• Nenhum resultado encontrado

Técnicos da Educação: Análise e Resultados das Entrevistas

3.3 OS FATORES QUE POSSIBILITAM OU COMPROMETEM A

3.3.2 Técnicos da Educação: Análise e Resultados das Entrevistas

As entrevistas com os técnicos da educação foram realizadas no período de 26 a 29 do mês de outubro e nos dias 03, 04, 08 e 11 de novembro de 2010. Dos técnicos da área de educação lotados nas escolas municipais e estaduais foram entrevistados quinze (15) profissionais, sendo quatorze (14) do sexo feminino e um do sexo masculino. Do total de entrevistados, um (01) tem idade entre 20 a 30 anos, quatro (04) têm de 31 a 40 anos, nove (09) têm de 41 a 50 anos e um (01) tem mais de 51 anos. Em relação ao tempo que trabalham na Unidade Escolar (UE), três (03) técnicos trabalham entre 2 a 4 anos, cinco (05) trabalham entre 5 a 10 anos e sete(07) técnicos trabalham mais de 10 anos na UE. Nove (09) dos entrevistados têm formação em pedagogia, um(01) é Psicopedagogo, dois (02) são professores de matemática, um é professor de educação física, um (01) é professor de artes e um entrevistado não finalizou o curso de nível superior (não informou qual curso). Em relação à função que desempenham, três (03) entrevistados são assistentes de educação, dois (02) assistentes de direção, quatro (04) secretários escolares, dois (02) orientadores pedagógicos, um (01) assistente de coordenação pedagógica, dois (02) diretores escolares e um assessor de ensino.

Quanto ao período de atividades relacionadas ao PBF, observamos que a maioria dos profissionais atuam entre 1 a 10 anos no programa. Quando perguntado se houve alguma forma de critério para a seleção do profissional, todos os entrevistados responderam que não houve critério pré-definido, pois a atividade está relacionada à competência de função já definida na área de atuação dentro da instituição de ensino.

Em relação à participação em cursos de capacitação voltados para o PBF e promovidos pela Prefeitura Municipal de Florianópolis, 08(oito) dos entrevistados tiveram alguma forma de capacitação e sete(07) disseram nunca ter participado de cursos para capacitá-los na atividade desenvolvida. Quando perguntado quando ocorreu tal capacitação, eles informaram que foi no início da atividade, porém, quando questionado sobre a qualidade da formação, os entrevistados informaram que ela foi apenas voltada para atividades de rotina e de organização burocrática do trabalho, ou seja, preenchimento e envio de formulários para o MEC via online. Vale

ressaltar que em relação ao curso de capacitação a pesquisa trouxe os mesmos resultados na área de educação e saúde.

Ao questionar os entrevistados se eles conhecem o PBF, todos eles informaram que sim. No entanto, quando perguntado como tomaram conhecimento do programa, tivemos respostas diversas, conforme o quadro:

Quadro 8: Conhecimento do PBF

Número de Respostas

Outras 9

Informações obtidas através de colegas 5

Apostila fornecida pela PMF 1

Curso 1

Informações disponibilizadas pela chefia 1

Cartilha Informativa 0 Seminário 0 Palestra 0 Outras 0 Todas 0 Não respondeu -

Fonte: Selma Ramalho de Paula - Pesquisa de trabalho de conclusão do curso de Serviço social, 2010

A partir do exposto acima, observamos que, dentre as alternativas apresentadas, algumas foram respondidas concomitantemente pelo mesmo entrevistado. A alternativa com maior número de respostas foi “outras”, que abarca reuniões, jornais e TV, seguida de “informação obtida através de colegas”. Podemos analisar que o curso de capacitação que os entrevistados tiveram no início de suas atividades junto ao PBF não foi voltado para conhecimento do seu funcionamento.

Em relação ao conhecimento dos critérios e das condicionalidades exigidas para que a família receba o beneficio do PBF, todos os entrevistados responderam que conhecem os critérios exigidos. Quando perguntamos quais são os critérios e condicionalidades, todos os entrevistados responderam que são baixa renda familiar e acompanhamento da frequência escolar. No entanto, os técnicos da educação não fizeram menção de que a família deve fazer acompanhamento da saúde na US.

