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3.3.1 Roteiros de entrevistas semi-estruturadas para os pais (APÊNDICE 1) e para os professores (APÊNDICE 2)

Os roteiros das entrevistas semi-estruturadas foram confeccionados pela pesquisadora com base em suas leituras sobre a sexualidade em geral e a sexualidade na deficiência mental. A pesquisadora buscou contemplar aspectos que julgou importantes para responder aos objetivos da pesquisa. Os temas foram escolhidos por aparecerem na literatura como representativos e também por darem uma idéia geral sobre as questões; uma vez que a pesquisadora queria ter uma visão dos entrevistados sobre a sexualidade em geral, a sexualidade na deficiência mental e a descrição da sua forma de lidar com a sexualidade dos filhos/alunos especificamente. Além disso, pretendia-se, com essas informações, realizar um levantamento de informações para a montagem posterior dos cursos, pois de acordo com Barroso e Bruschini (1983) e Glat e Freitas (2002), deve-se sempre fazer um levantamento das necessidades e interesses dos participantes para basear qualquer trabalho na área de orientação sexual.

Foram encontradas muitas dificuldades na elaboração dos roteiros, principalmente referentes à linguagem empregada e ao grau de dificuldade das respostas.

Os roteiros das entrevistas semi-estruturadas foram enviados para dois profissionais da área de Educação Especial no país com a finalidade de analisar sua adequação. Diante das observações sugeridas, os roteiros sofreram diversos ajustes.

Foi realizado também um teste do instrumento (estudo piloto) com representantes de cada categoria: participaram uma mãe e um pai de jovens com deficiência mental e duas professoras de uma instituição especial de ensino diferente da que foi feita a pesquisa. Além de servir como treinamento para a pesquisadora, este teste serviu para aprimorar e adequar o roteiro à população-alvo (linguagem e forma das questões), bem como corrigir possíveis falhas do processo de entrevista. Manzini (2003) e Dias e Omote (1993) aconselham a qualquer pesquisa a realização de entrevistas piloto e o envio dos roteiros de entrevista a profissionais da área para adequação destes roteiros.

Os roteiros dos pais e professores possuíam as mesmas 21 questões. Iniciavam com os dados do filho/aluno, como nome e idade; depois eram seguidos pelos dados pessoais dos pais/professores. No caso dos pais continha nome, parentesco em relação ao jovem, idade, escolaridade, etc; no caso dos professores, além dos aspectos citados acima, continha o tempo em que trabalhavam na instituição. Estes dados foram considerados importantes por caracterizarem os participantes, mostrando semelhanças e diferenças entre eles.

A Tabela 3 mostra os temas das questões do roteiro, bem como seus objetivos; ela demonstra que a primeira parte do roteiro continha sete questões que investigavam sobre as atitudes em relação à sexualidade. Os temas abordados foram: mídia; local para se discutir/trabalhar a sexualidade; necessidades/desejos sexuais de pessoas com deficiência mental; namoro, casamento e paternidade/maternidade na deficiência mental; e facilidade ou não para falar sobre sexualidade. A segunda parte era a respeito da forma de lidar com a sexualidade dos filhos/alunos, com 14 perguntas. Os aspectos abordados foram: conversa sobre sexualidade; perguntas sobre sexualidade; interesses sexuais; manifestação sexual; dificuldades e problemas relacionados à sexualidade; masturbação; namoro; tipo de pessoa para namorar; casamento; prática de sexo; informações; educação/orientação sexual; papel na orientação sexual; e a última questão propunha aos entrevistados que complementassem as informações caso quisessem.

Tabela 3. Temas e objetivos das questões do roteiro

Tema das questões Objetivos

1 - Mídia Iniciar o debate sobre a sexualidade

2 - Local para se discutir/trabalhar a sexualidade

Identificar o grau de responsabilidade atribuída à escola e à família no que se refere à discussão/trabalho sobre a sexualidade

3 - Necessidades/desejos sexuais de pessoas com deficiência mental

Conhecer a opinião e a crença dos entrevistados acerca das pessoas com deficiência mental possuírem ou não necessidades e desejos sexuais

4 - Namoro e deficiência mental 5 - Casamento e deficiência mental

6 - Paternidade/maternidade e deficiência mental

Identificar a opinião/visão sobre os relacionamentos amorosos na deficiência mental e o seu grau de concordância (se acreditavam que essas pessoas tinham tais direitos)

