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Marco Legal: Atribuições Previstas para os CRAS / PAIF no Processo de

2.4 PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA: CARACTERIZAÇÃO DO DESENHO

2.4.1 Marco Legal: Atribuições Previstas para os CRAS / PAIF no Processo de

O Sistema Único de Assistência Social (SUAS) foi implementado propondo uma nova lógica de organização dos serviços, programas, projetos e benefícios, definindo com isso dois diferentes níveis de complexidade, a saber: Proteção Social

41InstituídopelaPortariaGM/MDSnº148,de27deabrilde2006.http://www.mds.gov.br/sobreoministerio/legislacao/bols afamilia/portarias> Acesso em 25 de agosto de 2011

42O Sistema de Benefícios ao Cidadão (Sibec), desenvolvido e gerenciado pela Caixa Econômica Federal para

efetivar o pagamento de diversos benefícios sociais, encontra-se estruturado em módulos. Depois de firmarem seus termos de adesão, os municípios têm acesso on line ao sistema para efetuar ações de bloqueio e desbloqueio de benefícios.

Básica (PSB) e Proteção Social Especial (PSE) de média e alta complexidade. Configuram-se como serviços de PSB de Assistência Social:

Programa de Atenção Integral à Família (PAIF); Programa de inclusão produtiva e projetos de enfrentamento da pobreza; Centros de Convivência para Idosos; Serviços para crianças de 0 a 6 anos que visem o fortalecimento dos vínculos familiares, o direito de brincar, ações de socialização e de sensibilização para a defesa dos direitos das crianças; Serviços sócios-educativos para crianças, adolescentes e jovens na faixa etária de 6 a 24 anos, visando sua proteção, socialização e o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários; Programas de incentivo ao protagonismo juvenil, e de fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários; Centro de informação e de educação para o trabalho, voltados para jovens e adultos. (BRASIL, 2004. p. 36).

Os serviços de PSB deverão ser executados de forma direta nos CRAS e em outras unidades básicas e públicas de Assistência Social, bem como de forma indireta nas entidades e organizações de Assistência Social da área de abrangência do CRAS (BRASIL, 2004).

Nesse sentido, destaca-se que o CRAS é um equipamento social público estatal de base territorial, responsável pela oferta de serviços continuados de proteção social básica de assistência social às famílias, grupos e indivíduos em situação de vulnerabilidade social, privilegiando "a dimensão sócio-educativa da política de Assistência Social na efetivação dos direitos relativos às seguranças afiançadas" (BRASIL, 2006, p. 15). Ou seja, o CRAS é o meio pelo qual os usuários têm acesso à rede de proteção social básica do SUAS, efetivando a referência e a contra referência do usuário na rede sócio assistencial do SUAS.

O CRAS, responsável por prestar um serviço municipal, também é conhecido como a "Casa das Famílias", sendo a "porta de entrada" para a rede sócio assistencial de Proteção Social Básica do SUAS. Tendo como objetivo a organização da rede sócio assistencial e o acompanhamento da família por território (devendo-se considerar as diversidades locais e regionais, buscando atuação em rede neste território), objetivando ainda prevenir situações de risco por meio do desenvolvimento de potencialidades, aquisições e o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários.

Potencializar a família como unidade de referência, fortalecendo seus vínculos internos e externos de solidariedade, promovendo seus membros e possibilitando ações intersetoriais que visem a sustentabilidade; de modo a romper o ciclo de reprodução inter-geracional da pobreza e evitar que as famílias, seus membros e indivíduos tenham seus direitos violados, recaindo em situações de risco. (SIMÔES, 2008, p. 319).

A existência do CRAS está estritamente vinculada ao funcionamento do Programa de Atenção Integral à Família (PAIF), ou seja, a implementação do PAIF (principal programa da PSB do SUAS) é condição essencial e indispensável para o funcionamento do CRAS. Como mencionado, além de serem necessariamente ofertados os serviços e ações do PAIF, podem ser prestados outros serviços, programas, projetos e benefícios de PSB43 relativos às seguranças que a proteção

social deve garantir. Todavia, caso se opte pela oferta de outros serviços no CRAS, faz-se necessário dispor de espaço físico, material, equipamento e equipe de profissionais compatível com as orientações específicas de cada serviço, de modo a não prejudicar o desenvolvimento do PAIF (BRASIL, 2009e) básica criado pelo MDS, por meio da Portaria n° 78, em 8 de abril de 2004, que aprimorou a proposta do Plano Nacional de Atendimento Integrado à Família (PNAIF), implantado pelo Governo Federal no ano de 2003. Em 19 de maio de 2004, o PAIF tornou-se ação continuada de Assistência Social, passando a integrar a rede de serviços de ação continuada da Assistência Social, financiada pelo Governo Federal, conforme Decreto 5.085, de 19 de maio de 2004.

