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As atividades foram realizadas com os educandos do Centro de Responsabilidade Socioambiental, situado no JBRJ, na zona sul da cidade do Rio de Janeiro, estado do Rio de Janeiro, Brasil, com as seguin- tes coordenadas geográficas: 22°57’N e -43°13’L. O CRS/JBRJ, está locali- zado no bairro do Jardim Botânico, onde mesmo em meio urbano ainda possui expressiva massa de vegetação ao entorno, por consequência a proximidade da Floresta da Tijuca, o próprio Jardim Botânico, o Par- que Lage e a Lagoa Rodrigo de Freitas, dão ao local uma temperatura mais amena que a média da cidade entre outros benefícios ecológicos dos arredores preservados.

Os sujeitos da pesquisa são educandos do CRS em um total de 55, sendo de ambos os sexos com faixa etária de 16 a 18 anos, todos moradores da região urbana da cidade do Rio de Janeiro em sua maio- ria moradores de comunidades em risco econômico e vulnerabilidade social, os quais através do processo seletivo entram como participantes

do Projeto Pró-Florescer podendo futuramente seguir especializações técnicas, como Jardinagem, Agente de Desenvolvimento Socioambien- tal e Assistente Administrativo.

O trabalho estruturou-se em duas etapas. A primeira objetiva desenvolver e promover aos educandos a vivência da construção de um sistema agroecológico urbano, contando com uma proposta simples, acessível, didática e sustentável. A segunda é a avaliação reflexiva da disseminação do conhecimento através da vivência prática no sistema agroecológico, ações coletivas, aulas formais e rodas de conversa que subsidiaram a definição dos conceitos norteadores da pesquisa como programa de extensão com metodologia de pesquisa em ação (TRIPP, 2005) de conduta observacional para desenvolvimento de forma que venha a contribuir/somar na metodologia de pedagogia sustentável e aprendizado dos educandos do CRS.

O trabalho iniciou-se através das buscas bibliográficas em fontes primárias e secundárias e identificação de referencial para fundamenta- ção das bases teóricas agroecológicas. Posteriormente o levantamento e identificação dos elementos já existentes, sendo eles: um almoxarifado de ferramentas no qual, devido a parcerias para escola de Jardinagem, o setor possui uma grande variedade e disponibilidade de ferramentas úteis para trabalho em campo; um galpão multifuncional que se define por um espaço de complemento das atividades, possuindo um quadro de apoio, um tanque, espaços para armazenamento de material sob cobertura e uma ampla bancada para auxílio às atividades; uma casa de vegetação protegida por tela de sombrite destinada ao controle solar, homogeneidade no desenvolvimento e melhor sanidade de diferentes espécies em distintos estágios vegetativos; três composteiras; cinco can- teiros retos construídos convencionalmente e uma espiral de ervas de construção artesanal.

A primeira etapa pode ser dividida em:

• Reconhecimento de área para verificar a real necessidade e potenciais para elaboração do sistema agroecológico urbano com a fer- ramenta de análise de espaço e gestão proposta por Daychoum (2012);

• Construção de leitos de germinação para produção de mudas; • Construção, preparo, beneficiamento e manutenção de cantei- ros segundo recomendações da tecnologia orgânica de Penteado (2001);

• Plantio em consórcio e manejo agroecológico seguindo precei- tos discutidos por Sediyama, (2015);

• Controle de organismos indesejáveis discutidos por Sediyama, (2015);

• Gestão do sistema de compostagem através da sensibilização ambiental ratificado por Volpato (2016);

A segunda etapa pode ser dividida em:

• Apresentação da temática “Agroecologia” em forma de aula for- mal para os educandos promovendo a sensibilização para início ao pro- cesso de Transição do grupo através de uma perspectiva geral

• Convite aos demais educandos para o processo de construção do Sistema Agroecológico

• Vivência prática através de ações coletivas com os educandos de vivência no Sistema Agroecológico Urbano

• Utilização de rodas de conversa como instrumento metodoló- gico para a construção de um aprendizado coletivo com os Educandos, corroborando com Moura (2014)

• Registro de depoimentos da disseminação do conhecimento pela educação transformativa.