7 - Facilidade/dificuldade para falar sobre sexualidade

Conhecer a facilidade/dificuldade diante do fato de falar sobre sexualidade e introduzir temas pessoais no processo da entrevista 8 - Conversas sobre sexualidade com os

filhos/alunos

Avaliar se os participantes conversavam sobre sexualidade com os filhos/alunos e a freqüência

9 - Perguntas dos filhos/alunos sobre sexualidade

Conhecer se os jovens tinham a oportunidade e o hábito de perguntar sobre sexualidade para os entrevistados e a freqüência 10 - Interesses sexuais dos filhos/alunos Avaliar se os participantes identificavam algum interesse sexual

dos filhos/alunos e se os percebiam como seres sexuados ou não 11 - Manifestações sexuais dos

filhos/alunos

Conhecer, por via dos entrevistados, se os jovens com deficiência manifestavam de alguma forma explícita sua sexualidade

12 - Masturbação Identificar a opinião dos entrevistados sobre a masturbação e complementar a questão da manifestação sexual

13 - Dificuldades e problemas com os filhos/alunos relacionados à sexualidade

Saber se os entrevistados passavam por tais situações e como lidavam como elas

14 - Namoro dos filhos/alunos Dar uma visão sobre como os entrevistados percebem seus filhos/alunos diante dos relacionamentos amorosos e afetivos 15 - Casamento dos filhos/alunos Idem acima

16 - Tipo de pessoa que preferem que os filhos/alunos namorem

Indicar visões/opiniões sobre parceiros considerados ideais e possíveis preconceitos sobre a deficiência mental

17 - Prática de sexo por parte dos filhos/alunos

Entender como os entrevistados vêem a expressão da sexualidade dos filhos/alunos e seus valores relacionados à prática sexual 18 - Informações dos filhos/alunos sobre

sexualidade

Identificar como os entrevistados vêem o conhecimento dos filhos/alunos sobre sexualidade

19 - Orientação/educação sexual Conhecer a opinião dos entrevistados sobre a orientação/educação sexual para os filhos/alunos

20 - Papel na orientação/educação sexual dos jovens

Conhecer o grau de responsabilidade que os entrevistados atribuíam a si mesmos a respeito da orientação/educação sexual 21 - Complementação de informações Oportunizar o aparecimento de temas adicionais e a

complementação de aspectos tratados na entrevista

Essa ordem de apresentação das partes e das questões foi escolhida pelo fato da pesquisadora acreditar que iniciar a entrevista com temas gerais deixaria os participantes mais à vontade para depois entrar em questões específicas e particulares, o que foi constatado nas entrevistas piloto quando os pais comentavam bastante acerca da influência da mídia sobre a sexualidade, por exemplo.

3.3.2 Termos de consentimento livre e esclarecido (APÊNDICE 3). Todos os participantes assinaram os termos e ficaram com uma cópia na qual havia contatos da pesquisadora.

3.3.3 Materiais gerais:

a) utilizados na entrevista, como gravador, mini-fitas cassetes, canetas e outros;

b) utilizados no curso, que estão descritos no Relato dos encontros do curso “Sexualidade e deficiência mental” (APÊNDICE 4), como: retro-projetor, transparências, folhas de papel sulfite, televisão, aparelho de DVD, filmes, canetas, e outros.

3.3.4 Instrumento para registro de comportamentos sexuais dos filhos/alunos: diário do grupo “Sexualidade e deficiência mental” (APÊNDICE 5). Continha os seguintes espaços a serem preenchidos: nome, data, conte a situação, conte como reagiu, e observações. Os pais e professores participantes do curso deveriam registrar os acontecimentos ligados à sexualidade com seus filhos/alunos e descrever como agiram. O objetivo era levá-los a reflexão sobre seus comportamentos perante tais situações, e que colocassem em prática o que estavam aprendendo no curso.

3.3.5 Resumos dos encontros do curso “Sexualidade e deficiência mental” entregues aos participantes (APÊNDICE 6). Continham resumos dos textos e materiais trabalhados em cada dia do curso (sendo uma página por encontro) e tinham o objetivo de fixar e revisar os temas discutidos no curso, bem como servir de resumo aos participantes que por ventura não tivessem comparecido aos encontros anteriores.

3.3.6 Questionário de avaliação final sobre o curso (APÊNDICE 7). Continha seis perguntas descritivas, e seu objetivo era levantar a opinião dos participantes sobre o curso, os aspectos positivos e negativos, bem como sugestões e/ou críticas.