Conforme o artigo 2° da Portaria n° 78, de 8 de abril de 2004, que estabelece diretrizes e normas para a implementação do PAIF e dá outras providências, destaca-se que o objetivo do PAIF é:

• Contribuir para a efetivação da Política de Assistência Social como política pública garantidora de direitos de cidadania e promotora de desenvolvimento social, na perspectiva da prevenção e superação das desigualdades e exclusão social, tendo a família como unidade de atenção para a concepção e a implementação de programas, projetos, serviços e

43De acordo com Brasil (2006d, p. 14), podem ser realizados nos CRAS ou estar referenciado no território de

abrangência: os Serviços (socioeducativo geracionais, inter-geracionais e com famílias; sócio comunitário; Reabilitação na Comunidade, entre outros), os Benefícios (Transferência de Renda, PBF, BPC, Benefícios eventuais;entre outros) e os Programas e Projetos (Capacitação e promoção da inserção produtiva; Promoção da inclusão produtiva para beneficiários do PBF e no BPC; Projetos e Programas de Enfrentamento à Pobreza; Projetos e Programas de Enfrentamento à Fome; Grupos de Produção e Economia Solidária: Geração de Trabalho e Renda; entre outros).

benefícios;

• Contribuir para superar a abordagem fragmentada e individualizadora dos programas tradicionais;

• Garantir a convivência familiar e comunitária dos membros das famílias; • Contribuir para o processo de autonomia e emancipação social das famílias e seus membros;

• Viabilizar a formação para a cidadania;

• Articular e integrar ações públicas e privadas em rede; • Colaborar com a descentralização político-administrativa.

A estrutura operacional do PAIF será financiada pelo Governo Federal, por meio do MDS, em conjunto com os Estados e Municípios, num processo de cofinanciamento, como preceitua a LOAS. Os recursos previstos no PAIF têm como objetivo prioritário a potencialização da rede local sócio assistencial básica, financiando programas, projetos e serviços, ampliando sua cobertura e melhorando a qualidade dos serviços prestados. Esses recursos serão aplicados sob responsabilidade dos gestores municipais.

Entre alguns serviços e ações do PAIF ofertados pela equipe de profissionais do CRAS, destacam-se,

A acolhida de famílias em situação de vulnerabilidade social; O acompanhamento familiar em grupos de convivência, reflexão e serviço socioeducativo para famílias (beneficiários do PBF, em especial as que não estejam cumprindo as condicionalidades e as famílias com beneficiários do BPC) ou seus representantes; Vigilância social; Proteção pró-ativa por meio de visitas às famílias que estejam em situações de maior vulnerabilidade ou risco; Encaminhamento (com acompanhamento) da população referenciada no território do CRAS para serviços de proteção básica e de proteção social especial e para as demais políticas sociais. (BRASIL, 2006d).

O acompanhamento às famílias atendidas no CRAS, de acordo com Brasil (2006d, p. 34), deve levar em consideração os objetivos do programa, o conjunto de indicadores, bem como "a dinâmica do atendimento à família, a presença e o absenteísmo, o contrato feito com as famílias, os resultados esperados e o grau de complexidade da demanda e da situação familiar". Conforme estabelecido em Brasil (2006d), no CRAS serão priorizadas as famílias cadastradas no Cadastramento Único dos Programas Sociais do Governo Federal (CADÚNICO), beneficiárias do PBF (em especial as que apresentarem dificuldades no cumprimento das condicionalidades previstas no referido programa), e os beneficiários (e suas

famílias) do BPC que necessitem de atenção básica. De acordo com o MDS (2006):

Na integração de ações com o PAIF, um ponto fundamental no desenho do PBF refere-se ao cumprimento de condicionalidades, que são as contrapartidas de proteção exigidas das famílias beneficiárias. As ações previstas como condicionalidades correspondem, no marco constitucional brasileiro, a direitos sociais que devem ser garantidos ao conjunto da população. Ao exigir o comparecimento a determinados serviços de saúde pública, a frequência escolar e às ações socioeducativas e de convivência para crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil, o PBF promove condições fundamentais mínimas para que esses sujeitos sociais, hoje à margem da sociedade, possam reivindicar acesso às condições necessárias para o desenvolvimento de capacidades essenciais dos indivíduos. A dificuldade de cumprimento das condicionalidades pelas famílias deve ser compreendida, pela equipe do CRAS, não como condição desfavorável, mas como condição objetiva da situação de exclusão, que aumenta a probabilidade de ocorrência de violação dos direitos.(MDS, 2006, p.18).

