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Capítulo 2 Blog

1 Novas tecnologias para a comunicação

1.6 Mas, então, o que é blog?

A definição de blog é tema controverso. Esse dado é corroborado nas próprias conversas com blogueiros, uma vez que nem mesmo eles têm uma definição clara desse termo. A maioria responde que “blog é o que fazem quando blogam”. Comentam mais sobre características, que ferramentas, citam muito a palavra expressão ou se expressar. Diálogo é outra característica muito lembrada, além de referenciar a rede de interações formada pelos blogs e blogueiros amigos. Uma jornalista de tecnologia e “blogueira por diversão”, segundo suas próprias palavras, recorre muito ao fato de “conhecer profundamente outros amigos, contatados via blog, sem nunca tê-los encontrado pessoalmente”, ou de visitar outros blogueiros em cidades para onde viajava a trabalho ou lazer, ou seja, a importância de seu blog decorre da possibilidade de conhecer pessoas e iniciar amizades via rede.

Outro fato interessante é que sobre a ordem inversa dos posts ou frequência desses, não há consenso. Resulta perceptível que quem não é blogueiro tem mais dificuldade ainda em responder o que é blog, ou seja, não sabe distinguir muito bem as diferenças entre blogs e outros tipos de sites da internet com características semelhantes. O importante para essas pessoas é a funcionalidade, o modo de se relacionar com aquele conteúdo específico. É fundamental ressaltar também, que a maioria das pessoas “não blogueiras” nem se preocupa em saber em que tipo de site ela está, se é um blog ou não.

Enfim, acreditamos que, para uma tentativa de definição de blog na presente Tese, alguns pontos devam ser considerados, dado que aparentam ser os mais simbólicos, acentuados e importantes.

Um weblog, blog, blogue em Portugal, bitácora em espanhol, é uma página hipertextual instalada na web, cuja estrutura permite atualização rápida, a partir de acréscimos

de tamanho variável, chamados posts ou postagens. Estes são, em geral, organizados (de forma cronológica, tags, links etc) costumam abordar alguma temática (que identifica o blog) e, embora possam ser escritos por um número indefinido de pessoas, de acordo com a política do espaço em questão, devem possuir algum tipo de identificação e possuem um campo para discussão. Nele existe a possibilidade de o receptor ser também emissor, uma maneira de comunicação intrínseca às novas mídias, em que autor e leitor se confundem num mesmo sujeito, é um dispositivo midiático que permite que a interação se efetive de forma mais evidente. Sua rede de conexões expande o processo comunicacional de modo abrangente e livre, quebrando o caminho obrigatório anterior de “emissor-editor-meio-receptor”, numa possível comunicação de muitos para muitos.

Dessa forma, visto como mídia, pode ser descrito como um meio de comunicação

mediado por equipamentos telemáticos, embora muitas vezes seja classificado como

produto, ferramenta ou formato. Como é nato na cibercultura, portanto, fruto da era da velocidade, da fugacidade, do híbrido, do mutante é difícil se prender a uma classificação. Ele está em constante mudança, como a própria internet, onde tudo está sempre em sua versão “beta”, nunca acabada, sempre sendo construída.

Na perspectiva dos usuários, pode-se perceber que os blogs estão mais próximos da esfera conversacional e sua principal característica é o compartilhar. A funcionalidade

“share” foi, desde o princípio, a particularidade mais importante e acentuada desse novo

meio. As pessoas buscavam – e continuam buscando – se expressar e compartilhar informações com amigos, colegas e até desconhecidos; seus anseios, ideias, obra, trabalho, links preferidos, fotos, vídeos, raivas, descobertas, alegrias, enfim, assuntos diversos e variados, típicos da comunicação via blogs.

Na perspectiva do meio, é possível observar que seus principais atributos são as características iniciais apregoadas pela internet. O blog foi uma mídia criada com bases numa “conexão global e livre”43. Há uma clara mistura entre a figura do emissor e do receptor: a

bidirecionalidade do blog cria um sujeito híbrido. Surge um novo desenho social, uma nova ordem, outra hierarquia e, portanto, uma nova configuração de poder comunicacional.

Acreditamos que o principal aspecto definidor de blog é bem subjetivo (e muito importante): a liberdade de publicar, sem filtros, sem edição, sem custos adicionais. Eles podem estar vinculados a jornais, organizações ou mesmo sendo monetizados e, portanto, com conteúdo controlado, contudo, esse procedimento caracteriza um modelo de

empreendedorismo ou de negócio do blogueiro, como qualquer outro, ou seja, ele pode vender seus serviços e espaço, por salário, participação ou anúncios, todavia a liberdade de conteúdo é inerente ao blog e uma característica fundamental do meio.

Outro atributo do blog é a possibilidade de adicionar comentários. Criou-se uma verdadeira “indústria do comentário”, em que todos falam sobre tudo, com ou sem conhecimento, e entabulam um diálogo constante, uma interação infinita. Essa sociabilidade traz em si outra característica, que é a capacidade de cultivar redes – de links, de notícias, de blogueiros, de usuários etc. A formação de redes sociais nos blogs é uma particularidade extraordinária desse diálogo na web e é muito importante no aprendizado, possibilitando a existência de novos tipos de sociabilidade na internet.

Assim, pode-se definir blog como um meio de comunicação mediado telematicamente, que está numa rede de conexão global e livre, na qual os emissores/receptores se expressam com a finalidade de compartilhar conteúdos e comentários, de forma intencional e periódica com a criação de uma sociabilidade em rede. Acreditamos que essas sejam as principais características que definem blog (não obstante, essa definição, assim como o blog, também é fugaz).