CONCLUSÃO

A abordagem da ciência agroecologia como pedagogia está inti- mamente unida às necessidades de capacitação operacional e sobre- tudo intelectual dos educandos. Enfocada de forma interdisciplinar e oferecida através de distintos conhecimentos prove a inclusão de novos saberes e habilidades aos educandos do CRS, tornando a aprendizagem dinâmica e permanente na vida desses educandos daqui para a frente, pois contribui na busca de solução dos problemas socioambientais locais e reflexão acerca das mudanças reais do modelo atual da sociedade.

A Agroecologia contribui para a inclusão dos atores a partir do momento em que aborda as relações do homem com a sociedade, com a natureza e a produção de alimentos saudáveis, levando os educan- dos a refletirem e agirem com uma visão crítica e proativa da realidade socioambiental.

Dessa forma, verificamos através dos depoimentos meio às rodas de conversa que a intervenção técnico-pedagógica e metodoló- gica empregada foi viável, contribuindo de forma relevante para a refle- xão, a discussão e a outros estudos, pesquisas e ações da Agroecologia.

No CRS, a aceitação do tema por parte dos educandos e educado- res, foi integral como um todo, tornando-se assunto trivial do cotidiano educacional, contribuindo plenamente na socialização do conhecimento, resultando em uma verbalização pertinente e busca de atitudes mais coerentes para uma sociedade verdadeiramente sustentável. (Figura 1) Dessa forma, o projeto serve como modelo de facilitação para futuras propostas de implantação de sistemas agroecológicos urbanos em unidades de ensino, espaços públicos e áreas privadas. Abrindo portas para visualização das práticas agroecológicas, mostrando que é possível, de forma simples, didática e sustentável, servir de ferramenta articulada para impulsão do processo de transição agroecológica.

Essa educação ambiental através da agroecologia se torna uma excelente ferramenta para desenvolver e nutrir a consciência sobre o planeta que habitamos, respeitando e impondo limites a sua explora- ção. Tal conscientização é indispensável para uma nova ética global, pois cada indivíduo é responsável pela sustentabilidade do meio em que vive para sociedade sustentável.

As atividades práticas e teóricas, com ênfase na produção, dis- tribuição e educação socioambiental englobou finitos momentos de debates, com temáticas como: vulnerabilidade social, insegurança ali- mentar, soberania alimentar, agricultura convencional, agriculturas

Figura 1

alternativas, cooperativismo, economia solidária, educação popular, saúde e meio ambiente.

A funcionalidade do sistema agroecológico aplicado ao espaço de educação possui infinitas possibilidades necessitando apenas de uma maior reflexão de fomento a transição agroecológica dos docen- tes do Centro de Responsabilidade Socioambiental, para que o sistema agroecológico possa ser utilizado no seu maior potencial, como fer- ramenta multidisciplinar de fato, onde cada educador possa está uti- lizando da criatividade e comprovando que nossas disciplinas podem muito mais, levando os educandos metodologias de maior envolvimento e participação.

Para que o processo de transição agroecológica, no qual se entende de forma gradual e progressiva, se torne uma realidade, tem que ser de toda sociedade e não só de educandos em ambiente escolar, ratificando a importância de trabalhos de desenvolvimento de siste- mas agroecológicos para fomento a agricultura de perímetros urbanos e periurbana através da semeadura da educação transformativa.

REFERÊNCIAS

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Gadotti, M. Ecopedagogia e educação para a sustentabilidade. Canoas: ULBRA, 2005.

Ribeiro, S.M. et al. Agricultura urbana agroecológica-estratégia de promoção da saúde e segurança alimentar e nutricional. Revista Bra-

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Penteado, S.R. Agricultura orgânica. Série Produtor Rural Edição

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Sato, M.; Carvalho, I. Educação ambiental: pesquisa e desafios. Artmed Editora, 2009.

Sediyama, M.A.N. et al. Cultivo de hortaliças no sistema orgânico.

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Tavares, F. A. S. et al. Contribuições teóricas para uma educação agroecológica transformativa. Cadernos de Agroecologia, v. 13, n. 1, 2018.

Tripp, D. Pesquisa-ação: uma introdução metodológica. Educação e

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Volpato, N.E. et al. Adolescentes de um centro de reabilitação pra- ticam a compostagem de resíduos sólidos através da sensibilização ambiental. In: XII CONGRESSO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE, 2016, Poços de Caldas, 2016.

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