Ao questionar os entrevistados se eles concordavam com as exigências que o PBF impõe às famílias, quatorze (14) responderam que sim e um respondeu que

não. Referente a essa questão, não solicitamos justificativa, no entanto, todos os entrevistados justificaram suas respostas. Na sequência, será realizada a análise das justificativas.

Os entrevistados concordam com as condicionalidades, justificando que:

“[...] as condicionalidades, são o mínimo a ser cobrado das famílias, é uma contra partida da família beneficiária para receber o beneficio. Acredito que demora muito para as famílias serem punidas quando estas não atendem as condicionalidades.”

Observa-se nas “falas” acima que tanto os entrevistados da educação como os da saúde não entendem que a Assistência Social precisa ser encarada como direito e não como benesse ou exercício de vontade. Como direito, ela é “obrigação para com a coletividade e ao indivíduo” (SPOSATI, 2007. p.79). A visão dos entrevistados reflete exatamente o que os programas assistenciais nessa conjuntura de Estado mínimo desenvolvem e mostram: como benesses, de forma seletiva, focalizada, emergencial, destinados aos mais pobres dos mais pobres. Esse caráter adotado pelo governo contraria a legislação, pois não provê os mínimos sociais, nem atende às necessidades básicas e, consequentemente, não há o enfrentamento da pobreza e universalização dos direitos sociais.

Outra argumentação menciona que:

“É importante exigir que a criança tenha frequência mas não é suficiente é necessário cobrar o rendimento escolar só assim terá uma real participação dos pais na educação dos filhos.(E12, E13 e E14)

Os entrevistados colocam que a condicionalidade da educação deve ser ampliada e, consequentemente, o rendimento escolar cobrado, pois acreditam que assim terão a participação dos pais na educação dos filhos. Corroborando com Oliveira(2001, p.10) “a participação efetiva dos pais no processo de aprendizagem facilita a prática pedagógica dos professores. Isso evidencia a responsabilidade que a escola tem em incentivar e apoiar articulação família escola. As duas instituições são responsáveis pela inserção do sujeito no contexto social, devendo torná-lo capaz de alcançar o conhecimento com autonomia e acompanhar as mudanças sociais, tecnológicas e econômicas.”

O entrevistado (E05) afirma que “ as condicionalidades são importantes, e que deve ser trabalhada a informação referente às condicionalidades.” Ao analisar a resposta, observamos que a entrevistada pontua a questão da importância de trabalhar a “informação”, no entanto, ela não cita qual seria o melhor canal para se comunicar com os beneficiários do programa.

O entrevistado E06 acredita que,“a condicionalidade é importante, mas deveria ser melhorada.” Quando inquirimos o entrevistado sobre o que deveria melhorar em relação à condicionalidade, ele colocou que se deve cobrar uma participação efetiva do aluno. Já o entrevistado E11 argumenta que as condicionalidades são,“[...] importantes, pois há exigência da frequência escolar, é uma forma da família também participar.” Percebe-se que o entrevistado acredita que através da concionalidade o responsável pelo beneficio participa do processo de aprendizagem das crianças atendidas pelo programa.

O entrevistado E15 menciona que, “a condicionalidade voltada para educação é importante, no entanto não resolve o problema da educação.” quando inquirido qual o problema da educação, ele informou que é a falta de participação das famílias na escola, ou seja, as famílias não demonstram nenhum interesse pelo desempenho escolar da crianças. O entrevistado entende que o PBF pode desenvolver mecanismos para instigar a família a participar mais efetivamente da educação das crianças.

Finalizando a apresentação das justificativas em relação às condicionalidades, o entrevistado E01 expõe: “não concordo, exigir assiduidade das crianças na escola não resolve, deve haver uma conscientização dos pais sobre a importância da educação. Cobrar também nota do aluno, e participação tanto do aluno quanto dos pais.” Cabe ressaltar que esta justificativa difere das anteriores, pois o entrevistado discorda da condicionalidade da educação, além de acreditar que o programa deve desenvolver ações que trabalhem a conscientização do responsável sobre a importância da educação para o desenvolvimento do indivíduo.

