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Trilhando o início deste percurso metodológico, buscando as primeiras pistas sobre o tema identidade docente na creche, realizei o mapeamento sistemático. De acordo com Rocha e Nascimento (2018, p.3), o mapeamento sistemático auxilia o pesquisador a entender seu objeto, posto aqui como a identidade docente na creche, e a “percorrer uma trajetória de ideias” sobre ele. Ainda de acordo com os autores, o mapeamento sistemático inicia-se com a criação de um protocolo, com três etapas: O objetivo; critérios de seleção, inclusão e exclusão; e as palavras chaves (ROCHA e NASCIMENTO: 2018, p.4). Este encaminhamento veremos a seguir.

Com o objetivo de verificar as produções sobre identidade docente na creche foi realizada uma busca utilizando os termos “identidade docente” “creche”, no Banco de Teses e Dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível

Superior (CAPES), e na Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD),delimitando o período de 2.000 à 2.018, na área da Educação, eliminando as duplicatas e utilizando como critérios: incluir trabalhos que apresentassem as duas palavras chaves em seu título ou resumo, excluindo trabalhos que não abordassem a constituição da identidade docente na creche como objeto de estudo, ou trabalhos que não fosse possível acessar seu resumo na web.

A busca no Banco de Teses e Dissertações da CAPES que retornou um total de 1.023 trabalhos entre teses e dissertações que traziam o termo “identidade docente” ou “creche”. Selecionando os trabalhos que continham os dois termos, este número caiu para 5 e aplicando os critérios de exclusão, restaram apenas 3 trabalhos. A busca na BDTD pelos termos “identidade docente” e “creche”, utilizando a ferramenta de busca avançada, que seleciona apenas os trabalhos que contenham os dois termos, retornou um total de 7 trabalhos. Que após a eliminação de duplicatas e os critérios de inclusão e exclusão, restou apenas 1 trabalho. O resultado é apresentado na tabela 1.

ID Base de Dados

Título Autores Ano Tipo

1 Banco de Teses e Dissertações CAPES SER PROFESSORA DE CRECHE: CONSTITUINDO SUA IDENTIDADE PROFISSIONAL GOMES, FERNANDA PEREIRA DAS CHAGAS. 2016 Dissertação 2 Banco de Teses e Dissertações CAPES De pajem a professora de educação infantil: um estudo sobre a constituição identitária da profissional de creche' SILVA, DILMA ANTUNES. 2015 Dissertação 3 Banco de Teses e Dissertações CAPES Docência compartilhada na Educação Infantil: implicações das formas de organização do trabalho nas identidades docentes de professoras de crianças de zero a dois anos de idade

CAMILO, RUBIA DA CONCEICAO

2018 Dissertação

4 BDTD Entre a fralda e a lousa: um estudo sobre identidades docentes em berçários

OLIVEIRA, ROSMARI PEREIRA DE

2013 Dissertação

Os trabalhos revelam algumas especificidades quando falamos da professora de creche, como a exigência de formação que ocorreu com a LDB em 1996 e a partir de então os municípios lançaram mão de programas de formação para as pessoas que trabalhavam com as crianças pequenas se enquadrassem nessa nova exigência, o que também significou um novo status para esse profissional e uma mudança de vida para os atores envolvidos. Encontramos também nas produções a questão da diferente organização do trabalho da professora de creche com relação ao ensino fundamental e à pré-escola.

ID Autor Objetivo segundo os autores

1 GOMES (2016) analisar o processo de constituição da identidade profissional de quatro professoras que atuam em creche, com crianças de 4 meses a 3 anos, na perspectiva de Dubar (1997, 2009) acerca da identidade

2 SILVA (2015) Investigar o processo de constituição identitária de professoras de educação infantil que atuam em creche, especificamente aquelas que iniciaram seu trabalho nesse campo como pajens e auxiliar de desenvolvimento infantil 3 CAMILO (2018) analisar as implicações das formas de organização do

trabalho na construção das identidades de professoras que atuam no cuidado e educação de crianças de zero a dois anos de idade em uma Unidade Municipal de Educação Infantil (UMEI) do município de Belo Horizonte

4 OLIVEIRA (2013) analisar as implicações das formas de organização do trabalho na construção das identidades de professoras que atuam no cuidado e educação de crianças de zero a dois anos de idade em uma Unidade Municipal de Educação Infantil (UMEI) do município de Belo Horizonte

Tabela 2: Objetivo segundo os autores

Isto nos leva a pensar em qual significado o estágio pode ter na formação do futuro professor, pois a imagem que temos da creche é constituída de forma mítica se não tivermos a vivência na creche e diferente do ensino fundamental e média, mesmo que a pessoa tenha frequentado a creche quando criança, esta lembrança não estará vívida em sua memória como as vivências do ensino fundamental.

A abordagem qualitativa foi unânime nos trabalhos e as metodologias foram as mais diversas e em todas eles viu-se a necessidade de perceber o professor em sua complexidade, sendo a entrevista o instrumento com maior ocorrência de uso. O primeiro utiliza como metodologia a entrevista semiestruturada.

1 GOMES (2016) Entrevista semiestruturada

2 SILVA (2015) Entrevista não diretiva, estudo bibliográfico, levantamento dos estudos sobre identidade docente apresentados ao longo da última década no GT07 da ANPED

3 CAMILO (2018) Análise documental, observação do contexto de trabalho, entrevistas e formulário complementar

4 OLIVEIRA (2013) Entrevistas

Tabela 3: Metodologia de levantamento de dados dos trabalhos selecionados

Para compor a identidade docente, do professor que trabalha na creche, os trabalhos estudaram alguns elementos considerados pelas autoras como constituintes da identidade docente na creche. As histórias de vida e trajetória pessoal aparecem em todos os trabalhos. Nóvoa afirma que “é impossível separar o eu profissional do eu pessoal” (NÓVOA, 1997, p. 17). Formação, trajetória profissional e profissionalização parecem ser pontos importantes.

ID Autor Elementos constituintes da identidade docente na creche analisados

1 GOMES (2016) História de vida; concepções de infância, de criança e de brincar; concepções de creche e de ser professor de creche; marcas da formação inicial e de formação continuada; condições de trabalho, papel da família e compreensão da função da professora de creche; afetividade; papel da equipe gestora na constituição da identidade da professora.

2 SILVA (2015) Origem humilde e marcas da infância, trajetórias pessoais e de profissionalização; dimensão afetiva da prática pedagógica; condições de trabalho, hierarquização, rotina e desvalorização profissional.

3 CAMILO (2018) Perfil pessoal; formação e escolhas profissionais; ponto de vista das professoras sobre a organização do seu trabalho; ações de cuidado e educação; relações (professoras, auxiliares, crianças, famílias); significados atribuídos pelas professoras ao cargo; carreira, condições de trabalho e remuneração; significado atribuído às ações (maternagem, amor, cuidar, educar, brincar); compartilhar a docência.

4 OLIVEIRA (2013) História de vida das professoras, sobretudo sua trajetória profissional; representações e expectativas sobre sua identidade profissional como docente; opinião sobre as questões de gênero que perpassam a atividade profissional com bebês; percepções sobre as

práticas desenvolvidas em berçários, especialmente em suas concepções de currículo.

Tabela 4: Elementos constituintes da identidade docente na creche analisados

As entrevistas narrativas incorporadas aos aportes teóricos, serão elementos que nos darão pistas para uma melhor forma de pensarmos a formação inicial e continuada no que concerne à importância de vivenciar estas especificidades na creche no percurso identitário dos sujeitos em formação.