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MATERIAL E MÉTODO

Natureza do Estudo

Esta pesquisa abordou dois momentos: no primeiro momento foi realizado uma revisão da literatura, a qual forneceu dados relevantes e atuais sobre as emoções, sobre os estados de ânimo, sobre a tensão muscular e sobre o Lian Gong. Assim, foi realizada uma análise minuciosa das fontes bibliográficas, as quais serviram de suporte à investigação, estabelecendo um modelo teórico inicial de referência, revelando um estudo descritivo de caráter informativo e explicativo, que subsidiou o desenvolvimento da pesquisa exploratória e quanti-qualitativa.

No segundo momento foi realizado uma pesquisa de campo, de natureza exploratória, que trouxe informações que puderam responder ao objetivo e às questões propostas para a investigação.

Participantes

Participaram do estudo adultos de ambos os sexos, na faixa etária de 30 a 60 anos, que praticam Lian Gong duas vezes por semana. A amostra foi retirada de grupos de Lian Gong, que participaram do trabalho voluntariamente.

Para a seleção da amostra foram adotados três critérios de escolha. O primeiro critério foi elencar os grupos de Lian Gong, nas cidades de São Paulo, Campinas e Belo Horizonte

onde estão concentrados os estudos e a padronização dos exercícios da Ginástica Terapêutica Chinesa.

Como segundo critério foi a assiduidade dos praticantes nas aulas de Lian Gong, e como terceiro critério foram as possibilidades e acesso máximo da pesquisadora aos grupos.

Desta forma os grupos selecionados foram:

x Do Instituto Cultural Nipo-Brasileiro de Campinas, que integra trinta

praticantes, que praticam Lian Gong de quartas e sextas-feiras. Os grupos são orientados pelo professor Nelson Iba.

x Do Bosque do Jequitibás na cidade de Campinas, contendo

aproximadamente 100 participantes que praticam Lian Gong de terças e quintas-feiras, orientado pelo professor Nelson Iba.

x Da VIA 5 Oriente/Ocidente. Arte e Cultura - São Paulo, com dez

participantes que praticam Lian Gong de terças e quintas-feiras, orientado pelo professor Jaime Kuk.

x Da Casa de Cultura do Butantã – São Paulo, com 30 praticantes, que

praticam o Lian Gong de quartas e sextas-feiras, orientado pela professora Iza Stramich.

A idade e o tempo de prática foram, também critérios utilizados para selecionar os participantes, desta forma, participaram da amostra apenas 30 participantes referentes aos grupos citados acima que se apresentam na faixa etária de 30 a 60 anos, os quais foram distribuídos em quatro grupos codificados como A, B,C e D.

Inicialmente a intenção era desenvolver a pesquisa com apenas os participantes que tivessem de 2 meses a 4 meses e de 1 ano a 1 ano e dois meses de prática do Lian Gong formando dois grupos. No entanto, ao coletar os dados, observei que poderia, em relação ao

tempo de prática, haver uma distribuição dos trinta participantes em grupos diferentes, abrangendo todos os participantes, formando, assim, os quatro grupos. Um dos motivos que levou a uma distribuição de todos os participantes em quatro grupos foi que se teria um número de indivíduos muito reduzido para analisar a influência do Lian Gong na relação entre os estados de ânimo e a tensão muscular ao se trabalhar com apenas os dois grupos (2 a 4 meses e 1 ano e 1 ano e dois meses). Distribuindo todos os participantes entre os grupos haveria maior abrangência de resultados, tornando a variável (tempo de prática) importante para o trabalho, para a identificação de diferenças ou não na influência do Lian Gong com relação ao tempo de prática.

Portanto, constituíram-se quatro grupos: o grupo A corresponde aos participantes que possuiam1 mês a 6 meses de prática; o grupo B participantes que tinham de 8 meses a 1 ano e 2 meses de prática; o grupo C participantes que praticam o Lian Gong há dois e três anos e o grupo D, formado por praticantes que tinham 4 anos para cima de prática. Essa distribuição foi feita de acordo com as respostas que se obtive, por meio do questionário diagnóstico que foi aplicado nos quatro grupos selecionados.

O objetivo de restringir o período de prática serviu para retirar dados mais específicos sobre quais influências o Lian Gong produz na relação tensão muscular e estados de ânimo em curto e longo períodos de prática.

Instrumentos da Pesquisa

Para a distribuição e seleção dos participantes, nos quatro grupos foi elaborado um questionário diagnóstico (Anexo 1), com onze perguntas, na intenção de obter informações

sobre a idade e quanto tempo de prática do Lian Gong, assim como, informações referentes a outras atividades físicas praticadas e do estado de saúde de cada praticante.