Ao analisar as justificativas expostas, podemos levar em consideração que, mesmo que os técnicos achem importante a condicionalidade da educação, colocam o quanto ela é ineficiente, pois acreditam que ela só resolve a questão da evasão escolar.

critérios exigidos no PBF, dois (02) entrevistados responderam que o beneficio é bloqueado e a família é desligada do programa; um entrevistado respondeu que a criança é desligada do programa; três(03) técnicos responderam que o beneficio é somente bloqueado; um técnico respondeu que primeiramente a família é advertida e logo após ocorre o bloqueio do benefício, posteriormente, a família é cortada do benefício; seis(06) entrevistados informaram que acontece o corte do benefício; um técnico respondeu que não acontece nada com a família e dois técnicos responderam que desconhecem o que acontece com a família quando ela deixa de atender às condicionalidades do PBF.

Com relação à questão sobre as atividades desenvolvidas com as famílias do PBF, as respostas podem ser sintetizadas por meio da fala: “conferência do diário de classe, preenchimento bimestral do formulário de frequência escolar das crianças que são atendidas pelo PBF e após envio via online para MEC.”

Ao analisar as atividades desenvolvidas pelos quinze (15) entrevistados relacionadas ao PBF, verifica-se novamente que são apenas procedimentos burocráticos. A partir dessas informações, é possível verificar que as atividades não envolvem nenhum processo que venha trazer um entendimento mais abrangente do PBF para que eles possam esclarecer dúvidas básicas das famílias. Os técnicos entrevistados informaram que se detêm em apenas responder o que o formulário solicita.

Referente à articulação do PBF (assistência social) entre a saúde e a educação, a partir dos resultados apresentados observamos que dez(10) técnicos acreditam que não existe integração em torno do PBF pelas áreas de assistência social, educação e saúde; cinco(05) afirmam que há integração entre o PBF(assistência social), saúde e educação.

O entrevistado E05 afirma que o processo de articulação, “acontece, [...] entre esta unidade de ensino e a unidade de saúde, ações articuladas com PSE o qual também atende famílias inseridas no PBF”. Ao analisar a fala, constatamos que a articulação acontece pontualmente, pois o entrevistado cita reuniões entre a UE e US que atende as famílias beneficiárias do programa, não citando a participação de um representante da assistência social e nem deles com a família, por exemplo.

O entrevistado E09 acredita que a articulação do PBF (assistência social) entre a saúde e a educação ocorre “[...] através de reuniões com a representante do

PBF da secretaria municipal de assistência social e com a responsável pelo acompanhamento da frequência escolar da secretaria municipal de educação. Nas reuniões são discutidos somente problemas pontuais referente ao acompanhamento da frequência escolar”. Observa-se que esta ocorre parcialmente, pois as ações (reuniões) desenvolvidas têm a participação da coordenação municipal da área da educação e da assistência social, sendo que o entrevistado não cita a participação da saúde.

Obtivemos como justificativa que a “[...] articulação ocorre entre as áreas envolvidas com o PBF quando todas as informações chegam ao destinatário, por exemplo, no caso do PBF, quando a família recebe o beneficio é que a articulação entre essas áreas que esta funcionando, a educação envia a informação e a assistência social concede ou não o beneficio a partir da informação que enviamos(E11)”. Ao analisar a argumentação percebemos que a articulação acontece entre a educação e a assistência social somente operacionalmente. Também é importante destacar que não há menção de que a articulação abarque a saúde, ou seja, pressupõem-se que há articulação somente entre a educação e a assistência social.

Segundo o entrevistado E12, a articulação “ocorre [...] entre o PBF e a educação através do cadastro único (NIS), pois a assistência social realiza o acompanhamento da educação da família através do NIS.” A resposta traz a articulação entre a educação e o CADÚNICO, porém, faz-se necessário esclarecer que o CADÚNICO é um instrumento de identificação e caracterização socioeconômica das famílias brasileiras de baixa renda a ser obrigatoriamente utilizado para seleção de beneficiários e integração de programas sociais do Governo Federal voltados ao atendimento desse público.

O entrevistado E15 argumenta que a articulação, “[...] acontece através dos relatórios que as escolas enviam com a frequência dos alunos.” Observa-se que o entrevistado tem o entendimento de que o processo de integração ocorre na dinâmica das atividades de rotina desenvolvidas que se relacionam ao PBF.

