• Nenhum resultado encontrado

Relativamente aos materiais no ensino de PLE/PL2, 35% (8 respondentes) recorre maioritariamente a manuais e 65% (15 inquiridos) elabora, normalmente, os seus próprios materiais.

Gráfico 4.59

Os 8 que recorrem normalmente a manuais indicaram que os aspetos mais relevantes para a seleção dos mesmos se relacionavam com a 6 - Adequação dos conteúdos do manual em função da matéria a lecionar e com a 11 - Atualidade do manual.

Tabela 4.14.

Q5.2. Que critérios são mais importantes na seleção de um manual? Selecione 3. 1. Material adicional (livro de exercícios, propostas de compreensão oral, testes…) 1

2. Grafismo 1

3. Acessibilidade ao manual 0

4. Preço 0

5. Qualidade do manual do professor 0

6. Adequação dos conteúdos do manual em função da matéria a lecionar 5

7. Adequação do manual ao perfil dos aprendentes 4

8. O ritmo do manual 0

65% 35%

Q5.1. Em relação aos materiais que utiliza,

assinale a hipótese com que mais se identifica.

Normalmente, elaboro os meus próprios materiais. Recorro maioritariamente a manuais de PLE/PL2.

176

9. A quantidade de informação cultural disponível 0

10. A importância dos autores do manual 0

11. A atualidade do manual 5

12. A existência de materiais autênticos 4

13. Familiaridade em relação ao manual 0

14. Outro: _______________ 0

Número total de respostas

Os 15 respondentes que indicaram elaborar os seus próprios materiais mencionaram que os construíam baseando-se nos interesses e nas necessidades reais dos alunos (alíneas 1 e 6), bem como em temas atuais, propondo equilibradamente tarefas gramaticais e culturais (alíneas 7 e 11).

Tabela 4.15.

Q5.3. Como é que constrói os seus materiais? Selecione 3.

1. Seleciono temas do interesse dos alunos. 8

2. Utilizo materiais elaborados por mim e que funcionaram anteriormente com outros

alunos. 4

3. Escolho temas gerais, que não se desatualizam rapidamente. 2

4. Produzo materiais que atestem a progressão gramatical dos alunos 2

5. Elaboro materiais à luz do que vejo nos manuais. 2

6. Produzo exercícios gramaticais com base nas necessidades reais dos alunos. 7

7. Seleciono temas da atualidade. 7

8. Elaboro materiais com base nos exames oficiais de língua estrangeira. 2

9. Procuro exercícios na internet. 0

10. Baseio-me em manuais de português língua materna. 0

11. Proponho equilibradamente tarefas gramaticais e culturais. 7

12. Outro:

 Elaboro manuais e gramáticas 1

Número total de respostas

Os 15 respondentes que elaboram materiais regularmente indicaram as seguintes razões que distinguem o que produzem do que está no mercado:

177

Tabela 4.16.

Q5.3.1. Em que medida é que os seus materiais se distinguem do que existe no mercado?  Distinguem-se, algumas vezes, pela atualidade;

 Está no mercado;

 Há bastantes aspetos dos meus materiais que não encontro nos materiais do mercado que conheço;

 Os materiais trabalham de modo equilibrado as quatro competências;  Pela pragmática;

 Porque são flexíveis e posso sempre gerir a adequação a cada grupo, não estando "preso" ao que cada manual oferece;

 Procuro desenvolver tarefas e, visto que recorro bastante às tecnologias, promovo uma aprendizagem colaborativa. Por outro lado, e considerando os alunos que vou tendo, tento, com os materiais que crio, ir ao encontro das necessidades e interesses dos alunos. Procuro, também, fazer com que os materiais sejam moldáveis, ou seja, se ajustem às características de alunos e/ou grupos que possam apresentar necessidades específicas;  São adequados aos meus alunos, pela cultura e dificuldades linguísticas;

 São permanentemente atualizados no conteúdo e personalizados na forma, de acordo com o perfil dos aprendentes.

De facto, atentando às observações deixadas pelos inquiridos, percebemos que há aspetos realçados por muitos que se prendem com a importância de os materiais serem sempre apropriados ao público, serem moldáveis às necessidades reais dos alunos e flexíveis, dados que são corroborados pelas respostas dadas na Q5.3. (tabela 4.15.), aspeto que já tinha sido apontado na Secção III, Q3.4., quando 70% dos inquiridos admitiu “concordar plenamente” com esforçar-se por adequar as aulas às necessidades dos alunos.

Tendo em conta que o objetivo desta questão era averiguar as diferenças entre os materiais desenvolvidos pelos professores e os existentes no mercado, infere-se que estes docentes julgam que a utilização de um manual não é tão flexível quanto a exploração de material próprio. Assim, acreditamos que pode haver dois motivos para tal: por um lado, um manual impresso é estanque e a sua informação (temas, textos, tipologia de exercícios) tem tendência, mais cedo ou mais tarde, a tornar-se obsoleta; por outro, estes docentes devem produzir materiais com frequência, pois é a única forma de acompanhar as questões hodiernas.