Um segundo questionário (Anexo 2) foi elaborado com dezenove perguntas contendo questões abertas e de múltipla escolha.

Segundo Marconi e Lakatos (1982) “ a combinação de respostas de múltipla escolha com as respostas abertas possibilita mais informações sobre o assunto, sem prejudicar o trabalho” (p. 207), além de proporcionar uma exploração em profundidade em relação ao tema.

As perguntas do segundo questionário foram dispostas de acordo com os três temas referentes à pesquisa: estados de ânimo, tônus muscular e o Lian Gong para verificar as expectativas de cada praticante, a respeito do Lian Gong e a relação entre tensão muscular e estados de ânimo sentidos e experimentados depois de uma prática.

O questionário diagnóstico e o segundo questionário passaram por um processo de validação realizado por doutores do Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista de Rio Claro.

Logo após o processo de validação os questionários foram reformulados e aplicados, como um pré-teste, em um grupo de sete praticantes de Lian Gong.

Esse pré-teste teve como objetivo principal revelar quais os estados de ânimo mais constantes, os quais mais se adequavam a este estudo e verificar o tempo de preenchimento e clareza das questões, bem como evidenciar possíveis erros, permitindo a reformulação da falha no questionário definitivo.

O tempo de preenchimento foi de vinte minutos e foram revelados pelos participantes vinte e um estados de ânimo, sendo nove adjetivos negativos (nervoso, cansado, tenso, ansioso, estressado, com medo, fadigado, depressivo e aborrecido) e doze adjetivos positivos

(tranqüilo, com energia, bem estar, harmonioso, relaxado, determinado, disposto, com vontade, em paz).

Os adjetivos negativos foram tirados da questão onze, a qual relacionava os estados de ânimo à tensão muscular e os adjetivos positivos, retirados da questão treze, a qual relacionava os estados de ânimo à palavra exercício. As duas questões se encontram no segundo questionário (Anexo 2).

Para que tivesse números de adjetivos negativos iguais à quantidade de adjetivos positivos, retiraram-se mais três adjetivos negativos (triste, agitado e preguiçoso), de uma lista de estados de ânimo, baseada no instrumento elaborado por Hevner, modificado por Deustch, Godeli e Volp (1995) e utilizado por Deustch (1997), denominado por LEA (Lista de Estados de Ânimo) contendo 40 adjetivos. A eliminação dos adjetivos da lista de estados de ânimo foi feita aleatoriamente.

Desta forma, a lista se compôs de vinte e quatro adjetivos, doze negativos e doze positivos, para o estudo não ter qualquer tendência às respostas com proporções mais negativas ou positivas.

Esta lista de vinte quatro adjetivos foi incorporada na primeira, na nona e décima questões do segundo questionário (Anexo 2).

Também na primeira e na quarta questões foi acrescentada uma escala de intensidade com quatro níveis: Muito Fortes, Fortes, Fracos e Nada. Esse acréscimo da escala de intensidade em algumas questões foi feito para medir a intensidade das atitudes e opiniões na forma mais objetiva possível, pois, segundo Pardinas (1952 apud MARCONI; LAKATOS, 1982) o postulado que baseia a aplicação das escalas é que, das ações externas, pode-se deduzir mecanismos internos das pessoas.

realizado um novo experimento piloto, agora já com os grupos selecionados que praticam o Lian Gong.

O questionário diagnóstico foi aplicado uma vez no início da pesquisa de campo e antes da prática de Lian Gong e o segundo questionário foi aplicado depois da prática do Lian Gong e mais uma vez depois de seis meses.

Procedimentos para a Realização da Pesquisa

Para a realização da pesquisa, inicialmente foi feito um contato com os grupos selecionados, os quais iriam participar da amostra. O questionário diagnóstico foi aplicado com todos os integrantes dos quatro grupos, no início e antes da prática e o segundo questionário, depois da prática do Lian Gong, para que todos tivessem a chance de participar da pesquisa. Depois selecionei os questionários dos praticantes que estavam na faixa etária de 30 a 60 anos. Desta forma, como já havia mencionado, compuseram a amostra 30 participantes, os quais foram distribuídos em quatro grupos A,B,C, D.