Na sequência da entrevista, procurou-se levantar informações sobre o recebimento de material informativo para disponibilizar para os usuários do PBF. De acordo com os resultados obteve-se que nove (09) entrevistados responderam que não recebem material informativo sobre o PBF e seis (06) responderam que

recebem material informativo, porém, os técnicos que responderam que recebem materiais esclareceram que os materiais são apenas informes sobre suas rotinas de trabalho, como prazo dos envios do relatório para o MEC, por exemplo.

Referente ao recebimento de material informativo para os usuários, todos os entrevistados responderam que não recebem material para distribuir para as famílias que são atendidas pelo programa.

Com relação ao esclarecimento de dúvidas em relação ao PBF, os quinze(15) entrevistados disseram que entram em contato com a Gerência de Informações Educacionais – (SME) por telefone ou e-mail, e um respondeu que procura a SEMASJ. No entanto, todos os entrevistados da educação responderam que buscam esclarecimentos relacionados ao prazo e o preenchimento do relatório que devem enviar para o MEC. O técnico que informou que entra em contato com a SEMASJ esclareceu que busca informações para as mães de crianças que são atendidas na UE.

Referente ao envio das informações educacionais das famílias que são acompanhadas pela escola, um (01) entrevistado respondeu que envia a frequência escolar e outras informações para a gerência de informações educacionais na SME, e quatorze(14) entrevistados responderam que enviam as informações das crianças do programa para o Ministério de Educação e Cultura (MEC) via online.

Sobre a participação em ações voltadas para a integração entre as secretarias de saúde, educação e assistência social em relação à implementação do PBF, quatorze(14) entrevistados responderam que não participam de nenhuma atividade de integração entre as respectivas áreas e apenas um(01) respondeu que participa de ações que visam à integração entre as área já citadas, expondo que:

“Sim, acontece entre esta unidade de ensino e a unidade de saúde ações articuladas com PSE, no entanto o trabalho está no inicio, são realizadas reuniões entre os técnicos nas quais são discutidos os problemas da área que tanto a escola atende como a unidade de saúde atende, procuramos buscar as soluções conjuntamente.”(E05)

O trabalho realizado entre os profissionais dessa unidade de ensino e a unidade de saúde em relação ao trabalho que envolve o PBF e o PSF é uma iniciativa voluntária da unidade de ensino com a unidade de saúde. Observa-se que

o trabalho é parcial, pois ocorre somente entre as áreas da saúde e da educação, não ocorrendo a participação da assistência social, a qual poderia participar por meio de um representante do CRAS que atende a mesma população da UE e da US.

Referente à qualidade do PBF, constatamos, por meio das entrevistas, que onze(11) entrevistados qualificam o PBF como um bom programa, três técnicos acham o PBF um(01) programa regular e um(01)entrevistado acha o programa ótimo, conforme demonstra o quadro:

Quadro 9: Avaliação do PBF Número de Técnicos Ótimo 1 Bom 11 Regular 3 Ruim 0 Péssimo 0 Total 15

Fonte: Selma Ramalho de Paula - Pesquisa de trabalho de conclusão do curso de Serviço social, 2010

Os entrevistados E03, E04 e E09 qualificam o PBF como bom pois acreditam que o programa “apresenta problemas de fiscalização, tem famílias que estão inclusas no programa e não necessitam e outras que precisam não recebem.” Observa-se que os entrevistados acreditam que o programa precisa desenvolver ações mais rigorosas para inserção das famílias no PBF, o que propiciará uma melhor qualidade ao programa.

Os entrevistados E02 e E15 o nível de qualidade do Programa é bom, pois “este atende parcialmente a família, incentiva a frequência escolar. É necessário trabalhar a questão da conscientização da família da importância da educação na vida dos seus filhos. E também trabalhar a trabalha questão pedagógica da criança”. Ao analisar as sugestões, verifica-se que estas pontuam que a qualidade do programa perpassa pela conscientização das famílias, no entanto, a forma como os entrevistados sugerem trabalhar com a questão da conscientização está restrito à área na qual atuam.

As entrevistas também apresentaram as seguintes justificativas quanto à qualidade do PBF:

“Bom, por que proporciona ajuda emergencial as famílias que precisam desse tipo de ajuda, porém não emancipa a família e a torna dependente. O PBF não promove o acesso da família às políticas públicas.”(E12 e E13)

Observa-se que as argumentações pontuam novamente a falta de um trabalho por parte dos gestores que vise à emancipação das usuários do PBF. Quando questionados sobre qual emancipação se referiam, ambos disseram tratar- se da emancipação financeira das famílias do programa.