A articulação do PBF e do PAIF é orientada pelo MDS desde 2006, por meio do manual de Orientações para o Acompanhamento das Famílias do PBF no Âmbito do SUAS. As estratégia sugeridas para a articulação do Bolsa-Família com o Programa de Atenção Integral à Família (PAIF), vinculado à Secretaria Nacional de Assistência Social do MDS, têm o propósito de desenvolver uma metodologia de acompanhamento de cada família que considerasse sua situação concreta, suas vulnerabilidades e potencialidades, visando a sua melhor orientação e utilização do conjunto de serviços e ações previstos por ambos os programas. Na metodologia adotada, o não cumprimento de condicionalidades foi considerado um indicador de que a família deveria contar com um acompanhamento mais próximo, de maneira a sentir-se apoiada e resolver suas dificuldades, garantindo-se, dessa forma, os direitos de seus membros à educação e aos cuidados básicos de saúde.

Para o MDS, o trabalho com as famílias beneficiárias do Programa Bolsa- Família e residentes na área da atuação do Programa de Atenção Integral à Família visa aos seguintes objetivos:

a) acompanhar, em especial, as famílias com dificuldades no cumprimento das condicionalidades do PBF, com a finalidade de apoiá-las na superação

de suas dificuldades e de promover condições de inclusão na rede de proteção social, participação comunitária e desenvolvimento familiar;

b) desenvolver capacidades comunicativas, relacionais e de ação cooperativa em famílias e grupos;

c) promover a inserção das famílias e seus membros nos serviços, programas, projetos e benefícios sócio-assistenciais e das demais políticas sociais existentes nos municípios;

d) disseminar informações sobre o PBF e a Política de Assistência Social visando ao compartilhamento de objetivos e ações com a comunidade; e e) mobilizar as redes e recursos da comunidade com vistas ao maior desenvolvimento e inclusão das famílias. (MDS, 2006, p.32).

Para o MDS, o trabalho com famílias na articulação PBF/PAIF deve ser orientado pelas diretrizes concernentes a cada programa e por diretrizes resultantes dessa articulação, quais sejam:

a) trabalhar, em caráter de prevenção das situações de risco, com todas as famílias do território de abrangência do CRAS e, em especial, com aquelas que estão em situação de descumprimento das condicionalidades com vistas à superação de dificuldades e efetiva inclusão nos serviços de saúde, educação e assistência social;

b) respeitar cada família, incentivando a sua participação no trabalho socioeducativo, de acordo com suas referências culturais, seus ciclos de vida, seu ritmo de desenvolvimento e seus projetos e, incentivando seu protagonismo;

c) Promover, através do trabalho socioeducativo, a articulação entre a informação, a reflexão e o desenvolvimento de habilidades e capacidades das famílias, buscando dar expressão e sustentabilidade a essas mudanças nas práticas cotidianas;

d) propiciar a transversalidade dos conteúdos e o desenvolvimento de ações intersetoriais, fortalecendo a interlocução e a ação conjunta, nos territórios, da assistência social, da saúde, da educação e de outras áreas envolvidas no desenvolvimento social, potencializando o acolhimento da família e seus membros nas instituições, programas e projetos, serviços e benefícios que trabalham com as famílias do PBF na rede local; e

e) trabalhar com o binômio família/comunidade, contribuindo para a potencialização do território, das famílias no território e das redes de solidariedade social, melhorando a oferta dos serviços, adequando-os às demandas do território, combatendo inclusive discriminações entre as famílias atendidas em virtude de sua situação específica no PAIF e/ou no PBF. (MDS, 2006, p.32-33).

A articulação entre o PBF e o PAIF que foi abordada nesta subseção será retomada e aprofundada na última seção deste trabalho.

2.5 A INTERSETORIALIDADE COMO ESTRATÉGIA DE IMPLEMENTAÇÃO DAS