Esta distribuição dos participantes nos quatro grupos foi feita pelo tempo de prática do Lian Gong, desta forma, o grupo A foi composto por um participante com um mês de prática, três com dois meses; um com três meses, um com quatro meses e dois com seis meses de prática, resultando em oito participantes. O grupo B por um participante com oito meses de prática, um com nove meses, três com um ano de prática e um com um ano e dois meses, compondo, assim, um grupo de seis participantes. O grupo C com cinco participantes que já praticam o Lian Gong há dois anos e dois que praticam há três anos, totalizando sete participantes e nove pessoas que praticam o Lian Gong há mais de 4 anos, formando o grupo D.

Tratamento dos dados

O tratamento dos dados foi realizado através da análise de conteúdo.

Segundo Marconi; Lakatos (1982) a análise de conteúdo vem se desenvolvendo com a finalidade de descrever, sistematicamente, o conteúdo das comunicações, acrescentando técnicas quantitativas, que permitem maior precisão.

Embora o processo da quantificação seja mais preciso do que a descrição qualitativa, ambos foram empregados nesta pesquisa.

A análise de conteúdo, por ser um conjunto de técnicas de análise das comunicações, trata de:

- descrever tendências gerais do conteúdo da comunicação;

- examinar o conteúdo da comunicação, relacionando-o aos objetivos

da pesquisa;

- identificar as intenções e verificar o estado psicológico das pessoas

envolvidas na pesquisa;

- refletir atitudes, interesses e valores da população;

- revelar o foco de atenção;

- descrever as respostas de atitudes e de comportamentos referentes aos

efeitos do conteúdo;

- reconhecer e avaliar as informações e as intenções;

- avaliar as mudanças de comportamento observadas nas avaliações

diagnóstica, formativa e somativa.

De acordo com Ander-Egg (1978 apud MARCONI; LAKATOS, 1982) e Bardin (1977) a técnica de análise de conteúdo abrange três fases principais: a primeira consiste em estabelecer unidade de registro, que pode ser realizada de duas maneiras:

a) análise geral de todos os termos e /ou análise de palavras-chave;

b) análise do tema, ou seja, uma proposição, afirmativa ou sentença sobre determinado assunto.

Segundo Bardin (1977, p.106) “ O tema é geralmente utilizado como unidade de registro, para estudar motivações de opiniões, de atitudes, de valores, de crenças de tendências, etc. As respostas a questões abertas [...] individuais ou em grupos [...] podem ser e são freqüentemente analisadas tendo o tema por base”.

Para compreender e codificar a unidade de registro pode ser a frase para a palavra e o parágrafo para o tema. A regra para registrar essas unidades é a de enumeração ou de freqüência, pois, segundo Bardin (1977), a importância de uma unidade de registro aumenta com a freqüência da aparição.

A segunda fase da análise de conteúdo é determinar as categorias de análise. Segundo Marconi; Lakatos (1982, p. 102) “ A seleção e classificação da informação, de que necessita, depende da determinação das categorias”. Não há uma regra geral para o estabelecimento das categorias, mas esta apresenta uma graduação, começando pelas categorias, subcategorias e atitudes. As atitudes referem-se aos contextos favoráveis, desfavoráveis ou neutros com que as sentenças são empregadas nos diferentes tipos de questões.

A terceira fase se remete ao processo de amostragem, a qual, na análise de conteúdo, abrange três etapas:

a) Determinação do universo: no caso deste estudo, quais grupos seriam estudados, em qual região;

b) Escolha da amostragem que enfoca duas questões: seriam analisados todos os grupos de Lian Gong na região escolhida? E, todos os participantes fariam parte da amostra?

c) Escolha da amostra de unidade de registro: para este estudo determinei a análise do tema como unidade de registro.

Desta forma, os dados obtidos mediante a análise de conteúdo foram expressos com medidas numéricas, por meio de operações estatísticas simples (percentagens) o que permitiu estabelecer tabelas de resultados condensando e pondo em relevo as informações fornecidas pela análise.

Com os resultados obtidos foi feito uma confrontação sistemática com o material, os tipos de inferências alcançadas e entre os grupos por meio de uma análise qualitativa descritiva.

Segundo Bardin (1977), com a descrição, pretende-se apurar o conteúdo mais aproximativo e subjetivo, para por em evidência com objetividade a natureza e as forças relativas dos estímulos a que o sujeito é submetido. Desta forma, a pesquisa qualitativa busca a capacidade própria de o homem compreender aquilo que estuda ou que vivencia, devendo ser de natureza teórica e prática concomitantemente. Ou seja, aquilo que nas teorias o pesquisador aprende sobre as observações empíricas e as experiências por ele vividas, devem constituir o seu ponto de partida, fornecendo, assim, recursos e instrumentos para a observação e análise.