178

Os objetivos que se pretendiam alcançar com esta secção prendiam-se com: I. Verificar se há uma relação entre a elaboração de materiais (Q5.1.) e…

a) o tempo de serviço (Q2.1.)

 Será que os professores que lecionam há menos tempo produzem menos materiais?

b) o número de horas de lecionação (Q2.4.)

 Será que os professores que lecionam mais horas produzem menos materiais?

c) os níveis de lecionação (Q2.7.)

 Será que os professores que lecionam regularmente níveis para os quais há mais manuais (A1, A2, B1) produzem menos materiais?

Dos 8 inquiridos que responderam recorrer maioritariamente a manuais, analisando o parâmetro do tempo de serviço, a maioria dos docentes que faz essa opção é quem leciona há menos de 5 anos, o que se compreende, já que podem não se sentir suficientemente seguros para produzirem materiais em quantidade razoável para aplicar na totalidade de um curso. Dos 6 docentes que têm entre 5 a 10 anos de experiência, apenas 1 recorre maioritariamente a manuais. O mesmo acontece com 3 dos 9 docentes com experiência entre os 11 e os 15 anos e com 1 dos 3 com experiência superior a 16 anos.

No que diz respeito ao número de horas de lecionação por semestre, não foi encontrada uma relação direta entre as horas lecionadas e a opção de recorrer a manuais ou de se construir os seus próprios materiais, isto é, quer se tenha uma carga inferior a 50h/semestrais de PLE/PL2, quer seja superior a 200h/semestrais, foram encontradas sempre as duas hipóteses, pelo que poderemos inferir que os fatores tempo livre ou disponibilidade não são relevantes para a opção dos docentes.

Em relação aos níveis, uma vez que muitos dos inquiridos afirmaram lecionar mais do que um, não é possível distinguir se a opção de elaborar materiais é um aspeto transversal ao próprio docente, independentemente do nível que leciona ou se é algo que se relaciona com a existência ou não de manuais para determinado nível.

179

II. Verificar se os materiais (Q5.3.)…

a) são produzidos em função do público (afirmações 1, 4, 6, 11) b) são reutilizáveis (afirmações 2, 3, 7, 9)

c) são construídos com base em modelos (afirmações 5, 8, 10)

Como é observável pela tabela 4.15., as afirmações que reuniram maior unanimidade foram a 1 e a 6, que representam uma adequação dos materiais em função do público, o que significa que os inquiridos têm o cuidado de pensar nas necessidades reais dos alunos quando produzem os seus materiais, dado que já tinha sido apurado anteriormente. Com uma pontuação igualmente alta, encontramos ainda a afirmação 7 – Seleciono temas da atualidade, manifestando que os docentes estão atentos ao que se passa na atualidade e envolvem os seus alunos nessas temáticas. Esta observação é corroborada pelas respostas da tabela 4.16. Também a afirmação 11 – Proponho equilibradamente tarefas gramaticais e culturais obteve uma pontuação alta, o que sugere que, quando produzem materiais, os docentes têm o cuidado de aliar as duas áreas.

Por outro lado, com uma pontuação muito baixa, encontramos as afirmações que atestam que os materiais são formulados com base em modelos, o que significa que estes professores não se baseiam nem no que está no mercado, nem no que está disponível em linha. Em relação à frase 9 - Procuro exercícios na internet, que não foi escolhida por nenhum dos inquiridos, se cruzarmos essa informação com a pontuação da afirmação 19 na Q3.1. - Pôr as novas tecnologias ao serviço das aulas (só 26% considerou “muito importante”) e com a frase 6 da Q4.2. - Uso áudios, vídeos e a internet para ilustrar aspetos da cultura (83% considerou “muito importante”), compreende-se que, embora a internet seja usada por muitos docentes, não o é com o objetivo de extrair ou procurar material que sirva de inspiração, mas antes para se socorrerem de ferramentas que os manuais não têm (como vídeos) e que podem ser facilmente encontrados em linha, para os propósitos que os docentes entenderem ser pertinentes.

Conscientes de que o avanço tecnológico está a forçar mudanças no esquema tradicional de ensino formal, acreditamos que, no que diz respeito à transmissão de conteúdos, as TDIC vieram para ficar, exercendo cada vez mais influência, moldando

180

mentalidades e aproximando pessoas de culturas diferentes. Neste sentido, os professores devem e podem aproveitar este mundo virtual para trazer benefícios e mudanças ao mundo real, neste caso, ao ensino.

Por último, não podemos deixar de fazer uma comparação entre a percentagem de inquiridos que considerou “muito importante” produzir os seus próprios materiais (afirmação 14 na Q3.1.), 39%, com aquela que afirmou produzir os próprios materiais (Q5.1.), 65%, que parece incongruente, uma vez que, embora menos de metade considere “muito importante”, a maioria acaba por fazê-lo.

181

4.5. Questões interculturais

Documentos relacionados