Os entrevistados E05 e E10 avaliam o programa como “bom, por que atende minimamente as necessidades básicas das famílias das famílias que são extremamente carentes que dele necessitam.” Esses entrevistados veem o programa de forma positiva porque este atende famílias que se encontram em situação de pobreza ou de estrema pobreza.

O entrevistado E06 qualifica o Programa como “bom, por que não atinge objetivo da educação totalmente, diminuiu somente a evasão escolar”. Na concepção desse entrevistado, a condicionalidade da educação, além cobrar a frequência escolar, deve ser ampliada e abarcar objetivos da política da educação.

Para o entrevistado E08 o PBF é “bom, por que as famílias gostam do PBF”. Ao analisar a “fala” verifica-se que o entrevistado qualificou o programa como bom a partir do nível de satisfação das famílias usuárias do PBF que este atende na UE em que trabalha.

O entrevistado E11 avalia o Programa como: “ótimo, por que atende as famílias necessitadas do bairro”. Esse entrevistado também avalia e qualifica o PBF a partir do grau de satisfação das famílias do bairro em que trabalha e reside. Foi indagado se todas as famílias do bairro inseridas no programa realmente necessitavam ser atendidas pelo PBF e a entrevistada afirmou que sim.

Outra argumentação apresentada trouxe que o Programa é, “regular, por que impõe a família que mande seus filhos para escola somente, mas não a conscientiza da real importância da educação.(E01)” Ao analisar a resposta, observamos que a qualidade do PBF pode melhorar a partir do momento que comece a desenvolver

um trabalho junto às famílias sobre a necessidade da educação na formação do indivíduo. Aqui o termo “conscientizar” possui a conotação de “educar”.

O “Assistente de Educação” qualifica o Programa como “regular, por que o PBF só considera a baixa renda, não considera desempenho escolar.” Ao analisar a justificativa verifica-se que o entrevistado avalia o PBF somente a partir de um critério do Programa, demonstrando que desconhece as exigências que o PBF faz às famílias usuárias.

O entrevistado E14 afirma que o programa é, “regular, por que atende somente a questão nutricional, gera acomodação na família, tanto para procurar seus direitos, quanto para assumir suas obrigações (deveres), em resumo é um programa assistencialista que não resolve.” Observa-se que não há o reconhecimento da importância do PBF como uma ação de transferência de renda, sendo encarado quase sempre como uma ajuda e não como um direito. Apesar de ser um programa que trouxe inovações no campo da assistência social, ainda não conseguiu romper com o viés assistencialista. Na visão do entrevistado, o programa coloca a família em uma situação cômoda.

Os entrevistados que acreditam que o PBF é um bom programa apresentam aspectos semelhantes pontuados pelos três (03) entrevistados que acham o PBF regular, assim como o entrevistado que acha ótimo.

As respostas da maioria dos entrevistados, independente de achar bom ou regular o PBF, apresentam pontos em comum como a emancipação financeira dos beneficiários, atendimento parcial das famílias, não estímulo da qualidade educacional, falta de fiscalização das famílias beneficiárias, falta de conscientização da real importância da educação, pois só exige que a família seja de baixa renda, não observando o desempenho escolar, entre outros.

Na sequência, apresentar-se-á a opinião dos técnicos da educação sobre o PBF para melhorar o processo de implementação do referido programa, bem como a análise das sugestões.

Os entrevistados sugerem que é necessário:

“[...] realizar mais fiscalização principalmente as famílias que declaram renda informal, acompanhar o que família faz com o dinheiro recebido [...]. Percebe-se que há muitas famílias que recebem o beneficio e não precisa, limitar um prazo de permanência das famílias no PBF. ”

Observamos que as entrevistas trazem a noção de uma cidadania invertida, onde os pobres precisam provar que estão realmente necessitados e num determinado nível de pobreza para terem acesso aos programas assistenciais. As políticas sociais estão norteadas pelo Capital, cabendo aos “não-cidadãos” comprovarem sua “não-cidadania” para garantirem esse mínimo social.

De acordo com as entrevistas para melhorar a implementação, o PBF deve priorizar:

“[...] ações que promovam conscientização e emancipação financeira das famílias com participação da família em cursos de capacitação profissional . Deve trabalhar a