O trabalho prévio de classificação permite a quantificação que possibilita, por meio de controles estatísticos, comparar resultados diferentes e, dessa maneira, verificar as questões que me propus a investigar.

Procedimento para o Tratamento dos Dados

De acordo com as temáticas da pesquisa busquei levantar aspectos referentes à influência do Lian Gong sobre os estados emocionais; sobre a tensão muscular; sobre a relação entre os estados emocionais e a tensão muscular, assim como, aspectos voltados às inferências dos participantes da comunicação em relação às suas características psicológicas, como também analisar a relação do Lian Gong no comportamento físico, social e familiar destes.

Desta forma, optei, por utilizar como unidade de contexto: cada questão referente ao questionário diagnóstico e ao segundo questionário e como unidade de registro as sentenças indicativas dos temas da pesquisa (Lian Gong, estados de ânimo e tensão muscular) relacionando-os a sentimentos, comportamentos, opiniões e atitudes quanto à influência da ginástica terapêutica chinesa o Lian Gong em 18 terapias sobre a relação estados de ânimo e tensão muscular.

Por meio destes princípios, iniciei a análise dos dados, realizando uma compilação dos dados de cada questão. Para facilitar o entendimento, esses dados foram tratados quantitativamente.

Uma vez feita à compilação dos dados parti para a elaboração das categorias, distribuindo as questões, as quais foram construídas especificamente com as perguntas do segundo questionário, obtendo as seguintes categorias:

1- Aspectos emocionais: tiveram por base investigar se os participantes se consideram pessoas emotivas ou não, até mesmo para conhecer os conceitos dados por eles sobre o que entendem por emoção, assim como a reação física quando os participantes vivenciam um estado de ânimo. Os dados foram retirados das

questões 10; 12 e 17.

2- Aspectos físicos: estão relacionados com o entendimento dos participantes sobre tensão muscular, se sabem ou não o que significam essas palavras, se se auto caracterizam como pessoas tensas, se percebem a tensão muscular no corpo e qual o meio buscado para aliviá-la. Os dados foram tirados das questões 5; 6; 7 e 16. 3- A relação entre estados de ânimo e tensão muscular: caracteriza-se em

dimensionar e associar os estados de ânimo à tensão muscular. As questões

relacionadas a esta categoria são: 3a e 9a questões.

4- A prática do Lian Gong e os estados de ânimo: refere-se à influência do Lian Gong sobre os estados de ânimo; a percepção de mudanças destes em relação à ginástica e a associação dos estados emocionais à palavra exercício. As questões referentes a esse tema do questionário II são: 1a; 2a e 11a questões.

5- Prática do Lian Gong e tensão muscular: constituiu-se como meio de levantar as sensações dos participantes referentes às condições, contrações, dores musculares após a prática da ginástica, como também as séries do Lian Gong que proporcionam essas condições, contrações e dores e as mudanças das mesmas

relacionadas com as partes do corpo, após a prática do Lian Gong. A 4a; e 9a

questões estão relacionadas a esta categoria.

6- A Prática do Lian Gong sobre a relação estados de ânimo e tensão muscular: esta categoria se refere às séries do Lian Gong que trabalham essa relação; a reação do corpo se os participantes parassem de praticar esta Ginástica e as percepções dos participantes sobre a relação dos estados de ânimo e a tensão muscular com a

prática do Lian Gong. A 13a; 14a e 15a questões do questionário II estão

7- Aspectos comportamentais: refere-se à influência do Lian Gong sobre o comportamento físico, emocional, social e familiar dos participantes. As questões 18 e 19 estão relacionadas a esta categoria

Uma vez definidas as categorias, dei início á análise de conteúdo propriamente dita seguindo a seqüência que se apresentou acima, onde foram descritas as tendências gerais do conteúdo da comunicação; identificadas às intenções; verificado o estado psicológico das pessoas e descritas as respostas de atitudes e de comportamentos referentes a cada categoria.

Houve um período de seis meses entre a 1a e a 2a coletas, podendo, assim, examinar

os conteúdos e resultados da comunicação das duas coletas e relacioná-los com o objetivo da pesquisa e com as questões que me propus a investigar, além de avaliar as mudanças de comportamento dos grupos, proporcionando uma discussão, alicerçada nos autores citados na revisão da literatura e outros que surgiram a partir da discussão de cada categoria, sobre a influência do Lian Gong no comportamento psicomotor de adultos praticantes.

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