o PMBoK, conforme expostos e comentados anteriormente, para defender que não há incompatibilidades fundamentais entre os dois padrões propostos pela IBM e PMI. Conforme mostrado, termos diferentes são utilizados para descrever conceitos semelhantes, mas nada no RUP contradiz práticas defendidas pelo PMBoK, assim como nada do PMBoK contradiz as melhores práticas do RUP.

Diante disto, o capítulo a seguir propõe um modelo híbrido, tendo como base o padrão do PMBoK para gerenciamento de projetos combinada com as boas práticas do RUP voltadas ao desenvolvimento de softwares. Para que a proposta aqui defendida seja atingida no que diz respeito a sugestão de um método simplificado para projetos de pequeno e médio porte voltados ao desenvolvimento e implantação de software, os conceitos de métodos ágeis serão utilizados como referência e o padrão proposto pelo PMBoK será tomado como base para processos de gerenciamento de projetos. O RUP é integrado com suas boas práticas relacionadas a processos de desenvolvimento de

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